Catedral de Silves / Sé de Silves

IPA.00001293
Portugal, Faro, Silves, Silves
 
Arquitectura religiosa, gótica, manuelina e barroca. Sé de planta em cruz latina, seguindo o modelo das igrejas monacais e conventuais mendicantes; cabeceira tripartida, com ábide poligonal e absidíolos rectangulares, em pedra aparelhada, grés vermelho, nitídamente influenciada pela escola da Batalha. Da campanha gótica quatrocentista subsistem a cabeceira e o transepto, cobertos em abóbadas de perfil quebrado, nervuradas (excepto nos braços do transepto no absídiolo S.), com chaves decoradas com as armas reais; as nervuras, decoradas por dois toros, apresentam um perfil arcaizante, diferenciado-se dos arcos torais, mais recentes, arrancando de feixes de colunas com capitéis de decoração vegetalista; gótico também o portal principal, inscrito em alfiz, com arquivolta interior reposando em colunelo e as restantes em colunas munidas de bases duplas e capitéis de motivos vegetalistas e antropomórficos; a arquivolta exterior é preenchida com figuras humanas e animais entre bagas e folhas, como no pórtico da Igreja Matriz de Portimão (v. PT050811030007). As naves, escalonadas, e respectiva cobertura em telhados de uma e duas águas, nas laterais e central respectivamente, evidenciam outra campanha construtiva, já do período manuelino, apresentando analogias com a Igreja de Soure (v. PT020615090020); os alçados interiores, de 4 tramos e um único registo, com a leveza das amplas arcadas de grés, de perfil quebrado, chanfradas nas arestas, sustentadas por pilares simplificados octogonais - como na Igreja Matriz do Crato (v. PT041206020004), contrastando com a massa compacta da cabeceira e transepto. Da campanha decorativa barroca restam alguns retábulos de talha dourada e polícroma; retábulo da Capela dos Evangelistas protobarroco apresentando semelhanças com o da Ermida de Nossa Senhora dos Mártires (v. PT050813070007), evidenciando um mesmo mestre; retábulo da Capela do Senhor Jesus apresentando semelhanças com os exemplares algarvios concebidos por Francisco Xavier Fabri a quem se atribui o respectivo risco (LAMEIRA, 2005); os ornatos em talha do arco apresentam-se próximos do formulário neo-clássico. Trata-se da mais notável das construções góticas algarvias e um dos mais importantes monumentos do S. do país. Importante conjunto de lápides tumulares de bispos e notáveis de Silves, exclusivamente dos séculos 15 e 16. Retábulo da Capela do Senhor Jesus semelhante aos exemplares algarvios concebidos por Francisco Xavier Fabri a quem se atribui o respectivo risco (LAMEIRA, 2005), apresentando ornatos em talha do arco próximos do formulário neo-clássico, constituindo caso ímpar no Algarve. Transepto e cabeceira pouco homogeneo, com cobertura interior diferenciada nos seus absidíolos, em abóbada de berço quebrado no S. e nervurada no N., e rasgada por diferentes lumes nos topos do transepto: janelão mainelado a S. e simples fresta a N.. A nível epigráfico destaque para as variedades gráficas encontradas no conjunto das inscrições, que demonstram uma nítida influência dos alfabetos usados nos documentos paleográficos coevos. Assim, a inscrição nº 12 foi gravada numa capital quadrada muito mal executada com o "P" e o "R" característicos de uma letra personalizada de tipo híbrido (cortesã e "cancellaresca"), pouco comum na Epigrafia; a nº 19 de uma qualidade gráfica extraordinária, que se harmoniza com a qualidade plástica dos elementos decorativos, permite identificar o autor do texto: um cónego da Sé, familiarizado com os alfabetos caligráficos solenes, em especial com as letras iluminadas, que compunham os códices existentes na biblioteca da catedral; a nº 20 apresenta uma letra caligráfica comum idêntica à usada nos registos da chancelaria e nos forais manuelinos, de que são exemplo as formas extravagantes do "M", "N" e "D", deixando transparecer que o texto foi elaborado por um funcionário régio. As inscrições nº 2,4,10,21,23,28b e 37 apresentam uma capital actuária cujas letras "A", "E", "M", "T" e "O" são peculiares e únicas nesta Sé. Convém ainda realçar que a inscrição nº 33 para além de possuir um formulário original foi executada ainda em vida do encomendador pois a data da morte nunca foi completada; e as inscrições nº 19 e 20 possuem inexplicavelmente palavras cujos sulcos não foram abertos, revelando a técnica usual na gravação: o texto foi grafitado na pedra sobre letras previamente desenhadas. O estudo epigráfico e biográfico possibilitou caracterizar os sepultados: à excepção de três, a maioria viveu no século XVI sendo que 68% eram laicos, 19% eclesiásticos e 13% desconhece-se o estado social. Dos primeiros, 19% são nobres de geração, 16% são fidalgos, 5,5% pertencem à oligarquia local e 24% ignora-se-lhes o estado. No que respeita aos eclesiásticos 86% pertencem ao Cabido, um é bispo (D. Fernando Coutinho), três são dignatários, chantre, mestre-escola e tesoureiro, sendo um deles (Fernão Cabral) fidalgo. Foram gente ligada às casas dos infantes D. Henrique e D. João e participantes na expansão ultramarina, ocuparam cargos na administração local, foram representantes do governo e da administração da Diocese e Cabido de Silves, e pertencentes à oligarquia local. Algumas das tampas de sepultura lembram os nomes dos líderes da revolta organizada contra a mudança da Sé e Cabido de Silves para Faro, e são por isso de extrema importância para a história da cidade. A mudança da Sé para Faro e o progressivo assoreamento do rio Arade, originaram um período de decadência económica e social, com a ruralização da elite silvense, e explicam o vazio epigráfico que encontramos na Sé entre os séculos 17 e 18.
Número IPA Antigo: PT050813070003
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Catedral  

