Casa da Quintã / Casa Quintão

IPA.00001901
Portugal, Braga, Braga, Esporões
 
Casa nobre maneirista, barroca, característica da região nortenha do período tardo-maneirista: planimetria em "U", fachada principal ameada integrando capela; escudos barrocos; azulejos característicos do maneirismo tardio em "ponta de diamante", retábulo-mor maneirista do tipo "edícula" com dois curiosos painéis em tábua e valiosa escultura de muito bem lançados panejamentos "berninianos" conjugados com soluções de carácter mais regionalista. Segundo o Arquitecto João Rafael o perfil, da fachada N. reproduz o escudo d'armas dos Salgado: os dois corpos extremos mais elevados e o corpo do portão correspondem, respectivamente, às duas torres e ao "saleiro" do escudo.
Número IPA Antigo: PT010303130075
 
Registo visualizado 426 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta em L

Descrição

Constituída por 3 núcleos básicos: a O. o solar propriamente dito englobando a capela; a S. as cozinhas e dependências anexas comunicando com o solar e um espigueiro; a SE. a vacaria e o palheiro. SOLAR: planta centralizada composta, irregular, formando "U" fechado a N. pelo muro da fachada principal; massas dispostas na vertical; cobertura diferenciada em telhados de 4, 3 e 2 águas. Fachada principal de três panos constituída por dois corpos extremos ligados entre si por muro mais baixo, rasgado por banda de duas janelas molduradas, de vergas rectas; ao centro portão simples, destacado em altura, coroado por frontão de aletas com escudo de granito dos Salgado e sobreposto pelo seu timbre d' armas, uma águia com um saleiro no bico; uma alcachofra também em granito, remata o frontão; ladeando a verga do portal duas lápides de pedra com inscrições; os muros da fachada são ameados, de merlões chanfrados; o corpo extremo a O. é constituído pela CAPELA: planta quadrangular simples, regular, de nave única; fachada rasgada de portal armoriado com o escudo partido dos Salgado, dos Chaves e dos Carneiro e tendo como timbre a águia com o saleiro; sobre o escudo, num nicho em abóbada de concha, uma imagem de pedra figurando Santa Ana e a Virgem; no interior rodapé de azulejos azuis, brancos e amarelos, de ponta de diamante com cercadura; retábulo-mor de edícula, em talha polícroma e dourada, de colunas compósitas decoradas de ornatos vegetalistas e espirais; enquadra 2 painéis laterais em tábua alusivos à lenda de São Martinho e, ao centro, sobre uma mísula de talha, uma imagem de terracota polícroma figurando Santa Ana e a Virgem; cobertura de madeira em 3 águas e pavimentos de lajedo de cantaria. A parte habitacional desenvolve-se ao redor do pátio quadrangular: fachadas de pano único e dois registos, rasgados de janelas e portas quadrangulares de vergas molduradas; embasamentos de cantaria, remates em cornija; no ângulo interior SO. escadaria de acesso ao 2º andar e corpo avançado alpendrado; várias chaminés com cobertura em telhado de quatro águas.

Acessos

EN 101, EM. 569, Lugar do Quintão.

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria nº 884/2013, DR, 2.ª série, n.º 240, de 11 dezembro 2013

Enquadramento

Rural, isolado por terras de cultivo, quintais, pomares e jardins; delimitado a O., N. e S. por cerca murada, em parte com gradeamento de ferro; a N. terreiro desembocando em via de circulação.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Época Construção

Séc. 15 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

Séc. 15 - Início construção da capela segundo uma inscrição no seu interior; 1531 - reedificação da capela e provávelmente também da parte habitacional do solar; 1670 - instituição do morgado dos Salgado de Esporões; Séc. 17 / 18 - construção do muro e portão da fachada principal e reedificação da capela; 1766 - D. José concede Carta de Armas a Manuel Felix Salgado de Araújo Chaves; 1798 - reedificação da capela por Gabriel Salgado de Araújo Carneiro Chaves, Senhor da Casa da Quintã; Séc. 19 - vários restauros e enxertos descaracterizam em parte a sua feição primitiva; séc. 20 - a casa é desabitada deixando-se de exercer culto na capela; os pelicanos de talha que coroavam a cimalha do retábulo da capela são roubados; na década de 70 obras de adaptação procuram repôr a antiga fisionomia barroca; 1978 - o Arcebispo de Braga autoriza a reposição do culto aberto ao público na capela; 1993, 28 junho - proposta de classificação do edifício pela DGEMN; 28 setembro - Despacho de abertura do processo de classificação do presidente do IPPAR; 1994, 17 maio parecer favorável à classificação como Imóvel de Interesse Público do Conselho Consultivo do IPPAR; 2011, 23 fevereiro - parecer do Conselho Nacional de Cultura, no sentido de ser fixada uma Zona Especial de Proteção com 50 metros.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes, estrutura mista.

Materiais

Embasamentos de granito aparelhado, paramentos de alvenaria, pavimentos de lajedo de cantaria; coberturas em telha sobre vigamento de betão armado; molduras de portas e janelas em granito; revestimentos em reboco caiado.

Bibliografia

NÓBREGA, Vaz Osório, Pedras de Armas e Armas Tumulares do Distrito de Braga, vol. II, Braga, 1972; ALMEIDA, Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1980.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1976 / 1978 - Obras de restauro e adaptação a turismo de habitação sob a direcção do Arquitecto Ruy Oliveira e do Engenheiro Agostinho Guimarães: na capela reconstrução do telhado, das portas da igreja e sacristia reaproveitando o antigo vigamento de madeira de castanho; reboco de paredes, construção de dois degraus de granito para as portas; colocação de uma cruz de pedra com peanha na empena da cabeceira, colocação de lambril de azulejos no interior; elevação do pavimento em cerca de 20 cm e seu lajeamento; restauro do altar e sua colocação numa plantaforma de pedra e madeira. No solar obras de intervenção nos corpos S. e O. de molde a torná-los habitáveis; transformação das cozinhas em sala de estar.

Observações

A inscrição da lápide nascente na fachada N. refere-se a uma sentença sobre a água de Esporões utilizada para regadio dos terrenos agrícolas e mencionada em documentação setecentista. Da parte habitacional do primitivo solar restam alguns paramentos de muros, várias cantarias reaproveitadas em molduras de portas e janelas, mísulas, colunas, etc. Por Despacho de Outubro de 1993, foi determinada a abertura de Processo de Instrução para eventual classificação.

Autor e Data

Rosário Gordalina 1993

Actualização

 
 
 
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