Igreja de Nossa Senhora do Carmo

IPA.00014044
Portugal, Viseu, Viseu, União das freguesias de Viseu
 
Arquitectura religiosa, barroca. Igreja de planta longitudinal, com nave, coro-alto, capela-mor, sacristia, Sala de Sessões e torres sineiras adossadas à fachada harmónica. Fachada principal rasgada por três grandes janelões, o central maior e remate em frontão encurvado. Torres sineiras com coberturas bolbosas. Existência de dois portais laterais. Janelas em capialço iluminam o interior. Espaço unificado pela profusão decorativa, denotando uma teatralidade enaltecedora da gramática religiosa. Retábulos de talha dourada joanina, com colunas salomónicas e pseudo-salomónicas, pilastras, tronos, camarins e sanefas, profusamente decoradas com pâmpanos, folhas de acanto e outros motivos vegetalistas. Recurso às figuras de anjos e putti, animados de expressivo movimento. Coberturas de abóbada de canhão e cúpula, com policromias recorrentes também ao trompe l'oeil. Semelhanças do retábulo-mor da Sé de Viseu ( v. 1823240002 ). Silhares de azulejo azul e branco historiado percorrem o interior. Na capela-mor, portas de acesso à sacristia, encimadas por telas pintadas, num esquema semelhante ao da Igreja de São Francisco (v. PT021823240033) da mesma cidade.
Número IPA Antigo: PT021823240058
 
Registo visualizado 600 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja  

Descrição

Planta longitudinal, composta e regular, com nave, coro-alto, capela-mor, sacristia, Sala de Sessões, e duas torres sineiras, com coincidência entre o exterior e o interior, excepto na capela-mor, exteriormente quadrangular e formando, no interior, um octógono. Volumes articulados e disposição horizontalista das massas. Coberturas de telhados diferenciados de duas, três e quatro águas. Embasamentos proeminentes de cantaria e alçados rebocados e pintados de branco, circunscritos por pilastras e remate em cornija. Fachada principal voltada a NNE. composta por corpo central ladeado por duas torres sineiras. Portal principal de arco abatido, emoldurado e encimado por frontão curvado e sobrepujado por três janelões de arcos trilobados, o central de maiores dimensões, emoldurados, encimados por frontões triangulares curvos e com avental. Como remate e sobre friso e cornija que percorre todo o alçado, um frontão interrompido com espaldar curvado armoriado e cruz assente em pedestal, ao topo. As torres sineiras têm três registos separados pelo friso e cornija, cada uma com porta de acesso, emoldurada e de arco abatido. No mesmo plano das fenestrações do corpo central, um janelão rectangular emoldurado, de perfil semelhante ao das portas. Segundo registo cego e, no topo, uma sineira em cada face, de arco a pleno centro. Como remate, balaustrada, com pináculos angulares e cobertura em coruchéu bolboso, encimado por grimpa. Alçados laterais são semelhantes. Tendo, no corpo da nave, porta rectangular sobrepujada por dois janelões. Na zona da capela-mor, janelão rectangular e, nas sacristia e Sala das Sessões, porta rectangular, janelão e, em nível superior, duas janelas de guilhotina. Marca a capela-mor o corpo quadrangular alteado. Alçado tardoz possui dois janelões rectangulares de guilhotina. INTERIOR com guarda-vento, coro-alto com balaustrada, apoiado em arco abatido. No sub-coro, e de cada lado, uma porta rectangular com sanefa, de acesso às torres e ao coro-alto. Azulejos azuis e brancos, dispostos alternadamente fazendo padrão, revestem os muros até às pilastras dos arranques do arco do coro-alto. Porta, actualmente entaipada, de acesso ao exterior, a que se segue a porta para o púlpito e altares de talha dourada, enquadrados nos muros. Cobertura da nave em falsa abóbada de madeira policromada e decorada em trompe l'oeil, com a imagem de Nossa Senhora do Carmo, em posição centralizada, rodeada de anjos. Arco triunfal de arco a pleno centro policromado, sendo totalmente revestido de talha dourada com enrolamentos, fragmentos de frontão, urnas, motivos fitomórficos e cartelas de simbólica mariana, tendo superiormente sanefa, que protege a representação heráldica da Ordem. É ladeado por dois retábulos semelhantes, do lado do Evangelho, dedicado a São José e, do lado da Epístola, a São Elias. A capela-mor, de planimetria octogonal, compõe-se, em faces alternadas, por quatro portas encimadas por frontão triangular, de acesso à sacristia por corredor, que se desenvolve entre muros, e, sobre estas, telas pintadas com sanefa. Entre as portas e fronteiros entre si, dois altares de madeira policromada encimados por janelão de frontão curvo. O retábulo-mor é composto por dois pares de pilastras decoradas com pâmpanos e folhagem de acanto, que ladeiam dois pares de colunas salomónicas, decoradas com motivos vegetalistas, e capitéis compósitos. Ao centro do altar e sobre o sacrário, uma tribuna de volta perfeita, com paredes apaineladas, enquadra um trono de cinco degraus, com a imagem da padroeira envolta num sol radiante. No entablamento, duas volutas estriadas que servem de apoio a duas figuras que seguram, numa das mãos, uma grinalda de flores suspensa num brasão central ladeado por dois putti. Ostenta, no remate, apoiados nas aletas, dois anjos, que sustentam o coroamento do retábulo, com sanefa. A capela-mor é coberta por cúpula policromada, tendo no seu arranque pinturas em trompe l'oeil. A sacristia possui um tecto de apainelados de madeira policromada e dá passagem para a Sala de Sessões. Toda a Igreja é revestida com silhares de azulejos azuis e brancos historiados.