Descrição

Planta longitudinal em cruz latina, composta por 3 naves, torre sineira a S. e torre a N. capelas laterais, transepto saliente de topos rectilíneos, corredor de acesso ao exterior e sacristia rectangulares a S., cabeceira tripartida, com ábside poligonal e absidíolos rectangulares. Volumes articulados, massas dispostas na vertical com cobertura diferenciada em telhados de 1 água sobre as naves laterais, 2 águas sobre a central, transepto e absidíolos, 3 águas na sacristia, 4 sobre a torre N., terraço na ábside e domo barroco acantonado por fogaréus sobre a torre S., vazado por óculos e rematado por cupulim. Fachada principal a O., harmónica, antecedida por escadaria a compensar o declive do terreno; apresenta 3 corpos correspondentes à nave central e torres; no corpo central insere-se alfiz de cantaria onde se rasga o portal em arco quebrado de 4 arquivoltas assentes em colunas capitelizadas com motivos vegetalistas (palmetas) e antropomórficos, sendo a arquivolta exterior preenchida com folhas, bagas, figuras humanas e animais e a arquivolta interna apoiada em colunelos com capitéis de folhagem; sobre o portal corre estreito balcão assente em cachorrada historiada (com cabeças humanas e animais) e servido por uma pequena porta em arco rebaixado, à direita; do alfiz nascem lateralmente 2 contrafortes que sobem até ao remate, em empena curvilínea com volutas, flanqueando um óculo central de molduras concêntricas; os corpos das torres, de desigual altura, apresentam embasamento, e são delimitados por pilastras e cunhais, de silharia à vista na Torre N., que terminam em capitéis de volutas; a torre N. tem 2 registos, rasgados o inferior por fresta em arco quebrado, o superior, por óculo elíptico; remate em cornija ao nível da empena; torre S. com mais um piso ocupado pelas sineiras em arco pleno. Fachada S.: corpo da torre que integra, no piso térreo, capela funerária vazada por 2 pequenos vãos em arco quebrado e, no 2º piso, uma janela de sacada com guarda de ferro encimada por relógio; segue-se pano do corpo da igreja alteado do lado esquerdo, adossado à torre, com janela rectangular e remate em beiral; corpo da entrada lateral cingido por pilastras rematadas por fogaréus, antecedido por lanço de escadas transversal com patamar; portal em arco de moldura curvilínea recortada, com concheados e florões estilizados, rematado em cornija festonada entre volutas sob frontão igualmente curvilíneo com volutas, centrado por vão tetralobado; o corpo da Sacristia é rasgado por porta rectangular de vértices côncavos na face O. e 2 janelas quadrangulares a S.; face E. cega; remate em beiral sob cornija; corpo das naves, recuado, cego, com remate em beiral sobre cornija; braço do transepto delimitado por cunhais com gárgulas zoomórficas, com embasamento proeminente, vazado por janelão em arco quebrado de 2 lumes com tímpano rendilhado e rematado por empena angular; pano do absidíolo com embasamento escalonado, cego, rematado por cachorrada com gárgula zoomórfica. Fachada N.: corpo da torre com fresta no 1º registo na face N. e óculo elíptico no 2º registo a E. e N.; segue corpo saliente em L, cego e rematado com beiral; corpo das naves rasgado por fresta, com remate m cornija e beiral; junto ao braço do transepto, corpo cego de capela lateral; braço do transepto rasgado por fresta e com uma porta em arco rebaixado; remate em empena angular; na face O. salienta-se corpo estreito do campanário, com sineira sobre o telhado; pano do absidíolo cego, rematado por cachorrada com gárgula. Fachada posterior: absidíolos com embasamentos escalonados, vazados por janelas de arco quebrado e rematados por cachorrada, a ladear ábside de panos divididos por contrafortes de andares com gárgulas zoomórficas e abertos por janelas em arco quebrado de 2 lumes; coroamento de merlões. INTERIOR: 3 naves de altimetria escalonada, divididas por arcaria quebrada sobre pilares oitavados capitelizados, sendo o último par cruciforme, totalizando 4 tramos; cobertura das naves em tecto de masseira; no último pilar do lado do Evangelho, púlpito de madeira com balcão de balaústres, sobre base poligonal de pedra assente em coluna de pedra facetada sobre plinto. No alçado O., a ladear o portal principal, duas pias de água benta de taça em concha e sobre aquela, à esquerda, uma porta em arco quebrado. Nave lateral da Epístola: no 1º tramo rasga-se um arco quebrado, encimado por edícula em arco conopial com pedra de armas e por uma fresta cega; dá acesso à capela funerária de João do Rego e Gastão da Ilha, rebaixada, provida de degraus, pavimento de pedra e cobertura em abóbada de berço quebrado com toral e cadeia sobre mísulas de ponta de lápis, centralizada por bocete heráldico; no seu alçado S. rasgam-se duas pequenas janelas em arco quebrado e dois arcosólios do mesmo perfil contendo cada um sua arca tumular sobre leões e carrancas de pedra, com frontais decorados com heráldica e ornatos vegetalistas e tampa epigrafada; os arcosólios são encimados pelas pedras de armas dos tumulados em molduras rectangulares torsas; no alçado E. fresta cega; no 2º tramo da nave, a Capela das Almas, inscrita em arco pleno revestido de talha dourada e polícroma, a enquadrar retábulo de talha polícroma e dourada com marmoreados fingidos; abrindo para o 3º tramo da nave, corredor transversal, com cobertura em abóbada de berço, faz ligação à porta lateral, em arco rebaixado; na parede E. uma porta em arco rebaixado com volutas vegetalistas de acesso à Sacristia, e um arcosólio contendo uma arca tumular onde se observa gravada a abreviatura Rº, que corresponde ao nome próprio Rodrigo, e por isso tem sido identificada como sendo a do bispo D. Rodrigo do Rego; na parede O. um arcosólio contendo a arca tumular epigrafada de João Gramaxo e sua mulher Ana Taborda; no 4º tramo da nave, a Capela de Nossa Senhora de Fátima ou dos Evangelistas, em arco pleno revestido de talha idêntico ao da Capela das Almas, contendo retábulo de talha dourada e polícroma a enquadrar painéis pintados figurando os 4 Evangelistas. Nave lateral do Evangelho: no 1º tramo, arco quebrado dando acesso à Capela Baptismal; superiormente, à direita, fresta reentrante, em arco de volta perfeita; a capela tem cobertura em berço quebrado com toral e cadeia, iluminada por fresta a O.; pia baptismal octogonal em pedra; no 2º tramo, a Capela da Pietá, em arco pleno revestido de painéis de estuque com grutescos, a imitar talha; retábulo plano, de eixo único, pintado a branco; no 4º tramo a Capela do Senhor Jesus com acesso por arco pleno revestido de talha dourada, com ornatos semelhantes aos da Capela da Pietá; retábulo em edícula, de planta recta e um só eixo, em talha policroma e dourada; alçados e cobertura decorados por motivos em talha e painéis com os emblemas da Paixão: do lado esquerdo o cálice e a coluna flagelo, do lado direito os instrumentos tortura e a coroa de espinhos; entre as duas capelas laterais, descentrada, fresta reentrante em arco de volta perfeita; no 4º tramo Capela lateral do Senhor Jesus; a ladear a Capela da Pietá duas pinturas com molduras munidas de frontão em talha. Transepto: da altura da nave central, com cruzeiro abobadado de cruzaria de ogivas apoiada em grossos pilares cruciformes, e braços com abóbadas de berço quebrado; no braço N. porta em arco pleno a O., na parede de topo rasgada por fresta, um arcosólio vazio em arco quebrado com pedra de armas no fecho (3 flores de liz em campanha) e outro do mesmo perfil com arca tumular com insígnias de Bispo gravadas na tampa; no braço oposto, janelão de dois lumes, arcosólio quebrado com imagem sobre peanha; do lado O. porta em arco pleno para o corredor da Sacristia. Pavimentos combinando madeira (sob os bancos) e lajes de pedra onde se distribuem inúmeras tampas de sepultura epigrafadas. Cabeceira: absidíolos em arcos quebrados, de intradorso cairelado de rendilhados lobulados, de dois tramos e topos rectilíneos iluminados por fresta de 2 lumes; comunicam com a capela-mor por vãos quebrados de 2 arquivoltas sobre colunas com capitéis vegetalistas e de colchete; o absidíolo N. tem cobertura em cruzaria de ogivas com cadeia decorada com bocetes heráldicos centrados por outro vegetalista; o S., antiga Capela do Santissimo Sacramento, tem abóbada de berço quebrado, de dois tramos, com toral e cadeia com bocete heráldico com escudo real; extradorso da abóbada decorado por pinturas murais figurando, no 1º tramo, composição arquitectónicas com putti e grinaldas, no 2º tramo motivos vegetalistas envolvendo medalhões. Arco triunfal quebrado de intradorso rendilhado, com capitéis de folhagem e antropomórficos; capela-mor com cobertura em abóbada de cruzaria de ogivas, de 2 tramos, o último poligonal, com cadeia e bocetes vegetalistas e um heráldico, com escudo real, assente em meias-colunas com capitéis de folhagem; do lado do Evangelho arcosólio pleno com arca tumular encimado por friso de rosetas; do lado da Epístola friso esculpido em forma de cordão; pavimento de pedra com tampas de sepultura epigrafadas, entre as quais uma alusiva à primitiva sepultura de D.João II.

Acessos

Largo da Sé

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 8 218, DG, 1.ª série, n.º 130 de 29 junho 1922 / ZEP, DG, 2.ª série, n.º 84 de 07 abril 1956

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado num largo com calçada à portuguesa, com a fachada principal abre para escadaria pétrea de 3 lances e a lateral S. por corpo de escadas de lance único e patamar; o largo, ajardinado a N. e E.; com forte inclinação para S.; é circundado por arruamentos e edifícios de habitação e comerciais de dois pisos, tendo defronte a Igreja da Misericórdia (v. PT05081307003) e a NE. o Castelo (v. PT05081307002). A E. na R. do Castelo, junto à cabeceira a Cisterna árabe (v. PT050813070012).

