Palácio Ulrich

IPA.00011847
Portugal, Lisboa, Lisboa, Campo de Ourique
 
Arquitectura residencial, romântica revivalista. Palacete de planta rectangular compacta com interior dominado por escadaria monumental não só enquanto principal elemento de aparato mas também de organização e distribuição da compartimentação interna. Como refere Salete Salvado, os portões do logradouro, a fachada do edifício e a garagem constituem um conjunto elegante e francamente qualitativo
Número IPA Antigo: PT031106300703
 
Registo visualizado 3434 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta quadrangular

Descrição

Planta rectangular, volumetria paralelepipédica, cobertura efectuada por telhado a 4 águas em mansarda, e em clarabóia. Com panos de muro em reboco pintado, socos e cunhais de cantaria de aparelho fendido, composto por 5 pisos (um correspondente a uma pequena cave, subjacente ao lado NO. da edificação, e 2 ao nível da cobertura, um deles equivalente ao sótão), marcados pela abertura de vãos de verga recta com emolduramento de cantaria, a ritmo regular. Alçado principal a NO., composto por 3 corpos dos quais se demarca o axial, ligeiramente avançado em planta e de maior cuidado no seu tratamento: este, separado por cunhais de cantaria, exibe piso térreo rasgado ao centro por portal inscrito em arco de volta perfeita, ladeado por 2 janelas de peito estreitas delimitadas por pilastras de fuste canelado e capitéis coríntios, sendo o conjunto superiormente articulado por meio de cornija. Ao nível do andar nobre, dupla janela de sacada de verga recta , com ombreiras de fuste canelado (análogas às do piso térreo) servida por varanda de base de perfil contracurvado em cantaria suportada por mísulas e guarda em ferro forjado. Nos corpos laterais, idênticos, pisos animados pela abertura de janelas de peito com avental em placagem de cantaria. O alçado apresenta como elemento unificador a presença de 3 registos de frisos de cantaria a delimitar os pisos, que se prolongam a toda a fachada. O alçado é superiormente rematado por cornija continuada acima da qual se eleva platibanda em muro, interrompida, ao nível do corpo axial, por balaustrada em cantaria. Na cobertura, distinguem-se lucarnas ovais rematadas por áticas. Reconhecem-se ainda 2 outros acessos, um directamente conducente à cozinha e no alçado lateral NE. e outro, no alçado posterior e articulado com pequeno jardim de planta triangular com latada e fonte ao centro. INTERIOR: destaca-se como principal elemento de distribuição, o vestíbulo, marcado por 2 níveis, articulados entre si por meio de 2 lanços rectos de escadas , podendo reconhecer-se uma 1ª zona, de planta rectangular e tecto plano com estuques e uma 2ª área, num plano sobrelevado, correspondente a caixa de escadaria monumental de lanço recto inicial e patamar (articulado com fonte) com troços divergentes, conducentes ao andar nobre e iluminados por grande clarabóia. Com o piso térreo desenvolvido ao nível da zona sobrelevada do vestíbulo, neste distribuem-se compartimentos ao longo dos alçados laterais SO. e NE., de modo sensivelmente simétrico e articulados com corredores no sentido NO. - SE.. No 1º andar, a escadaria articula-se com galeria ritmada por guarda em balaustrada de madeira e colunas, coincidente com corredor de circulação. Nesse piso denota-se compartimentação de planta rectangular contígua aos alçados e sempre directamente comunicante entre si ao longo dos alçados SE., SO. e NO.. O 2º andar, já ao nível da cobertura - e ao qual se acede através de escada de serviço em caracol, nas proximidades da principal, e também servida por clarabóia - exibe galeria que se articula com portas dos 4 lados. Em termos de utilização, verifica-se que o piso térreo congregava a zona de serviços, o andar nobre, o espaço de natureza social (*1), o 2º piso, zona de quartos e finalmente, o sótão, destinado a arrumações.(*2).

Acessos

Rua Silva Carvalho, n.º 236 - 242. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,723059, long.: -9,160005

Protecção

Enquadramento

Urbano, em zona de meia-encosta, destacada, com frente desenvolvida ao longo do eixo viário, com que se articula. Isolada por muros, que integram 2 portões gradeados, delimitados por pilastras de cantaria em silharia fendida superiormente rematados por pináculos, directamente conducentes a logradouro e jardim no lado posterior. Em posição froteira ao Palácio dos Condes de Anadia (v. PT031106300702) e nas proximidades do complexo comercial das Amoreiras e da EPAL.

