Casa da Quinta do Palácio do Infante / Quinta do Paço / Quinta do Palácio de Cheiraventos / Paço de Amora

IPA.00016751
Portugal, Setúbal, Seixal, Amora
 
Casa abastada oitocentista, de planta rectangular composta por três corpos, um principal ladeado pelos restantes, de linhas muito sóbrias e simétricas. Edifício com torreão central, actualmente, de dimensões mais reduzidas. Apresenta trabalhos de qualidade em ferro, assim como, nos estuques dos tectos e nas pinturas murais, presentes no interior e hoje, em rápida degradação.
Número IPA Antigo: PT031510020017
 
Registo visualizado 1693 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Casa abastada  

Descrição

Planta rectangular de massa horizontal composta por um corpo central a que se adossam dois corpos, a NE. e SO., mais baixos e estreitos, correspondendo o corpo a SO. à Capela consagrada ao Sagrado Coração de Jesus *3. Corpos constituídos por cave, rés-do-chão, primeiro andar, águas furtadas nos corpos laterais e torreão no corpo central, de remate recto possuindo beiral com lambrequim e cobertura em telhado de mansarda. Edifício marcado por embasamento proeminente, pilastras e frisos pintados de cor vermelha e com representações de losangos. Vãos de disposição vertical com janelas em casquinha e vidro. Fachada principal virada a SE. com frontaria assente em soco com 3 corpos, o corpo principal tem soco aberto por duas pequenas frestas ovais, correspondentes à cave, separadas por varanda central, também com pequenas frestas, ladeada por escadas adossadas ao edifício com guarda de ferro, o primeiro piso é rasgado ao centro por três portas envidraçadas com bandeira ladeadas por duas janelas de moldura e verga curva de cantaria, de cada lado, o segundo piso é rasgado ao centro por três portas de duas folhas com portadas interiores e de moldura e verga curva em cantaria com acesso a varanda com grade e ossatura em ferro e pavimento em madeira, sustentada por quatro colunas em ferro, ladeada por duas janelas de sacada em cada lado; corpos laterais simétricos divididos do corpo principal por pilastras duplas pintadas de cor vermelha, soco preenchido por dois lances de escada opostos com guarda-corpo que convergem para o mesmo patamar de acesso a porta de duas folhas com moldura e verga curva em cantaria encimada por friso com representações de losangos destacados e por janelão quadrangular, com moldura pintada de cor vermelha e verga curva; Fachada lateral a SO. de dois pisos, o primeiro piso é composto por cinco panos, o pano central é rasgado por porta de duas folhas com bandeira, moldura e verga curva em cantaria ladeada por duas janelas gradeadas de moldura recta em cantaria, de cada lado, encimadas por friso com representações de losangos de disposição horizontal, e vertical aquando da intercepção com as pilastras; segundo piso rasgado por três janelões quadrangulares, com moldura pintada de cor vermelha e verga curva com portadas exteriores de três folhas; fachada lateral a NE. simétrica à anterior, divergindo apenas no primeiro piso com um acesso por um pequeno lance de escadas, que acompanha toda a face, para vencer o desnível e com apenas quatro panos devido ao pano central ser de maiores dimensões, é rasgado ao centro por porta semelhante à anterior mas de maiores dimensões ladeada por duas portas de moldura recta de cantaria, este pano central é assim ladeado do lado direito apenas por uma janela; Fachada posterior com acesso para jardim com pavimento em calçada portuguesa murado e gradeado com dois portões em ferro nas extremidades; frontaria com três corpos, marcados por pilastras, e dois pisos divididos por pequeno friso; o corpo central é rasgado por sete vãos de disposição vertical com moldura e verga curva em cantaria, em cada piso, sendo as janelas do segundo piso de sacada com guarda em ferro; corpos laterais rasgados, no primeiro piso, por porta de verga curva encimada por óculo, e no segundo por janelão quadrangular com portadas de madeira no exterior, só presentes no corpo direito, semelhante aos anteriormente descritos. INTERIOR: apresenta-se com um espaço amplo com pé-direito muito alto com mais de 40 divisões. Portas de duas folhas em madeira pintada com bandeira, chão em madeira de sobro e tectos com decorações em estuque. O rés do chão é constituído por sala de entrada com paredes marmorizadas, cozinha, casa de banho, escritório, sala de bilhar, sala de exposições, capela, escada em ferro de acesso ao torreão, escadaria em madeira para acesso ao piso superior e corredor de acesso à capela e à zona SO. do edifício. No primeiro andar possui os aposentos mais nobres, a Sala Azul, a Sala Dourada, a sala de jantar e cozinha dos trabalhadores e nove quartos amplos. As águas furtadas destinavam-se aos quartos dos serviçais. CAPELA: planta rectangular simples aberta no lado do Evangelho por arco de volta perfeita com balaustrada, para espaço elevado destinado ao seguimento do culto pelos proprietários, e por porta de moldura recta e verga em arco deprimido de acesso ao corredor do espaço habitacional; lado da Epístola aberto por janela e porta de moldura e verga recta para o exterior; altar-mor, com representação do Sagrado Coração de Jesus, demarcado por balaustrada pintada imitando granito. Cobertura interior de secção plana e pintada de cor azul.

