Edifício, Igreja e Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Vila Viçosa / Igreja do Espírito Santo
| IPA.00011631 |
Portugal, Évora, Vila Viçosa, Nossa Senhora da Conceição e São Bartolomeu |
|
Arquitectura religiosa, maneirista, barroca e tardo-barroca. Igreja de Misericórdia de planta longitudinal composta por nave e capela-mor, interiormente cobertas com abóbada de cruzaria de ogivas, de dois tramos e falsa abóbada de berço, respectivamente, com antigas dependências e hospital desenvolvido junto à fachada lateral esquerda e posterior, à volta de pátio central quadrangular. Fachada principal da igreja terminada em empena, de friso e cornija em massa, coroada lateralmente por sineira, rasgada por portal de verga recta ladeado por duas colunas estriadas, de terço inferior marcado, sustentando friso de ordem jónica, inscrito, e frontão triangular, encimado por janela, sobrepujada por cornija contracurvada, e a do edifício do hospital de dois pisos, terminada em cornija de massa e beiral, alteada e curva ao centro, rasgada no primeiro por portas e janelas de peitoril, rectilíneas, dispostas em ritmo irregular, e, no segundo, por quatro janelas de peitoril e, ao centro, uma de sacada, de verga abatida, chave saliente, brincos laterais, encimada por cornija contracurvada e com guarda em ferro. No interior, a nave tem as paredes revestidas a azulejos de padrão, de massaroca de pintinhas, e a capela-mor silhar de brutescos e "ferroneries", maneiristas, coro-alto assente em colunas e arquitrave de cantaria, púlpito quinhentista igualmente de cantaria acedido por portal, no lado do Evangelho, retábulo lateral do Evangelho em barroco joanino, de talha dourada, planta convexa e três eixos, o antigo retábulo das Almas tardo-barroco, em mármore branco e azul de planta recta e um eixo e o da antiga Capela de Nossa Senhora do Rosário e retábulo-mor em barroco nacional, ambos em talha dourada, de planta recta, corpo côncavo e um eixo. A sacristia das Almas é revestida a azulejos alusivos ao orago, atribuídos à oficina de Policarpo de Oliveira Bernardes, e possui pinturas murais no corredor de acesso datadas da década de 1740. O edifício do hospital desenvolve-se à volta de pátio central, com fachadas de dois pisos, tendo duas alas arcadas em ambos os pisos, e as duas outras rasgadas a ritmos irregulares, conservando no piso térreo dependências com abóbada de cruzaria de ogivas e na ala N. a antiga capela dos enfermos, com portal abatido encimado por cornija de perfil curvo de influencia borromínica e, no segundo, acedido por duas escadas, ampla cozinha, enfermaria com retábulo de mármore policromo rococó e, no corpo virado à fachada principal, antiga enfermaria dos nobres envergonhados, com silhar de azulejos de figura avulsa, do 2º quartel do séc. 18, retábulo de talha policroma e sanefas tardo-barrocas. Inicialmente instalada numa capela do antigo hospital do Espírito Santo que já existia na vila, a Irmandade da Misericórdia de Vila Viçosa rapidamente se dedicou à aquisição e permuta de propriedades para poder construir a sua igreja e ampliar o hospital, ao ponde de constituir amplo quarteirão na malha urbana, actualmente incompleto. A primitiva igreja, segundo documentos de 1609, integrava-se na tipologia das Misericórdias com nave rasgada por tribuna, comunicando com a Sala do Despacho, onde se reunia a Confraria e por onde se acedia à sacristia, a qual foi apeada ou fechada em data ainda não definida. Exteriormente, a fachada principal revela uma reforma da 2ª metade do séc. 18, na janela sobre o portal da igreja e no esquema do remate e vãos do edifício do hospital, período em que também se construiu a torre sineira, reformulou o pátio, a respectiva capela dos enfermos e outros espaços do hospital. No interior da igreja, o púlpito, acedido por porta com escada estreita rasgada no interior da caixa murária, assenta em três consolas, de faces exteriores e interiores com inscrições latinas, datadas de 1568, possuindo ainda inscrições na verga