Colégio do Santo Nome de Jesus / Catedral de Bragança / Igreja Paroquial de São João Baptista / Centro Cultural de Bragança / Conservatório de Música de Bragança

IPA.00000169
Portugal, Bragança, Bragança, União das freguesias de Sé, Santa Maria e Meixedo
 
Arquitetura religiosa, manuelina, maneirista, barroca e oitocentista. Mosteiro feminino com igreja de planta composta por nave retangular, de quatro tramos, e capela-mor, de dois, contrafortada e coberta por abóbadas estreladas de combados manuelinas, iluminada por vãos com decoração maneirista, e claustro quadrangular, à volta do qual se desenvolvia o edifício, desde cedo transformado em Colégio da Companhia de Jesus, com pátios dos Estudos disposto a E., e com duas alas paralelas prolongadas no séc. 19, criando pátio intermédio. Portal principal em arco, de volta perfeita, enquadrado por pilastras com capitéis de inspiração compósita, tendo nos seguintes medalhões antropomórficos, sobrepujado por entablamento, tabela retilínea integrando ao centro nicho com imagem da Virgem, e ainda por óculo ovalado. Portaria disposta no interior de ampla torre sineira, precedida por alpendre sustentado por arcos em volta perfeita assentes em colunas toscanas, para onde se abre portal de verga reta simples entre janelas jacentes, e encimado por cartela com IHS. Fachada lateral esquerda, a do pátio dos estudos, com pilastras nos cunhais, rasgada regularmente por vãos sobrepostos, abrindo-se no corpo avançado, ao nível do primeiro piso arcos em asa de cesto, e no segundo janelas de varandim encimadas por friso e cornija, integrando pedra epigrafada com o símbolo da Ordem. Os dois corpos do Seminário e depois do Liceu apresentam amplos vãos retilíneos, sobrepostos, de modinatura muito simples, e nas faces internas, dando para pátio intermédio, ao longo do primeiro piso, arcada alpendrada assente em pilares. No interior, possui coro-alto de madeira, com grande órgão barroco, cinco retábulos na nave, quatro barrocos e um neorococó, de planta reta e um eixo, em talha dourada e policroma, e retábulo-mor também barroco, em talha dourada de planta reta e com corpo côncavo, de um eixo, contendo trono expositivo e sacrário. Sacristia com espaldar de talha sobre o arcaz e teto em caixotões, ambos em talha joanina e integrando telas pintadas com temas Inacianos. Claustro de cinco tramos em cada ala, tendo no primeiro piso arcada de duplo arco de volta perfeita assente em colunelos, sobre murete, exceto ao centro, por onde se acede à quadra, e no segundo piso por janelas retilíneas, maineladas. O edifício conserva a típica disposição de mosteiro feminino relativamente à igreja, já que o acesso a esta se processa pela fachada mais comprida, contudo, os Padres da Companhia de Jesus, ao transferirem a portaria para o espaço da torre, em 1602, colocando-a paralelamente ao portal da igreja, como é típico das suas construções, e colocando as salas de aulas parcialmente na ala E. e no avançado da S., fechando o espaço por muro, de modo a criar um pátio dos estudos, acabaram por adaptá-lo à tipologia comum dos Colégios. A existência de dois portais de acesso à igreja na fachada principal não serão contemporâneas do mosteiro ou do colégio, devendo o de arco de volta perfeita simples, provavelmente do séc. 16 e do mosteiro feminino, ter sido deslocado para ali em data incerta; o outro, bem como as janelas da igreja, ladeadas por pilastras e encimadas por cornijas com medalhões e outros elementos, apresentam a típica decoração maneirista, destacando-se pela maior riqueza decorativa as duas inscritas com a data de construção, inicialmente colocadas ao lado uma da outra no extremo direito da fachada. Quer as janelas desta fachada, quer a inscrita na lateral O. e as do primeiro piso da lateral E. possuem grades torças em ferro forjado do séc. 17 / 18. No interior, a cobertura da nave foi reformulada no séc. 17 / 18, uma vez que os dois tramos junto ao coro não são em cantaria, mas em falsas abóbadas de madeira, uma delas estrelada, assentes em mísulas, e a do coro abatida formando caixotões; estas tinham, na primeira metade do séc. 20, telas pintadas. Os vãos em tijolo que ladeiam o portal de acesso ao claustro, deveriam ser arcos de descarga dos vãos dos confessionários, pois a documentação refere a existência de confessionários perto do coro e isso mesmo indicia uma planta da década de 1940; esses confessionários deveriam ser embutidos como os do topo da nave ainda documentados planimétrica e fotograficamente na mesma década. O coro-alto apesar de planta retangular, prolonga-se em L para acolher o grande órgão e a documentação refere que, no séc. 17 e 18, possuía divisão para os leigos e religiosos. Os dois retábulos laterais de estrutura igual são de transição do estilo nacional para o joanino, uma vez que mantêm estrutura nacional, simplificada, com as arquivoltas torças substituídas por uma decoração fitomórfica onde imperam os festões e cartelas. O retábulo relicário, do lado do Evangelho caracteriza-se pela grande simplicidade contrastando com a profusão decorativa que normalmente esses retábulos apresentavam, o que se poderá explicar pela sua execução tardia. O retábulo de Nossa Senhora de Fátima aproveita elementos barrocos, de estilo nacional, nomeadamente as colunas, arquivolta e parte do friso do banco, e o de Nossa Senhora de Lurdes apresenta decoração neorococó nas arquivoltas e no altar, ainda que com algumas semelhanças estruturais relativas ao que lhe fica oposto. O retábulo-mor é também de transição entre o nacional e o joanino, devido às arquivoltas não serem todas torsas, à profusão decorativa, bastante relevada, e integrar plintos nos intercolúnios. O órgão apresenta uma estrutura pouco comum. O claustro apresenta em ambos os pisos um ritmo de "vãos geminados", já que no primeiro piso os arcos são, dois a dois, separados por pilar, encimados ao nível do segundo por janelas maineladas, o que é pouco comum entre os colégios jesuítas; os arcos possuem, no entanto, pouca amplitude, o que poderá ter a ver com o facto de constituírem uma reconstituição mais recente. As duas alas do Seminário caracterizam-se pela regularidade e aspeto funcional, com molduras dos vãos em cantaria de diferente cor das do colégio. Na fachada posterior, conserva os alicerces da Sé setecentista, que nunca chegou a ser levantada, e os fornos da fundição de sinos, o que reveste de certa importância, visto que, normalmente, eram destruídos após a fundição.
Número IPA Antigo: PT010402450031
 
Registo visualizado 6446 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Colégio religioso  Colégio religioso  Companhia de Jesus - Jesuítas