Descrição Complementar

RETÁBULOS Capela das Almas *1- talha do retábulo (em castanho) e de revestimento do arco (em casquinha) executada em épocas distintas; arco de acesso revestido a talha dourada e polícroma, com pormenores de marmoreados fingidos a azul, rematado por frontão de lances com medalhão de talha policroma, representando alminhas; o retábulo é de planta recta, de estrutura vertical tripartida, com corpo dividido por 4 colunas torsas, com fustes totalmente decorados por pâmpanos, assentes em pedestais e capitelizadas tudo revestido a talha dourada e polícroma; nicho central emoldurado com pintura sobre tábua figurando as Almas; nos eixos laterais painéis de talha dourada de acantos e cartela central com alminha; sotobanco plano decorado por marmoreados a cor azul; remate por friso e cornija e arco de volta perfeita enquadrando o nicho, decorado por folhagens, em talha dourada sob fundo azul de marmoreados, e chave marmoreada a vermelho; ático em frontão semi-circular, com arquivolta decorada por motivos idênticos aos do arco do nicho; tabela preenchida com marmoreados a verde e vermelho e enrolamentos de acantos em talha dourada; ao centro escudo em talha dourada; Capela dos Evangelistas - nos intercolúneos 4 telas figurando os Evangelistas e no ático tela figurando Deus Pai; madeira pintada fingindo marmoreados semelhantes aos da Capela das Almas, que lhe fica fronteira, em verde e vermelho, a que se sobrepoêm ornatos dourados de uma campanha decorativa posterior. Capela da Pietà: dois pares de pilastras jónicas enquadrando painel central, remate em arquitrave e ático em frontão de arcos concêntricos, de volta perfeita, tudo pintado a branco; Capela do Senhor Jesus: quadro rectangular enquadrado por duas colunas jónicas suportando frontão triangular sobrepujado por decorações de talha; a cruz encobre cruz pintada com decorações de alcachofras e outros elementos vegetalistas, enquadrada por filete em talha dourada; no degrau que antecede a capela aproveitamento de uma tampa de sepultura com inscrição; mesa de altar em urna contendo a imagem de Cristo Morto; Capela do Santíssimo - resta apenas o sacrário integralmente dourado. INSCRIÇÕES: 1. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura sem moldura nem decoração. No canto superior direito apresenta um remendo. Mármore. Dimensões: totais: 197x94. Tipo de letra: capital actuária. Leitura modernizada: SEPULTURA BARBOSA XANTRE. 2. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura sem moldura nem decoração. No canto superior esquerdo uma falha. Superfície muito degrada com mossas e algumas letras a desaparecer. O texto está virado para o altar-mor. Calcário rosa. Dimensões: totais: 186,5x92,5. Tipo de letra: capital actuária característica da Sé. Leitura modernizada e reconstituída: AQUI JAZ FRANCISCO CORREIA E SUA MULHER E SUA FILHA JOANA CORREIA E SEUS DESCENDENTES E PELAS ALMAS DELES SE DIZEM NESTA SÉ SEIS ANIVERSÁRIOS ENQUANTO O MUNDO DURAR. 3. Inscrição funerária gravada no sentido dos ponteiros do relógio, num campo epigráfico aberto na orla de uma tampa de sepultura. Sem decoração. A superfície epigrafada muito erodida não permite leitura completa das primeira e quarta linhas e total das segunda e terceira. O texto está virado para o altar-mor. Calcário. Dimensões: totais: 221x94. Tipo de letra: gótica minúscula de forma e algumas iniciais capitulares carolino-góticas. Leitura modernizada e reconstituída: Aqui Jaz [...] faleceu aos xxx(?) [de ...] De Mil bc e xxj (=1521). 4. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura sem moldura nem decoração. Apresenta algumas falhas no flanco esquerdo e algumas erosões. O texto está virado para o altar-mor. Calcário. Dimensões: totais: 216,5x94. Tipo de letra: capital actuária característica da Sé muito mal executada. Leitura modernizada: SEPULTURA DE PEDRO CABRITA CONEGO QUE FOI NA SÉ DE FARO E SILVES CAPELÃO DE EL REI DOM HENRIQUE. 5. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura, com os cantos arredondados, sem moldura nem decoração. Superfície epigráfica muito erodida no flanco esquerdo. O texto está virado para o altar-mor. Calcário. Dimensões totais: 179,5x73,5. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada e reconstituída: SEPULTURA DE JOÃO(?) CAMACHO E DE CATARINA DE SANTARÉM SUA MULHER E HERDEIROS 1580. 6. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura sem moldura nem decoração; a laje é hoje o degrau que dá acesso a uma das capelas laterais do lado da Epístola. Foi desbastada no flanco direito, cujos cantos foram arredondados, e bujardada. Superfície epigráfica muito erodida no flanco direito. Calcário. Dimensões (que não são as originais): totais: 205x82,5. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada e reconstituída: SEPULTURA DE SIMÃO RIBEIRO(?) E DE SUA MULHER ISABEL SI[...] E DE SEUS HERDEIROS FALECEU [.. D] OUTUBRO [...]. 7. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura em campo epigráfico delimitado por um filete em forma de cordão franciscano que serve de moldura. Superfície epigrafada muito deteriorada. Vestígios de betume negro nos sulcos das letras. Calcário. Dimensões: totais: 171x76; campo epigráfico: 160x65; moldura: 5,5. Tipo de letra: capital quadrada com um "D" singular. Leitura modernizada: SEPULTURA DE VICENTE RIBEIRO DE ALMEIDA E DE SEUS HERDEIROS. 8. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura em campo epigráfico enquadrado por moldura filetada simples. Superfície epigrafada muito erodida impede leitura integral das oito linhas de texto gravadas, bem como da medida precisa de certas letras e de alguns espaços interlineares. No topo inferior uma fractura restaurada. Calcário rosa. Dimensões: totais: 194x115; campo epigráfico: 159x65,5; moldura: 17,5 (topo inferior: 17). Tipo de letra: gótica minúscula de forma e algumas letras iniciais capitulares carolino-góticas. Leitura modernizada e reconstituída: Aqui jaz Duarte Morais cavaleiro fidalgo da casa [...] faleceu ao iiiº(?) D[..] e [...]. 9. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura sem moldura nem decoração. Superfície epigrafada muito erodida. Os sulcos das letras foram pouco abertos, quase grafitados, o que potencia o desgaste. Calcário. Dimensões: totais: 193,5x91,5. Tipo de letra: capital quadrada mal executada. Leitura modernizada e reconstituída: SEPULTURA DE JOÃO TABORDA É DE SEUS HERDEIROS E DE SUA FILHA JOANA VAZ FALECEU A 27(?) DE ABRIL DE 156(?)8. 10. Inscrição funerária gravada, no sentido dos ponteiros do relógio, numa tampa de sepultura em campo epigráfico orlado por uma moldura filetada tendo nos cantos uma roseta esculpida. Topos e flancos danificados. Calcário rosa. Dimensões: totais: 208x92; campo epigráfico: 13,5; moldura: topos: 5,5; flancos: 5 (esq.) / 6 (dir).Tipo de letra: capital actuária característica da Sé. Leitura modernizada: AQUI JAZ JOANE MENDES CÓNEGO QUE FOI NESTA SÉ FALECEU A 16 DE JANEIRO 1556. 11. Inscrição funerária gravada no primeiro terço de uma tampa de sepultura a encimar uma pedra de armas relevada e esculpida no centro. No topo superior e no flanco direito mutilações. A primeira e última letra da primeira palavra estão um pouco delidas. Descrição heráldica: escudo de ponta, esquartelado com chefe festonado; no I e IV duas cabras (Cabral); no II e III (Meneses?). Calcário. Dimensões: totais: 228x115; escudo: 104x73,5. Tipo de letra: gótica minúscula de forma e algumas iniciais capitulares carolino-góticas. Leitura modernizada: Aqui jaz Fernão Cabral fidalgo mestre escola cónego que foi em esta Sé o qual faleceu aos xxx de Março de M e vc e xbiij (= 1518). 12. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura sem moldura nem decoração. Nos topos e flancos mutilações. Sulcos de algumas letras pouco profundos. Calcário. Dimensões: totais: 211x90,5. Tipo de letra: capital quadrada e algumas capitais com figuras cursivas. Leitura modernizada: SEPULTURA DE PEDRO DE ALMEIDA TOSCANO CAVALEIRO FIDALGO DA CASA D'EL REI NOSSO SENHOR FALECEU A 20 DE OUTUBRO DE 1579 E DE SUA MULHER GENEBRA DE ARROCHELA. 13. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura sem moldura nem decoração. Superfície epigrafada praticamente erodida, com camada superior a lascar. Do texto gravado, possivelmente composto por dez linhas, restam algumas letras nas regras um, dois, sete, oito e dez. Calcário. Dimensões: totais: 190x82. Tipo de letra: capital actuária. Leitura reconstituída: [.]IS[....] [...] O [...] A [...] MA[...] DE [...] 