Arraial do Barril / Armação do Barril

IPA.00016301
Portugal, Faro, Tavira, Santa Luzia
 
Armação de pesca construída no séc. 19, formando aldeia de pescadores, dedicados à pesca do atum, com ocupação sazonal, a qual fazia parte do conjunto de quatro armações ou arraiais que suportaram aquela atividade na costa do concelho de Tavira: Abóbora, Barril, Livramento e Medo das Cascas (COSTA: 2000). Na linha do areal, conserva-se cemitério de âncoras usadas na antiga armação.
Número IPA Antigo: PT050814080062
 
Registo visualizado 3067 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico   Edifício  Cinegético e piscatório      

Descrição

Conjunto de edificações e equipamentos, integrando a casa dos patrões, as casa dos camaradas, a casa da armação e armazéns, o tanque das lavadeiras, poços, tanque de alcatrão e "cemitério de âncoras", que suportavam a armação no mar e que atualmente estão depositadas no cordão dunar.

Acessos

Santa Luzia, percurso a pé ou por via férrea particular (do aldeamento turístico Pedras d'El Rei) a partir da EM 1347 (Santa Luzia - EN 125)

Protecção

Incluído no Parque Natural da Ria Formosa

Enquadramento

Orla marítima, isolado, implantado em posição central na ilha de Tavira, uma das ilhas barreira da Ria Formosa, entre a praia chamada das Cascas, local do antigo Arraial do Medo das Cascas, junto à Barra do Cochicho (barra artificial que serve a cidade de Tavira), e a praia do Arraial do Livramento, junto à Barra da Fuseta *1.

Descrição Complementar

O antigo arraial é servido por uma linha ferroviária, do tipo Decauville, com cerca de 1 km de extensão, em via estreita de 60 cm de bitola, paralela ao caminho pedonal. A linha foi construída com o objetivo inicial de servir o antigo porto de pesca do atum.

Utilização Inicial

Cinegética e piscatório: armação de pesca

Utilização Actual

Comercial e turística: estabelecimento de restauração / Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Privada

Afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1867 - fundação da Armação do Barril, por José Pires Padinha (importante comerciante, armador e industrial de Tavira) e dois sócios *2; 1881 - regista-se o maior número de atuns pescados de direito e de revés, 46.825 *3; 1913, 17 julho - aprovação da Lei n. 63 que permita à autarquia cobrar um imposto sobre a atividade das armações de atum do concelho e aplicar os fundos em melhoramentos urbanísticos; 1930 - data inscrita num dos poços; 1959 - agrava-se a crise entre as armações dedicadas à pesca do atum, principalmente devido à sua escassez; 1966 - confirmada a crise, de entre as armações ainda em atividade, a do Barril é a primeira a deixar de laborar; 19 agosto - o Decreto-Lei n.º 47.155 aprova a desafetação da ilha de Tavira do domínio público marítimo, permitindo o aproveitamento das estruturas construídas no interior do seu perímetro para fins de apoio à atividade turística; 1971 - a armação da Abóbora (Cacela), cujo arraial havia sido destruído pelo mar em 1962, mas que ainda laborava, esteve para suspender a atividade mas ainda lançou em parceria com a armação do Barril, aproveitando o material ainda existente nas duas companhias; 2001, 30 novembro - a Assembleia Municipal de Tavira aprova o regulamento do Museu Municipal do Concelho de Tavira, publicado no edital n.º 67/2002 de 4 de Janeiro de 2002 (DR, n.º 42, 2.ª série, 19 fevereiro 2002); integram este museu municipal o Museu da Cidade, o Museu da Terra e o Museu do Mar, sendo este distribuído por quatro núcleos museológicos: o núcleo do Arraial do Barril, o núcleo da Pesca do Atum, o núcleo do Polvo e o Centro Interpretativo do Forte do Rato (v. IPA.00002823); 2014, 25 agosto - inauguração do Núcleo Museológico da Praia do Barril, instalado na casa da armação do antigo arraial, cujo acervo inclui, modelos de armações e barcos, fotografias, documentos, objetos utilizados na vida quotidiana no arraial e equipamentos empregues na faina; 2018, março - durante forte temporal, o mar escavou o cordão dunar e, para além de colocar em risco algumas das âncoras que estavam do antecedente visíveis, revelou a existência de mais âncoras e artefactos há muito soterrados no areal.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; argamassas de cal e areia; molduras dos vãos em tijolo cerâmico maciço; portas e caixilharia de madeira; vidros simples; coberturas em telha cerâmica.

