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Edifício e estrutura Edifício Militar Castelo e cerca urbana
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Descrição
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Inclui dois núcleos muralhados, apenas com alguns panos parcialmente ruídos e integrando diversas construções adossadas ao lado interno. O primeiro recinto muralhado apresenta traçado ovalado e integra no ângulo E. o castelo ou cidadela, com traçado de tendência triangular, e cujo acesso é feito através da Porta do Castelinho, virada a O. e em arco pleno, coberta com abóbada de berço. No lado oposto abre-se a Porta Falsa, da qual apenas subsiste o pé-direito*1. No ângulo SO., adossada ao exterior da muralha, conserva-se parte da torre de menagem, de planta rectangular. No seu alinhamento, mas já no lado interno, observa-se a cisterna, de planta quadrada e com cobertura plana. Junto à Porta Falsa, no lado exterior, descobrem-se as fundações de um baluarte em alvenaria, que protegia o flanco orientado para o rio. A comunicação entre o primeiro e o segundo núcleos urbanos muralhados faz-se através da Porta do Castelo, que conserva somente o pé-direito e o arranque do arco no lado O. *2. A segunda cintura muralhada apresenta um traçado irregular, abraçando quase metade do primeiro recinto. Integra quatro portas. No eixo da referida Porta do Castelo, e virada a N., abre-se a Porta da Vila em arco quebrado e coberta com abóbada de berço quebrado, sendo flanqueada por duas torres de planta quadrada e por dois berrões, decapitados. A Porta da Guarda ou da Guarita encontra-se virada a O., mostrando arco quebrado e abóbada de berço quebrado. É ladeada por uma torre e conserva numerosas siglas, bem como os gonzos em cantaria. No lado oposto da muralha rasga-se a Porta do Sol, em arco de volta inteira e coberta com abóbada de berço. Apresenta também pedras sigladas e é flanqueada por uma torre muito arruinada. No lado O. regista-se ainda uma outra porta, igualmente denominada Porta Falsa, em arco pleno e hoje entaipada. Além das torres que protegem as portas deste segundo recinto muralhado, contam-se mais quatro torres, também de planta quadrada e desprovidas de vãos: uma no lado O., entre a Porta da Vila e a Porta da Guarda; uma segunda no mesmo pano muralhado, entre a Porta da Guarda e a denominada Porta Falsa, constituindo o prolongamento de uma casa; a terceira torre no ângulo NO. do recinto, já muito perto da mencionada Porta Falsa; e, uma quarta torre situada entre a Porta da Vila e a Porta do Sol. |
Acessos
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EN 16, cruzamento de Castelo Mendo |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto, n.º 35 443, DG, 1ª série, n.º 1 de 02 janeiro 1946 / ZEP, Portaria n.º 575/2022, DR, 2.ª série, n.º 130 de 07 julho 2022 |
Enquadramento
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Urbano e rural. Ocupa um cabeço situado a cerca de 762 m de altitude, sobranceiro ao Ribeiro de Cadelos e ao Rio Côa, situado a cerca de 1 Km.. Integra dois núcleos urbanos muralhados (v. PT020902080007), destacando-se o recinto do Castelo na zona mais elevada. É rodeado por vertentes escarpadas com numerosos afloramentos rochosos e sem edificações, à excepção da zona adjacente ao caminho de acesso à Porta da Vila. Relativa proximidade a Castelo Bom (v. PT020902070006). A S., está protegido pela Ribeira dos Cadelos, a 200 m.. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Militar: castelo e cerca urbana |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Câmara Municipal de Almeida, auto de cessão de 20 Outubro 1942 |
Época Construção
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Séc. 13 / 14 (conjectural) / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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Época do Bronze - hipotética existência de um castro, depois romanizado; séc. 12, fins - hipotética edificação do castelo no reinado de D. Sancho I; 1229 - concessão de carta de foral por D. Sancho II, onde é mencionado o castelo e o alcaide Mendo Mendes *3; na sequência desta intervenção régia pode-se apontar a provável edificação do primeiro recinto muralhado, incluindo talvez anteriores preexistências, este rei concedeu Carta de Feira à povoação, sendo considerada a