Descrição

Planta irregular, formada pelo núcleo do colégio, com igreja retangular composta de nave única e capela-mor, mais estreita, de eixo interior longitudinal, portaria quadrangular integrada na torre sineira quadrangular, claustro quadrangular seguido de pátio retangular, atualmente aberto, desenvolvido na fachada posterior, à volta dos quais se organizam as várias dependências, e dois corpos retangulares mais recentes, colocados perpendicularmente nos dois extremos da fachada posterior, formando U aberto. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas e de três no alpendre da portaria, rematadas em beiral. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com cunhais apilastrados, embasamento de cantaria e terminadas em cornija ou friso e cornija. Fachada principal virada a N. de sete panos definidos por pilastras ou, na zona da igreja (de quatro panos), por contrafortes quadrados, os da capela-mor postos de ângulo, coroados por pináculos assentes em plintos paralelepipédicos almofadados. Portal principal em arco de volta perfeita, de duas arquivoltas assentes em pilastras almofadadas, enquadrado por pilastras almofadadas e capitel de inspiração compósita, encimado por entablamento, tendo nos seguintes medalhões com faces antropomórficas; é sobrepujado por tabela retilínea delimitada por pináculos de cogulhos sobre plintos, integrando ao centro nicho de volta perfeita assente em pilastras, enquadrado por pilastras suportando cornija, e albergando imagem da Virgem sentada num trono com o Menino; entre o nicho e os pináculos laterais, surgem falsas aletas com elementos vegetalistas. Sobre a tabela, surge ainda óculo ovalado e recortado, coroado por volutas e pequenos pináculos. No pano intermédio da direita abre-se um outro portal, mais simples, de arco de volta perfeita e largas aduelas, assente no pé direito, sendo percorrido por chanfro; superiormente, abrem-se duas janelas, gradeadas, em arco de volta perfeita, de dupla arquivolta, assente em cornija sobre duas mísulas, com capialço, enquadradas por pilastras, sustentando cornija reta, coroada por pináculos relevados. No pano extremo da direita, mais estreito, rasga-se janela jacente e janela retangular, com grades torças salientes, de avental retilíneo, encimada por friso e frontão de volutas interrompido por pináculo inscrito com 1729. Em cada um dos dois panos da esquerda, abre-se uma janela, de diferentes tamanhos e a diferentes níveis, semelhantes às opostas, mas apenas uma delas com capialço, tendo a cornija superior encimada por volutas ladeando medalhões com bustos e outros elementos recortados. Junto à igreja, ergue-se à esquerda um corpo estreito, de dois registos rasgados por um janelo retangular e, superiormente, por janela de verga curva, e o da torre sineira precedida por alpendre; este é aberto por arcada de três arcos de volta perfeita sobre colunas toscanas assentes em plintos paralelepipédicos almofadados, sendo as laterais embebidas no muro; é rasgado por portal de verga reta, entre janelas retangulares jacentes com capialço, encimado por cartela recortada tendo ao centro resplendor sobrepujado por "IHS". A torre, coroada por merlões de faces decoradas e pináculos piramidais assentes em plintos paralelepipédicos nos cunhais, tem em cada uma das faces duas ou três sineiras estreitas, de verga curva, assentes em cornija reta, decorada inferiormente com elemento de cantaria semicircular; são encimadas por relógio circular com moldura de cantaria, tendo frontalmente, sob este, azulejo alusivo ao Centenário da Fundação da Nacionalidade. Fachada lateral esquerda de dois pisos, com vários corpos e panos. A face posterior da torre e o segundo piso do pano adossado são rasgados por janelas de peitoril, com moldura de cantaria assente em cornija reta e ladeadas por duas mísulas; superiormente na torre abre-se ainda duas janelas sem moldura. Segue-se corpo mais recuado, virado a E., correspondendo ao antigo pátio das Escolas, com três panos, rasgando-se no primeiro piso de cada um deles janelas de peitoril, com grades torças e avental retilíneo, e, no segundo, janelas mais largas e de molduras recentes, exceto no pano extremo direito, onde se abre janela igual à do pano perpendicular. O corpo mais avançado do antigo colégio, e que fechava o pátio, tem os pisos separados por friso moldurado que se prolonga pelas pilastras dos cunhais, coroadas por pináculos piramidais com bola, assentes em plintos paralelepipédicos; no pano virado a N., abrem-se, no primeiro piso, três arcos em asa de cesto, envidraçados, assentes em pilares quadrangulares, e dois meios arcos nos topos, entaipados; no segundo piso rasgam-se quatro janelas de sacada, com guarda em ferro, encimadas por friso e cornija, surgindo ao meio cartela retangular integrando medalhão inscrito envolvido por enrolamentos e elementos vegetalistas. O pano E. é rasgado no primeiro piso por janelas de peitoril com bandeira, gradeadas, e no segundo por janelas iguais às viradas a E.. O corpo seguinte, correspondente a uma ala do U, é rasgado em ambos os pisos por amplas janelas de peitoril, de molduras simples, tendo ainda no primeiro porta de verga reta encimada por pala envidraçada. Fachada lateral direita virada a O., com corpo mais recuado de dois panos; no da esquerda abre-se janelão com larga moldura, ladeada por pilastras de fuste decorado com almofadado e capitéis coríntios, assentes em cornija sobre duas mísulas, também elas assentes em cornija, e possuindo grades de ferro avançadas e torças; as pilastras suportam entablamento, de friso ornado com almofadado, encimado por tabela retangular vertical inscrita ao centro com "IHS", enquadrada por aletas e pináculos de bolas, e sobrepujado por cornija, volutas enquadrando pedra com florão e a data 1684, coroado por cruz de cantaria. No segundo pano rasgam-se portal de verga reta e janela interligados, mais quatro janelas jacentes encimadas por seis retangulares molduradas; a fachada perpendicular do corpo mais avançado, virada a N., três janelas de peitoril, ao nível do segundo piso, e, ao centro, portal largo de verga reta, precedido por escada, no arranque da qual se eleva estrutura retilínea em cantaria, sustentando pala, e por rampa de acesso, em ângulo. A fachada lateral desse corpo avançado, de dois pisos, é rasgada regularmente por amplas janelas de peitoril sobrepostas e molduradas. Fachada posterior com topos das alas rasgados por uma janela de peitoril em cada um dos pisos; nas faces do U, abrem-se no primeiro piso amplas portas, envidraçadas, tendo na ala O. alpendre sobre pilares quadrangulares, e janelas de peitoril recuadas; no segundo tem janelas de peitoril molduradas; rampas e passeios largos contornam o U e, ao centro, ergue-se frontalmente estrutura de ferro de acesso ao interior. INTERIOR: Igreja com paramentos rebocados e pintados de branco, a nave com silhar de azulejos de padrão policromo e de quatro tramos, dois cobertos por abóbadas estreladas de combados, com bocetes em florão, e dois em falsas abóbadas de madeira, uma estrelada, assente em mísulas, e a do coro abatida formando caixotões, todas pintadas a marmoreados fingidos a rosa, amarelo e azul, e com panos em azul acinzentado; pavimento em soalho flutuante. Coro-alto assente em arco de volta perfeita, pintado a marmoreados fingidos a azul, sobre os pés direitos, encimado por cartela recortada com IHS inscrito, com guarda em balaustrada, a qual se prolonga em L para o lado da Epístola formando coreto, com a guarda semicircular ao centro. Possui cadeiral de espaldar retilíneo, seccionado por pilastras e suportando cornija, de talha dourada, decorada com acantos, sendo interrompida ao centro por painel; no L, possui grande órgão. No sub-coro, tem do lado do Evangelho escada de acesso ao coro e, no lado da Epístola, vão de ligação ao claustro, de aparelho aparente, em arco de volta perfeita, em tijolo, entaipado, albergando pia batismal facetada, de corpo em cálice, sobre pé galbado. No lado do Evangelho, ladeia o portal pia de água-benta semicircular, gomada exteriormente e no interior fazendo concha. No todo da nave tem vão de verga reta e moldura exterior recortada, ladeado por vão quadrangular, moldurado. No lado da Epístola, a porta de ligação ao claustro é ladeado por dois arcos, de volta perfeita em tijolo, entaipados. Púlpito de bacia retangular em cantaria assente em mísula, com guarda em balaustrada de madeira exótica decorada com marchetados de elementos metálicos, acedido por porta de verga reta, com moldura de almofadas ornadas com losangos e outros elementos geométricos; é encimado por baldaquino de madeira exótica com marchetados metálicos, e formando grande losango central. No lado do Evangelho dispõem-se dois retábulos laterais e no da Epístola três, sendo dois deles de estrutura igual, todos em talha dourada e policroma e de um eixo. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras e colunelo, com capitéis decorados com folhagens, pintado a marmoreados fingidos a rosa e azul. Capela-mor coberta por abóbada de combados estrelada, assente em mísulas com querubins, com bocetes circulares, formando diferentes florões, e quatro escudos, tendo os vários elementos pintados igualmente a marmoreados fingidos. Retábulo-mor em talha dourada de planta reta e com corpo côncavo, de um eixo, definido por duas pilastras e quatro colunas torsas, ornadas de pâmpanos e aves, assentes em consolas decoradas com acantos muito relevadas e enrolados, e com capitéis coríntios, possuindo nos intercolúnios pequenos nichos, sobre plintos, com fundo decorado em meio relevo, com quarto de cúpula em forma de baldaquino, albergando imaginária; prolongam-se pelo ático em quatro arquivoltas, igualmente ornadas por anjos, aves, pâmpanos e acantos enrolados, unidas por aduelas, tendo ao centro cartela recortada com IHS, sustentada por anjos e envolvida por acantos vazados; ao centro possui tribuna, com arco de volta perfeita, interior formado de apainelados de acantos e cobertura em abóbada de meia laranja também com apainelados; alberga trono expositivo de três degraus, na base do qual surge o sacrário embutido, rodeado por acantos e anjos e com porta decorada por cruz. Altar paralelepipédico, com frontal decorado por apainelados de acantos e corpos laterais do sotobanco com iguais apainelados e anjos. Sacrário tipo templete, ornado de acantos e anjos e com cruz na porta. Sacristia com pavimento em lajes de cantaria dispostas em losango, envolvidas por cercadura retangular, e teto plano, de caixotões entalhados e policromados, de florões dourados e painéis pintados com temática Inaciana, assente em friso de dentículos entalhados e mísulas. Ao longo de todo o paramento direito, surge amplo arcaz com gavetas de grande simplicidade, encimado por espaldar em U, seccionado em onze painéis pintados com cenas da vida de Santo Inácio, separados por cartelões, encimados por querubins e assentes em plintos paralelepipédicos com florões; o espaldar tem friso inferior de acantos e termina em friso de acantos e querubins e cornija; remates laterais dos painéis com orelhas. No lado oposto possui armário embutido, com duas fiadas de gavetas e porta de duas folhas, ornadas de losangos, envolvido por moldura de acantos policromos; ladeando a porta de entrada existe lavabo composto por bacia hemisférica, gomeada, com pequeno espaldar retangular, envolvido por filete, encimado por frontão curvo com IHS inscrito no tímpano, coroado por cruz latina, pintada de preto. A portaria possui a meio os pesos do antigo relógio, protegidos por guarda de ferro. Claustro com fachadas rebocadas e pintadas de branco, de cinco tramos em cada ala, tendo no primeiro piso arcada de duplo arco de volta perfeita assente em colunelos, sobre murete, exceto ao centro, por onde se acede à quadra, e o colunelo assenta em plinto paralelepipédico de faces almofadadas; no segundo piso rasgam-se janelas retangulares, molduradas e maineladas. A quadra está ajardinada com canteiros de buxo recortado, tendo ao centro poço com boca quadrada.

