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Conjunto arquitetónico Edifício e estrutura Militar Castelo / Forte
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Descrição
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Perifericamente o castelo é envolvido por dupla cintura de muralhas concêntricas de planta poligonal, estrelada, irregular, de que existem vários troços, e entre as quais, a NO. e a SO. se localizam dois revelins; ao centro, a muralha do castelejo é de planta trapezoidal irregular, percorrida por adarve, coroada de merlões e provida de cubelos e torreões, alguns sem remate e cobertos por terraço; o paramento mais extenso, voltado a N., tem a fachada marcada por dois cubelos centrais e outros dois que integram os cunhais, todos semi-cilindricos, e um torreão quadrangular saliente a NO. A fachada virada a O. possui uma porta protegida por dois torreões quadrangulares. A fachada S. é interrompida sensivelmente a meio pela frontaria da Igreja de Nossa Senhora da Purificação, havendo à esq. duas torres avançadas e à dir., junto ao cunhal SE. outro torreão que emparelha com uma torre sineira rematada por coruchéu, ambas quadrangulares, entre as quais se abre uma porta em arco pleno, levemente apontado, encimada por pedra de armas, que dá acesso ao interior do recinto. Na praça de armas, a SO., adossada à cabeceira da igreja, a torre de menagem, quadrangular, superiormente truncada e coberta por terraço, ligada à muralha e ao torreão O. por um pano de muro; a E., depósitos de água; adossado ao paramento N. da muralha as ruínas da Casa do Governador. Sobre a porta da torre uma lápide epigrafada e armoriada. |
Acessos
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Rua Frei António das Chagas |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 41 191, DG, 1.ª série, n.º 162 de 18 julho 1957 |
Enquadramento
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Urbano, destacado. Coroando o cabeço onde se fundou a antiga vila, estendendo-se para E e S. o casario sobranceiro. A O. magnífica vista para a Barragem do Alqueva que o margina, e para Reguengos de Monsaraz, na margem oposta da mesma. A E. existe um terreiro, utilizado como estacionamento automóvel, e a S. o Lg. da Igreja Matriz, ajardinado e com parque automóvel. Integra a cortina S. da barbacã a fachada principal da Igreja de Nossa Senhora da Purificação, que se desenvolve intramuros.. |
Descrição Complementar
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A nível epigráfico destacam-se: a gravação, fora da mancha do texto e na margem esquerda da 2ª linha, da abreviatura "Dº" (=domingo) acrescentada à inscrição, mas como o dia 1 de Março de 1343 coincidiu num sábado e não num domingo este acrescento é inexplicável; o prolongamento de cinco linhas do texto para a lápide do lado direito ocupando o campo destinado exclusivamente à representação heráldica, indicia paginação deficiente e que o escudo já se encontrava esculpido quando aquelas foram gravadas. INSCRIÇÕES: 1. (CEMP nº 604) Inscrição comemorativa do início da construção do castelo gravada na metade esquerda de uma lápide com moldura dupla em ressalto que a divide ao meio; do lado direito as armas de Portugal antigo com a particularidade da bordadura do castelo ser rectangular acompanhando a forma da moldura e nos cantos inferiores a ladear o escudo um sol, à dir., e um crescente, à esq., humanizados; mármore; Tipo de Letra: Inicial capitular carolino-gótica; Leitura: ERA DE MIL CCC OITENTA E I ANOS(= ano 1343) PRIMO DIA DE MARÇO DOM AFONSO O QUARTO REI DE PORTUGAL MANDOU COMEÇAR E FAZER ESTE CASTELO DE MOURÃO E O MESTRE QUE O FAZIA HAVIA NOME JOÃO AFONSO QUAL REI FOI FILHO DO MUI NOBRE REI DOM DENIS E DA RAINHA DONA ISABEL AOS QUAIS DEUS PERDOE O QUAL REI É CASADO COM A RAINHA DONA BEATRIZ E HAVIA POR FILHO HERDEIRO O INFANTE DOM PEDRO. |
Utilização Inicial
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Militar: castelo / forte |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: monumento |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 14 / 15 / 16 / 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Mestres de obras: João Afonso (sec. 14), Diogo e Francisco de Arruda. Arquitectos: Nicolau de Langres e Pierre de Saint-Colombe. |
Cronologia