primeira feira oficial do reino; acontecia três vezes do ano, pela Páscoa, São João Baptista e São Miguel; 1281 - confirmação do foral por D. Dinis, a quem a tradição historiográfica atribui a renovação das estruturas defensivas, talvez a edificação da torre de menagem e, em particular, a construção da segunda cintura muralhada; 1297 - assinatura do Tratado de Alcanices e consequente afastamento da linha fronteiriça; 1387 - instituição de couto de homiziados; séc. 14, fins - eventual reparação do castelo e alargamento da segunda cintura muralhada durante o reinado de D. Fernando; séc. 15 - D. Afonso V manifesta o desejo de reconstruir as muralhas; 1496 - na Inquirição, existe a referência a 346 habitantes; 1510, 1 Junho - D. Manuel dá foral à povoação; 1519, cerca de - representação das estruturas defensivas nos desenhos de Duarte de Armas, observando-se a cidadela, as duas cinturas muralhadas e a barbacã *4, da qual aparentemente não se conservam vestígios. Alguns panos da muralha ainda possuem merlões e as torres encontram-se já muito arruinadas. A perspectiva E. mostra a Porta da Falsa do Castelo, a Porta do Sol e as torres do segundo recinto muralhado até à Porta da Vila. Uma dessas torres não é actualmente identificável. Na perspectiva N. foi representada a Torre de Menagem, a denominada Porta Falsa do segundo recinto, bem como a Porta da Guarda e as restantes torres; 1527 - vila e termo com 777 moradores, 73 na vila; séc. 17 - D. Filipe IV nomeou como primeiro Conde de Castelo Mendo, D. Jerónimo de Noronha; 1640 - campanha de renovação pontual das estruturas defensivas, na sequência das Guerras da Restauração, e da qual subsiste o baluarte situado junto à Porta Falsa do Castelo; 1687 - feitura do sino para o campanário; 1708 - Carvalho da Costa diz que a povoação tinha 98 habitantes; 1758 - as denominadas Memórias Paroquiais referem a existência de muros fortes e de oito torres arruinadas, na sequência do terramoto de 1755; 1855, 24 Outubro - extinção do Concelho, passando a integrar o Concelho do Sabugal; 1870 - foi transferida para o Concelho de Almeida; séc. 19 - conheceu o impacto das Invasões Francesas e das Lutas Liberais; aceleração do estado de ruína das muralhas e torres; transformação do recinto do castelo em cemitério; 1898 - numa planta do Castelo, vêm marcadas as cinco portas - da Vila, da Guarda, da Traição, do Castelo ou de D. Sancho e do Sol; 1949 (?) - ruína do arco da Porta do Castelo; 1979 - elaboração de estudo de recuperação urbana e arquitectónica. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Granito, cantaria, aparelho isódomo, revestimento inexistente. |
Bibliografia
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PINA, Rui de, Crónica d'el Rei D. Dinis Lisboa, 1912; ARMAS, Duarte de, Livro das Fortalezas, Lisboa, 1990; COSTA, António Carvalho da, Corographia Portugueza, Lisboa, 1708; Dicionário Geographico de Portugal, (Memórias Paroquiais), 1758; LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1973; DIONÍSIO, Sant'Ana, Guia de Portugal, Lisboa, 1924; ALMEIDA, João de, Reprodução Anotada do Livro das Fortalezas de Duarte d' Armas, Lisboa, 1943 e Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Lisboa, 1945; SILVA, José Antunes e FERNANDES, José Manuel, Castelo Mendo, Estudo de Recuperação Urbana e Arquitectónica, Lisboa, 1979; GIL, Júlio, Os Mais Belos Castelos de Portugal, Lisboa, 1986; PEREIRA, Mário, dir., Castelos da Raia da Beira, Guarda, 1988; NEVES, Vítor Manuel Leal Pereira, Três Jóias Esquecidas, Marialva, Linhares e Castelo Mendo, Castelo Branco, 1993; CARVALHO, Amorim de, Castelo Mendo, um Conjunto Histórico a Preservar, Braga, 1995; GONÇALVES, Luís Jorge Rodrigues, Os castelos da Beira interior na defesa de Portugal (séc. XII - XVI), [dissertação de mestrado], Lisboa, Faculdade de Letras de Lisboa, 1995; GOMES, Rita Costa, Castelos da Raia. Beira, vol. I, Lisboa, 1997; Carta do Lazer das Aldeias Históricas, Roteiro de Almeida e Castelo Mendo, Janeiro 2000. