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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Mosteiro feminino
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Descrição
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Planta longitudinal, rectangular, em que se inscreve a nave, com o coro a O. e a capela-mor a E.; torre sineira, de planta quadrada, adossada a NO.. Volumes articulados, com telhado homogéneo de 2 águas sobre a igreja, cúpula bolbosa sobre a torre. Exteriormente as 2 fachadas viradas para o exterior, S. e O., são marcadas verticalmente por pilastras e cunhais, assinalando a divisão interior do espaço, horizontalmente por 2 registos de janelas, de moldura lisa rectangular e por uma cimalha envolvente; a fachada O. rematada em frontão triangular é ladeada, a N., por torre sineira, rasgada por ventanas; a meio da fachada S., entre pilastras, abre-se o portal de vão rectangular, encimado por frontão curvo, em cujo tímpano se inscreve moldura oval com relevos eucarísticos. INTERIOR: o espaço rectangular da nave, coberto por abóbada de berço, é transformado num semi-octógono pelo chanfro dos 2 vértices que recebem altares dos lados do arco triunfal; para o cruzeiro, coberto por cúpula, abrem-se, por arcos de volta perfeita, estribados em pilastras toscanas, a nave, os 2 braços abobadados do transepto inscrito e a ábside da capela-mor, coberta por cúpula em quarto de esfera. Uma cimalha em cantaria envolve todo o espaço interior. Os 2 coros alto e baixo abrem para a nave por vãos rectangulares moldurados, fechados por grades com bicos. |
Acessos
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Rua do Convento; Rua do Parque; Rua Madre Maria do Lado; Rua da Misericórdia; Rua Cerca |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 29 604, DG, 1.ª série, n.º 112 de 16 maio 1939 *1 / Incluído na Zona Especial de Proteção da Igreja Paroquial de Louriçal (v. IPA.00009931) |
Enquadramento
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Urbano. O mosteiro ocupa todo um quarteirão dentro da malha da vila; a igreja situa-se a SO., deitando a fachada principal para a Rua do Convento, no final da qual se ergue a Igreja Paroquial (v. PT021015060030) e em cujo adro se destaca o antigo Pelourinho (v. PT021015060002); fachada O. abre para a Rua D. João V. A portaria abre-se a N. do convento, na Rua da Misericórdia, onde se ergue o Edifício e Capela (v. PT021015060008). A NO. localiza-se o Aqueduto (v. PT021015060051) que abastecia o convento. |
Descrição Complementar
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O CLAUSTRO: situa-se a NE. da igreja, rodeado por dependências conventuais; com um piso encimado por varanda, 5 tramos por ala, cobertos por abóbadas de aresta, abrindo para a quadra por arcos redondos estribados em pilares toscanos quadrangulares. Ao centro uma fonte de volumetria e dinâmica barrocas. RECHEIO - Os retábulos do altar-mor e dos 4 altares da nave são compostos por colunas em mármore com capitéis coríntios, sustentando frontões contracurvados, com anjos nos acrotérios e relevos alusivos à Eucaristia nos tímpanos; ao centro do retábulo do altar-mor, uma tribuna, nos altares da nave nichos semicirculares em mármore. Os retábulos estão atribuídos a João António de Pádua. No nicho sobre o arco triunfal, rodeado por aletas e encimado por frontão com volutas a estátua de São Miguel, o padroeiro da comunidade. No nicho fundeiro do coro-alto a estátua polícroma barroca de Nossa Senhora da Prelada. 2 púlpitos de balaústres de mármore abrem-se nas paredes laterais da nave. No braço N. do transepto, sob um altar, uma lápide assinalando os restos mortais de Soror Maria do Lado. A abóbada do coro-alto e da nave é coberta por frescos com motivos vegetalistas e concheados no coro-alto, com a cena da adoração do Santíssimo Sacramento por santos franciscanos, na nave. Nas trompas do cruzeiro estão representados os 4 Evangelistas. Toda a igreja é revestida a azulejos em azul sobre esmalte branco, representando passos da vida de São Francisco, no registo inferior da nave, da vida de Cristo no 2º registo. Cercaduras com concheados, mascarões, guirlandas, pilastras e capitéis, "putti" e serafins enquadram as várias cenas; medalhões com as insígnias da paixão servem de rodapé às cenas do 2º registo, medalhões idênticos com emblemas da ordem franciscana, alternando com cenas profanas rematam inferiormente os motivos do 1º registo. Nos coros os mesmos motivos cenográficos enquadram cenas do Antigo Testamento. Nas paredes e abóbadas dos braços do transepto cenas da vida de Santa Clara. |
