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Conjunto urbano Aglomerado urbano Povoado Povoado romano Civitas
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Descrição
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Quatro áreas foram já objecto de escavação: Conjunto Monumental da Porta do Arco - apresenta, entre inúmeros vestígios dispersos, as bases de duas torres (6,30 m de diâmetro externo) que ladeavam uma entrada da cidade, a soleira da porta e uma praça pública lajeada (21,30 m x 10,75 m) com a marca da groma, marcando a direcção E. / O. Forum e Templo - eleva-se do solo o podium de um templo com 17,30 m x 9 m e, na extremidade SE., uma estrutura que poderá ter constituído os alicerces da sua escadaria; na mesma área foram encontrados os alicerces dum edifício monumental. Edifício da Quinta do Deão - foi escavada a cozinha, cujos muros assentam em estrutura inferior da época romana; foi detectada uma calçada e uma conduta de água; materiais romanos foram aproveitados em toda a construção, havendo pedras epigrafadas à vista (pátio). Balneário do Forum - pequena natatio, com degraus, que faria parte do complexo balneário do Forum. Teatro: vestígios do assento das bancadas. A quantidade de bases de colunas, fustes e cantaria dispersa é inumerável; são também numerosas as pedras epigrafadas. No espólio que resultou das escavações inclui-se tudo o que é típico encontrar do período romano, com particular destaque para as moedas *2. |
Acessos
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EN 359, imediatamente antes da povoação de São Salvador de Aramenha para quem vem de Portalegre; a Quinta do Deão, onde se concentram os vestígios mais notáveis, a uma altitude de 534m. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,369516, long.: -7,386119 |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 37 450, DG, 1ª série, n.º 129 de 16 junho 1949 * 1 / Incluído na Área Protegida da Serra de São Mamede (v. PT041214020015) |
Enquadramento
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As ruínas situam-se na margem esquerda do rio Sever, junto à povoação de São Salvador da Aramenha. Os vestígios estendem-se por toda uma encosta atravessada pela EN. 359, divisando-se, altaneira, a fortaleza de Marvão, no topo duma eminência rochosa. Na base da encosta serpenteia o rio, denunciado na paisagem por vegetação mais densa e arvoredo alto. Entre as rúinas e a ruída Ponte Velha a jusante, fica a Torre da Portagem (de planta quadrada com entrada a E.) e a Ponte da Portagem ( v. 1210040013 ) |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Não aplicável |
Utilização Actual
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Não aplicável |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Época Construção
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Época romana |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Não aplicável |
Cronologia
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Séc. 01 - fundação da cidade; 44 / 45 - Ammaia adquire o estatuto de Civitas (ENCARNAÇÃO, 1984); Época de Nero - Ammaia adquire o estatuto de Municipium (ALARCÃO, 1985); séc. 04 - reconstruções e reestruturações do espaço; séc. 05 / 09 - a cidade de Ammaia, já em decadência, sofre um cataclismo; séc. 09 - Ibn Maruán, influente e poderoso muladi, intitula-se senhor de Ammaia e suas ruínas; 1398 - notícia de um moinho na Ribeira de Sever, aforado a Diogo Gonçalves, morador em Marvão; séc. 16 - a partir deste século, grande utilização de materiais das ruínas romanas na construção religiosa em Portalegre e na das povoações vizinhas; 1619 - Diogo Pereira de Sotto Maior refere ter visto ainda de pé a ponte da Portagem " ... onde ainda se parece o lastro que o rio nunca pode desfazer. Foi derribada e disfeita por cobiça de se dizer que furtavam por ela os direitos das mercadorias que passavam para o reino de Castela. Em seu lugar se fez outra mais abaixo, sobre o mesmo rio ( Sever ), onde está uma torre que está mais abaixo da cidade ( de Ammaia), que se chamava a Portagem. Ali custumavam residir os guardas do reino e se despachavam os direitos d'el rei" ( v. 1210040013 ); 1710 - trasladação de uma das portas para a fortificação de Castelo de Vide e posterior destruição *4; 1852 - o investigador espanhol D. José de Viu refere que no seu tempo foram vendidas para Inglaterra mais de vinte estátuas provenientes da Ammaia *5; 1935 - Leite de Vasconcelos prova que o nome da cidade é Ammaia e não Medóbriga, como se pensava desde os textos de André de Resende *6; 1982, 26 de Abril - derrocada da Ponte Velha; 1994 - início dos trabalhos arqueológicos; 2019 - descoberto o anfiteatro durante as escavações levadas a cabo no âmbito de uma colaboração da Universidade de Lisboa, Fundación de Estudios Romanos e o Museo Nacional de Arte Romano, em Mérida, e o apoio da Câmara de Marvão. |
Dados Técnicos