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID; GEAEM, Plantas - Doc. nº 4082 e nº 7191 |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1949 - reconstrução da parte superior da Porta do Castelo e da Porta da Vila; consolidação das cantarias das bases das torres da Porta da Vila; reconstrução de pano de muralha junto às Portas da Vila e do Castelo, limpeza e enchimento de juntas nas torres e muralha; 1950 - reconstrução da Porta da Vila: apeamento e reconstrução do arco e muralha sobreposta, reconstrução da abóbada, limpeza e enchimento das juntas, apeamento e reconstrução dos paramentos da muralha, reconstrução parcial da abóbada e do arco exterior, limpeza e refechamento das juntas; 1951 - reconstrução de pano de muralha, consolidação de cantarias da porta lateral, incluindo a construção do cimbre, consolidação e restauro na Porta do Castelo, apeamento parcial das paredes da porta, reconstrução parcial da porta; 1974 - limpeza das muralhas e das portas, incluindo arranque de ervas e enchimento de juntas, consolidação de silhares, prospecção de troços de muralha mal identificada; 1983 - beneficiação e consolidação da torre situada à junto à Porta da Guarita e do pano de muralha adjacente, reconstrução dos paramentos da muralha em falta, lajeamento do adarve, limpeza e tomada refundada das juntas do paramento exterior da muralha numa extensão de 12 m e respectivo recalçamento, remoção do aterro junto à base da torre; 1983 - consolidação da torre situada junto à Porta da Guarita e do pano de muralha adjacente, demolição de paramentos de muralha desalinhados e posterior reconstrução, reconstrução dos paramentos de muralha em falta, lajeamento do adarve com tomada das juntas; 1984 - consolidação da primeira torre situada a S. da Porta da Vila e do pano de muralha adjacente, reconstrução dos paramentos em falta, incluindo o desmonte e a recolocação das cantarias, assentamento de degraus e tomada de juntas, lajeamento do adarve com enchimento de juntas na torre e pano de muralha, tapamento de pequenas fendas existentes na parte superior da muralha; 1985 - consolidação e reconstrução do pano de muralha a S. da Porta da Vila, consolidação e reconstrução parcial de parte da cintura muralhada, assentamento de cantaria para guarda de protecção ao patamar da torre consolidada, reconstrução parcial dos paramentos da muralha situada junto à torre, incluindo o desmonte e a recolocação das cantarias, assentamento de degraus para vencer os desníveis existentes, lajeamento do adarve com refechamento de juntas; Câmara Municipal de Almeida: 1998 - Castelo Mendo tem vindo a sofrer acções integradas no " Programa de Recuperação das Aldeias Históricas de Portugal ", que visa a recuperação desta aldeia medieval. assim, todas as fachadas e telhados das habitações da aldeia têm sido recuperados numa acção conjugada da autarquia e dos proprietários dos edifícios. Junta de Freguesia de Castelo Mendo: 1999 - recuperação e transformação do edifício do antigo Tribunal e Cadeia, para museu. |
Observações
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*1: as casas encostadas à muralha distribuem-se ao longo da R. Direita (principal eixo da aldeia). *2: no primeiro recinto muralhado observa-se uma pedra tumular pertencente a Miguel Augusto de Sousa Mendonça Corte Real, Fidalgo da Casa Real e Tenente - Coronel, assassinado pelos seus próprios soldados em 12 de Setembro de 1840, conforme consta do epifácio. *3: o alcaide Mendo Mendes terá originado o topónimo da povoação. *4 - nas representações que Duarte d' Armas fez deste castelo podemos observar que o recinto fortificado já tinha muitas partes em ruina completa, bem como algumas torres. A ruína poderá ser um sinal de perda de importância militar. A cerca da vila aparece guarnecida com uma barbacã, também, em mau estado de conservação. Esta muralha era desprovida de torres e guarnecia sómente o troço norte da muralha da vila. A cerca urbana tinha três portas: Norte, Nascente e Poente. a porta principal da cerca era guarnecida por duas torres gémeas, que chegaram aos nossos dias. Este tipo de torres, que se generalizou na Baixa Idade Média, permitia o tiro mergulhante sob a entrada, protegendo aquele ponto crítico do sistema defensivo. Uma prospecção arqueológica poderá identificar a implantação e as fundações da barbacã, talvez coincidente com o muro que delimita o caminho que contorna nas muralhas. |
Autor e Data
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Margarida Conceição 1991 / 1997 |
Actualização
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Marta Airoso 2001 |
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