sobre a porta e na bacia, todas elas de invocação Mariana. No séc. 18, foi deslocado do local original para o 1º tramo da nave, a fim de se construir a capela de Nossa Senhora do Loreto, fazendo com que a inscrição exterior de uma das consolas ficasse parcialmente tapada e se alterasse sensivelmente o esquema do padrão dos azulejos daquele tramo. Todos os tramos integram superiormente painel de azulejos policromos com representação do Santíssimo numa custódia. A capela de Nossa Senhora do Loreto, possuindo já alguns elementos rocaille, tem a estrutura revestida a talha dourada, com a cornija sobreposta por cartela contendo invulgar alegoria à Virgem e ao Menino como principais protectores da Igreja, e alberga retábulo com os eixos definidos por quarteirões com atlantes de vulto sustentando açafates e vários símbolos Marianos integrados na decoração da capela. O retábulo das Almas, actualmente sem o painel pintado alusivo ao orago, é de influência borromínica, apresenta o remate do ático tapado pelo arco da capela e conserva o frontal de altar em talha de estilo nacional com acantos bastante relevados. A capela do Santíssimo Sacramento, a única profunda, conserva apenas da antiga decoração a sanefa em talha com representação da Adoração do Santíssimo sobre o arco; o vão entaipado no lado da Epístola, com moldura recortada, corresponderá provavelmente a uma antiga porta exterior de acesso, que foi entaipada com a construção da torre sineira. Na Capela de Nossa Senhora do Rosário evidencia a introdução de uma arquivolta assente em pilastras de diferente tratamento plástico, com inscrição na arquivolta da capela apontando para o culto à Virgem da Natividade, e cartela de anjos com cruz constituindo fragmentos de talha reaproveitados. As paredes da capela-mor evidenciam algumas reformas, visto surgir um primeiro silhar de azulejos de padrão policromo reaproveitados encimado por um outro de grutescos, truncado, e com azulejos com os mesmos motivos também reaproveitados no espelho da escada de acesso à tribuna do retábulo-mor. Este, apresenta o corpo parcialmente suspenso, devido ao apeamento do banco e tendo o altar, sacrário e estrutura de apainelados de acantos envolventes constituída por reaproveitamentos de talha barroca. A sacristia da Capela das Almas é revestida a azulejos de composição figurativa alusiva ao orago, da 2ª metade do séc. 18, integrando-se no chamado Ciclo dos Mestres joaninos, possuindo já misturados elementos rococós, tal como acontece com as pinturas murais do corredor de acesso. A actual Sala do Despacho correspondia à antiga enfermaria dos pobres envergonhados, reformada no segundo quartel do séc. 18, denunciando a porta lateral a E. o prolongamento das instalações hospitalares para aquele lado. As sanefas em talha policroma sobre os vãos da sala são tardo-barrocas, tal como o corpo central do retábulo, mas os corpos laterais do mesmo são já posteriores, possivelmente do séc. 20, tal como os nichos rasgados, intercalados por capitéis de inspiração coríntia recentes. De realçar ainda a mesa circular da Confraria, com escalfeta, envolvida por cadeiral de três cadeiras, de esteira em couro gravado, tipicamente portuguesas do séc. 17. No retábulo da enfermaria destaca-se o volume dos acantos no banco e na cozinha o reaproveitamento de azulejos de diferente padrão maneiristas. |
|
Número IPA Antigo: PT040714050019 |
|
Registo visualizado 4334 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Edifício e estrutura Edifício Religioso Edifício de Confraria / Irmandade Edifício, igreja e hospital Misericórdia
|
Descrição
|