5 [...]. 14. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura sem moldura nem decoração. Calcário. Dimensões: totais: 189,5x77. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: SEPULTURA DE JOÃO RAFAEL NATURAL DE OURIQUE E DE SUA MULHER GUIOMAR NUNES 1581. 15. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura sem moldura nem decoração. Calcário rosa. Superfície epigrafada erodida a partir do meio das terceira e quarta linhas. Dimensões: totais: 189,5x76. Tipo de letra: capital híbrida (quadrada e actuária característica da Sé). Leitura modernizada: AQUI JAZ VICENTE MONTEIRO FALECEU NO DERRADEIRO (sic) DE ABRIL 1581. 16. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura em campo epigráfico delimitado por uma moldura filetada com os cantos chanfrados em côncavo e decorados com círculos concêntricos (igual à das inscrições nº 17 e 25). Calcário rosa. Superfície epigrafada muito delida. Dimensões: totais: 197x96; campo epigráfico: 185x73,5; moldura: 6. Tipo de letra: capital actuária. Leitura modernizada: BEATRIZ MENDES E HERDEIRO 1550 DE MONTE FILIPE. 17. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura em campo epigráfico delimitado por uma moldura filetada com os cantos chanfrados em côncavo e decorados com círculos concêntricos (igual à das inscrições 16 e 25). Calcário amarelo-rosa. Superfície epigrafada muito delida impede leitura total das terceira e quarta linhas. Dimensões: totais: 186x73,5. Tipo de letra: capital actuária. Leitura modernizada e reconstituída: INÊS MENDES NATURAL DE MOURA [...] 1560. 18. Inscrição funerária gravada num fragmento de uma tampa de sepultura. Encontra-se sob o estrado de madeira onde assenta o altar, o que impede efectuar a leitura, obter as medidas e classificar com precisão o tipo de letra - capital quadrada ou actuária. Por hipótese este fragmento pode fazer parte da inscrição nº 23. 19. Inscrição funerária gravada na metade inferior de uma tampa de sepultura enquadrada por uma moldura vegetalista com motivos manuelinos (enrolamentos de caules e folhas) e encimada por um brasão em relevo. Da palavra "neste", na quinta linha, até ao fim da penúltima os sulcos das letras não foram abertos. Descrição heráldica: escudo de tipo italiano esquartelado: no I: leão rompante volvido (Silva); no II: cinco estrelas de seis pontas dispostas em cruz (Coutinho); no III: nove cunhas entre escudetes, três em chefe, e dois na ponta (Cunha); no IV: seis rosas (?); ornatos exteriores: mitra e estola guarnecidas de flores. Calcário róseo. Dimensões: totais: 228,5x118,5; moldura: 12,5; brasão: escudo: 85,5x64,5; mitra: 22x21. Tipo de letra: gótica minúscula de forma e algumas iniciais capitulares carolino-góticas. Leitura modernizada: Aqui Jaz DOm Fernando Coutinho filho de João da silva E de Dona Branca Coutinho BisPO que foi neSte Reino do Algarve faleceu a xbj de Maio faleceu Em Ferragudo Era M bc xxxbºiijº (=1538). 20. Inscrição comemorativa da primitiva sepultura de D. João II gravada numa tampa de sepultura em campo epigráfico relevado e enquadrado por uma moldura em toros torsos unidos por anel no lado esquerdo. O texto está virado para o altar-mor. Vestígios de betume negro nos sulcos das letras. Nalgumas palavras das linhas sete, oito, nove, doze e treze os sulcos não foram abertos, assim como na totalidade das linhas dez e onze. Calcário rosa. Dimensões: totais: 275x136,5; campo epigráfico: 250,5x111; moldura: 12. Tipo de letra: gótica minúscula de forma, capitulares carolino-góticas e maiúsculas de tipo caligráfico comum. Leitura modernizada: Aqui foi sepultado o corpo do muito alto E muito excelente príncipe E muito poderoso El rei dom João o segundo Rei de Portugal E dos algarves D'aquém E d'além mar em África senhor de Guiné o qual se finou em alvor aos xxb dias d'outubro de M iiiic lRb(=1495) E foram Daqui transladados os seus ossos Para o mosteiro Da batalha No Ano de MiL Quatrocentos E Noventa E Nove Anos. 21. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura, dividida em três partes, em dois campos epigráficos distintos, um localizado no primeiro terço da tampa e o outro no terceiro; entre eles, no segundo terço, pedra de armas em relevo; tudo enquadrado por moldura dupla, da qual subsiste o flanco esquerdo, com cordão. Descrição heráldica: escudo de quatro bandas; timbre: leopardo (Viegas). O texto está virado para o altar-mor. Calcário. Superfície epigrafada muito erodida, especialmente no primeiro campo epigráfico, e a esboroar-se, não permite obter leitura completa e medidas precisas. Dimensões: totais: 225x104; primeiro campo epigráfico: 48x75; segundo campo epigráfico: 48x76; centro: 99x75,5; escudo: 40x33; moldura: 12(direita); 13,5 (esquerda). Tipo de letra: capital actuária característica da Sé. Leitura modernizada e reconstituída: [...] FALECEU [..] DE MARÇO DE 1560(?) MULHER QUE FOI DE VICENTE RAPOSO VIEGAS FIDALGO. 22. Inscrição funerária gravada na parte inferior de uma tampa de sepultura, num campo epigráfico relevado; na parte superior, em campo rebaixado, um brasão de armas em relevo tudo enquadrado por moldura lisa. Descrição heráldica: escudo de ponta com cinco estrelas de seis pontas (Moniz); ornatos exteriores: elmo e paquife; timbre: leão. Calcário. Dimensões: totais: 255x 102; campo epigráfico: 84x87; campo heráldico: 106x85; escudo: 38,5x30; moldura: 9(direita)/ 8,5(esquerda). Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: AQUI JAZ EGAS MONIZ TELES 1581. 23. Inscrição funerária gravada num fragmento de uma tampa de sepultura. Calcário. Por hipótese este fragmento pode fazer parte da inscrição número 18. Dimensões: totais: 65,5x57. Tipo de letra: capital actuária característica da Sé. Leitura modernizada e reconstituída: [........] E DA [.......] HELA(?) E SEUS HERDEIROS. 24. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura sem moldura nem decoração. Superfície epigrafada muito deteriorada. Sulcos das letras pouco profundos. Calcário. Dimensões: totais: 193,5x86,5. Tipo de letra: capital quadrada (o texto apresenta um erro no topónimo Silves por atrapalhação na execução do monograma que compõe a palavra). Leitura modernizada e reconstituída: SEPULTURA DO DOUTOR LUÍS DAS QUINTAS QUE FOI JUIS DE FORA NESTA CIDADE DE SILVES NATURAL DE [.....]. 25 Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura em campo epigráfico delimitado por moldura filetada com os cantos chanfrados em côncavo e decorados com círculos concêntricos (igual à das inscrições números 16 e 17). O círculo do topo inferior foi reconstituído com calcário rosa. Sulcos das letras pouco profundos. Calcário róseo-amarelado. Dimensões: totais: 185x86,5; campo epigráfico: 171,5; moldura: 6,5. Tipo de letra: capital actuária. Leitura modernizada: JOÃO VAZ TESOUREIRO DA SÉ CAPELÃO DE EL REI. 26. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura sem moldura nem decoração. Superfície epigrafada muito deteriorada com camada superficial a lascar. Vestígios de betume negro em alguns sulcos das letras. Calcário. Dimensões: totais: 185x76,5. Tipo de letra: capital actuária. Leitura modernizada e reconstituída: DONA MARIA DE MELO MULHER DE DIOGO MONIZ ALCAIDE - MOR DESTA CIDADE. 27. Inscrição hoje completamente ilegível e que esteve gravada nesta tampa de sepultura. Calcário rosa. Dimensões: totais: 185x76,5. António Joaquim Moreira, entre 1845 e 1864, leu o epitáfio completo, ainda que com uma abreviatura estranha usada no apelido do sepultado: "Sepultura de Luís Gol e de sua mulher Antª Barreiras". 28a. Inscrição funerária gravada no terço superior de uma tampa de sepultura, que tem no centro um brasão de armas, em relevo, e no terço inferior uma outra inscrição (número 28b) gravada em época posterior. Descrição heráldica: escudo de ponta com chefe festonado com um grifo: (?). Superfície epigrafada erodida, especialmente no final da primeira linha e início da segunda, o que impede uma leitura rigorosa do nome do sepultado. Vestígios de betume negro nalguns sulcos das letras. Mármore. Dimensões: totais: 188x97,5; escudo: 85x58,5. Tipo e letra: gótica minúscula de forma e algumas iniciais capitulares carolino-góticas. Leitura modernizada e reconstituída: aqui Jaz álvaro [...] [...]a[.] Cavaleiro fidalgo da casa del Rei o qual faleceu a xb de Abril era M e bc e xij(=1522). 