Palacete Faria
| IPA.00014217 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Misericórdia |
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Palacete eclético, de planta rectangular com cobertura em mansarda revestida a chapa metálica. Fachada principal ritmada pela abertura de vãos, com emolduramento de cantaria sobrepujados por apontamentos escultóricos, a ritmo regular, na qual se demarca corpo central, prolongado ao nível da cobertura e superiormente rematado por frontão triangular. Interior dominado por vestíbulo e caixa das escadas, não só enquanto principal elemento de aparato mas também de organização e distribuição da compartimentação interna caracterizada por espaços rectangulares contíguos aos 4 alçados, aos quais se acede por meio de corredores de implantação em redor da caixa das escadas. A escadaria é directamente iluminada por clarabóia que, neste edifício, se integra numa estrutura em mirante elevada acima da cobertura. |
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Número IPA Antigo: PT031106220736 |
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Registo visualizado 1630 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Casa Palacete
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Descrição
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Planta em T, composta pela justaposição de 2 corpos rectangulares a um corpo central quadrangular, volumetria escalonada de imposição vertical, cobertura efectuada por telhados a 2 e 4 águas, em mansarda, perfurada por janelas trapeiras e em clarabóia. De 5 pisos (um deles correspondente a cave, parcialmente enterrada, outro, ao nível da cobertura e ainda um último, acima da cobertura, equivalente a mirante), o edifício exibe embasamento com placagem de silharia fendida, cunhais boleados em cantaria e superfície murária em reboco pintado, animada pela abertura de vãos de verga curva, com bandeira e emolduramento de cantaria com apontamentos escultóricos, a ritmo regular. Alçado principal, a NO., composto por 5 corpos separados por pilastras de cantaria, dos quais se destaca o central, constituído como eixo de simetria da restante fachada e de remate diferenciado: este exibe piso térreo rasgado, a eixo, por portal inscrito em arco de volta perfeita, ladeado por 2 janelas de peito, sendo o conjunto encimado, ao nível do 1º andar, por janelas de sacada servidas por varanda comum, com base em cantaria, suportada por mísulas, e guarda, em ferro fundido. Os corpos colaterais, apresentam os 2 pisos animados, cada um, por pares de janelas - de peito no piso térreo e de sacada no andar nobre, articuladas com varandas. Os corpos extremos, limitados ao piso térreo, exibem superfície murária integralmente em cantaria, vazadas por portais inscritos em arcos de volta perfeita. São sobrepujados por cornijas superiormente articuladas com platibandas em muro que, localizadas ao nível das varandas do 1º andar, delimitam varandas contiguas aos alçados laterais do edifício. O alçado é superiormente rematado por cornija, com os cunhais acentuados pela presença de remates escultóricos (que integram rostos femininos), acima da qual se reconhece um outro piso em mansarda. Revestido a chapa metálica canelada acentuada por lambrequim, destaca-se neste piso o prolongamento do corpo central, superiormente rematado por frontão triangular com tímpano animado por composição vegetalista em estuque e estátua e vasos em cantaria, nos acrotérios. Alçado posterior a SE., composto por 3 corpos, dos quais se demarca o central, correspondente ao corpo principal e destacado, relativamente aos que o ladeiam. Apresentam superfície murária rasgada por janelas de sacada articuladas com varandas com guarda em ferro fundido, contíguas aos respectivos panos. É superiormente rematado por cornija sobrepujada por platibanda em muro. No INTERIOR do edifício destaca-se, como principal espaço de distribuição, o vestíbulo, marcado por 2 níveis articulados, entre si, por meio de lanço recto de escadas axial, podendo reconhecer-se uma 1ª zona, de planta rectangular e tecto plano e, uma 2ª área, num plano sobrelevado e separada por tripla arcada em cantaria - suportada por colunas de fuste liso e capitéis compósitos com impostas ornamentadas por conjuntos de iniciais, respectivamente, J.M e R.T.M., articulada com guarda vento de madeira - correspondente a caixa de escadaria de madeira, de lanço recto inicial e patamar com troços divergentes, conducentes aos andares superiores e iluminados por clarabóia. Com o piso térreo desenvolvido ao nível da zona sobrelevada do vestíbulo, registam-se compartimentos distribuídos ao longo dos 4 alçados, que se articulam com corredores de circulação, contíguos à caixa da escadaria. Acede-se ao mirante - de planta quadrada e cobertura em telhado de 4 águas, com os panos de muro vazados por janelas de peito e interior em galeria definida por guarda metálica - através de escada em caracol, desenvolvida a partir do 2º piso (*1). O imóvel articula-se com um outro edifício que lhe serve de anexo (*2), através de um passadiço de perfil contracurvado, que assegura a ligação entre uma varanda, do rés do chão do edifício principal e a cobertura do anexo, em terraço. |
Acessos
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Praça Príncipe Real, n.º 2 a 3 |
Protecção
