Igreja e Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Castelo de Vide / Igreja de Santo Amaro

IPA.00001621
Portugal, Portalegre, Castelo de Vide, Santa Maria da Devesa
 
Arquitectura religiosa e arquitectura de saúde, barroca e vernácula. Igreja de misericórdia barroca, de nave única , com fachada principal a N. , sacristia a O. e Hospital anexo. Igreja com cruzeiro coberto por cúpula octogonal, galerias laterais rasgadas por vãos que dão para a nave com molduras curvas, toda decorada com gessos pintados em tons de rosa, azul, negro e branco a imitar mármores, com elementos vegetalistas, curvas e contracurvas, incluindo o púlpito; retábulo-mor com planta reentrante, camarim e trono, de colunas coríntias e frontão interrompido curvo, decorado com elementos vegetalistas, brasão e duas figuras de corte nos acrotérios; tectos pintados com elementos vegetalistas. Hospital anexo com sala ampla onde funcionaria a enfermaria, com acesso a uma das galerias laterais da igreja onde se podia ouvir a Missa; no primeiro piso, com acesso directo ao coro-alto a Sala do Consistório. A qualidade arquitectónica e decorativa da igreja, tipicamente barroca, um dos melhores exemplares de Castelo de Vide. O modo como o conjunto se integra no espaço, um morro, tendo-se resolvido de modo brilhante o problema do acentuado desnível entre as fachadas principal e posterior do edifício.
Número IPA Antigo: PT041205020016
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Edifício de Confraria / Irmandade  Edifício, igreja e hospital  Misericórdia