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1226 - D. Gonçalo Viegas, prior da Ordem do Hospital, concede primeira carta de foral à vila de Mourão; 1285-1288 - D. Sancho IV de Castela doa o senhorio da vila de Mourão a D. Teresa Gil de Riba de Vizela, sua barregã; 1297, 12 Set. - Assinatura do Tratado de Alcanices entre Portugal e Castela delimita e fixa a fronteira entre os dois reinos; 1298, 15 Jul. - D. Dinis confirma, depois do Tratado de Alcanices, a posse da vila, com seus direitos e termos, a D. Teresa Gil de Riba de Vizela; 1307 - Morre D. Teresa Gil; 1313 - D. Dinis faz doação da vila de Mourão a D. Raimundo de Cardona e sua mulher D. Beatriz com a condição de não fazerem aí nenhuma fortaleza; 1317, 19 Ab. - por dificuldades financeiras D. Raimundo leiloa a vila que é comprada pelo mercador Martim Silvestre, de Monsaraz, por 11.000 libras; 1317, 15 Maio - Diploma de D. Dinis ordena a Martim Silvestre que lhe venda a vila de Mourão, por ser vila de fonteira e fazer parte do seu senhorio, pelo mesmo valor com que a comprou; 1343 - Construção do castelo pelo mestre de obras João Afonso, a mandado de D. Afonso IV como testemunha a inscrição nº 1; 1498 / 1541 - Campanhas de reconstrução nas quais intervieram Diogo e Francisco de Arruda; 1509 / 1510 - Os desenhos de Duarte de Armas registam um castelejo de planta irregular aproximada a um trapézio, ameiado e com adarve, do qual se salientam 6 torres coroadas de merlões, incluindo a de menagem, e outra a E. coberta por telhado de 4 águas e provida de chaminé; dos lados O. e S. o muro do castelejo era envolvido por uma "barreira" (barbacã) acompanhando as saliências dos corpos das torres, percorrida por adarve e coroada por merlões com seteiras e uma "porta falsa" aberta a S.; a barbacã era rodeada por uma "cava (...) talhada ao picão em penedo" (fosso), e ligada ao "muro da vila" a SE.. e a NO.; a meio da fachada S. do castelejo uma torre rectangular e outra torre em L adossada ao cunhal SE.; junto ao cunhal SO. uma torre em losango, abobadada, e outra em L envolvendo o cunhal oposto; a centrar a fachada N. torre quadrangular ligada a uma estrutura murária baixa onde se abria uma porta em arco pleno que dava passagem ao interior do castelejo, junto da Torre de Menagem, quadrangular, abobadada, com duas janelas quadrangulares na fachada O. e o que se assemelha a uma edícula ou a uma pedra de armas do lado oposto, e o piso superior escalonado com dois pequenos corpos adossados a E. e a O., cada um com sua janela quadrangular, e coberto por telhado remates de merlões piramidais elevando-se no topo uma chaminé; no interior do recinto muralhado um pátio com cisterna e a alcáçova composta, para além da Torre de Menagem, por dependências térreas e de pisos "sobradadas", algumas com chaminé e pelo menos duas elevadas em torre, uma coberta de telhado e outra ameiada, e uma capela fortificada adossada à Torre de Menagem, rodeando outro pátio; extramuros a vila estendia-se para E., com casas térreas, destacando-se uma igreja de planta longitudinal e volumetria escalonada com uma porta lateral em arco pleno, e uma torre baixa com janela de arco pleno, gradeada, e cobertura de telhado de 4 águas, junto à muralha da barbacã; do lado O., isolada, uma capela com porta lateral e frestas e o monte da forca; ao longe, avistam-se as vilas de Monsaraz e de Vila Nova da Barca Rota; 1510, 25 Fev. - Carta de Nuno Velho ao rei sobre o estado das obras dos castelos de Moura e Mourão, empreitada entregue ao mestre pedreiro Francisco de Arruda 1641, 20 Fev. - Despacho do Príncipe Regente D. Pedro II para edificação da Igreja de Nossa Senhora da Purificação, sendo Bispo Governador de Armas da Província do Alentejo, o General D. Dinis de Melo e Castro; 1658 - Construção da cintura fortificada do sistema Vauban por Nicolau de Langres e Pierre de Saint-Colombe; 1950, 22 Ab. - Escritura de doação da parte urbana do prédio designado Castelo de Mourão ao município por parte do seu proprietário Marcos Lopes de Vasconcelos Rosado; 1977, 21 Jun. - Escritura de doação ao Município, pelo mesmo proprietário, da parte rústica do prédio designado "Castelo de Mourão"; 2019, 24 março - raio atinge torre do castelo, deixando-a em risco de ruir. |
Dados Técnicos