Acessos

Praça da Sé; Travessa da Torre; Rua da República

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria nº 740-FN/2012, DR, 2.ª série, n.º 252, de 31 dezembro 2012 (igreja e claustro)

Enquadramento

Urbano, isolado, num dos principais polos do Núcleo urbano da cidade de Bragança (v. PT010402420296). Em frente da igreja possui praça, pavimentada a lajes de cantaria, com alguns bancos de jardim e, no extremo N., o chamado cruzeiro da Sé (v. PT010402420051). Junto à fachada lateral esquerda, com rua atualmente vedada ao trânsito, desenvolve-se uma outra praça no espaço onde se erguia o antigo mercado (v. PT010402450082); as outras fachadas são circundadas por ruas com largos passeiros separadores, pontuados por bolas ou pilaretes de ferro e alguns vasos de flores. Adapta-se ao desnível do terreno, mais acentuado ao longo do corpo avançado da fachada lateral direita, onde tem guarda de balaústres de alvenaria pintada, e à qual se encostam vários bancos de jardim, e na fachada posterior. Aqui, surge entrada para parque de estacionamento subterrâneo e alguns vestígios arqueológicos da construção da Sé setecentista, sob estrutura de ferro moderna de acesso ao edifício. Junto ao portal da fachada lateral direita ergue-se cruzeiro dos Centenários, e nas proximidades desenvolve-se o Jardim António José de Almeida, com coreto (v. PT010402450273).

Descrição Complementar

O pano virado a N. do corpo avançado na fachada esquerda do antigo colégio, tem o medalhão oval inscrito com "IHS" e a filactera inferior com "ANNO DE 1721"; à esquerda tem ainda a inscrição relevada "BIBLIOTECA MUNICIPAL". Na fachada lateral direita existe, junto ao portal virado a N. a inscrição relevada "CENTRO CULTURAL MUNICIPAL" e no cunhal, do pano virado a O., a inscrição "CONSERVATÓRIO MUNICIPAL DE MÚSICA". O grande órgão do coro, em talha policroma, tem planta retangular e fachada com três castelos, o central proeminente com gelosias de acantos, encimados por anjos músicos; entre os castelos, surgem dois nichos dispostos simetricamente com gelosias em harpa, ornadas de acantos vazados e ramos floridos, encimados por putti; o conjunto é rematado por frisos e cornijas; consola decorada por querubins e ladeada por anjos atlantes que ligam o castelo exterior à mesma. Os dois retábulos laterais, de estrutura semelhante, apresentam planta reta e um eixo, de corpo côncavo, definido por duas pilastras, sobrepostas por volutas e anjos tocheiros, policromados e encarnados, e quatro colunas de fuste torso, com espira fitomórfica e terço inferior marcado, intercaladas por quatro pilastras, duas de fuste almofadado e duas decoradas com elementos fitomórficos, assentes em plintos paralelepipédicos, os das colunas com ornamentos vegetalistas, todos com capitéis coríntios; estes prolongam-se pelo ático em cinco arquivoltas, unidas por aduelas e com diferente decoração: a exterior, mais larga, é sobreposta por festões e cartela recortada central, a segunda tem motivos fitomórficos, a terceira é almofadada, a quarta tem folhas de acanto e a última é moldurada; ao centro, o retábulo do lado do Evangelho possui painel pintado com decoração vegetalista, integrando no banco estrutura de talha, de vão retangular, enquadrado por aletas, suportando cornija, alteada ao centro, decorada com acantos e cartela, sobre a qual assenta imaginária; o do lado da Epístola, integra sacrário em forma de templete, enquadrado por volutas, com porta ornada com custódia, e remate em frontão de segmentos de volutas e concheados. A estrutura possui sanefa assente em pilastras, sobre a qual evolui nicho em arco de volta perfeita enquadrado por dois apainelados de talha definidos por pilastras encimadas por fogaréus, contendo mísulas com anjos de vulto e rematado por frontão de lances com anjos de vulto segurando resplendor. Altar paralelepipédico liso, com corpo lateral com duas ordens de pilastras decoradas por concheados e elementos fitomórficos. O segundo retábulo do Evangelho apresenta arco de volta perfeita, com eixo definido por dois frisos vegetalistas e duas colunas centrais, de fuste pintado a marmoreado fingido preto, assente em plintos paralelepipédicos ornados com motivos fitomórficos dourados, e capitéis coríntios, que se prolongam em três arquivoltas, formando o ático, a da coluna sobreposta por acantos dourados, com chave saliente ornada de acantos; interiormente, é pintado de azul com flores policromas e é dividida por três prateleiras onde se expõem várias relíquias. O primeiro retábulo da Epístola, dedicado a Nossa Senhora de Fátima, insere-se na caixa muraria, possui arco em volta perfeita, de eixo definido por duas colunas torsas, decoradas por pâmpanos, aves e anjos, assentes em plintos paralelepipédicos com anjos, que por sua vez surgem sobre mísulas, e de capitéis coríntios, que se prolongam pelo ático numa arquivolta com o mesmo tipo de decoração e de fecho saliente com voluta; ao centro, abre-se nicho, com boca ornada de acantos rendilhados, interior com fundo pintado com Capelinha e o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, surgindo dispostas lateralmente as imagens da aparição; banco decorado com friso de acantos e querubim central. O terceiro retábulo da Epístola, dedicado a Nossa Senhora de Lurdes, tem talha policroma a verde azulado, bege e dourado, de eixo definido por duas colunas coríntias, assentes em plintos paralelepipédicos, ornados de concheados, encimadas por friso de querubins, e friso lateral de laçarias, que se prolongam no ático em quatro arquivoltas, a exterior decorada com concheados, seguida de uma com elementos vegetalistas vazados, outra sobreposta de concheados e a última com apontamentos vegetalistas, com cartelas recortadas no fecho; ao centro, abre-se nicho, em arco de volta perfeita, com moldura pontuada por botões, tendo o interior em forma de gruta e com imaginária; banco com concheados e uma cartela recortada inseridos em almofada côncava. As alas do claustro têm pavimento de lajes; na virada a N. abre-se porta de ligação à nave ladeada por antigo vão de confessionário, com moldura em tijolo, e um outro vão em arco, de tijolo, que ligava ao coro-baixo; junto deste, mas na ala O. abre-se um outro arco, maior de acesso a espaço amplo ao longo da ala, a qual tem a meio portal de verga reta encimado por friso e frontão de volutas interrompido; mais a S. existe capela profunda, em arco de volta perfeita, fechado por porta de ferro, albergando no interior estrutura retabular de talha, adaptada ao perfil do vão, ornado de acantos e envolvendo nicho em arco de volta perfeita, envidraçado e albergando no interior imagem do Ecce Homo; altar paralelepipédico com frontal de veludo. Na ala S. abrem-se dois vãos retilíneos, em tijolo, albergando imaginária.

Utilização Inicial

Educativa: colégio religioso

Utilização Actual

Religiosa: igreja / Cultural e recreativa: biblioteca / Educativa: escola de ensino especial / Cultural e recreativa: edifício multiusos

Propriedade

Privada: Igreja Católica (igreja, torre, sacristia) (Diocese de Bragança - Miranda) / Pública: municipal (restante edifício)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: João Pires (séc. 16); Pedro de la Faya (séc. 16); Viana de Lima (1963). CARPINTEIRO: Amândio (1987). EMPREITEIRO: António Augusto dos Santos Guardiola (1892); Serafim e Silva (1993 / 1994). ENGENHEIRO: João José Pereira Dias (1892). ENTALHADOR: João (1987); Manuel Gomes da Silva (séc. 18, atr.). FISCAL: Gomes de Moura Bernardino (1895). FUNDIDOR João Vaz (1649). PEDREIROS: Sebastião Rodrigues (1654).