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Conjunto Monumental da Porta do Arco: pavimento construído com lajes de granito, próximas do quadrado, com medidas que vão dos 0,85 m aos 1,15 m de lado. Podium do Templo: opus incertum com enchimento de uma argamassa com ligante de argila, pavimento de tijoleira e provável revestimento exterior com cantaria de granito. Balneário: pavimento em opus signinum revestido a placas de mármore. |
Materiais
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Granito, argamassa de cal, argila, cerâmica (tijoleira, tijolos, telhas), mármore e xisto. |
Bibliografia
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BARBOSA, Inácio de Vilhena, As Cidades e Vilas da Monarquia Portuguesa que têm brasão d'armas, Vol. 3, Lisboa, 1860; BAPTISTA, José Maria, Chorographia Moderna do Reino de Portugal, Vol. 5, Lisboa, 1876; Coelho, Possidónio Laranjo, Terras de Odiana. Subsídios para a sua História Documentada, Vol. 5, Coimbra, 1924; VASCONCELOS, Leite de, Localização da Cidade de Amaia, O Distrito de Portalegre, 16 Maio 1936; KEIL, Luís, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Portalegre, Vol. 1, Lisboa, 1940; COELHO, Possidónio Laranjo, Marvão, Lisboa, 1946; ANÓNIMO, A Cidade Romana De Ammaia, O 1º de Janeiro, 22 Abril 1948; COSTA, Alexandre de Carvalho, Marvão. Suas Freguesias Rurais, Marvão, 1982; SOTTO MAIOR, Diogo Pereira de, Tratado da Cidade de Portalegre ( 1619 ), Lisboa - Portalegre, Impresa Nacional / Casa da Moeda - Câmara Municipal de Portalegre, 1984; ALARCÃO, Jorge de, Arquitectura Romana in História da Arte em Portugal, Vol. 1 , Lisboa, 1986; OLIVEIRA, Jorge, A Estátua Romana da Escusa - Marvão, Ibn Maruán - Revista Cultural do Concelho de Marvão, nº 1, 1991; OLIVEIRA, Jorge, A Ponte Quinhentista da Portagem, Ibn Maruán - Revista Cultural do Concelho de Marvão, nº2, Marvão, 1992; MARTINS, Maria Adelaide P., Por entre a Ammaia Desconhecida, Ibn Maruán - Revista Cultural do Concelho de Marvão, nº 5, Dezembro, 1995; BUCHO, Domingos e LADEIRA, Raúl, Marvão. Palavras e Olhares, Marvão, Câmara Municipal - Gabinete de Candidatura a Património Mundial, 2002. |
Documentação Gráfica
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DGEMN - DSID; Direcção das escavações (edifício da antiga Escola Primária da Portagem - Marvão);IPPAR; Câmara Municipal de Marvão. |
Documentação Fotográfica
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DGEMN - DSID; Direcção das escavações (edifício da antiga Escola Primária da Portagem - Marvão); IPPAR; Câmara Municipal de Marvão. |
Documentação Administrativa
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Direcção das escavações (edifício da antiga Escola Primária da Portagem - Marvão); IPPAR; Câmara Municipal de Marvão. |
Intervenção Realizada
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Equipa técnica ao serviço do proprietário: 1994, 1995 e 1996 - levantamento topográfico e escavações em quatro locais: Conjunto Monumental da Porta do Arco, Forum e Templo, Edifício da Quinta do Deão e Balneário do Forum; limpeza, estudo e conservação de materiais. |
Observações
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*1 - DOF: Ruínas Romanas situadas na freguesia de São Salvador de Aramenha, incluindo a parte da via romana e a ponte denominada Ponte Velha, que se encontra junto às mesmas, sobre o rio Sever. Das vias romanas, nomeadamente as que chegariam, e / ou, atravessariam a cidade de Ammaia, não se conhecem quaisquer vestígios; a Ponte Velha, que entretanto ruiu, não se encontrava junto às ruínas, mas bastante mais longe, a c. de 4 Km; era em arco único, em silhares de cantaria aparelhada siglados, e apresentaria no tabuleiro restos de alvenaria romana; *2 - Inúmeras peças foram levadas para o Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa. *3 - Está em constituição a Fundação Cidade de Ammaia que tem como fundadores o Eng. Carlos Melancia, entre outros particulares ilustres da região, a Universidade de Évora, o Instituto Politécnico de Portalegre e a Câmara Municipal de Marvão. *4 - Algumas das pedras almofadadas desta porta foram utilizadas na construção dum cais de descarga de viaturas nas imediações de Castelo de Vide. *5 - A Casa Museu José Régio, em Portalegre, possui parte de uma estátua romana que pertenceria provavelmente à cidade de Ammaia. *6 - Referida por Plínio, por autores árabes como Isa Ibn Áhmad ar-Rázi e por vários escritores e historiadores desde o séc. 16, como André de Resende, Fr. Amador Arrais, Diogo Pereira de Sotto Maior e Duarte Nunes de Leão, as ruínas da Ammaia foram consideradas durante séculos como os restos da cidade de Medóbriga. |
Autor e Data
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Rosário Gordalina 1992 / Domingos Bucho 1997 |
Actualização
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Luísa Estadão 2007 |
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