Descrição Complementar

Merece atenção o programa decorativo do edifício, pautado por uma grande diversidade de opções plásticas, especialmente na zona do andar nobre e da caixa da escadaria, esta dominada pela pintura de marmoreados nos tons vermelho e negro, ao gosto neopompeiano. No andar nobre, zona social por excelência, destacam-se os 3 compartimentos contíguos ao alçado principal, bem como a sala de baile (extensiva a todo o alçado lateral SO.) com aplicação de espelhos e papel impresso francês com cenas alusivas à mitologia clássica, designadamente, Eros e Psiché, nas paredes. Alguns dos compartimentos ostentam ainda fogões de aparato.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Política e administrativa: departamento municipal / Política e administrativa: sede de fundação

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1894 - o palacete é mandado construir por Joaquim Augusto Ponces de Carvalho, 1º e único conde de Vilar Seco (1847 - 1917), como residência lisboeta (apesar de possuir uma outra casa na Rua de Santo Antão, bem como um outro palácio em Vilar Seco, Beira Alta), para si e sua esposa, D. Ana Maria Juliana de Morais Sarmento (filha do 1º visconde da Torre de Moncorvo e já viúva do 4º conde da Anadia, José Maria de Sá Pereira Meneses Pais do Amaral de Almeida e Vasconcelos Quifel Barberino); não tendo havido descendência deste casamento do conde de Vilar Seco, o imóvel fica na posse da casa Anadia; 1913 - o edifício é propriedade de D. Maria da Luz Biester Barros de Lima, condessa de Alferrarede e viúva do 5º conde de Anadia, Manuel Pais de Sá do Amaral Pereira e Meneses Quífel Barberino; 1920 - o palácio, que se encontrava devoluto, é arrendado pelo Dr. Rui Ulrich para sua residência e de sua esposa D. Genoveva de Lima Mayer (cujo nome literário será Veva de Lima); 1920 - 1922 - campanha de obras de enriquecimento e embelezamento interior (no contexto da qual se destaca a aplicação de papel de parede francês impresso com cenas mitológicas no Salão de Baile), realizada a expensas dos inquilinos, os quais ao longo dos anos imediatos insistentemente solicitam obras de beneficiação exteriores à proprietária do imóvel; 1946 - Rui Ulrich obtém a necessária autorização municipal para efectuar obras de alteração da compartimentação interna no lado sudoeste do 1º andar; 1961 - era proprietária do palácio D. Maria da Assunção de Sá Pais do Amaral de Sousa Holstein; 1980 - aquisição do edifício pela Câmara Municipal de Lisboa a Miguel Pais do Amaral, proprietário do fronteiro Palácio dos Condes da Anadia, procedendo-se a grande campanha de obras de beneficiação e adaptação a novas funções; 1985 - constituição da Associação Casa Veva de Lima; c. 1993 - instalação no palácio do Grupo de Trabalho Permanente do Departamento de Património Cultural da Câmara Municipal de Lisboa.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira, vidro, azulejos, papel (de parede), tecido.

Bibliografia

ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol. III, Lisboa, s.d.; GOMES, Alexandra Reis, A Casa Veva de Lima - um projecto cultural, in Lisboa - Revista Municipal, n.º 26, 1988, pp. 61-72; SALVADO, Salete, Ulrich, Palácio, in SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir. de), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de Obras, Proc.º nº 3049 - processo de obra requisitado pelos serviços de fiscalização da CML

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1946 - obra na ala S.; 1980 - substituição da cobertura, pintura de paramentos, renovação da rede eléctrica.

Observações

*1 - apesar do 1º andar se afirmar como a zona social por excelência, é de notar que o quarto da poetisa Veva de Lima se localizava no extremo E. deste piso. *2 - apesar de se ter já realizado visita ao interior, aguarda-se autorização para fotografar o mesmo

Autor e Data

Teresa Vale, Maria Ferreira e Sandra Costa 2001

Actualização

 
 
 
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