Utilização Inicial
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Religiosa: mosteiro feminino |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTOS: Carlos Mardel (séc. 18); João Antunes (séc. 17); Manuel Pereira (séc. 18). ESCULTOR: João António Bellini de Pádua (1737-1739). |
Cronologia
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séc. 17 - transformação do primitivo recolhimento, fundado em 1630 pela Madre Maria do Lado, a seguir à profanação da Sagrada Eucaristia na Igreja de Santa Engrácia; D. Pedro II concede 6.000 cruzados para a obra, enviando ao Louriçal o Padre Francisco da Cruz e o arquitecto João Antunes, que fez a planta; 1690., 09 Março - lançamento da primeira pedra; 1700 - D. João V, ainda príncipe, toma o mosteiro sob sua protecção, em cumprimento de promessa feita pelo milagre de cura de bexigas com a terra da sepultura da Madre Maria do Lado; 1707 - concedendo-lhe uma tença anual de 2.400 reis; 1708 - instalam-se no mosteiro as primeiras freiras clarissas, vindas de Évora, as madres Archangela dos Serafins, primeira abadessa, Maria de Jesus e Clara Maria de Santa Ana; 1709, Maio - D. António de Vasconcelos, Bispo de Coimbra, inaugura solenemente o novo convento; 1726 - data do revestimento azulejar da sacristia; 1734 - o Irmão Manuel Pereira, da congregação dos oratorianos, que dirigia a obra do aqueduto, é encarregue de riscar outra planta, já que a igreja existente não era consentânea com a grandeza do convento. D. João V concedeu 45.000 cruzados para obras; obras de Carlos Mardel; 1737-1739 - esculturas e retábulos mor e laterais da igreja, da autoria de João António Bellini de Pádua; 1739 - inauguração do novo templo; 1834 - depois da extinção das ordens religiosas, e com a morte da última abadessa, soror Maria Joana, da familia de Frei Agostinho e de frei Francisco das Chagas, todos oriundos de Sebal Grande, o mosteiro é vendido em hasta pública e arrematado pela irmãs clarissas do Louriçal, que de novo nele se instalaram. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes de alvenaria argamassada travada por tecto em abóbadas de tijolo e coberturas e estruturas de asnas em madeira. |
Materiais
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Cantaria e alvenaria de pedra calcária, mármores, azulejos; pré-esforçado. |
Bibliografia
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Abadessa do Convento do Louriçal, Compêndio da Admirável Vida da Venerável Madre Maria do Lado, Lisboa, 1762; CARVALHO, Ayres de, D. João V e a arte do seu tempo, vol. II, 1962; Diccionário de Arte Barroca em Portugal, Lisboa, 1989; Guia de Portugal, vol. II, Lisboa, 1927; JACQUINET, Maria Luísa de Castro V.G. - «Manuel Pereira (C.O.) arquiteto. Contributos para a desconstrução de um enigma da historiagrafia da arte» in Invenire Revista de Bens Culturais da Igreja. Lisboa: Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, julho - dezembro 2013, n.º 7, pp. 14-18; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; MONTEIRO, Pe. Manuel, História da Fundação do Real Convento do Louriçal", 1750; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal, vol. V, Lisboa, 1955; VALE, Teresa Leonor M., Um português em Roma Um italiano em Lisboa. Os escultores setecentistas José de Almeida e João António Bellini, Lisboa, Livros Horizonte, 2008; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. I. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN / DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA, DGEMN / DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN / DSID |