28b. Inscrição funerária gravada no terço inferior da mesma tampa de sepultura da anterior. Superfície epigrafada com algumas erosões especialmente no final das linhas. Vestígios de betume negro nos sulcos das letras. Mármore. Dimensões: totais: 188x97,5. Tipo de letra: capital actuária característica da Sé. Leitura modernizada e reconstituída: AQUI JAZ DONA MÉCIA DE SARRE. 29. Inscrição funerária gravada no sentido dos ponteiros do relógio numa tampa de sepultura sem moldura nem decoração. Superfície epigrafada com algumas erosões. Vestígios de betume negro nos sulcos das letras. Calcário rosa. Dimensões: totais: 204x95. Tipo de letra: gótica minúscula de forma e algumas iniciais capitulares carolino-góticas. Leitura modernizada: Aqui Jaz Álvaro Eanes cónego que foi desta sé o qual se finou A xij de Maio de mil CCCClxxxj (=1481). 30. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura inserida no pavimento, parcialmente debaixo do degrau, da capela de São Sebastião. Foi cortada no flanco direito para a adaptarem ao local, o que afectou as letras do final das duas primeiras linhas e impossibilita a obtenção da medida do primeiro espaço interlinear. Vestígios de betume negro nos sulcos das letras: Dimensões: totais: (que não são as originais) 184x88. Tipo de letra: capital quadrada e "A" em letra capital actuária característica da Sé, e um "D" singular, igual ao da inscrição nº 7. Leitura modernizada e reconstituída: AQUI JAZ ANTÓNIO CORREIA E SUA MULHER GRIMANEZA DA COSTA E SEUS HERDEIROS [...]. 31. Inscrição funerária gravada no sentido dos ponteiros do relógio numa tampa de sepultura em campo epigráfico orlado por moldura filetada. Vestígios de betume negro nos sulcos de algumas letras. Superfície epigrafada muito erodida e com restauros no topo e no canto superior direitos. Calcário rosa. Dimensões: totais: 205x97,5; moldura: topo: 2 (inf.)/ 2,5 (sup.); flancos: 4 (dir.)/3 (esq.). Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada e reconstituída: SEPULTURA DE ISABEL RAPOSA MULHER DE MANUEL DE TAIDE(=ATAIDE) FIDALGO DA CASA[...]. 32. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura. A organização desta epígrafe é pouco usual, pois o texto é lavrado na orla, no sentido dos ponteiros do relógio, em quatro campo epigráficos, enquadrado por moldura filetada e ornamentado, nos quatro cantos, por rosetas insculpidas e continua, ao contrário do que é costume, para o centro da tampa, estando as duas primeiras linhas, correspondendo à quinta e sexta do texto, gravadas entre duas regras a delimitar um outro campo epigráfico, exercendo as funções de linhas auxiliares, e debaixo da primeira linha do epitáfio. Superfície epigrafada com algumas erosões. Calcário amarelo-rosa. Dimensões: totais: 214,5x95; campo epigráficos: 1º: 14x87; 2º: 13,5x180; 3º: 14x63; 4º: 13,5x184,5; 5º: 179,5x61; moldura: 4,5 (esq.)/3 (dir.); roseta: 10/10,5. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada e reconstituída: ESTA SEPULTURA É DE TOMÁS GOMES D' ORTA(=HORTA) E DE SUA MULHER BERTOLEZA FERNANDES E DE SEUS HERDEIROS FALECEU A 2 DE SETEMBRO DE 1577. 33. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura sem moldura nem decoração. Calcário. Dimensões: totais: 235x92. Tipo de letra: gótica minúscula de forma e algumas iniciais capitulares carolino-góticas. Leitura modernizada: Esta morada de Repouso E para descansar Dos trabalhos deste mundo bastião(=Sebastião) dias esCudeiro do Cardeal dom Afonso filho d'el Rei dom manuel E esCrivão dos órfãos desta Cidade E seus termos E sua segunda mulher Isabel de masCarenhas o qual falleCeo Aos (sic) do mês de (sic) de M bc(=15..) E (sic). 34. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura, sem moldura nem decoração. Calcário amarelo-róseo. Dimensões: totais: 213,5x94,5. Tipo de letra: capital actuária. Leitura modernizada: SEPULTURA DE RUI GOMES E SUA MULHER ISABEL DIAS 1507 ou 1567(?). A data desta inscrição tem sido lida como 1507, e se assim for é um dos primeiros exemplares da Sé gravado na nova letra caligráfica solene copiada das epígrafes romanas: a capital quadrada. Acontece que a superfície epigráfica se encontra delida na zona onde estão os algarismos das centenas e das dezenas, omitindo a parte superior dos mesmos. O das centenas é facilmente reconstituível como sendo um 5, mas o das dezenas tanto pode ser um 0 como um 6. Através da análise paleográfica detectámos particularismos ao nível gráfico idênticos aos das inscrições número 16, datada de 1560, e número 17, de 1550. Assim, e como nada se conseguiu apurar sobre Rui Gomes e sua mulher, fica a hipótese de a inscrição ter sido gravada em 1567. 35. Inscrição funerária gravada na aba de uma tampa de uma arca tumular. Na face frontal da arca, ao centro, enquadrado por uma moldura dupla rectangular, uma pedra de armas esculpida em relevo. Descrição heráldica: escudo de ponta posto à valona, banda carregada de três vieiras e esta assaltada por dois leões (?); ornatos exteriores: elmo com paquife vegetalista e a empresa: corpo: uma ferragem de dobradiça e inferiormente o mote: plus que solvis. A arca tumular assenta sobre três leões. Superfície epigrafada muito erodida, impede leitura integral do texto pelo que nos socorremos das leituras efectuadas por Moreira (1845-1864), Júdice (1911 e 1934), Iria (1974) e Reys (2002). Calcário rosa. Dimensões: totais: 84,5x203,5x 60; campo epigráfico: 200,5x26; escudo: 25x18,5; moldura: 3. Tipo de letra: gótica minúscula de forma e algumas iniciais capitulares carolino-góticas. Leitura modernizada e reconstituída: Aqui Jaz João do Rego cavaleiro da casa do senhor infante dom anRique(=Henrique) que deus tem contador de sua casa E terras E sua mulher beatriz de gusmão o qual se finou a xix dias do mes de Fevereiro da era de mil E quatrocentos E noventa E um anos. 36. Inscrição funerária gravada em relevo em campo epigráfico rebaixado, na aba de uma tampa de uma arca tumular. A face frontal da arca é decorada com uma empresa ou divisa, composta por: mote: bem venha quem bem pensa; e corpo: ramos de videira folhados, gavinhados e frutados; e com duas caldeiras carregadas de três faixas com duas serpentes em cada uma das asas (armas de Gusmão), de cuja boca saem os ramos de videira; remata-a inferiormente um cordão que deveria emoldurar toda a face frontal do sarcófago que se encontra mutilada. A arca tumular assenta sobre um leão entre duas carrancas (provável aproveitamento de cachorros). Grés de Silves. Dimensões: totais: 94x190x70; campo epigráfico: 21x186,5. Tipo de letra: gótica minúscula de forma e "E" inicial capitular carolino-gótico. Leitura modernizada e reconstituída: aqui jaz gastão de la ilha E sua mulher violante gil filho de bernaldam(=Bernardim) de la ilha E de dona maria de Gusmão E foi criado e feitura do infante dom João E faleceu Era de 1452 (sinal de fim de texto ornamentado). 37. Inscrição funerária gravada na aba e no rebordo de uma tampa de uma arca tumular. Na face frontal da arca, ao centro, uma pedra de armas esculpida em relevo. Descrição heráldica: escudo de ponta com chefe festonado; um leão armado e lampassado, cantonado de quatro merletas (Gramaxo). A arca tumular assenta em três suportes altos de forma bojuda executados numa época posterior. Calcário. Dimensões: totais: 84,5x194x56,5; campo epigráfico: 34x194; escudo: 45x28. Tipo de letra: capital actuária característica da Sé. Leitura modernizada: SEPULTURA DE JOÃO GRAMAXO CAVALEIRO DA CASA D'EL REI NOSSO SENHOR E DE SUA MULHER ANA TABORDA FALECERAM NA ERA 15U8. (sic). A data gravada nesta inscrição está incompreensível e revela atrapalhação de quem não compreendeu o que estava a gravar. O ano patente na inscrição tem sido lido por 1518 mas este não corresponde ao ano da morte dos sepultados. João Gramaxo já tinha morrido em 1522 quando Ana Taborda, sua mulher, fez lavrar o seu testamento. O facto de a arca estar mutilada nos cantos e nos topos e de a pedra estar mais deteriorada do que a da tampa parecem indicar proveniências distintas. Provavelmente a arca é a original sobre a qual se colocou uma nova tampa, por hipotética destruição total ou parcial da primitiva, onde foi feita uma inscrição copiada do antigo letreiro, decerto escrito em letra gótica minúscula de forma pois era o tipo predominante nas inscrições da primeira metade do século 16.