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Incluído na Zona de Proteção do Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811) / Incluído na Zona Especial de Proteção do Bairro Alto e imóveis classificados na área envolvente |
Enquadramento
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Urbano, em zona de meia-encosta, flanqueado por muros elevados até ao nível do 1º andar, aos quais adossam outros edifícios (do lado NE, o palacete Alenquer (v. PT031106220734). Integra o conjunto edificado oitocentista da Praça do Príncipe Real (lado S.), na proximidade dos seguintes imóveis tipologicamente afins : Palacete António Ferreira de Carvalho (v. PT031106220735), Palacete Paulo Cordeiro e Palacete do Barão de Santos (v. PT031106220737). |
Descrição Complementar
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Na cave, presença de algumas estruturas de reforço, compostas por colunas e vigas metálicas, bem como uma tripla arcaria em arco abatido (*3). AZULEJO: na cave, painel recortado policromo, datado de 1816, com a figuração de São Marçal; EMBRECHADOS: no extremo S., do alçado posterior, presença de fonte composta por tanque e espaldar rectangular - rasgado a eixo por nicho e sobrepujado por cornija, encimada por platibanda e vasos, em cantaria com conchas, nos extremos (*4) - com superfície murária decorada com a técnica de embrechados; ENTARSIA: aplicação de pedras policromas no pavimento do vestíbulo, segundo modelos decorativos de índole geométrica e padronada; ESTUQUE: distingue-se no tecto de uma sala no 2º andar, composição plástica característica do século 19; MADEIRA : destacam-se as folhas da porta principal, de madeira entalhada com motivos vegetalistas ; METAL: os 2 portões colaterais ao acesso principal, em ferro forjado e fundido; PINTURA MURAL: nas paredes, de temática mitológica,e no tecto do 1º vestíbulo e nos tectos de 2 salas do piso térreo, orientadas para o alçado principal. Algumas das paredes apresentam vestígios de pintura de marmoreados. |
Utilização Inicial
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Residencial: palacete |
Utilização Actual
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Política e administrativa: sede de associação |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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1889 - construção do palacete, destinado a residência do Comendador Faria, capitalista brasileiro, cujo falecimento implica a passagem da propriedade a uma sobrinha, de nome Rosa Maria (veja-se o monograma no frontão); 1890 - o imóvel é pertença de José Antunes Martins e de sua esposa, Rosa Maria Antunes Martins; 1903 - instalação de um elevador hidráulico no palacete; 1940 - era proprietário do imóvel António da Fonseca Cruz; 1948 - o edifício encontrava-se na posse de Guilhermina Fonseca da Cruz; 1958 - já era arrendatária de todo o edifício a Liga dos Amigos dos Hospitais; 1964 - um incêndio (causado pela ruptura de uma chaminé) provoca danos no 1º andar e cobertura; séc. 20, década de 90 - a sua utilização é consolidada como casa de repouso. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes; estrutura autónoma |
Materiais
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Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira, vidro, azulejos |
Bibliografia
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BAIRRADA, Eduardo Martins, A Praça do Príncipe Real e os Vários Prédios que a Circundam, in ICALP - Revista, Nº 1, Mar. 1985 ; SANTANA, Francisco, Praça do Príncipe Real, in SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir. de), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994 ; FRANÇA, José-Augusto, Monte Olivete Minha Aldeia, Lisboa, 2001 |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID; CML: Arquivo de Obras, Procº nº 9.057; Liga dos Amigos dos Hospitais |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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CML: Arquivo de Obras, Procº nº 9.057 |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 1910 - alargamento de uma porta do anexo então existente, dando para a Travessa do Abarracamento de Peniche; 1927 - obras gerais de conservação e beneficiação; 1932 - obras gerais de conservação e beneficiação; 1934 - obras gerais de conservação e beneficiação; 1940 - obras gerais de conservação e beneficiação; 1948 - obras gerais de conservação e beneficiação; 1956 - obras gerais de conservação e beneficiação, limpezas; 1964 - reparações ao nível do 1º andar e vigamento da cobertura, na sequência de um incêndio causado pela ruptura de uma chaminé; 1965 - obras gerais de conservação e beneficiação. |
Observações
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*1 - actualmente encontra-se desocupado e serve de depósito de material e equipamento obsoleto. *2 - na sequência de alterações estruturais profundas, já nada subsiste do seu interior primitivo, encontrando-se em péssimo estado de conservação. *3 - além desta arcaria observaram-se, nalguns panos de muro da cave, a abertura de janelas com emolduramentos de cantaria, o que sugere a hipótese daquela zona (orientada para o alçado posterior) ter sido, primitivamente, mais recuada e articulada com uma galeria. *4 - no seguimento de obras em decurso no imóvel que se encontra a si adossado do lado SO., um dos vasos foi derrubado. |
Autor e Data
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Teresa Vale e Maria Ferreira 2002 |
Actualização
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