Acessos

Rua Infante D. Augusto (EM 511)

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, destacado. Implantado no topo de uma colina, o que lhe permite visualizar uma grande área circundante, como a Quinta da Princesa (v. 1510020012) e o Sapal de Corroios. É contornada a NO. pela estrada municipal da qual se encontra separada por muro e vedação e a SE. pelo terreno da quinta, com árvores e antiga zona agrícola agora inutilizada (v.1510020011). Tem a O. o bairro da Quinta da Princesa e a NE. conjunto de casas de apoio aos labores da quinta e de habitação, integradas na propriedade*2. Possui uma Capela consagrada ao Sagrado Coração de Jesus.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc.14, 2.ª metade - propriedade do judeu David-Negro valido de D. Leonor Teles e apoiante de Castela; 1384 - D. João I despoja o judeu David-Negro dos seus bens e entrega-os a D. Nuno Alvares Pereira; 1423 - ingresso do Condestável na vida monástica, na Ordem dos Carmelitas com o nome de Frei Nuno de Santa Maria, entregando a Quinta de Cheiraventos a Pedro Eanes Lobato, seu companheiro de armas; séc. 19 - quinta é propriedade da Infanta D. Isabel Maria assim como a Quinta da Princesa e do Caldas; 1876, 22 de Abril - data da morte da Infanta D. Isabel Maria, após a qual a quinta é colocada ao abandono; após 1877 - adquirida pelo Infante D. Augusto (1847-1889) 8.º filho da rainha D. Maria II, juntamente com a Quinta da Princesa e Quinta do Caldas por 26 contos de réis, construção do palácio por 50 contos de réis; 1884 - a criação de cavalos de raça desta quinta é premiada na Grande Exposição de Lisboa; séc. 20, anos 40 - construção do actual torreão quadrangular pela firma A. Silva e Silva; entre 1947 e 1973 - quinta guardada e habitada por António Miranda Duarte; após 25 de Abril 1974 - ocupação da propriedade como edifício escolar com venda e roubo do recheio; séc. 20, anos 80 - propriedade volta a posse da família Sande Lemos que permite a instalação de um externato e infantário denominado Paço do Infante, em parte das dependências do imóvel; 1986 / 2002, entre - o veterinário António Maria Pires em acordo com os proprietários instala uma pecuária com criação de cavalos, vacas, ovelhas e animais de capoeira; 1995, 11 janeiro - aprovação da classificação do imóvel por deliberação da Câmara Municipal do Seixal; 2002, Março - o veterinário António Maria Pires e os proprietários da quinta entram em litígio e a exploração pecuária termina; 2002 - projecto de construção da variante à Estrada Nacional 10, a Estrada Regional 10, com passagem pelo interior da propriedade

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria rebocada e pintada, cantaria (embasamento, pilastras, molduras) vidro, madeira (casquinha - janelas, portas e balaustradas; pico espanho - vigamento; sobro - chão e vigamento), ferro forjado (gradeamento, escadas e guardas) estuque (trabalhado e pintado) e telha cerâmica; CAPELA: madeira (balaustradas), calçada portuguesa (pavimento)

Bibliografia

Boletim Municipal n.º352, de 25 Outubro 2002

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietários: séc. 20, anos 40 - construção do actual torreão quadrangular pela firma A. Silva e Silva

Observações

*1 - Onde se destaca o antigo Paço dos Lobatos, actualmente em ruína, provavelmente das primeiras construções deste espaço aquando da doação, destes territórios, de D. Nuno Alvares Pereira a Pedro Eanes Lobato; *3 Capela edificada no lugar de uma outra, mais antiga, com a invocação de São João Baptista; É celebrada a missa na capela todos os Domingos às 8:30; Edifício originalmente construído com um torreão central com cerca de 25 metros de altura, com cúpula mais abobadada com varandim panorâmico a toda a volta essencialmente construída em ferro e vidro policromado. A cave possuía lagar de vinho, adega, as tulhas dos cereais e as talhas para o azeite. A electricidade era fornecida por um gerador a carboreto e a água retirada a motor de um dos poços da quinta e posteriormente acumulada em dois reservatórios, um situado no topo do edifício. Tinha ainda dois pára-raios enormes no telhado. D. Augusto quando adquiriu a quinta tendo em vista o seu melhoramento e rentabilidade mandou colocar vinhas, pinheiros e poços e secar pântanos para além de ajardinar a frente próxima do palácio e mandar plantar no jardim palmeiras das Canárias, palmeiras das vassouras, casuarinas, braquiquitones, dragoeiros, gelais, cedros do Buçaco, jacarandás, espinhosas da Virgínia, acácias e freixos. Por entre o arvoredo existiam dois lagos com patos onde ainda hoje se vêem vestígios e ainda extensos roseirais. Tinha ainda um jardim de Inverno com estufa envidraçada.

Autor e Data

Cecília Matias e Pedro Tavares 2003

Actualização

 
 
 
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