Utilização Inicial

Religiosa: catedral

Utilização Actual

Religiosa: catedral

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 / 15 / 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Heitor Cerveira, vedor, Francisco Xavier Fabri (atr.); ENTALHADORES: Mestres Miguel Nobre e José da Costa, mestres (atr.); ESCULTORES: Mestres João Baptista Severino e Gaspar Martins; MARCENEIRO: Mestre Gabriel Domingues (atr.); PINTORES-DOURADORES: Mestres Alexandre Dias, Manuel Quaresma e António Machado; VITRALISTA: Ricardo Leone.

Cronologia

1279 - Inscrição tumular refere ter sido sepultado naquela igreja Domingos Joanes Mestre que fundou a obra da Sé, hipoteticamente erguida no local da primitiva mesquita *2; D. Afonso III deixa em testamento um legado de 1000 libras à Sé, quantia igual às demais catedrais do reino; 1352 / 1353 - grande terramoto terá afectado a Catedral; 1443, 28 de Março - o Bispo de Silves obtem do Rei a doação dos resíduos do Reino do Algarve por 10 anos para se aplicar o seu produto às obras da Sé; 1495, Outubro - D. João II falece em Alvor sendo o o seu corpo sepultado provisoriamente na capela-mor da Sé aguardando a trasladação para o Mosteiro da Batalha, como informa a inscrição nº 12; 1499 - cerimónias de trasladação do corpo de D. João II para o Mosteiro da Batalha, com a presença em Silves de D. Manuel; para a solene ocasião foi encomendado pelo Bispo D. João Camelo Madureira um cadeiral em madeira de cedro; 1458, 15 de Março - D.Afonso V ordena que fiquem isentos de serem tomados para o serviço das armadas os artífices que trabalhem na reedificação da catedral; 1486, 2 de Fevereiro - D.João II confirma o privilégio anterior; Séc. 16 - D. Manuel, por ocasião da sua visita a Silves, mandou reedificar a Sé com obras novas e fazer um coro em madeira de cedro (LOPES: 1842); durante o reinado de D. Manuel são nomeados vedores das obras reais de Silves António de Pazes e Francisco Cerveira e escrivão das mesmas Bento Ribeiro; D. João III nomeia Heitor Cerveira como vedor das obras de Silves; a decadência da cidade é crescente e os prelados recusam-se aí a viver; 1577 - transferência da Diocese para Faro; 1670 - 1680 - construção retábulo do da Capela dos Evangelistas, eventualmente pelo Mestre Gabriel Domingues sedeado em Faro (LAMEIRA, 2005); 1699 - Visitação na qual se recomenda a feitura de um novo retábulo para a Capela do Santíssimo Sacramento; Séc. 18 - dois terramotos afectam o edifício; 1702 - Visitação referindo o mau estado em que se encontra o retábulo da Capela do Santíssimo Sacramento, de novo recomendando-se a feitura de um novo de talha dourada; 1703, 19 Maio - o escultor João Baptista Severino, sedeado em Faro, compromete-se a executar o retábulo da Capela do Santíssimo Sacramento; 1706, 8 de Março - escritura, em Faro, de ajuste de feitura do retábulo da Capela do Santíssimo Sacramento por João Baptista Severino e Gaspar Martins, seu cunhado, referindo-se todavia que o mesmo é para o altar-mor da Sé; estipula-se que deve ficar concluído até 24 de Janeiro de 1708; 1706, 04 Novembro - pagamento de 146$310 réis a Gaspar Martins "que acabou o retábulo do Santíssimo com o qual dinheiro se lhe fez a quantia de 500$000 réis fora o 3$000 réis das cavalgaduras quando ajustaram a obra (...) e assim mais recebeu 20$000 réis do custo que se fez enquanto assentou o retábulo" (LAMEIRA, 2005); 1707, 3 de Julho - a Fábrica da Igreja doa 123$500 réis para douramento do retábulo da Capela das Almas (LAMEIRA, 2005); 1709, 24 de Novembro - trasladação do Santíssimo para a nova Capela estando ainda o retábulo por dourar (LAMEIRA, 2005); 1720 - feitura do órgão*3; 1713 - na Visitação deste ano é solicitado a Manuel de Sarre, padroeiro da Capela das Chagas, mande fazer um retábulo; 1717 - a Fábrica da igreja despende 50$000 réis com a feitura do retábulo da Capela de Nossa Senhora da Conceição; 1721 - despesas com o assentamento e douramento do "retábulo novo"da Capela de Nossa Senhora do Rosário; 1732 - Miguel Nobre recebe 200$000 réis pelos retábulos colaterais das naves laterais, sob invocação de Nossa Senhora da Soledade e de São Gregório *4; 1738 - ajuste do retábulo novo da Capela do Senhor Jesus dos Passos; 1739 - 1740 - obras na Capela do Santíssimo Sacramento, pagando-se verbas ao mestre entalhador Miguel Nobre para revestir o arco de entrada da capela com talha; inicia-se igualmente o seu douramento pelos mestres pintores Alexandre Dias e Manuel Quaresma, que terão realizado igualmente as pinturas muaris da cobertura (LAMEIRA, 2005); 1745 - últimos pagamentos de douramento do retábulo da Capela do Santíssimo Sacramento e assentamento dos painéis de azulejo, vindos de Lisboa; 1748 - transporte, de Faro para Silves, da talha do arco da Capela do Santíssimo Sacramento; 1749 - conclusão do assentamento da talha do arco da Capela do Santíssimo Sacramento; 1755 - graves estragos provocados pelo terramoto, nomeadamente o cadeiral quinhentista; segundo Moreira de Mendonça "A cidade de Silves perdeu a sua Sé, torre, castello..." MENDONÇA, 1758); 1759, 05 de Dezembro - conclusão douramento do retábulo da Capela do Senhor Jesus dos Passos, pelo Mestre Pintor António Machado (LAMEIRA, 2000); 1769 - construção do coro, hoje destruído, mandado fazer pelo prior Pedro Mascarenhas; 1776 - data reconstrução da nave segundo laje 1º pilar; 1781 - data gravada sobre a porta lateral S., assinalando campanha de obras; construção de escada de acesso à torre sineira com entaipamento da capela funerária dos Camacho; remodelação da Capela dos Evangelistas e das Almas, tendo-se nesta última desmontado recolocado, no mesmo local, o retábulo (LAMEIRA, 2005); 1789, 6 de Dezembro - o Bispo D. Francisco Gomes do Avelar, encontrando a Sé em estado deplorável, expressa as suas críticas à campanha de obras no livro de visitas da antiga catedral; 1796, 07 de Dezembro - escritura da feitura do retábulo da capela-mor com João de Cristo, residente em Lisboa, tendo Francisco Xavier Fabri sido eleito para fiscalizar a sua execução (LAMEIRA, 2005); 1806 - execução, em Lisboa, dos sinos de São Vicente e Santo Agostinho por António Alves Guerra; 1875 - a junta da Paróquia de Silves solicita ao governo o restauro do edifício; 1931 - início obras de restauração pela DGEMN, dirigidas por António do Couto, salientando-se o levantamento e assentamento do "novo telhado mouriscado" e, nos anos seguintes, o desentaipamento das capelas absidais, colocação de caixilharias e vitrais por Ricardo Leone, demolição de altares de alvenaria das capelas "que tapavam as colunas", reparação de colunas da capela-mor, apeamento de retábulos, altares, pavimentos e vigamentos madeira de Capelas laterais, incluíndo substituição de peças de cantaria de nervuras das abóbadas e colunas; 1938 - demolição retábulo do absidíolo do lado da Epístola; 1939 - já demolido o retábulo-mor *5; 1942 - nova campanha de obras de restauro pela DGEMN: arranjo da testeira do transepto, reparação de altares de talha, demolição de arrecadação junto à cabeceira, demolição da sacristia e construção de uma nova "restituindo ao transepto a sua primitiva proporção e adaptação de vão do transepto à nova sacristia; 1943 - demolição do coro ainda vísivel em fotos deste ano, assim como o órgão setecentista que se encontrava encostado ao alçado do lado do Evangelho da nave central, ao nível do coro-alto, erguendo-se à altura do tecto; o padre José Januário Cabrita solicita que algumas das tábuas apeadas do coro sejam empregues na construção de um estrado para o grupo coral da Sé, pedido este que foi recusado; na sequência destas obras, é entaipado o janelão central, sobre o pórtico principal e aberta a pequena porta do lado direito, junto ao contraforte da fachada principal; 1944, Outubro - cerimónia de sagração do altar pelo Bispo da Diocese; 1945 - desentaipamento das janelas no alçado da nave do Evangelho; já colocado entre as duas capelas deste alçado, a pintura de São José proveniente do retábulo colateral do Evangelho *1; 1950 - 1952 - continuação das obras de restauro: entaipamento de aberturas na nave, construção e assentamento de vitrais, consolidação e reparação de talhas e altares, demolição da escada de acesso ao púlpito e sua substituição, construção balaustrada de madeira teia capela-mor, reparação do arcaz; 1951, 12 Setembro - a Direcção dos Cruzados de Fátima de Silves solicita a construção de um altar de cantaria, idêntico ao do altar-mor, em honra de Nossa Senhora de Fátima, em virtude da imagem se encontrar, sem altar, assente numa coluna no canto de uma capela, no absidíolo direito, onde se encontra, em mau estado, o altar do Senhor dos Passos; 1952 - estudo e construção de dois altares laterais; 1954 - o Pároco da Sé comunica o aparecimento da cripta da Sé, localizada por processo magnético pelo padre Morais; 1955, Novembro - o Arq. Rui Couto informa que "foi transportada do Castelo de Silves, para a Igreja da Misericórdia de Beja (v. PT040205130006), a talha que havia em depósito, a fim de se proceder à construção dum altar para esta Igreja (Misericórdia de Beja); em Dezembro informa que se encontra "parcialmente montado (na Igreja da Misericórdia de Beja) o altar executado com o aproveitamento da talha transportada do castelo de Silves; a 12 de Dezembro, em resposta à solicitação de informação por parte do Director-Geral da DGEMN, datada de 03 de Dezembro, quanto ao destino dos altares retirados da Sé, o Arq. Rui Couto, informara que a talha dos mesmos, armazenada num torreão do Castelo (v. PT050813070002), foi transferida para o altar da Igreja da Misericórdia de Beja, prevendo-se aplicar a restante talha na Igreja da Luz de Lagos (v. PT05080703005) *6; 1956, 4 de Janeiro - O Cônsul de Portugal em Badajoz, Vasco Manuel de S. Alvares Barredo, solicita ao Ministro das Obras Públicas, Arantes de 0liveira, autorização para mandar "reesculpir a legenda em parte destruída" no tumulo de João do Rego, seu antepassado, "valendo-me da monografia de Júdice..."; informa que, até 1954, a legenda era perfeitamente legível e que a causa da sua degradação terá sido o facto da Capela servir de arrecadação desde essa data; 1956, 10 Setembro - o Arq. Rui Couto informa que os referidos túmulos foram desobstruídos e que a Capela foi já desocupada dos objectos da igreja que a atravancavam, tendo-se para o efeito desocupado uma dependência do Castelo de Silves para servir de armazém à totalidade dos objectos excepto "peças de um orgão e um armário"; confirma a deterioração da legenda sobre a tampa do túmulo e aprova a que a mesma seja reesculpida; 1956, 1 Dezembro - o Cônsul de Portugal, agradecendo o acolhimento que teve a sua proposta, informa que vai "em breve iniciar diligências encaminhadas a restaurar a inscripção tumular" e solicita que a capela seja entregue à sua família " para nela restaurarmos um altar e neste colocar com solenidade a imagem do Santo Condestável" companheiro e chefe do pai de João do Rego; 1957, 09 Abril - o Arq. Rui Couto informa que na capela não existe nenhum altar "podendo no entanto ser aí colocada uma mesa de altar, de preferência em pedra"; 1957, 30 de Maio - o Cônsul de Portugal informa que vai contactar "quem possa fazer o projecto do altar de pedra; mas agradeceria (...) a indicação dalgum , já existente, que possa servir de modelo"; quanto ao restauro da legenda "muito receio que dado o estado da pedra, já muito esboroada, a tampa do sepulcro tenha de ser substituída por outra exactamente igual, mas de boa pedra; ou, nesta impossibilidade, de colocar-se a esclarecê-la, nova lápide na parede sobranceira"; 1957, 2 Julho - o Arq. Rui Couto informa que podem servir de modelo para o altar da capela onde se encontra o túmulo de João Rego, os altares existentes na capela-mor e ábside e considera preferível a colocação de uma nova lápide em vez de ser restaurada a inscrição; a 2 de Setembro informa que a lápide, em pedra da região, deverá ter as dimensões 0,40 X 0,60; 1958, 08 de Fevereiro - o Cônsul de Portugal refere que as pedras do altar já se encontram na Sé, perfeitamente trabalhadas, faltando montá-las; conta inaugurar o altar, desenhado pelo próprio, no dia 28 de Maio, o mais tardar a 14 de Agosto; a imagem do Santo Condestável já se encontra em Silves; quanto à nova lápide "em breve apresentarei o desenho a colocar na parede sobranceira ao túmulo"; 1959 - os Amigos de Silves solicitam ao Ministro das Obras Públicas se proceda a escavações para descoberta da cripta sob o cruzeiro cuja existência havia sido indicada pelo Padre Morais; o pedido é aprovado ficando a aguardar inclusão no próximo plano de obras; a Câmara Municipal realiza neste ano trabalhos de pavimentação no Lg. da Sé; 1969, Fevereiro - estragos provocados pelo sismo particularmente na cobertura, abóbadas naves laterais, alçados lateral direito e principal; 1970 - o padre José dos Santos Oliveira solicita à DGEMN a execução de um altar no transepto da Sé; 1987 e 1989 - estragos devidos aos temporais, nomeadamente a queda caixilharias vãos sobre o pórtico e porta travessa; 1992 - substituição dos sinos intermédios da Torre sineira (sinos de São Vicente e Santo Agostinho) por cópias executadas pela Fundição Serafim Jerónimo & Filhos, Lda, de Braga, sendo os originais deixados no pavimento da mesma torre; 2005 - durante as fortes chuvadas deste inverno e dado o mau estado de conservação dos telhados, entra chuva no interior da igreja; Março - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2006, 2 de Fevereiro - tentativa de localização e de abertura da Cripta, sob a direcção da arqueóloga Rosa Varela Gomes; realização de um primeiro ensaio de prospecção geofísica GPR - Ground Penatration Radar, pelo Prof. José António Crispim da Faculdade de Ciências de Lisboa, na zona compreendida entre o arco triunfal e o altar-mor*7; Maio - queda parcial da cobertura interior da nave durante a homilia; Julho - a DREMS elabora relatório do estado de conservação do exterior da cobertura e estimativa de custos de reparação no valor de 38.000,00 Euros; 2009, finais de - encerramento do imóvel para obras de conservação e restauro; 2010, 19 Maio - A Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (Aga Khan Development Network AKDN) entrega ao Ministério da Cultura uma contribuição 100 mil euros para a reabilitação do tecto da Sé de Silves; 2010, 17 de Julho - cerimónia de reabertura da Sé com Eucaristia presidida pelo Bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, com bênção do altar e do ambão; 2016 - restauro das esculturas pela restauradora Ana Mascarenhas.