Cronologia

Séc. 16 - Duque D. Teodósio e a Câmara mandam construir convento para clarissas no terreno da "Cruz de Pedra", junto às eiras do Arcebispo, pertencente ao Mosteiro de Castro de Avelãs, com projeto de Pedro de la Faya e João Pires; 1545, 30 maio - grande parte do edifício está concluído; 1561 - Câmara pede a fundação de um colégio jesuíta na cidade, disponibilizando o convento; outubro - instalação da Companhia, sendo reitor Leonel de Lima; alberga cerca de 20 pessoas, aulas de latim, escola para ler e escrever e 130 alunos; 1564 - dispõe para manutenção 100$000 de juro dados pelo bispo de Miranda, D. Julião de Alva, 100$000 do Duque de Bragança, 100$000 da cidade, 50$000 dos benefícios de uma igreja e os rendimentos da Quinta de Vilar do Monte; 4 setembro - reitor queixa-se do colégio ser húmido e de deficiente exposição; 19 outubro - por ser insalubre, o Provincial propõe a construção de outro edifício; 1565 - decidem-se obras de adaptação; 1566, 18 março - pede-se apoio ao Duque para a obra; 1568, 9 agosto - morte de Filipa Mendes, benfeitora do colégio *1; 1572, 14 a 25 dezembro - decide-se não mudar de local, mas, se necessário, uni-lo ao mosteiro de Vila Flor; 1573, 31 dezembro - receção da 1ª relíquia das Onze Mil Virgens, enviada por Francisco de Borja; 1576, 17 janeiro - questiona-se a supressão do Colégio; 1579 - tem cerca de 200 alunos; 7 janeiro - o reitor defende a construção de novo edifício; 30 setembro - Visitador ordena o Inventário das relíquias; 1588 - Câmara dá possibilidade da Companhia tomar parte do acesso às Eiras do Arcebispo; construção de torre em eixo da cabeceira; 1587, 7 janeiro - Pe. Rui Pais propõe construir uma igreja maior, aproveitando a antiga para cubículos; 1591 - insiste-se na construção de uma nova igreja; 1592, 20 outubro - oferta de terreno para ampliação da igreja e uma fonte para a horta; 1594 - referência à Confraria dos estudantes, de Nossa Senhora da Anunciação; 1601, setembro - Visitador manda cobrir e telhar a torre, colocar sinos, um do relógio, fazer porta e fresta na sacristia, reparar a parede arruinada das latrinas e empregar os 30$000 do Bispo de Coimbra no pano do púlpito; 1602, setembro - manda acomodar a portaria na torre e fazer-se um tabernáculo para as relíquias; 1604, outubro - manda tapar de pedra e barro ou madeira as janelas da torre; consertar as grades do confessionário do lado do púlpito e o ladrilho da igreja; levantar o muro da cerca junto ao rio e pôr a botica no cubículo do canto junto da janela da grade; 1606 - manda levantar a parede da cerca fronteira às escolas num côvado, caiá-la e abrir portal de pedraria; fazer o tabuleiro da varanda a servir de portaria; ladrilhar ou soalhar as classes e fazer a casa do despejo para o refeitório; 1607, setembro - manda fazer a divisão de tabuado no coro entre os padres e os seculares; arranjar os degraus do altar-mor e porta da sacristia; tapar os buracos da torre e alargar as janelas da cozinha; 1609, maio - manda rebocar e caiar a casa sobre a portaria; 1610, maio - Visitador manda fazer o tabernáculo das relíquias; pôr gelosias na janela do topo do corredor para o terreiro e na da rouparia; alargar o alpendre da portaria do carro; consertar a porta travessa; 1611, setembro - manda fazer dois confessionários para mulheres, endireitar a teia divisória do coro, soalhar as classes; colocar escada para o refeitório no sítio de onde se tirou, para evitar ir pelo claustro; 1612 - manda colocar grades em ferro ou pau nas portas da igreja e dos estudantes; forrar a casa grande do pátio dos estudos; fazer três andares na torre e pôr-lhe gelosias; fazer a campa de Filipa Mendes com inscrição; 1613, novembro - testamenteiro de Catarina Borges exige que se faça a lâmpada de prata, que custeara; 1625, junho - Visitador manda fazer guarda-pó no púlpito; afastar as grades da igreja, ampliando a capela-mor; tornar menos íngremes as escadas da cozinha; 1628, outubro - manda fazer o retábulo-mor com quatro nichos, com os 94$000 doados por Maria de Alva para o Santíssimo; 1629, 4 outubro - manda pôr gelosias nas duas janelas da hospedaria; 1631, outubro - manda abrir porta interior para a adega e uma ministra para a casa do despejo; 1640, maio - manda colocar gelosias nos cubículos para o pátio dos estudos e capela; 9 dezembro - reitor manda fazer Ecce Homo, dezasseis painéis e quatro para a capela; 1641, 20 setembro - considerando indecentes os quadros do Crucificado e Circuncisão do retábulo-mor, manda fazer novos, e ladrilhar a igreja; 1643, 4 dezembro - início do triénio do Pe. Manuel de Manis, que manda renovar os retábulos do refeitório, fazer novos armários para a cozinha, nova porta do carro, pombal, tulha, casa do forno e fonte na cerca; soalhar a casa da fruta; colocar prateleiras na despensa; abrir porta na adega, tapando a existente; colocar gelosias na torre; cobrir a capela-mor de pedra; fazer tocheiros dourados, tabernáculos, oito bancos e caiar a igreja; 1646, fevereiro - pagamento de $240 para tocheiros da igreja em nogueira e $650 de novas galhetas; 1651, julho - Visitador manda caiar a igreja, corredores e claustro; tirar a madeira do cubículo sob o do Reitor para a enfermaria; reparar a varanda do colégio, retrete na escola de ler, onde se castiguem os meninos; 1653, maio - manda cobrir o telheiro da cerca e ladrilhar a varanda; colocar vidraça na fresta junto ao altar de Nossa Senhora dos Prazeres; 1654, 27 outubro - início do triénio do Pe. Pantaleão de Carvalho, que manda fazer duas estantes de China e três de pau de jacarandá com embutidos de marfim; consertar a lâmpada de prata da capela-mor; fazer a casa onde açoitam os do pátio; devia-se à mulher do pedreiro Sebastião Rodrigues $240; 1657 - início do triénio do Pe. João da Rocha que manda ampliar a sacristia no dobro, pintar os painéis do teto e taburnos de madeira no pavimento, fazer uma porta de nogueira com almofadas e diamantes e uma janela lavrada com reixa, o forro dos caixões, acrescentando-se um, armário para a prata e três caixões; caiar a ante-sacristia e ornar com quatro painéis o confessionário sobre esta; caiar parte do claustro; colocar azulejos de Lisboa na capela-mor e no arco um painel de azulejos com Cristo; não havendo oficial para pô-lo, caiou-se; fazer porta de nogueira na portaria, ornando-a de painéis; consertar o retábulo numa oficina do Porto; retelhar o colégio; 1660, 6 dezembro - início do triénio do Pe. Estêvão Ferreira, que manda retelhar a igreja; fazer o arco em tijolo (c. 40$000), adufas na varanda colegial, a casa das galinhas e porcos com escoadouro, canteiros de tijolo e colunas caiadas na entrada da cerca; retelhar e caiar o colégio; consertar e retelhar a casa do alfaiate; reparar os cubículos com adufas nas janelas; fazer as gavetas de missais na sacristia; nova imagem da Virgem na porta da igreja e douramento do nicho; 1661, depois - Pe. Estêvão Ferreira manda pôr na sacristia os quadros do reitor de Castro de Avelãs, deixados por Francisco Pires de Sousa; fazer diadema de prata da imagem de São Francisco Xavier; reparar a varanda; 1663, depois - Pe. Domingos de Azevedo manda retelhar o colégio e torre; 1666, depois - Pe. Domingos Dias manda caiar a igreja; azulejar a capela-mor; dourar o arco; fazer lavabo da sacristia, ladeado por duas janelas com grades; renovar os telhados do colégio; fazer a casa para as galinhas e reparar a cozinha; 1667, setembro - Visitador manda caiar as classes; 1668, 3 setembro - incêndio; 1669, depois - Pe. Gonçalo Guedes manda fazer dossel para a sacristia, uma imagem de São Francisco Xavier com uma relíquia para os enfermos; consertar a portaria do carro; 1672, depois - Pe. Manuel Soares manda construir novo pombal noutro sítio, com galinheiro; murar parte da cerca; soalhar as casas da torre; colocar portas, janelas e gelosias nas mesmas e na hospedaria; 1673, 9 maio - manda-se retelhar a igreja e parte do colégio; pintura exterior; colocação de gelosias nas janelas; 1676, depois - Pe. Luís Pinheiro manda retelhar e reformar as ripas dos três corredores do colégio; fazer de novo os telheiros para a lenha, dos porcos e do sal; fazer janela da casa do fogo e uma varanda para se lavar a cera; reformar a casa da fruta e arranjar a cerca; pintar a igreja; 1679, 23 julho - o reitor António Cardoso Júnior manda reformar as janelas da varanda; 1682, depois - Pe. Francisco Correia manda consertar a abóbada da capela-mor, o