Descrição

Planta irregular, composta pelo corpo da igreja a N., de nave única e sacristia a O., pelos edifícios do antigo Hospital anexos a S., O. e E. e por quintal a S.. Articulação interior - exterior desnivelada apresentando as fachadas principal e posterior do cotas diferentes em virtude do desnível do terreno. Volumes articulados, massas dispostas na horizontal. Cobertura diferenciada de 2 águas na capela-mor, nave, e edifícios anexos, 1 água sobre a sacristia e coruchéu octogonal sobre o cruzeiro. IGREJA: fachada principal a N. com embasamento pintado, 5 panos delimitados por cunhais de granito, sensivelmente com a mesma altura mas diferente número de pisos, remate em beirado recto; no terceiro pano coruchéu do cruzeiro sobre o telhado; o primeiro pano, com 3 pisos e 9 vãos, todos com molduras em granito; no primeiro piso uma porta de acesso ao edifício anexo à igreja com moldura em granito inscrita e janela rectangular com moldura em granito; no segundo piso 4 janelas rectangulares, de guilhotina e no último 2 janelas idênticas às anteriores mas com uma grade de ferro e uma outra mais pequena ao centro; o segundo pano tem 2 pisos, no superior 4 janelas rectangulares, com molduras rectas em granito e no térreo o portal de acesso à igreja, com moldura granítica, simples, de linhas rectas, pilastras adossadas, entablamento, cornija e seguintes lisos; o vão da porta descreve um arco abatido; o terceiro e o quarto panos rasgados, cada um, por apenas uma janela rectangular com moldura recta em granito na parte superior; o último pano, mais baixo, é rasgado por uma pequena janela rectangular com moldura em granito e grade em ferro, a 1/3 da sua altura. Fachada E. de 2 panos, o primeiro limitado por cunhais de granito, rasgado por uma pequena janela quadrangular e rematado por empena triangular; o segundo pano é um muro. Fachada S. dando para quintal que termina num morro; é constituída pelo pano da torre da igreja, limitado por cunhais de granito, com 2 registos separados por cornija do mesmo material; no registo superior olhal e sino, remate com cornija saliente e cobertura piramidal; seguem-se 3 panos, em planos diferentes, de um só piso, o primeiro rasgado por uma porta, o segundo liso e o terceiro rasgado por uma porta de verga recta e uma janela rectangular e o último pano; o quinto também de um piso, com um vão por trás do qual, num plano mais recuado, fica um outro pano com uma porta. INTERIOR: sub-coro com 4 tramos, 2 arcos de volta abatida na parede fundeira, o da esquerda cego e o da direita aberto, de acesso a um vestíbulo que faz a ligação com o edifício anexo; outros 2 arcos cegos em cada uma das paredes laterais, definidos por 4 pilastras adossadas às paredes, uma coluna ao centro e uma pilastra de secção rectangular imediatamente à frente da coluna sobre a qual descarregam 2 arcos de volta abatida; decoração de gesso a fingir mármores, em tons de azul, rosa, negro e branco, com elementos vegetalistas, curvas e contracurvas; cobertura em abóbada de aresta; pavimento em tijoleira rectangular. Coro-alto de planta rectangular, abobadado, com sanca envolvente, duas janelas de guilhotina na parede N. com bancos, ligando ao edifício anexo à igreja; comunica com a nave por duas janelas quadrangulares, com molduras em granito e cornija sobrepujada por frontão contracurvado com motivos vegetalistas em gesso, em tons de azul, branco e rosa. Nave de planta longitudinal, dividida em 4 tramos separados por 5 pilastras adossadas à parede, com capitéis coríntios entre as quais 4 arcos cegos, de volta perfeita, assentes sobre pilastras; no pano da Epístola, inserido na espessura da pilastra, púlpito com acesso por escada de tijolo encostada à parede do cruzeiro; no pano do Evangelho no primeiro arco cego, rasga-se a porta de entrada, com moldura pétrea em forma de arco abatido encimada por frontão contracurvado em gesso, com elementos vegetalistas, em tons de azul, rosa, vermelho e branco e, no último, um altar em madeira, com frontal em tecido adamascado e retábulo fingido, pintado na parede em tromp l'oeil. Sanca a envolver toda a nave sobre a qual descarrega a cobertura em abóbada de berço e, até 1/3 da arquivolta, de aresta, formando arcos de volta perfeita inseridos nas paredes laterais onde se rasgam as janelas do trifório, rectangulares, com balaustrada de madeira azul, moldura em granito semi-curva encimada por elemento decorativo vegetalista ao centro e que comunicam com uma galeria