Dados Técnicos

Estrutura mista e autoportante

Materiais

Cantaria (grés de Silves), alvenaria, mármore, telha; madeira em portas e caixilhos; talhas e retábulos em madeira de castanho, casquinha e madeiras resinosas.

Bibliografia

AIRES - BARROS, Luís, As Rochas dos Monumentos Portugueses: tipologias e patologias, Vol. II, Lisboa, Abril, 2001; AVELLAR, Filipa Gomes do e CÔRTE-REAL, Miguel Maria Telles Moniz, As inscrições funerárias da Sé de Silves: estudo epigráfico e biográfico dos sepultados, Revista Monumentos, nº 23, Lisboa, 2005, pp. 78 - 99; BRITO, Carla Marisa do Amaral Correia de, Sé de Silves - Contributos para uma Proposta de Recuperação e Valorização Arquitectónica. Évora: Universidade de Évora, 2004 (dissertação de Mestrado em Recuperação do Património Arquitectónico e Paisagístico, texto policopiado (não consultada); CHICÓ, Mário Tavares, A Arquitectura Gótica em Portugal, Lisboa, Livros Horizonte, 1954; DGEMN, Sé Catedral de Silves, Boletim da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, n.º 80, Lisboa, 1955; DOMINGUES, José Domingos Garcia, Livro do Almoxarifado da Sé de Silves, Silves, Câmara Municipal de Silves, 1984; JÚDICE, P.P. de Mascarenhas, Atravez de Silves, I Parte, Silves, 1911; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; LAMEIRA, Francisco, A Talha no Algarve durante o Antigo Regime, Faro, Câmara Municipal de Faro, 2000; IDEM, Inventário Artístico do Algarve. A talha e a imaginária. Concelho de Silves, Faro, 2000; IDEM, Documentos para a História do Barroco no Algarve, Anais do Município de Faro - Boletim Cultural, Faro, Câmara Municipal de Faro, 2001- 2002; IDEM, A Talha da Sé de Silves, Revista Monumentos, nº 23, Lisboa, 2005, pp. 100 - 105; LOPES, João Baptista da Silva, Corografia (...) do reino do Algarve, Lisboa, 1841; IDEM, Memórias para a História Eclesiástica do Bispado do Algarve, Lisboa, Academia Real das Sciencias, 1843; MENDONÇA, Joachim Joseph Moreira de, História Universal dos Terramotos, Lisboa, Officina de António Vicente da Silva, 1758; PEREIRA, Luísa, GONÇAVES, Vera e PINHEIRO, Eulina, Fundo Arquivístico da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Silves, Revista Invenire, nº 3, Outubro 2011 (não consultado); REIS, João Vaz, Vozes da Pedra. Tumulária e Armaria da Sé Velha de Silves, Silves, Câmara Municipal de Silves, 2002; ROQUE, João Carlos Almendra, Reabilitação estrutural de paredes antigas de alvenaria (texto policopiado, dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Universidade do Minho), 2002; ROCHA, Manuela, O Estado de Conservação da talha da Sé, Revista Monumentos, nº 23, Lisboa, 2005, pp. 110 - 115; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. II, Braga, 1990; VALENTE, Teresa, Os trabalhos de manutenção, conservação e restauro da Sé Revista Monumentos, nº 23, Lisboa, 2005, pp. 106 - 109.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; IANTT: Chancelaria de D. Afonso III, Livro 3; Chancelaria de D. Manuel, Livro 10 e 24; Chancelaria de D. João III, L. 68; Corpo Cronológico, Parte I, maço 50, nº 57 e maço 56; Cartas Missivas, maço 3, doc. 93; Arquivo Paroquial da Sé de Silves: Livro de Visitações da Sé de Silves, 1638 - 1742 e 1744 - 1829, Livro Segundo da Fábrica da Igreja de Silves (1739 - 1764), Livro da Despesa da Renda do Pé de Altar que as Mesas Episcopal e Capitular devem a esta Igreja de Silves; Livro da Receita e Despesa de Nossa Senhora do Rosário (1721 - 1748).