Planta trapezoidal com igreja longitudinal, composta por nave única e capela-mor, tendo adossado à fachada lateral direita, integrada a meio da nave, torre sineira quadrada e vários corpos rectangulares, à lateral esquerda corpo rectangular perpendicular, com duas sacristias, casa do despacho e outras dependências da Irmandade, desenvolvendo-se posteriormente os corpos do antigo hospital à volta de pátio quadrado. Volumes articulados e escalonados com massas de disposição horizontalizante, e coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja e hospital, de uma água nos anexos e cúpula bolbosa na torre. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com cunhais e friso superior da fachada principal e faixas pintado de azul, terminando em cornija e beiral. Fachada principal virada a N., com igreja terminada em empena, de friso e cornija de massa, coroada por cruz latina de cantaria; é rasgada por portal de ordem jónica, em mármore, de verga recta, ladeado por duas colunas estriadas, de terço inferior marcado, assentes em plintos paralelepipédicos, de almofadas côncavas, sustentando friso decorado de métodas e triglífos, tendo ao centro a inscrição em três regras: "ESTA IGREIA HE DA MIZERICORDIA", e frontão triangular, tendo no tímpano cartela circular; sobre o portal, surge janela rectangular de verga abatida, com moldura em cantaria e fecho relevado com florão, gradeada, encimada por friso e cornija do mesmo perfil, sobrepujado por elemento decorativo em estuque, com florão em cartela circular e gotas. Recuada relativamente à igreja, desenvolve-se à esquerda a fachada do antigo edifício do hospital, de dois pisos, terminada em friso e cornija de estuque, alteada e curva ao centro, sobreposta por beiral, e rasgada por vãos rectilíneos com molduras simples de cantaria; no primeiro piso abrem-se quatro portas e quatro janelas de peitoril, dispostas em ritmo irregular, e, no segundo, quatro janelas de peitoril e, ao centro, uma de sacada, com verga abatida, de chave saliente, com pequenos brincos laterais, encimada por cornija contracurvada igualmente com chave saliente, e guarda em ferro de motivos vegetalistas. Fachada lateral direita marcada pela volumetria dos vários corpos adossados, terminados em cornija e beiral ou apenas pelo beiral, de telha de canudo. Torre sineira de paredes rebocadas e pintadas, com cunhais em cantaria, de dois registos separados por friso, abrindo-se no primeiro, virada a O., porta de verga recta moldurada a cantaria sobreposta por duas pequenas frestas, também molduradas, e, no segundo, em cada uma das faces, sineira em arco de volta perfeita, sobre pilastras, albergando três sinos, um deles inscrito com "IHS. 1717"; termina em cornija e coruchéu em campânula, decorado com elementos circulares relevados em almofadas e coroado por catavento. Entre a torre e o contraforte do extremo da nave, com a metade inferior em cantaria, dispõem-se os volumes das capelas laterais, a do Sacramento com janela virada a S., gradeada; seguem-lhe dois pequenos volumes rectangulares, adossados à capela-mor, um com janela moldurada virada a O.. Em plano recuado, desenvolve-se a actual fachada principal do hospital, de dois pisos, separados por faixa pintada de azul, rasgada no primeiro piso por três portas, a central mais larga, intercaladas por três janelas, rectilíneas, e no segundo por cinco janelas de peitoril, de verga abatida, e moldura fina, e pequenos óculos circulares junto à faixa pintada. INTERIOR da igreja com nave coberta por falsa abóbada de estuque em cruzaria de ogivas, de dois tramos, com bocetes circulares pintados, o central do segundo tramo com a pomba do Espírito Santo, assente em pilastras adossadas. Apresenta as paredes integralmente revestidas a azulejos "tipo tapete", com padrão 2 x 2 em "massaroca de pintinhas" (P-102) com cercadura C-1 e friso F-13, dividido em dois registos por cercadura C-78 e friso F-13, os quais envolvem ainda os registos figurativos policromos com representação do Santíssimo numa custódia que surgem a meio de cada um dos panos da nave. Coro-alto suportado por três arcos em cantaria, o central maior e em asa de cesto e os laterais de volta perfeita, assentes em quatro colunas toscanas e entablamentos, os centrais decorados com almofadas circulares e em losango; acedido por porta de verga recta no lado do Evangelho, possui guarda em balaústres e acrotérios de cantaria, e, no lado