retábulo-mor, segurando-o com cavilhas e gatos de ferro à parede; fazer a tribuna nas costas do retábulo-mor para expor o Santíssimo; fazer novos caixões de madeira de castanho e armários, taburnos da igreja e consertar os da capela-mor; fazer o confessionário junto ao altar dos Prazeres, uma credência nova; abrir porta na sacristia e uma janela com grades de ferro; colocar novas grades de comunhão; pintar a sacristia e ante-sacristia; colocar ladrilhos de tijolo junto aos degraus do altar-mor; consertar as estantes da livraria; consertar a portaria do carro, os cubículos e os telhados da casa do forno; fazer uma pia de pedra para fora da cozinha; 1686, 20 maio - início do triénio do Pe. Francisco de Sousa; que manda fazer janela para a praça, com grades de ferro, janela na sala do reitor, dois confessionários na parede, grades de comunhão e seis arcos da despensa ao refeitório, originando o corredor novo; caiar a igreja, corredor da portaria do carro, cubículo da retrete e do Irmão roupeiro; fazer um armário da Procuratura com 36 gavetas e ferragens em Braga; celeiro e casa da Procuratura sobre a porta do carro; fazer a casa do alfaiate, forno e respetiva casa e nora (1:000$000); 1690, maio - Visitador manda reformar o sacrário, porta para a tribuna e reparar as janelas do claustro; 1692, março - feitura de quatro lâmpadas de folha-de-Flandres ($480); 7 junho - início do triénio do Pe. António Correia; que manda fundir o sino das missas; fazer púlpito em pau-preto, marchetado de bronze (75$000), com base e portais em cantaria; portal de cantaria junto à Capela da Senhora da Anunciada; consertar os santos e sacrário; fazer varanda na casa do truque, porta para o camarim, grade de ferro para a janela do cartório, quatro gelosias nas janelas na tulha; colocar cantaria nas três janelas do cubículo; pintar o colégio; cobertura na nora da cerca, levantando-se os pedestais; ladrilhar a casa do lavabo junto ao refeitório; abrir dois portais em janelos do claustro e porta na lavandaria; 1695, julho - início do triénio do Pe. Vicente Ferreiro, que manda consertar a imagem de São Francisco Xavier da igreja e fazer cruz de prata e ramo de açucenas para a mão; consertar a cruz de Santo Inácio; 1700 / 1710 - construção de uma capela de Santa Bárbara na cerca; séc. 18 - provável execução do retábulo-mor pelo mestre Manuel Gomes da Silva; 1707, outubro - Visitador manda fazer porta principal da igreja, lajear ou ladrilhar o sub-coro, acabar o muro e portada do pátio dos estudos; 1715, outubro - manda tapar em cada lado do claustro três janelas, ficando só duas; 1729, 30 maio - manda reparar os cubículos, consertar as lâmpadas da capela-mor e fazer novos armários para a cozinha; 1735, 5 janeiro - para os religiosos evitarem os frios, Visitador manda acender todas as noites o fogo na casa do fogo; pôr aldravas nas janelas das casas novas e nas aulas inferiores; 1738, 5 maio - manda caiar os cubículos; 1740, 8 agosto - manda fazer refeitório dos moços onde estava determinado e destruir o antigo; 1742, 23 maio - manda abrir janela no coro, virada à praça; 1743, 29 novembro - manda caiar a igreja; 1747, 3 setembro - manda reformar a capela doméstica e fazer peanha para expor o Santíssimo; 1752, 17 junho - manda fazer aos lados do arco triunfal nicho para as relíquias, deitando-se fora os altares aí existentes; novo sacrário para o altar de Nossa Senhora da Anunciada; forrar o coro e consertar os telhados; 1755, 3 setembro - era necessário outro nicho para as relíquias entre o púlpito e o último confessionário; os confessionários do lado do púlpito eram muito baixos, exigindo remover os taburnos; manda fazer estrados para a igreja, alisar as paredes e engessar a pedraria negra do teto; o homem que ajustou o coro e teto do mesmo devia-os fazer antes que caíssem; manda eliminar a escada dentro do coro e tapar a serventia entre ela e o vão do telhado e teto da igreja, que passaria a ser pela torre, onde havia uma fresta; devia-se levantar o telhado da casa do camarim e uni-lo com a torre; abrir a porta tapada junto ao último confessionário, debaixo do coro; fazer um confessionário na mesma porta; 1759, 15 fevereiro - entrega do Colégio e alfaias ao bispo de Miranda; Inventário dos bens *2; 4 outubro - carta régia expulsa a Companhia de Jesus; 1764, 17 novembro - carta régia transfere a diocese de Miranda do Douro para Bragança; D. José doa a igreja e colégio para instalação da Sé; D. Aleixo recebe ordem para começar uma nova Sé, paralela à primitiva *3; 1766, 13 janeiro - início de funcionamento do Seminário Diocesano no edifício; 1770 - tem 12 seminaristas; 5 março - D. José solicita a Clemente XIV a divisão do bispado de Miranda em dois: Miranda e Bragança; 10 julho - Breve "Pastoris aeterni" autoriza a divisão, ficando Bragança sede do Bispado; 1772, 22 fevereiro - tomada de posse do 1º bispo de Bragança, D. Miguel António Barreto de Meneses; não tinha alunos; 1780, 27 setembro - Bula "Romanus Pontifex" funde a diocese de Bragança com a de Miranda; 1781, 12 junho - toma posse o bispo D. Bernardo; 1790 - o seminário tem 500$000 de rendimento; 1792, 9 setembro - D. Bernardo é sepultado na capela-mor; 1817 - requerimento do reitor ao rei para a doação perpétua da cerca, casa e salas de aula do Seminário e compartimentos existentes; outubro - reabertura das aulas depois de alguns problemas; 1824, 7 dezembro - Pastoral de D. José Maria de Santa Ana Noronha refere a desorganização do Seminário desde a sua fundação, os poucos rendimentos e estar devassado, ali vivendo mulheres; 1852 - reabertura do Seminário, depois da interrupção de 21 anos; 1854 / 1856 - edifício é exíguo para os 46 seminaristas; 1855, 19 novembro - Junta Geral da Bula Cruzada informa o Governo das obras necessárias, pedindo auxílio de 1:500$000; 1864 / 1865 - início da biblioteca do Seminário; 1884 / 1885 - auge de 81 alunos; 1886, 12 fevereiro - bispo D. José Alves de Mariz expõe à Câmara a necessidade de edificar novo Seminário ou restaurar o velho *4; 21 Julho - envio aos Negócios Eclesiásticos e da Justiça do anteprojeto de restauro do edifício *5; 1898 - conclusão das obras (12:000$000); 15 Outubro - inauguração; 1911 - Liceu elevado a "Central", instalando-se no edifício uma secção do mesmo, com a designação de Liceu de Cima; 1927 - transferência do liceu para o edifício *6; 1963 - estava cimentada a cerca de recreio das meninas, antiga cerca masculina; 1968 - conclusão de um novo liceu e transferência dos serviços; posteriormente - instalação da Escola Preparatória Augusto Moreno; 1988 - remoção da porta de vidro que protegia as relíquias no altar; 1995 - com a transferência da escola fica devoluto; 1996 / 1997 - derrocada da cobertura da ala E. durante o inverno; aquisição do edifício pela C. M. B. para instalação da Casa da Cultura; 2003, 04 julho - proposta de abertura do processo de classificação da DRPorto; 16 julho - despacho de abertura do processo de classificação da Vice-Presidente do IPPAR; 2004, 10 Junho - inauguração do Centro Cultural de Bragança; 08 Outubro - inauguração do Conservatório de Música de Bragança; 2011, 14 março - proposta da DRCNorte para a classificação da Igreja e Claustro como Monumento de Interesse Público e estabelecimento de Zona Especial de Proteção; 31 maio - parecer favorável da SPAA do Conselho Nacional de Cultura à classificação e estabelecimento de Zona Especial de Proteção; 2012, 13 setembro - anúncio n.º 13416/2012, DR, 2.ª série, n.º 178, do projeto de decisão de classificar o imóvel como Monumento de Interesse Público e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura de alvenaria rebocada e pintada de branco; betão nos corpos mais recentes e torre sineira; cunhais, colunas, pilastras, molduras dos vãos, pia batismal, pia de água-benta, lavabo e outros elementos em cantaria de granito; retábulos de talha dourada e policroma; silhar de azulejos; coro-alto, cadeiral e arcaz em madeira; púlpito e baldaquino em pau-preto, com aplicações metálicas; espaldar do arcaz e teto da sacristia entalhado e com telas pintadas; cobertura da capela-mor em abóbada e a da nave em falsas abóbadas de madeira, ambas policromas; algerozes metálicos nos dois corpos mais recentes; caixilharia de madeira e em alumínio; janelas e portas de vidro simples ou coloridos; palas de vidro; grades e guardas de ferro forjado; pavimentos em madeira, lajes de cantaria de granito e cerâmico; cobertura exterior de telha cerâmica.