coberta por uma abóbada de berço que percorre todo o comprimento da nave; 5 arcos torais assentes sobre a cornija separam os 4 tramos ao nível da cobertura. Pavimento em tijoleira rectangular. Toda a nave é decorada com gessos a imitar mármores, em tons de azul, rosa, negro e branco, com elementos vegetalistas e curvas e contracurvas. Cruzeiro rectangular; no pano da Epístola escada de acesso ao púlpito, em tijolo e porta para a sacristia, com moldura de verga recta em granito; o pano do Evangelho é idêntico mas sem escada ou porta; sanca envolvente; cobertura com cúpula octogonal, com nervuras em gesso pintadas e rosácea de gesso ao centro, também pintada, 8 portas entre as nervuras, algumas entaipadas, encimadas por frontões em gesso pintados, decorados com aletas e elementos vegetalistas; cornija e trompas decoradas com relevos em gesso, descrevendo 4 arcos de volta perfeita assentes sobre pilastras, os da Epístola e do Evangelho cegos, rasgados por janelas rectangulares, os outros dois demarcando o espaço do cruzeiro do da nave e da capela-mor; todo o espaço do cruzeiro é decorado com gessos pintados a imitar mármores, com elementos vegetalistas, aletas, curvas e contracurvas; pavimento de tijoleira com pedra sepulcral em mármore antecedida de uma outra pedra de granito, quadrangular com a inscrição: PORTA. Capela-mor sobrelevada, antecedida degrau, de planta rectangular; panos laterais com dois registos separados pela sanca que envolve toda a igreja; o inferior liso e o superior, definindo um arco formeiro de volta perfeita, rasgado por uma janela quadrangular encimada por frontão contracurvado em gesso pintado a imitar mármores, em tons de rosa, azul, negro e branco. Cobertura em abóbada de berço e, até um terço da arquivolta, de aresta; pavimento em tijoleira. Retábulo- mor em alvenaria de pedra e gesso, dourado e policromado, a imitar mármores em tons de rosa e negro com 6 colunas coríntias a sustentar um frontão curvo interrompido, decorado com elementos vegetalistas, com brasão ao centro encimado por 2 figuras de corte em cada lado do retábulo; camarim profundo com trono coberto por abóbada de berço pintada com elementos vegetalistas; dois putti a ladear o sacrário sobre o altar-mor, em madeira dourada e policromada, com frontal, que abre para exposição de Cristo Morto, revestido com tecido adamascado. Sacristia de planta quadrangular; pano N. rasgado pela porta de acesso à igreja; pano O. com porta de acesso a escadaria que conduz a corredor sem saída e lavabo de uma pena, em mármore, decorado com aletas, mascarão e elementos vegetalistas; pano S. liso; pano E. com uma janela e uma porta de acesso às escadas que conduzem ao altar-mor, de planta rectangular, com uma fresta para iluminação e um vão cego, coberto por uma abóbada de berço. Galerias laterais, percorrendo todo o comprimento da nave; a do lado esquerdo, orientada a N., a que se tem acesso por uma sala do edifício anexo, fica a cerca de 10m do nível da rua, enquanto que a da direita, voltada a S., fica ao nível de um primeiro piso tendo uma porta para o exterior que vai dar ao quintal. ANTIGO HOSPITAL e SALA DO CONSISTÓRIO: planta irregular, distribuida por vários pisos; acesso por porta que dá para a R. de Santo Amaro, seguida de pequeno átrio à esquerda do qual uma porta de acesso para divisão que antecede a igreja; em frente escadaria de 3 lances, cobertos por abóbada de berço, separados por 2 patamares cobertos por abóbadas de arestas; no segundo (entre o segundo e o terceiro lance de escadas), à esquerda, porta de acesso a sala de planta rectangular, com 2 janelas na parede N., porta de acesso ao coro-alto a E. e porta para a escadaria a S.; sanca envolvente sobre a qual descarrega abóbada de arcos quebrados; o último lance de escadas desemboca num pequeno átrio em frente do qual, voltada a S., se rasga porta que dá para o quintal; à esquerda corredor com outra porta para o exterior, em cujo extremo fica cozinha com lareira e janela rasgada na parede S.; à direita desse átrio, a SALA DO CONSISTÓRIO, ampla, com 3 áreas demarcadas por arcos de volta abatida, paralelos dois a dois, que descarregam em 2 colunas e nas paredes, desenhando no centro da sala um corredor longitudinal que desemboca numa porta de acesso a uma escada para o sótão; 3 janelas na parede N., uma porta na parede E. que vai dar à galeria esquerda da igreja (orientada a N.), 2 vãos na parede S.; a cobertura da sala é plana e o pavimento de madeira.

