Palácio Guiões

IPA.00020083
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santo António
 
Arquitectura residencial. Palácio de planta em T, composta pela articulação de 3 corpos em redor de pátio rectangular, parcialmente, descoberto. Edifício de 4 pisos assinalados pela abertura de vãos com emolduramento simples de cantaria, a ritmo irrgular. Alçado principal composto por 3 panos separados por pilastras de cantaria, dos quais se demarca o axial, coincidente com o acesso principal - directamente comunicante com o pátio - e de tratamento diferenciado dos que o ladeiam. Interior dominado por uma intensa compartimentação, distribuída ao longo dos vários alçados, à qual se acede por meio de extensos e labirínticos corredores articulados com 2 escadarias a N. e a S., que asseguram a circulação entre todos os pisos
Número IPA Antigo: PT031106460783
 
Registo visualizado 2671 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  

Descrição

Planta em T, composta pela articulação de 3 corpos (2 de planta rectangular e 1 de planta em L) em torno de pátio, volumetria escalonada de imposição horizontal, cobertura efectuada por telhados a 2 e 3 águas articulados nos ângulos e em mansarda perfurada por janelas trapeiras. De 4 pisos - com embasamento separado por friso de cantaria -, o edifício apresenta cunhais de cantaria e superfície murária em reboco pintado animada pela abertura de vãos, predominantemente, de verga recta com emolduramento simples de cantaria, a ritmo irregular. Alçado principal a O., composto por 3 corpos separados por pilastras de cantaria, dos quais se destaca o central, constituído como eixo de simetria da restante fachada e de remate diferenciado: piso térreo rasgado, a eixo, por portal de verga recta e ângulos boleados ladeado por 2 janelas de peito com malheiro de ferro, sendo o conjunto sobrepujado por 3 janelas de sacada inscritas em vãos de verga curva encimados por áticas (curva na janela central e triangulares nas laterais) e articuladas com varanda comum, de perfil contracurvado com guarda em ferro forjado. 2º andar assinalado por janelas de peito. Os corpos laterais, similares entre si, apresentam pisos animados por janelas de peito excepto, ao nível do 1º andar, diferenciado pela presença de janelas de sacada, individualmente, guarnecidas por varandins. O alçado é superiormente rematado por cornija e beiral - interrompida ao centro, por pedra de armas - acima da qual se eleva um último piso de menor pé-direito. Rasgado por janelas de peito, o mesmo apresenta-se sobrepujado, ao nível do corpo axial, por frontão conopial com fogaréus nos acrotérios e nos extremos dos corpos laterais, por coberturas em mansarda (coincidentes com um 5ºpiso). Alçado lateral S., com piso térreo em galeria rasgada por 2 arcos abatidos delimitados nos extremos, por lanços rectos de escadas convergentes numa varanda contígua a todo o 1º andar. O mesmo articula-se com jardim de planta rectangular desenvolvido ao longo do eixo longitudinal do imóvel e, rematado no muro de topo por casa de fresco, inscrita numa estrutura arquitectónica animada por duplas colunas e nichos inscritos em arcos de volta perfeita. INTERIOR: pátio empedrado com calçada portuguesa, com zona parcialmente coberta e separada por amplo arco de sustentação, de vão abatido. Como principais eixos de circulação interna registam-se 2 escadarias localizadas nas proximidades do pátio - uma em cada um dos corpos desenvolvidos ao longo do alçado principal (uma em cantaria, lado N., correspondente á escadaria nobre e outra em madeira e guarda metálica, lado S.) - que se articulam, em cada um dos pisos, com extensos corredores que asseguram o acesso a todos os compartimentos, distribuídos ao longo dos vários alçados. Da compartimentação, destacam-se dois espaços do andar nobre, nomeadamente, um sobre o lado E. do pátio, com janelas articuladas com conversadeiras e outro, no extremo SE., de planta rectangular com os ângulos em chanfro, animado por armários expositivos embebidos nas paredes e com fogão de sala em mármore.

Acessos

Rua de São Filipe Neri, n.º 78 - 80

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção do Aqueduto das Águas Livres - Troço das Amoreiras (v. IPA.00006516)

Enquadramento

Urbano, flanqueado, contíguo à via pública. Articula-se com jardim murado no alinhamento da fachada principal.