Bibliografia

A Arquitectura de Viana de Lima em Bragança. Bragança: 2005; BANDEIRA, Ana Maria Leitão, QUEIRÓS, Abílio - «O Colégio do Santo Nome de Jesus de Bragança: Formação do seu Padroado e Benfeitores que contribuíram para o seu engrandecimento». Páginas da História da Diocese de Bragança - Miranda. Congresso Histórico. Actas. Bragança: 1997, pp. 429-444; CAMPOS, Luís Filipe Monteiro - O Seminário Diocesano de Bragança (1885 - 1910) - Um caso de planificação de Ensino. Porto: 1999. Dissertação de Mestrado em Administração e Planificação da Educação apresentada à Universidade Portugália; DIAS, Pedro - «Arquitectura Mudéjar Portuguesa: tentativa de sistematização». Mare Liberum. 1994, n.º 8, dezembro, pp. 491-588; Documentos para a História da Arte em Portugal, Arquivo do Tribunal de Contas. Lisboa: MCMLXIX, vol. 3; JUNIOR, Francisco Felgueiras - Roteiro e Escorço Histórico da cidade de Bragança. Bragança: 1964; LAMEIRA, Francico - O Retábulo da Companhia de Jesus em Portugal: 1619 - 1759. Faro: Departamento de História, Arquelogia e Património do Algarve, 2006; MARTINS, Fausto - «Presença dos Jesuítas em Bragança e introdução do culto e devoção a Santa Bárbara no séc. XVIII». Páginas da História da Diocese de Bragança - Miranda. Congresso Histórico. Actas. Bragança: 1997, pp. 773-782; MARTINS, Fausto Sanches - A Arquitectura dos Primeiros Colégios Jesuítas de Portugal: 1542 - 1759. Cronologia, Artistas, Espaços. Porto: 1994, vol. 1. Dissertação de doutoramento, texto policopiado; MOURINHO, António Rodrigues - «D. Fr. Aleixo e o seu tempo na diocese de Miranda - Bragança. O Homem e a obra». Páginas da História da Diocese de Bragança - Miranda. Congresso Histórico. Actas. Bragança: 1997, pp. 569-585; NÓVOA, António, SANTA-CLARA, Ana Teresa - Liceus de Portugal. Histórias, Arquivos, Memórias. Santa Iria da Azóia: 2003; RODRIGUES, Luís Alexandre - «A Reforma Iconográfica e o apelo aos sentidos. A talha em Bragança: reflexões sobre alguns exemplares maneiristas e de estilo nacional (1654 - 1728)». Páginas da História da Diocese de Bragança - Miranda. Congresso Histórico. Actas. Bragança: 1997, pp. 107-144; IDEM - «Bragança: urbanismo e arquitectura na época moderna». Revista Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, dezembro 2011, nº 32, pp. 52-59; RUIVO, Luís José Afonso - Cidade de Bragança e freguesia da Sé. Bragança: 1995.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN; CMB: Arquivo Municipal; IPPAR

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN, IHRU: SIPA; CMB: Arquivo Municipal; IPPAR

Documentação Administrativa

CMB: Arquivo Municipal; ATC: Cartório da Junta da Inconfidência - Companhia de Jesus (Colégio do Santo Nome de Jesus de Bragança); IPPAR

Intervenção Realizada

Proprietário: 1642 - forro do coro e retelhar o convento; 1643, setembro - renovação do arco triunfal; 1645, novembro - telha para o telheiro da cerca ($320); dezembro - colocação de telha no telheiro da portaria ($425 mais $040 para o oficial); 1646, fevereiro - junho - tábuas dos tabernáculos ($170), pedras para a capela-mor ($840) e tocheiros ($120); 6 alqueires de cal de caiar a igreja ($240) e pombais ($420); julho - féria de 3 oficiais de assentar as pedras da capela-mor ($180); novembro - compra de 900 telhas (1$350); 1649, julho - conserto dos sinos por João Vaz ($650) e compra de ferro para o mesmo ($150); 1663, depois - Pe. Domingos de Azevedo manda fazer a varanda do corredor (45$000); restaurar os painéis do corredor com caixilhos (4$000); fazer uma porta nova para os estudantes (6$000); 1669, depois - Pe. Gonçalo Guedes manda reparar a torre, sinos e retábulos, na sequência do incêndio (150$000); 1679, 23 julho - o reitor António Cardoso Júnior manda restaurar a abóbada que estava a cair (45$000); 1690, agosto - 12 alqueires de cal para cubículos ($480); 1699 - o Pe. Borges manda consertar o teto da capela (6$000) e retelhar a igreja e Colégio (7$000); 1887 - subsídio do M.O.P. para reparação dos telhados; 1936 - obras de saneamento, abrangendo, entre outras, a Pç. da Sé; 1935 / 1936 - obras de melhoramento na zona do Liceu; 1940 / 1950 - ampliação do ginásio; obras de conservação e melhoramentos; instalação de aquecimento no Liceu; eletrificação; DGEMN: 1945 - remodelações interiores e exteriores na zona da Sé: transferência da janela datada de 1685 da fachada principal para a lateral direita, com colocação de tabela epigrafada com IHS, mantendo a datada de 1729 delimitando-a por pilastra, criando o pano extremo direito; regularização do 1º pano da fachada lateral direita, com colocação de pilastras nos cunhais no alinhamento da igreja, alteamento do corpo adossado e abertura de porta e janela; remodelação das alas do claustro, com reformulação dos vãos do segundo piso *7; 1955 - conclusão das obras de adaptação do antigo Seminário a Liceu, com construção da ala E., sacrificando parte da cerca e remodelação das restantes zonas do edifício; CMB: 1963 - arranjo do largo da Sé, com projeto do arquiteto Viana de Lima; 1972 - obras na zona do salão e biblioteca, com consolidação e refechamento dos arcos, mudança da localização dos sanitários e outras; obras de consolidação, restauro e conservação da Sé: restauro e valorização do edifício do antigo colégio, nomeadamente o arranjo dos claustros, em ruínas, com lajeamento de toda a zona coberta por arcadas, restauro e capeamento da guarda e arranjo do jardim; adaptação de diversas dependências abandonadas e arruinadas para atividades paroquiais, com criação de amplo salão paroquial, anexos diversos para guarda de alfaias e sanitários na ala O., e sala de catequese na ala E., implicando a demolição de abóbadas de alvenaria e reforço do vigamento do 2º piso, renovação de soalhos e forros, com utilização de madeira de casquinha; colocação de tijoleira cerâmica em algumas zonas; substituição da iluminação elétrica, com colocação de diversos projetores e lanternas na igreja; restauro de altares de talha, cadeiral do coro e arcaz da sacristia; 1974 - plantas da Escola Preparatória Augusto Moreno; 1981, 27 novembro - abertura do buraco das escadas para o coro e corte dos altares de Nossa Senhora de Lurdes, dos Prazeres e do Sagrado Coração de Jesus; 1985 - levantamento e proposta de reabilitação da torre sineira: conservação dos paramentos, reposição dos silhares dos azulejos na galilé e recuperação da cobertura da mesma, repavimentação dos pisos dos sinos, do relógio e da cobertura, construção de piso intermédio entre o piso térreo e o superior e construção de escadas em betão entre os pisos; 1987, outubro - remoção de algumas peças de talha do altar-mor, o maior degrau da tribuna e a águia que coroava o atril, remoção da coroa na parte superior da tribuna pelo carpinteiro Amândio e João entalhador; 1988, Janeiro - abertura de entrada dando para a parte de trás do órgão; fevereiro - abertura de entrada para o coro pela igreja, feitura das escadas de acesso e a parte do fundo em anfiteatro, desmonte do órgão do coro, parte da parede, fole do órgão e seis quadros da Via Sacra; 1993 / 1994 - obras na torre, com substituição do soalho e vigamento e computorização do relógio pela firma Serafim e Silva de Braga (3.242.414$00); 2001 / 2004 - obras de adaptação do antigo seminário a Casa da Cultura com acompanhamento arqueológico; durante a abertura de uma rampa para acesso ao antigo pátio de jogos, pôs-se a descoberto várias estruturas correspondentes ao braço S. do transepto do edifício da nova Sé, promovida pelo bispo Aleixo de Miranda Rodrigues, bem como de restos ósseos, vítreos, metálicos e cerâmicos do séc. 17 ao 19, e os fornos para a fundição dos sinos; os vestígios foram preservados, mantendo-os ao ar livre, construindo-se escada metálica com degraus de madeira, apoiada numa estrutura amovível, permitindo o seu acesso visual e a passagem do exterior para o "interior do transepto"; abertura dos claustros ao exterior; instalação da biblioteca na ala E. e parcialmente na N., distribuída pelos dois pisos, da Escola de Música no primeiro piso e parte do piso 0 da ala O., do Centro de Divulgação Cultural no piso 0 da ala N., da Área Pluridisciplinar, em regime de 'open space', em parte do primeiro piso da ala N. e da área Administrativa e de Secretariado, no mesmo piso, mas junto à entrada principal; adaptação do ginásio a auditório polivalente; adaptação do novo complexo ao novo esquema viário e pedonal executado na zona com o programa POLIS, especialmente nas ruas do Mercado e da República; Paróquia: 2009 - obras de conservação na igreja: pinturas exteriores e interiores, substituição do pavimento por soalho flutuante; colocação de novos bancos.