Bibliografia

COSTA, Fausto - A Pesca do Atum nas Armações da Costa Algarvia. Lisboa: Edição Bizâncio, 2000; Diário da República, Decreto-Lei n.º 47.155, 19 de agosto de 1966; Diário da República n.º 42, II Série, 19 fevereiro 2002; DIAS, J. A., FERREIRA, Ó., e MOURA, D. - O Sistema de Ilhas-Barreira da Ria Formosa - 3.º SIPRES, Simpósio Interdisciplinar sobre Processos Estuarinos, maio 2004 (http://w3.ualg.pt/~jdias/JAD/papers/xOP/04_Humedales.pdf, 30 Agosto 2007); FRANCO, Mário Lyster - A Pesca do Atum na Costa do Algarve: Achegas para a sua História. Separata Correio do Sul. Faro: s.n., 1947; MESQUITA, José Carlos Vilhena - «A pesca do atum no Algarve». In (http://algarvehistoriacultura.blogspot.com/2009/07/pesca-do-atum-no-algarve.html), [consultado em 02 fevereiro 2019]; PALMEIRA, Ana Margarida - «Pesca do Atum II - Armações de Tavira - Estupeta de Atum». In (https://anamargaridapalmeiraebomeeugosto.blogs.sapo.pt/pesca-do-atum-ii-armacoes-de-tavira-23892), [consultado em 02 fevereiro 2019]; SANTOS, Luís Filipe Rosa - A Pesca do Atum no Algarve. Loulé: Tipografia Comercial, 1989; SOARES, Ricardo - «Armação da Praia do Barril / Tavira» (http://fotoarchaeology.blogspot.pt/2011/05/armacao-da-praia-do-barril-tavira.html), [consultado em 02 fevereiro 2019].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO. *1 - "A ocupação da ilha de Tavira na zona do arraial do Barril pode ser apontada como um bom exemplo de exploração turística com minimização de impactes, no sistema da Ria Formosa. O acesso (...) efectua-se por uma ponte pedonal (...) evita que os veículos motorizados acedam facilmente à ilha. (...) A existência do aterro onde se instalou a linha do combóio veio possibilitar a concentração dos impactes induzidos pelos visitantes a esta faixa estreita, libertando as áreas restantes do pisoteio e de outras actividades nocivas." (DIAS, FERREIRA e MOURA: 2004). *2 - Encontradas várias referências ao início da atividade da Armação do Barril em 1841, em vez de 1867. *3 - Um pouco de História sobre a Armação do Barril ou Três Irmãos (de 1841 até 1966): De Abril a Setembro, viviam neste arraial, cerca de 80 pescadores com as suas famílias. Nas pequenas e humildes casas, onde faltava a electricidade e água corrente, partilhava-se de sol a sol o amor e a fraternidade. A migração do atum (e a variável quantidade) em direcção ao Mediterrâneo "atum de direito" e de volta para o Atlântico "atum de revés", determinavam cada ano o resultado incerto desta árdua faina. Actualmente pode-se apreciar um cemitério de âncoras, que eram usadas na antiga Armação, as pequenas casas que serviam de habitação aos pescadores agora transformadas em lojas, restaurantes e apoios de praia e os poços que forneciam a água a quem ali residia." In (http://pedrasdelrei.com/praia-do-barril/), [consultado em 31 julho 2015, já não disponível].

Autor e Data

Rosário Gordalina 2003 / Ricardo Agarez 2007

Actualização

João Almeida (Contribuinte externo) 2020
 
 
 
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