Intervenção Realizada
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1943 - São feitos os estudos para as obras de restauro; 1951 - previsão de obras: reconstrução geral dos telhados da igreja e coros: cintagem de betão, substituição da telha da cobertura e reconstrução das armações; impermeabilização da galeria do claustro e restauro de todo o conjunto; reparação geral de todos os rebocos e guarnecimento de paredes interiores e exteriores; reparação ou reconstrução da caixilharia e portas exteriores; limpeza e restauro dos retábulos dos altares; limpeza e retoque das pinturas da abóbada da nave; 1954 - reconstrução geral do telhado do coro e dos telhados do convento; restauro do pavimento de lajedo em cantaria do claustro; reparação ou reconstrução de portas e janelas; 1955 - Continuação do restauro da cobertura com telha nova e beirado com 2 ordens de telhas assentes sobre cimalha; cintagem prévia com betão; 1956 - continuação do restauro da cobertura, na capela-mor e cruzeiro, nos mesmos moldes; reboco das paredes exteriores, na fachada O. e S.; reparação do lajedo do claustro; arranjos e reparação de paredes e tectos nas dependências do claustro e anexos; reparação geral de caixilhos e portas; 1958 - limpeza e desobstrução da conduta de água que abastece a fonte do claustro; 1960 - reparação do claustro: cantarias, vãos de janelas; restauro da capela anexa ao claustro: pavimento de lajedo, limpeza da abóbada, caixilhos, aros, portadas; 1963 - comparticipação para obras feitas pelo convento; 1964 - previsão de obras: colocação de pavimentos em tijoleira em substituição dos pavimentos em mosaicos ou marmorite (anexo, sala do claustro, capela e refeitório); substituição de taipais por portas e janelas; restauro do cadeiral do coro-alto; reparação dos pisos de madeira, paredes e tectos, portas e janelas da sala do capítulo; reassentamento de azulejos soltos; reparação de paredes e abóbadas; reparação dos pavimentos de madeira do coro e anexos; reparação de portas e janelas interiores e exteriores; arranjo da entrada da igreja, incluíndo restauro da escadaria e construção de valeta em calçada à portuguesa, em toda a extensão das fachadas; reparação da instalação eléctrica do coro e igreja; obras a comparticipar: reconstrução total de telhados; restauro e reconstituição na traça primitiva da enfermaria e galeria anexa (pavimentos, tectos, paredes, janelas e baias de separação); construção de uma bateria de sanitários novos; arranjos na cozinha antiga, dispensa e casa de passagem (pisos, paredes, tectos, portas e janelas); 1981 - obras de conservação urgentes: consolidação da verga da porta de entrada; substituição de alguns caixilhos; reparação da porta principal da igreja e da torre, dos cabeçotes dos sinos; construção de alguns bancos, reparações em telhados (capela-mor e cruzeiro); 1982 - substituição de caixilhos na sacristia; revisão de telhados sobre a igreja e sacristia; bancos para a nave; revisão da electrificação da igreja e sacristia; 1987 - reparação das fachadas exteriores: reboco, pinturas, reparação da porta de acesso à torre, das redes dos vãos do coro; reparação da estrutura do tecto e telhado da capela-relicário; 2002 - recuperação das coberturas na igreja: substituição total de telhas por telha de canudo grampeada sobre subtelha; reparação e imunização de estrutura em madeira; fornecimento e aplicação de algerozes, tubos de queda e caixas de recepção em chapa de cobre para drenagem das águas pluviais |
Observações
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1* DOF: Igreja do Convento do Louriçal com os dois coros da mesma e claustro contíguo. *2 - No dia 4 de Agosto de cada ano celebra-se no Mosteiro a trasladação da fundadora. |
Autor e Data
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Isabel Mendonça 1991 |
Actualização
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2010 |
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