Acessos

Junto ao Largo Alves Martins *1. WGS84 (graus decimais) lat.: 40,656551, long.: -7,910582

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, a meia encosta, isolado e destacado, insere-se na malha urbana, em plataforma artificial, separado por adro murado e pequena propriedade não urbanizada, delimitada também por muro, nas imediações da Fonte de Santa Cristina (v. PT021823240062) e do Seminário Maior de Viseu. Uma escadaria formando patamar, dá acesso ao adro, com balaustrada de granito.

Descrição Complementar

Os retábulos laterais são formados por um par de pilastras decoradas com concheados e motivos vegetalistas, que se prolongam pelo friso que percorre todo o retábulo e por um par de colunas pseudo salomónicas com festões de flores. Emoldurando o nicho central, um par de mísulas onde estão colocadas imagens de santos em madeira estofada. Como remate um arco a pleno centro, que enquadra o frontão triangular curvo, decorado com um sol radiante. Uma sanefa decorada com motivos vegetalistas completa o conjunto. Retábulos colaterais compostos por um par de colunas pseudo-salomónicas decoradas com festões de flores e por um par de quarteirões, ornamentados com conchas e motivos vegetalistas. O nicho central é rematado com um dossel curvo denticulado sobre o qual dois putti enquadram uma pequena cartela. O frontão, é decorado com folhas de acanto e é composto por quatro putti e dois anjos que, em posição centralizada, seguram uma cartela. No coro-alto, realça-se a existência de um órgão em talha policromada com um castelo e quatro nichos sobrepostos, sendo coroado por falsa cúpula, ladeada por vasos e rematada por anjo músico. No suc-coro, no lado do Evangelho, pequena pia baptismal com taça concheada e assente em pequeno plinto.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

CARPINTEIRO: Manuel António (1764), Luís da Cruz (1810), João Ferreira Gomes (1825-37), João Ferreira (1862); José Esteves de Almeida (1885). ENTALHADOR: João Correia Monteiro (atr., 1738). FERREIRO: João de Albuquerque. LATOEIRO: Matias Manuel Malhão. ORGANEIRO: José Maximino (1824-25). PARAMENTEIRA: Rosa Carolina Pereira (1891). PEDREIROS: Pedro Antunes; António Ribeiro e Pascoal Rodrigues (1734 - 1738); José Rodrigues (1825 - 1827); José Lourenço dos Santos (1885); Serafim Lourenço Simões (1902). PINTOR: Pascoal José Parente (1765), Jerónimo Rodrigues (1825 - 1826); António José Pereira (1862); Bento Rodrigues Lopes e José Augusto Pereira (1900). PINTOR - DOURADOR: Francisco de Sousa Peixoto (1764); José Pais (1823). SERRALHEIRO: João Rodrigues de Figueiredo.