Descrição Complementar

AZULEJO: o imóvel exibe vestígios de azulejos de diferentes tipologias, maioritariamente, datáveis do século 18: destacam-se os 5 painéis monócromos com cenas galantes que revestem, ao nível do 1º andar, os muros do alçado lateral S., da autoria de Bartolomeu Antunes e datáveis de cerca 1745; o lambril azulejar do período pombalino observado ao longo dos lanços da escadaria nobre, enqriquecido com figuras de convite, bem como o lambril da sala oitavada, animado por bustos femininos integrados em emolduramentos policromos. Ainda nesta sala merece atenção o revestimento dos móveis que decoram os ângulos do compartimento, integralmente preenchidos com azulejos de figura avulsa e azulejos avulsos de diferentes padrões compositivos, monócromos e policromos; EMBRECHADO: na casa de fresco registam-se muros decorados com materais pétreos, cerâmicos e vítrios.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1767 - edificação do palácio (já concluído nesta data), por Romão José da Rosa Guião, elemento de uma família de desembargadores e letrados, casado desde 1754 com D. Isabel Maria Isminia de Faria Barbosa e Bezerra; 1820 - até esta data residem no palácio os filhos e herdeiros de Romão Guião, António José, Francisco José, Joaquim José e João José de Faria Guião e D. Ana Bárbara Crispina; 1838 - o imóvel vai à praça por penhora de D. Joana Perpétua, viúva do único filho de Romão Guião que contraíra matrimónio; 1842 - o palácio é arrematado (desconhecendo-se por quem), sendo pouco depois aí instalado um colégio luso-britânico; 1883 - o palácio é arrematado pelo conde da Praia e Monforte (depois marquês do mesmo título); 1904 - ainda funcionava no imóvel o Colégio Luso-Britânico, sendo directos Josué Lecoing; 1905 - o palacete era pertença de D. Alexandre de Lencastre, conde de Cuba; 1910 - o proprietário empreende uma campanha de obras responsável pela subdivisão do interior do palácio, passando a ser habitado por várias famílias (datará ainda desta campanha a remoção de alguns azulejos, designadamente da escadaria nobre, provavelmente levados para a residência de Paço de Arcos dos condes de Cuba), a partir dessa data residem no palácio os condes de Cuba (1º dto.), os segundos e terceiros condes de Bobone (r/c dto. E 3º dto., respectivamente), o Dr. Francisco Pulido Valente (1º dto.), o conselheiro Carlos Augusto Morais de Almeida (2º dto.), D. Ana de Sousa Coutinho de Mendoça (Linhares) e suas irmãs D. Catarina e D. Maria Carlota de Sousa Coutinho (Linares) (2º dto.), Alberto Henrique Tomás Teles da Gama Mascarenhas (r/c dto.), o general Eduardo Souto Maior de Lencastre e Meneses (1º esq.), o visconde de Odivelas (2º esq.), o engº Carlos Pinto Machado (2º dto.), o engº. D. Tomás de Melo Breyner, filho dos condes de Mafra (2º esq.), D. Margarida Andreia (3º esq.); 1935 - era proprietária D. Maria Francisca Borges Coutinho de Lencastre; 1939 - era proprietária D. Maria Victória Cabral Teixeira de Queiroz (residente no 3º andar); 1951 - por legado testamentário da condessa de Cuba o edifício passa para a posse da Venerável Ordem Terceira da Penitência de São Francisco, que aí instala um lar; 2000 - o edifício fica abandonado.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira, vidro, azulejos, porcelana, vidro.

Bibliografia

ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, Fasc. VIII, Lisboa, 1950 ; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Depois do Terramoto. Subsídios para a História dos Bairros Ocidentais de Lisboa, Lisboa, 1967 ; BOBONE, Manoel de Lencastre de, Algumas Notas sobre o Palácio dos Guiões na Rua de São Filipe de Nery, (separata do Boletim da Associação Lisbonense de Proprietários, Nº 173), Lisboa, 1968 ; ALMEIDA, D. Fernando de, (dir. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa - Tomo II, Lisboa, 1975 ; FRANÇA, José-Augusto, Lisboa Pombalina e o Iluminismo, Lisboa, 1987 ; FRANÇA, José-Augusto, A Sétima Colina, Lisboa, 1994 ; GONÇALVES, Julieta da Cunha, Guiões, Palácio dos, in SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir. de), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CML

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de Obras, Procº nº 7.436

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1905 - construçaõ de uma escada de serviço para serventia dos criados na cocheira e cavalariça, substituição de vigamento de madeira por ferro; 1910 - abertura de uma janela no corpo extremo do lado direito, para criar simetria na fachada; 1926 - obras de conservação e beneficiação geral no exterior e no interior; 1928 - obras de conservação e beneficiação geral; 1935 - abertura de uma janela no alçado posterior; 1936 - obras de conservação e beneficiação geral; 1938 - obras de conservação e beneficiação geral (pinturas de paramentos interiores e exteriores, reparação de tectos); 1939 - reparação do telhado; 1942 - limpeza e reparação da cascata do jardim; 1944 - obras de conservação e beneficiação geral no interior do r/c; 1946 - reparação de telhado e de tectos; 1954 - obras de conservação e beneficiação geral, construção de uma máquina de elevador; 1956 - obras de conservação e beneficiação geral da cobertura (substituição de telha portuguesa por telha marselha); 1965 - reparação do telhado e mansarda; 1974 - obras de conservação e beneficiação geral.

Observações

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 2002

Actualização

 
 
 
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