Acessos

Rua de Santo Amaro

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 314/2014, DR, 2.ª série, n.º 92 de 14 maio 2014 / Incluído na Área Protegida da Serra de São Mamede (v. IPA.00028261)

Enquadramento

Urbano, meia encosta, adossadoa O. a edifícios da malha urbana, abrindo para rua calcetada; nas traseiras quintal que termina num morro.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: Fachada Principal, porta de acesso ao edifício anexo à igreja: DESIDERIVM/ PAVPERVM EXA/VDIVIT DNVS P.S.M.. Pedra sepulcral em mármore na capela-mor: S. DE P.º FRS.º BARBA / CAVALLR.º FIDALGO / DA CAZA DE SVA MA/G.de FALECEO NO / ANNO DE 1378 / PERTENCE A IG/NACIO CARDOZO / CAST.º BR.co SEV 2.º NE /TO ANNO DE 1715 / PERT.E A FR.CO CAR/DOZO CAST. BR/C.º 3C.º NETO E A.S/ DESCE.S AN.S DE 1776.

Utilização Inicial

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Utilização Actual

Cultural e recreativa: associação cultural e recreativa / Devoluto

Propriedade

Privada: misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 15 / 16 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1494, 11 junho - O Bispo de Guarda autoriza a construção da primitiva Ermida de Santo Amaro; será neste local que primeiramente a Confraria da Misericórdia de Castelo de Vide terá a sua sede, igreja e hospital; 1495 -1521 - Fr. Miguel Contreiras institui o Hospital da Misericórdia na Igreja de Santo Amaro; 1521, 02 abril - alvará de D. Manuel relativo à Confraria da Misericórdia; 1534, 19 agosto - A Ermida passa para a Misericórdia de Castelo de Vide a quem a Câmara concede o terreno circundante para se construir um Hospital; 1616, 10 de Março - testamento de Cipriana de Torres instituindo o recolhimento da Conceição (v. IPA.00017146), sob estatuto de capela, e determinando que os seus administradores, em caso de seu falecimento, sejam o Provedor e irmãos da Misericórdia ; 1650, 30 de Janeiro - alvará de D. João IV aprovando o mais antigo compromisso que se conhece da Misericórdia de Castelo de Vide; 1776 - campa rasa do cruzeiro; 1777 - data no portal principal provavelmente assinalando a construção da actual igreja e do edifício anexo; 1855, 8 de Dezembro - transferência do Hospital para o antigo Convento de Nossa Senhora da Vitória de Hospitaleiros de S. João de Deus que fora Hospital Militar (v. IPA.00017145); 1970, década de 70 - A igreja foi usada como armazém de particulares; o Rancho Folclórico de Castelo de Vide instala-se no edifício do antigo hospital; 1992, 14 janeiro - despacho de abertura do processo de classificação pelo presidente do IPPC; 1996, 29 outubro - parecer do Conselho Consultivo do IPPAR para classificação como Imóvel de Interesse Público; 1997, 02 janeiro - homologação da classificação do edifício como Imóvel de Interesse Público por Despacho do Ministro da Cultura; 2009, 30 Janeiro - proposta de definição de Zona Especial de Protecção pela DRCAlentejo; 03 março - parecer favorável do Conselho Consultivo do IGESPAR para definição da Zona Especial de Protecção; 2013, 15 fevereiro - publicação do projeto de decisão relativo à fixação da Zona Especial de Proteção do edifício, em Anúncio n.º 66/2013, DR, 2.ª série, n.º 33.

Dados Técnicos

Estrutura mista

Materiais

Alvenaria rebocada; cobertura de telha; gesso; granito em molduras, tijoleira e madeira nos pavimentos.

Bibliografia

LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1874, PEREIRA, Esteves e RIODRIGUES, Guilherme, Portugal - Diccionário Histórico, Lisboa, 1906; VIDEIRA, César Augusto de Faria, Memória Histórica da Muito Notável Vila de Castelo de Vide, Lisboa, Empresa da Historia de Portugal, 1908; KEIL, Luis, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Portalegre, vol. 1, Lisboa, 1943; COELHO, Laranjo e PROENÇA, Raul, Guia de Portugal; COSTA, Américo, Dicionário Chotographico de Portugal, s.d.; TRINDADE, Diamantino, Castelo de Vide. Arquitectura Religiosa, 1989; PITA, António, et. alt., Santa Casa da Misericórdia de Castelo de Vide - Imagens do Passado ( Exposição integrada nas comemorações dos 500 anos das Misericórdias portuguesas ), Câmara Municipal de Castelo de Vide - Santa Casa da Misericórdia de Castelo de Vide.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; Arquivo da Santa Casa da Misericórdia de Castelo de Vide

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Arquivo da Santa Casa da Misericórdia de Castelo de Vide

Intervenção Realizada

1950, década de - restauro da tela da bandeira da misericórdia e sua colocação na capela do hospital.

Observações

Autor e Data

Helena Mantas e Marta Gama 2000

Actualização

 
 
 
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