da Epístola, órgão de armário; no sub-coro, coberto por três abóbadas de berço independentes, pintadas com cartelas circulares policromas, flanqueia o portal duas pias de água-benta circulares encimadas por nichos semicirculares, apresentando o arco central guarda-vento em madeira e vidro. Do lado do Evangelho ainda no primeiro pano, rasga-se porta de verga recta, moldurada, de acesso à Sacristia das Almas. No segundo tramo, dispõe-se o púlpito em cantaria, de bacia rectangular sobre três consolas volutadas, com o lintel e as faces exteriores e interiores destas apresentando inscrições latinas, e com guarda em balaustrada, sendo acedido por porta de verga recta, encimada por friso inscrito e cornija, a partir de escada desenvolvida no interior da caixa muraria. Segue-se a capela de Nossa Senhora do Loreto, com retábulo de talha dourada de planta convexa e um eixo. No lado da Epístola dispõem-se três capelas laterais, com arcos de volta perfeita sobre pilastras toscanas, a primeira inicialmente dedicada às Almas e actualmente ao Sagrado Coração de Jesus, com retábulo em mármore, de planta recta e um eixo, e frontal de altar em talha dourada. A segunda, mais profunda, dedicada ao Santíssimo Sacramento, cerrada por grade de talha dourada e policroma, e a última, dedicada a Nossa Senhora do Rosário, com o arco revestido a talha dourada e possuindo retábulo igualmente em talha dourada, de planta côncava e um eixo. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilares facetados, de fuste almofadado, sobre plintos, totalmente envolvido por azulejos de tapete, com padrão 2 x 2 (B-67), sobrepujado a meio por tela semicircular, de moldura dourada, com representação da Adoração da Custódia. Capela-mor sobrelevada, com paredes pintadas e rebocadas, decoradas com friso vermelho escuro e bege, sobre azulejos formando silhar, tendo inferiormente tapete, de padrão policromo B-67, e superiormente monocromos azuis sobre fundo branco de brutescos, actualmente truncado. Pavimento de mármore com supedâneo de três degraus e cobertura em falsa abóbada de berço, pintado com brasão nacional coroado inserido num medalhão oval, envolto por friso fitomórfico que se prolonga ao longo da cornija, enquadrando ao centro da mesma grinaldas e nos ângulos florões. Retábulo-mor de talha dourada de planta recta, corpo côncavo e um eixo, definido por quatro pilastras, de fuste ornado por motivos fitomórficos, a exterior mais estreita e a interior assente em plintos com acantos enrolados e friso com querubim, e quatro colunas intermédias, de fuste torso decorado por pâmpanos, e de capitéis coríntios, que se prolongam no ático em igual número de arquivoltas, as intermédias torsas e com pâmpanos, unidas no sentido do raio; ao centro, apresenta tribuna em arco de volta perfeita, de intradorso decorado com acantos enrolados, interiormente com pinturas murais e albergando trono expositivo, sendo fechada por cortina. Sotobanco com painel de talha ornada de acantos; o banco foi apeado, encontrando-se vazado pelas portas de acesso à antiga sacristia do Santíssimo, actualmente vedado. Altar paralelepipédico, com frontal de talha dourada, marcando sanefa e sebastos, decorado por acantos, encimado por friso com acantos enrolados, sobre o qual assenta sacrário em forma de templete, com elemento fitomórfico e atlantes nos cunhais, terminado em friso de acantos e com porta ornada por cruz e elementos eucarísticos (Árvore da Vida); a base da tribuna é decorada por apainelado de talha dourada com acantos formando elemento triangular central. Nas paredes laterais abrem-se portas de verga recta, com moldura de meia cana, a do lado da Epístola para corredor de escadas de acesso à tribuna, com o espelho revestido a azulejos de brutescos reaproveitados, e a do lado do Evangelho de acesso a corredores de passagem, de onde partem escadas de ligação ao segundo piso do hospital, e duas sacristias. A primeira é a das Almas, disposta frontalmente à sua capela, de planta rectangular, acedida por