Observações

*1 - D. Filipa Mendes, viúva do Desembargador Gaspar Mendes, doara ao colégio, em fevereiro de 1562, a Quinta de Vilar do Monte. No ano anterior, o Pe. João Rodrigues doara-lhes as casas que possuía na R. do Hospital. Durante o séc. 16, foram-lhe anexadas as rendas das seguintes igrejas paroquiais: a de São Pedro de Penhas Juntas e as que tinha anexas (São Mamede de Agrochão, Santa Maria de Ervedosa, São Martinho de Gestosa, Santa Bárbara de Brito); a de São João de Transbaceiro (anexa a de Nossa Senhora de Dine); a de São Julião Paço (anexas São Pedro de Lagarelhos, Nossa Senhora do Rio de Fornos e São Mamede de Travanca); a de Santa Maria Madalena de Grijó de Vale Benfeito; a de São Nicolau de Cortiços (anexa São Miguel de Cernadela); a de São João de Parâmio. A 18 junho de 1565, D. Sebastião fez mercê à Companhia de uma propriedade no Sabor, o chamado Moinho dos Padres, confiscada a Jácome Luíz Sarmento, e a 20 de julho de 1571, emite despacho acedendo ao requerimento dos Padres para tomarem posse da Quinta da Rica-Fé. Estas anexações ao Colégio foram confirmadas, em 1574, por breve de Gregório XIII. Na década de 1580, o colégio adquire uma quinta em Parâmio, onde constrói uma casa de recreio, inaugurada a 26 de setembro de 1585, mas as obras só foram concluídas a 6 de janeiro de 1594. Em 1614, Isabel de Quinhões, casada com Gaspar de Seixas Pegado, deixa em testamento repartido pelo Colégio e Convento de Santa Clara de Bragança o rendimento das terras que tinha no Vimioso (dispersas por São Joanico, Vimioso e Vale de Frades), cuja posse só se deu em 1634. Em 1617, D. Maria Pais, mulher do Dr. Gonçalo de Faria, lega ao colégio a administração da Capela de Nossa Senhora da Anunciação, na Igreja Matriz de Algoso, e fazenda vinculada. Em 1703, o abade de Espinhosela, Rev. Belchior Leite de Azevedo, deixa em testamento a administração da capela de São Caetano, no lugar, a que estavam vinculados muitos foros e rendas. Em 1706, o Rev. Francisco Pereira da Silva Padrão, morador em Bragança, doa uma "morada" de casas fora de portas, na R. do Cabo, após a morte da usufrutuária Maria Vidal, viúva de Gonçalo Dias, cuja posse ocorreu em 1739. *2 - Pelo Inventário pode-se fazer a seguinte descrição de espaços e bens móveis: a igreja tinha teia torneada, púlpito de grades e "pupila" de pau-preto com folhagem de metal dourado; 1 estante do altar grande de "xarão" e outra de pau "enxaroado"; 1 tábua com a bula de indulgência de São Luiz Gonzaga, 1 com excomunhão para não se emprestar nada da igreja e outra com bula da Santa Inquisição; 1 armário pintado com 2 gavetas e 3 papeleiras para os cálices e com 14 caixilhos com molduras entalhadas à roda; no coro, havia 2 grades em pau pintado, 3 bancos pequenos e o banco pequeno do órgão pintados de verde, mais 6 bancos de vermelho. A portaria comum tinha à volta 3 assentos de madeira, 1 quadro da Senhora, de molduras entalhadas e douradas e com docel, e 3 quadros. Na escada que ia da portaria para o corredor, havia 2 quadros, 1 com moldura dourada e outro sem moldura. A ante-sacristia tinha 1 armário encimado por quadro sem moldura e a sacristia 8 caixões grandes, com 8 gavetas, e 2 armários, tendo à volta 10 quadros com a vida de Santo Inácio, com molduras de talha dourada, e 1 Crucificado em pau-preto e resplendor de prata. O colégio tinha 4 corredores em quadra, 3 deles com cubículos para os religiosos. De E. para N. o corredor tinha 1 porta para o púlpito e outra para o coro; 20 quadros de Santos Mártires, com molduras de pau; outro de Cristo crucificado, com o mesmo tipo de moldura; 1 tábua com porta, pintada, onde se apontava os religiosos quando iam fora; e 2 bancos de encosto. A O., tinha no 1º piso, no ângulo da igreja, a cozinha da botica e o quarto do moço da botica, seguido da adega e dispensa; no 2º piso, tinha uma janela virada à praça, com grades de ferro, vidraças e rótula, e junto dela uma casa servindo de botica, também com uma janela grande envidraçada, rótula e grades de ferro, e junto uma outra botica, com uma janela envidraçada; seguiam-se 8 cubículos, com janelas envidraçadas nos postigos, um deles com grades de ferro e dando para o pátio da portaria do carro, e outro dando para a cerca; no fim da ala, havia uma grande janela envidraçada dando para a cerca, uma porta que ia para as "comuas" e acesso a um "corredorzinho", que no fim tinha porta para varanda de tomar sol, virada à cerca. Neste corredor O., dispunham-se os quadros de Santa Ana, com molduras pintadas de vermelho e filetes dourados, com cortinas; um pequeno de São Filipe de Nery; de Santo Estanislau, velho e sem moldura; de São Francisco de Assis, moldurado; da Adoração dos Reis Magos, com moldura e cortinas. A ala S. tinha no piso térreo, a meio, escada de acesso ao 2º piso, decorada com 1 quadro do Ecce Homo e 1 de Santo Antão, moldurados; de um lado, dispunha-se o refeitório, com 6 bancas grandes e 1 pequena, com assentos à volta pintados, ornado com 3 quadros: Ceia do Senhor (grande), Circuncisão e Crucificado (pequenos); 1 cadeira com estante, pintados; seguido da cozinha, com chaminé e dentro dela o forno, e 2 armários, com 2 portas, 1 dando para o cabanal onde se recolhia a lenha e a outra para parte da cerca, junto à qual ficava um quarto pequeno onde comiam os moços; do outro lado, uma dispensa de fruta e uma casinha onde se recolhiam alguns frontais da igreja, com porta dando para o claustro. No passadiço que da cozinha dava para os claustros havia 1 guarda-roupa metido na parede com duas portas e 1 quadro velho do Crucificado. No 2º piso o corredor por onde se acedia aos cubículos, todos com portas e postigos envidraçados, tinha os quadros de São Paulo Eremita, São Domingos, São Bernardo, 2 de Santo Inácio, 3 de Santos Mártires e 1 do Senhor Morto com molduras e cortinas; no final do corredor havia uma porta para sala com chaminé e assentos à volta, tendo 2 janelas envidraçadas dando para o pátio dos estudos e uma porta abrindo para uma varanda velha lançada para a parte da cerca. No fim da sala tinha uma porta dando para um "corredorzinho", rasgado para o pátio dos estudos por 3 janelas e tendo para a cerca a livraria, com 4 janelas, tendo 2 quadros com molduras douradas, 1 grande de Santo Inácio e outro com o retrato do Cardeal Belarmino. Junto à livraria, ficava a capela interior do colégio, com 3 janelas gradeadas abertas para a R. das Eiras; tinha uma papeleira de pau pintada com filetes e talha dourada, com um oratório no meio, envidraçado, albergando imagem de roca de Nossa Senhora, e, por baixo deste, tinha um outro oratório, também envidraçado, com 6 gavetas pequenas. Sobre a papeleira havia um meio corpo de um Santo, uma imagem grande do Crucificado à frente de um quadro, uma imagem de Ecce Homo, com cortinas, duas bancas pequenas, um altar com banqueta e sacrário pintado; uma estante de pau pintado; quadro de São Francisco Xavier (grande) com molduras pintadas, 2 outros grandes de molduras pintadas e outro sem molduras; 10 quadros com passos do Senhor com molduras novas por pintar; um Santo Cristo pequeno e velho; uma cruz pequena dourada; um crucifixo sobre o sacrário; 12 tochas pesando 33 arráteis. No corredor da livraria e capela existiam 3 quadros velhos com molduras, 1 de Nossa Senhora com molduras douradas e 5 de papel com molduras de madeira de vários reis da Europa. No final do dito "corredorzinho" havia uma janela com vidraças. No 1º piso deste "corredorzinho" ficavam duas classes, a escola e primeira, cada uma com 2 janelas envidraçadas e gradeadas para a cerca, e portas confrontando com a torre; em cada uma das classes havia um quadro da Senhora, na da Escola com molduras pintadas e douradas e na da primeira pequeno. Na ala E. existiam no 1º piso, junto às anteriores classes, mais duas classes, a segunda, com 2 janelas, tendo no interior 1 lâmina de Nossa Senhora