Intervenção Realizada

DGEMN: 1931, 1933, 1934, 1935, 1938 e 1939 - levantamento e assentamento de telhados incluindo a construção e assentamento de todo o madeiramento dos telhados e a cobertura com telha apropriada; desentaipamento das capelas absidais, colocação de caixilharias e vitrais, demolição de altares de alvenaria de capelas e dos maçiços de alvenaria em que assentam os mesmos; demolição de paredes de alvenaria que entaipam janelas geminadas das capelas absidiais; reparação de colunas da capela-mor, apeamento de retábulos, altares, pavimentos e vigamentos madeira das Capelas de Santo António e dos Passos, incluindo substituição de peças de cantaria de nervuras das abóbadas e colunas; execução de portas de madeira; demolição da antiga escadaria de acesso à porta principal e reconstrução duma nova escada; entaipamento das três janelas da fachada principal com remoção da respectiva grade de varanda e entaipamento das aberturas das capelas laterais; 1940, 1942, 1943, 1944, 1945, 1946, 1947 - arranjo da testeira do transepto incluindo substituição de cantarias e lâgedos; demolição do côro e de arrecadação ao lado da capela absidial esquerda; reparação de altares de talha incluindo substituição de peças partidas; demolição e reconstrução de paredes de alvenaria; picagem e execução de rebocos e caiações; reparações dos telhados; construção da escadaria de acesso ao pórtico principal; 1948, 1949 e 1950 - demolição e reconstrução da sacristia e adaptação de dependência a instalações sanitárias; modificação do traçado da escadaria lateral direita; 1950 -1952 - obras de conclusão do projecto de restauro: arranjo instalação eléctrica; pavimentação em calçada do adro; caiações e pinturas; execução de carpintarias em pavimentos, tectos e caixilharias; reparação e remoção retábulos de talha; consolidação de talhas e altares; construção de dois altares em cantaria para as capelas laterais; execução e colocação de vitrais; reparação geral telhados; construção e assentamento grade ferro em sacada na torre; apeamento escada do púlpito; construção e assentamento balaustrada teia da capela-mor; construção colunas para suporte de imagens e de pé para a pia baptismal; reparação do arcaz com substituição peças de madeira; 1953 - Obras de conservação e restauro: reparação e pintura cabeçotes dos sinos, reparação de vitrais; reconstrução e conservação de muros de suporte; reparação e limpeza de telhados; fornecimento e assentamento de bancos para o culto, altares em casquinha e talha dourada, de acordo com os laterais existentes, nomeadamente para o altar de Nossa Senhora de Fátima e para a Capela das Almas, grades de balaústres igauis às existentes e teaias para os altares laterais; modificação do púlpito incluindo fornecimento e assentamento de coluna e base de cantaria e balaustrada e escada de madeira; pinturas e caiações; pinturas de portas, caixilhos e grades ferro; entaipamento de dois vãos; 1955 - 1957 e 1959 - instalação eléctrica; CMS: 1959 - trabalhos de pavimentação no Lg. da Sé; DGEMN: 1961 - obras de conservação: limpeza e reparação de telhados, pintura de 2 portas e reparação de uma outra; 1965 - obras de reparação e limpeza telhados; 1969 e 1970 - Obras de consolidação devido aos estragos causados pelo sismo: refazer pináculos caídos; refechamento de juntas; pinturas de vãos e caixilharias; limpeza de cantarias; picagem de rebocos aluídos nos tectos e consolidação artesões de pedra das abóbadas das naves; revisão geral da cobertura incluindo execução cintas em betão armado; rebocos e caiações exteriores; 1975 - obras de conservação e reparação de telados e caixilharias incluindo colocação de vidros partidos, reparação de portas, grades de ferro e de fenda na fachada principal, caiação defachadas e substituição de porta lateral; 1979 - obras de conservação: limpeza de gárgulas de cantaria na capela-mor; reparação telhados na capela-mor e colaterais; limpeza de telhados nas naves; construção de pavimentos de soalho de pinho nas naves; construção porta de madeira na sacristia; caiação externa; pintura de portas e caixilhos; 1980 - obras de consolidação e reparação: caiações, pintura de portas e caixilhos, reparação e limpeza de telhados, refechamento de juntas; 1983 - obras de conservação: caiações exteriores e interiores; limpeza de coberturas; construção e assentamento de arcaz de madeira para sacristia igual ao existente, em ruína; reparação porta lateral; pinturas de portas exteriores; refechamento de juntas; reconstrução de rebocos; 1984 - obras de conservação: fornecer e assentar vitrais para a rosácea princicol e de rede de protecção dos mesmos; colocação espaldar no arcaz da sacristia; 1985,1986 e 1987 - reparação e consolidação de cimalhas e tectos de madeira das naves com substituição de pedras caídas; limpeza de telhados, caleiras e gárgulas; pintura de portas exteriores; assentamento de azulejos artísticos; refechamento de juntas; 1991 - obras de revisão da cobertura e caiações interiores e exteriores; pintura de portas; DGEMN / Fábrica Igreja Paroquial: 1991 - 1992 - reparação da cobertura, recuperação de portas e janelas, caiação; execução nova bancada; recuperação de alvenarias no interior Torre sineira, substituição dos sinos rachados e arranjo do relógio; 2000 - recuperação telhados e algerozes; substituição, em virtude da queda, cobertura interior no 1º tramo nave lateral lado Epístola; CMS: 2005 - escavações e sondagens arqueológicas diante da fachada principal e lateral direita; 2006, Junho - retirada tábua do tecto da cobertura interior em risco de colapso; Direcção-Regional de Cultura do Algarve: 2009, 6 de Abril - abertura do Concurso Público, N.º 1/DRCAlg./09, para substituição das coberturas, publicado em DR, 2.ª série, n.º 67; 2009, Agosto - início das obras de substituição das coberturas, adjudicadas a A. Ludgero Castro, Lda. pela importância de 429.630,96 Eur; 2010, Julho - termine das obras; Câmara Municipal de Silves: 2016 - restauro da imaginária.

Observações

*1 - o arcosolio no alçado S. do transepto, encobre uma primitiva hoje entaipada; o retábulo da Capela das Almas teria o propósito de preencher todo o alçado fundeiro e sofreu alguns acrescentos, nomeadamente o sotobanco, os marmoreados do ático e a sua extensão através da inclusão de 4 tábuas obrigando a um rearranjo decorativo, à aplicação de enrolamento com folhagem e à deslocação do escudo (primitivamente remate das arquivoltas) para o centro do ático (ROCHA 2005); segundo Francisco Lameira o retábulo do Senhor Jesus é de construção ligeiramente anterior à do retábulo-mor, com risco atribuível a Francisco Xavier Fabri e feitura ao mestre entalhador José da Costa, sedeado em Faro (LAMEIRA, 2005); as pinturas que se encontram no alçado do Evangelho, provêm dos retábulos colaterais da capela-mor que terão sido apeados aquando da demolição do retábulo-mor; Francisco Lameira (LAMEIRA, 2005) considera erroneamente que o local de origem dos mesmos seria nas naves laterais, fronteiros, entre as capelas laterais; *2 - São diversas as opiniões sobre a fundação da Sé de Silves, baseadas em diferentes interpretações das fontes documentais existentes; defendem uns ter D.Sancho I após a conquista da cidade mandado purificar a antiga mesquita, cuja existência no local parece comprovada pela cisterna islâmica (v. PT050813070012) à qual estaria associada (GAMITO, 2005); a mesquita teria sido construída sobre um templo romano ou visigótico, de que poderão ser testemunho os vestígios arqueológicos existentes; outros autores, com base em Duarte Nunes de Leão, atribuem a edificação da Catedral a Afonso, o Sábio, de Castela, durante o domínio que exerceu no Algarve, terminado com o acordo de 1267; *3 - tratava-se de um grande órgão, de influência alemã e talha joanina, de planta rectangular, constituído por três castelos, o central proeminente e disposto em meia cana, sendo os laterais dispostos em ângulo, com gelosias de acantos vazados, em cortina, que, nos laterais, se repetem na base; rematam em cornija sobrepujada, ao centro, por bolbo de enrolamentos e cartela envolvida por acantos, surgindo, sobre os castelos laterais, "putti" de vulto; os nichos são flanqueados por pilastras e rematam em folhagem de acanto vazada, elementos que se repetem nas ilhargas, formando orelhas; consola formada por apainelados, com janela central, ladeada pelos botões dos registos e por painéis em arco de volta perfeita, sobrepujados por folhagem; *4 -; os retábulos colaterais das naves laterais da Sé foram transferidos para a Ermida de Nossa Senhora dos Mártires (v. PT050813070007); *5 o retábulo-mor era de planta convexa, de eixo único, com nicho central com trono, enquadrado por dois pares de colunas compósitas e par de pilastras nos extremos, sotobanco, tribuna central interrompendo o remate em entablamento e tribuna central, ático em frontão curvo com cartela ladeada por dois anjos e com urnas nas ilhargas; *6 - Francisco Lameira (LAMEIRA, 2005), considera que a talha transferida para a Igreja da Misericórdia de Beja (v. PT040205130006) era a proveniente da Capela do Santíssimo Sacramento; todavia fotografias do retábulo desta capela, de 1938, antes do seu apeamento, mostram uma estrutura retabular diversa da que se encontra em Beja, sendo apenas reconhecíveis, eventualmente como provenientes de Silves, alguns elementos do 2º registo do retábulo do Santíssimo, aplicados em Beja ao nível do banco e sotobanco; quanto à transferência de talha de Silves para o retábulo-mor da Igreja da Luz de Lagos (v. PT050807030005), é considerada pouco provável por Lameira dado o retábulo-mor se adaptar "com perfeição ao local onde se insere"; uma análise atenta deste último evidencia todavia que ali foi adaptado, não parecendo projectado de raiz para aquele espaço; fotografias de 1942 mostram o retábulo algarvio já colocado na capela-mor, sem sotobanco, pelo que a ter vindo da Sé de Silves terá aí sido colocado em data anterior a 1955; *7 - presumívelmente localizada sob o arco triunfal, pressupondo-se a entrada sob a lage rectangular junto ao pilar esquerdo do mesmo que foi levantada: sob esta jazia camada de terra solta à mistura com fragmentos de pedra e alguns ossos de pequenas dimensões, concluindo-se que o local fora já intervencionado, provavelmente aquando das obras realizadas pela DGEMN a partir de 1931; o ensaio GPR confirmou todavia a existência de um espaço vazio na zona (cfr. Relatório "Tentativa de localização e abertura da Cripta", DGEMN).

Autor e Data

João Neto 1991 / Rosário Gordalina 2005/ Filipa Avellar 2006

Actualização

Rosário Gordalina 2005
 
 
 
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