Cronologia

1713 - início do culto público a Nossa Senhora do Carmo, em Viseu, na desaparecida igreja que os padres da Congregação do Oratório, ou de São Filipe Nery, possuíam defronte da Casa Amarela ou de Santa Cristina, onde se constituiu uma Confraria de Nossa Senhora do Carmo, com prévia licença do Capítulo Geral dos Carmelitas Reformados; 1733 - alguns eclesiásticos da Catedral e alguns dissidentes da Ordem Terceira de São Francisco, fundam, nesta cidade a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, tendo solicitado ao Bispo a ermida ou Capela de Santa Cristina, mais conhecida, naquele tempo, por Capela de Santo Amaro, tendo-se a 24 de Maio, procedido à eleição da 1ª Mesa; 1734, 29 Junho - lançamento da primeira pedra da actual igreja; as obras de pedraria foram dirigidas por António Ribeiro e Pascoal Rodrigues; 1738, 13 Julho - conclusão das obras; feitura do retábulo-mor, atribuível a João Correia Monteiro; 1740 / 1741 - construção da torre sineira; 1764 - escritura entre a Mesa da Ordem e o dourador natural do Porto, Francisco de Sousa Peixoto, que se obriga a dourar toda a obra de talha do arco cruzeiro, retábulos colaterais, púlpitos, sanefas por 2 mil cruzados; obra de carpintaria por Manuel António; 1765 - pintura da cobertura interior por Pascoal José Parente; séc. 19, inícios - acrescento da actual fachada, com as duas torres e o coro-alto; 1803 - 1804 - obras do ferreiro João de Albuquerque; 1810 - obras de carpintaria por Luís da Cruz; 1823 - douramento e pintura das sacras dos altares colaterais, por José Pais; 1825, Agosto - o mestre José Rodrigues recebeu 30$000 pela obra nas capelas pequenas de Maria Angélica Pereira; 1825 - 1826 - obras de pintura por Jerónimo Rodrigues; 1825 - 1837 - obra de carpintaria por João Ferreira Gomes; 1827, 23 Agosto - obra das escadas por José Rodrigues, que recebeu 33$600; 1862 - pintura da cobertura na área que havia sido acrescentada por António José Pereira; início da obra de carpintaria de João Ferreira; 1885 / 1911 - construção do edifício onde se encontra a actual Sala de Sessões, o jardim e o gradeamento em volta dele até à fachada principal, bem como o acrescento da sacristia, pela quantia de 300$000; a obra de carpintaria esteve a cargo de José Esteves de Almeida, por 320$000; 1890, 29 Junho - feitura de uma bomba para o poço do jardim, pelo serralheiro João Rodrigues de Figueiredo, por 31$340; 11 Setembro - a obra de terraplanagem do lado O. da igreja foi arrematada por Pedro Antunes, por 150$000; 1891, Dezembro - a paramenteira Rosa Carolina Pereira executou paramentos para a Irmandade, por 7$070; 1898 - elaboração do guarda-vento; 1900 - o pintor José Augusto Pereira pintou retratos a óleo para a Irmandade; 1901, 4 Julho - a Mesa rejeira a proposta de vedação e feitura do adro da igreja, de António Marques Carolino, o mesmo acontecendo à de Veríssimo Sá Correia; 1902 - construção do resto do gradeamento, que envolve a fachada, a escadaria e os jardins envolventes, por Serafim Lourenço Simões, por 420$000..

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Granito, rebocos, madeiras, azulejos e talhas douradas.

Bibliografia

LEAL, Augusto Soares D'Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. XII, Lisboa, 1890; Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. 36, Lisboa / Rio de Janeiro, s.d.; Estatutos da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo da Cidade de Vizeu, Viseu, 1912; Guia de Portugal, vol.III, Beira - II Beira Baixa e Beira Alta, Lisboa, 1985; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, in Beira Alta, vol. XLIV, n.º 1, Viseu, 1985; CORREIA, Alberto, Viseu - Cidades e Vilas de Portugal, Lisboa, 1989; EUSÉBIO, Maria de Fátima dos Prazeres, Retábulos da Cidade de Viseu, in Beira Alta, vol. L, fasc. 3, Viseu, Assembleis Distrital de Viseu, 1991, pp. 283-365; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, vols. I e III, Viseu, 2001.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1824 / 1825 - arranjo do órgão por José Maximino, por 4$000; 1838 - limpeza das lâmpadas pelo latoeiro Matias Manuel Malhão, por 2$200; 1900 - retoque da pintura do tecto por Bento Rodrigues Lopes e José Augusto Pereira; séc. 20 - reparações pontuais sempre que necessárias.

Observações

*1 - é mais frequentemente conhecido como Lg. de Santa Cristina.

Autor e Data

João Carvalho 2001

Actualização

 
 
 
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