com molduras douradas e 1 cruz pequena de madeira; e a moral sem janela; o pátio tinha porta para E.. No 2º piso, o corredor tinha 6 quadros de Mártires, moldurados, e, sobre as portas, mais 6, de Nossa Senhora, São Basílio, São Jerónimo, São Bento e do Apóstolo Paulo. O corredor acedia para 3 cubículos, com janelas envidraçadas, 2 com rótulas dando para o pátio dos estudos, seguidos da casa dos Confrades, com janela, por onde se subia para a torre, que tinha 2 cubículos com janelas sobre os balcões e portaria do Colégio; a torre tinha 5 sinos, 1 grande, novo, e os outros pequenos (1 dava os quartos, outro tocava às missas e o outro ao estudo), e um relógio. No corredor d'Além ou o dos Mestres, havia 18 mapas; 1 quadro de Nossa Senhora e o Menino e São José com molduras pintadas e filetes dourados; 1 de Nossa Senhora com molduras douradas; 1 de Santa Teresa e outro 1 de Ecce Homo com molduras de pau; 1 relógio de parede da campainha e mostrador com caixa pintada; e 5 bancos de espaldares. Para o claustro, davam 8 janelas de cada uma das alas e tinha a meio um poço e uma pia de cantaria; ao redor, existiam algumas parreiras. A cerca do colégio era murada, com telheiro de tomar o sol e uma capela dedicada a Santa Bárbara, uma nora coberta por telheiro, cuja água corria para tanque de rega, de onde partia cano de lajes para conduzir a água à horta; tinha ainda uma área chamada de Fonte Murada, rodeada de assentos, latada, algumas amoreiras e um pombal redondo. *3 - O bispo D. Aleixo de Miranda Rodrigues escreveu ao Marquês de Pombal, em 1768, manifestando a sua intenção de construir uma nova Sé em Bragança, sem demolir qualquer "porção" da existente e do Seminário, no quintal daquele, com o frontispício virado para as Eiras do Bispo, num terreno imediato à praça. O projeto, de cruz latina e uma nave, era de António Stopanni Romano e dele subsiste uma planta e corte longitudinal. A construção nunca passou dos alicerces, mas estes surgiam ainda representados nas plantas da cidade do séc. 19 e, recentemente, foram postos a descoberto. *4 - O velho Seminário tinha apenas 3 salas de aula, dormitórios estreitíssimos, sem ar e luz, pavimentos desnivelados, paredes e madeiras enegrecidas, apodrecidas e desconjuntadas em diversas partes. *5 - A 2 de outubro de 1887, o bispo Mariz pede ao M.O.P. a continuação das obras, então suspensas, pois faltava concluir as salas de aula. Em 1888, obteve autorização para construir um anexo no ângulo O., dotado de 12:000$000 pelo M.O.P., e a 3 abril pede para que tivesse 130 celas. A 8 julho 1889, concede-se verba para o restauro do Seminário e a 1 de setembro estam concluídas as paredes e travejamento do novo corpo do edifício, faltando a cobertura. Em 1892, iniciam-se as obras de construção do anexo, pelo Eng. Diretor das Obras Públicas do Distrito, João José Pereira Dias, e a 23 de fevereiro o empreiteiro António Augusto dos Santos Guardiola arremata a obra da cobertura por 1:099$000. A 1 Novembro, o M.O.P. autoriza a requisição de 3:5000$000 do Diretor de Obras Públicas do Distrito para as obras. A 1 junho 1894, Mariz informa o Cabido ser necessário fazer capela, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, orçada em 7:400$000, no quintal dos claustros. Em 1895, o anexo O. tem as paredes construídas, o telhado terminado, e inicia-se o madeiramento e soalhos. Sendo impossível albergar 160 alunos, pede-se 2 salas ao Cabido para instalar os alunos mais novos. A 3 março, Mariz informa o Governo Civil da necessidade de alterar as divisões do anexo em construção devido à humidade do 1º piso, e em abril pede ao Ministro dos Negócios Eclesiásticos e Justiça 4:000$000. A 1 novembro, arremata-se a obra de 12 quartos no corredor grande e cabanal, pocilga e anexos e terraplanagem do pátio interno, sendo fiscal da obra Gomes de Moura Bernardino. A 27 abril 1897, tendo recebido apenas 300$000, pede mais 600$000, para o restauro da cozinha e o aproveitamento do 1º piso do novo edifício; avilta a aquisição da sala de sessões do Cabido para converter em sala de aula. A 18 maio, pede à C.M.B. 1 m. do cabanal para colocação de um portal de cantaria para acesso "directo e decente" ao novo edifício, a construir entre o cunhal do edifício da capela e o cunhal do cabanal, e proceder ao melhoramento da Pç. de Camões. A 20 junho, agradece ao Comissário Geral da Bula Cruzada o subsídio de 600$000. A 16 dezembro 1899, Mariz envia ao M.O.P. projeto de construção da capela, com plantas, alçados e memória descritiva. Em novembro de 1904, o Conselheiro Eduardo José Coelho refere que as obras da capela não se haviam iniciado; de facto, ela nunca foi construída. *6 - O Relatório do ano letivo de 1940 / 1941 descreve o edifício do Liceu Emídio Garcia, como composto por três corpos, de dois pavimentos cada um, com área coberta de 1785 m2, e a descoberta de três recreios de 1959 m2. Tinha duas entradas, uma a N. e outra a E., sendo vedado a S. e E., onde integrava portão de ferro, por muro de alvenaria, com grades de ferro. Os dois pisos comunicavam por escadas de cimento, entre os corpos N. e O., e por escadas de mármore, entre os corpos N. e E.. As ligações entre os dois pisos deste corpo E. eram também em mármore, no extremo S., dando saída para o recreio coberto do mesmo pavilhão, pavimentado a granito e com colunas. Os corredores do corpo N. e E. terminavam em halls, pavimentados a mosaico e com altos silhares de azulejos brancos. No corpo O. o pavimento era de madeira, em mau estado no 2º piso, e as paredes pintadas a óleo. Os soalhos das salas do corpo N. eram de pinho, assentes em placa de cimento, os do corpo E. de parquet de castanho, encerado; as retretes do edifício, as salas de trabalhos manuais e o gabinete do chefe do pessoal menor em mosaico. O liceu era construído por 45 divisões (19 no 1º piso e 26 no 2º), incluindo uma arrecadação térrea no corpo O.. No 1º piso ficavam 5 salas de aula, 2 de trabalhos manuais, ginásio (ampliado), carvoeiro, 2 arrecadações, balneário, 3 retretes, gabinete de médico, vestiário de alunas e outro de alunos e sala de lavores; no 2º pavimento ficava a biblioteca, sala de conselho escolar, o gabinete do reitor, secretaria, gabinete do secretário, 1 retrete, 1 vestiário de alunos, 14 salas de aula, 1 gabinete de física, laboratório de química, o gabinete do diretor das instalações de física, o do diretor do laboratório de química e o gabinete do chefe do pessoal menor. *7 - Por volta de 1945, a parede fundeira da nave tinha superiormente pintado drapeados fingidos, e os caixotões da cobertura conservavam algumas telas pintadas afixadas; o coro tinha no meio atril e no sub-coro, abria-se porta de verga reta de acesso à zona conventual; na nave, do lado da Epístola existiam apenas dois retábulos de talha, antecedidos por dois vãos quadrangulares, moldurados, correspondentes a confessionários embutidos, conforme marcados na planta dessa época. *8 - Relativamente à zona do Colégio, é interessante referir a existência de uma casa de castigo para os meninos do primeiro grau de aprender a ler e a escrever e, no topo do corpo E., de uma casa de fogo, onde os Padres se podiam aquecer no rigor do inverno e assim deixarem de fugir para a cozinha. No topo SO. ficava a portaria do carro, ou seja, a de serventia à cozinha, dispensa e oficinas e, no 2º piso, uma varanda para tomar o sol virada à cerca, característica comum aos colégios jesuítas. A capela interior do colégio, contígua à casa e refeitório dos moços, era dedicada a Santa Bárbara, invocação desconhecida até então na cidade de Bragança, mas a sua devoção cresceu de tal modo que os brigantinos decidiram construir, junto à capela-mor, um altar com uma outra imagem da Santa, criando-se, no princípio do séc. 18, uma confraria com essa invocação.

Autor e Data

Paula Noé 2005

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login