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Estruturas autoportantes |
Materiais
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Cantarias e silharias de calcário, alvenaria mistas e de xisto com e sem reboco. |
Bibliografia
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ALMEIDA, João de, Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Vol.3, Lisboa, 1948; BARROCA, Mário Jorge, Epigrafia Medieval Portuguesa (862-1422), vol. II, Porto, 2000, pp.1645-1650; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal-Distrito de Évora, Vol. 19, Lisboa, 1978; MATOS, Gastão de Melo de, Nicolau de Langres e a sua obra em Portugal, Lisboa, 1958; VITERBO, Francisco Marques de Sousa, Diccionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses, vol. I, Lisboa, 1988, 2ª ed., fac-similada, p. 4, |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID; IAN/TT, Gaveta 20, maço 4, doc. 14 (publ. VITERBO) |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1937 / 1941 - Apeamento e reconstrução de paredes da muralha Norte e Sul, que ameaçam ruina; consolidação geral das muralhas, adarves e torres voltadas a Nascente e enchimento com alvenaria argamassada; arranjo e regularização geral das escadas da torre, muralhas e cisterna; demolição de vãos entaipados; 1969 - Demolição de construções que obstruiam as muralhas junto à igreja; 1970 - Reparação da muralha no troço junto à igreja: demolição de alvenarias de tijolo de antigas construções encastradas na muralha; construção de alvenaria hidráulica em panos de muralha para consolidação dos mesmos e para tapar rombos; assentamento de silhares de cantaria rija da região em cunhais de uma das torres da entrada do castelo; reparação dos panos de muralha no local em que foram demolidas construções que os obstruiam; 1972 - Consolidação de troços de muralha em mau estado e nas "zonas viradas para a E.N., por onde passam bastantes turistas que entram pela fronteira de São Leonardo": apeamento de panos de muralha em estado de ruína, construção de alvebnaria hidráulica em elevação para tapamento de rombos, assentamento de silhares de cantaria na entrada e torre junto à mesma, alvenaria hidráulica em cortinas e merlões, limpeza e reparação de panos de muralha e refechamento de juntas, consolidação de um cunhal da torre de menagem; 1973 - Continuação dos trabalhos de consolidação: reparação, limpeza e refechamento de juntas de panos de muralha, construção de alvenaria em elevação para tapamento de rombos, assentamento de silhares de cantaria nas torres da entrada, demolição de alvenaria de tijolo que prejudica um pano de muralha; 1974 - Assentamento de cantarias da região em cunhais e silhares, construçaõ de alvenaria hidráulica em cortinas para resguardo dos adarves e para consolidação e tapamento de rombos, reparação de panos de muralha, arranque de ervas e refechamento de juntas; 1976 / 1977 - Reconstrução de um troço do baluarte: apeamento de alvenarias desligadas e construção de alvenaria hidráulica em elevação em panos de muralha com pedra rija da região argamassada de cimento e areia; 1981 - Consolidação de troços de muralha do lado Poente: tapamento de rombos com alvenaria hidráulica silhares de cantaria da região para consolidar uma torre, consolidação de um cunhal com alvenaria e gatos de betão armado, consolidação de fendas em panos da muralha com gatos de betão armado e reconstrução de alvenarias, limpeza e refechamento de juntas de pedra com argamassa de cimento e areia; 1982 - Consolidação de troços de muralah a Nascente e a Sul: construção de alvenaria hidráulica para tapamento de rombos e consolidação de cortinas de muralha, assentamento de silhares de cantaria da região em cunhais de uma torre e reparação, limpeza e refechamento de juntas na fachada Nascente; 1989 - Recuperação de panos de muralha que ruiram: apeamento de alvenaria e construção de alvenaria de pedra, reparação dos panos de muralha, arranque de ervas e refechamento de juntas. |
Observações
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Autor e Data
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Manuel Branco e Castro Nunes 1994 / Filipa Avellar e Lina Oliveira 2005 |
Actualização
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Rosário Gordalina 2005 |
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