corredor estreito, coberto por abóbada abatida com pinturas murais, representando as Almas e inscrição numa cartela recortada. Apresenta pavimento em tijoleira, tecto plano de madeira, formando apainelados e as paredes revestidas a azulejos monócromos azuis sobre fundo branco, com painéis de composição figurativa alusiva às Almas. Na parede testeira tem arcaz, encimado por espaldar centrado por sacrário, ladeado, à direita, por armário embutido; na parede do lado esquerdo, virada a N., entre duas janelas, surge o lavabo em cantaria de mármore. Através de portal de verga recta inscrita, a sacristia comunica com uma outra, a actual da igreja, mais simples, com pavimento em tijoleira e tecto em barrotes, acedida pela igreja através da porta junto ao púlpito. As restantes salas do primeiro piso têm paredes rebocadas, pavimento em tijoleira ou em madeira e, algumas, tectos em abóbada de cruzaria de ogivas. O segundo piso, acedido exteriormente pelo portal junto à fachada da igreja, apresenta ampla sala rectangular, com pavimento em tabuado de madeira e tecto alto de estuque, em gamela; tem à direita porta de acesso a escadas estreitas rasgadas no interior das paredes para o coro-alto, fronteiro ao lance de escadas, com guarda de ferro, porta de ligação a outras dependências do hospital, e no topo E. porta para a actual Sala do Despacho, de verga recta encimada por friso inscrito e cornija. Esta dispõe-se perpendicularmente, com silhar de azulejos monocromos azuis sobre fundo branco com padrão de figura avulsa, tendo nos cantos "pintas", possuindo no topo S. retábulo de talha policroma, de planta recta e cinco eixos. HOSPITAL: o actual portal principal acede a vestíbulo, com pavimento cerâmico e cobertura em falsa abóbada de berço, flanqueado de ambos os lados por gabinetes, acedidos por portas de verga recta, sendo frontalmente fechado por porta metálica envidraçada de ligação ao pátio. Este, sensivelmente quadrangular, tem fachadas pintadas de branco e faixa cinzenta, de dois pisos separados por friso e terminadas em cornija de massa sobreposta por beiral. As fachadas N. e E. são rasgadas a ritmo irregular no primeiro piso por amplos arcos de volta perfeita, sobre pilastras pintadas, fechados por portas envidraçadas ou janelas envidraçadas sobre guarda em alvenaria rebocada e pintada; no segundo piso, apresentam arcada composta por arcos de volta perfeita e chave saliente, sobre pilastras, fechadas por guarda rebocada e pintada e janelas com bandeira, acedido por escadas de cantaria nos ângulos NO. e SE., a primeira formando L e a segunda de tiro, com guarda rebocada e pintada e corrimão em cantaria. A meio da fachada N. rasga-se o portal da antiga capela dos defuntos, de verga abatida, com chave saliente e moldura formando pequenos brincos, encimado por espaldar recortado com elementos ovais salientes e cornija de perfil curvo. Interiormente, possui planta longitudinal, com cobertura em falsa abóbada de berço, tendo na parede testeira arco de volta perfeita, moldurado e de chave saliente, assente em pilastras; estas são ladeadas por altos painéis relevados, terminados em cornija, ao nível do capitel das pilastras, encimada por motivos relevados curvos. Na fachada S. do pátio rasgam-se no primeiro piso portais de verga recta, de diferente tamanho, e um óculo oval, e, no segundo piso, janelas de peitoril sem moldura; na fachada O. apresenta no primeiro piso o arco de acesso ao pátio, de volta perfeita, encimado por cartela de mármore oval, pintada com as armas da Misericórdia, e portal de verga recta, e, no segundo piso, janelas rectilíneas e de verga abatida; a meio da fachada existem vários respiradouros circulares e um pequeno sino de bronze. O pátio tem pavimento em calçada à portuguesa, com amplo brasão da Misericórdia ao centro. Ao nível do piso térreo, algumas dependências conservam coberturas em abobadilha de tijolo e outras em cruzaria de ogivas, de um ou mais tramos. No segundo piso, as alas à volta do pátio possuem pavimento em cantaria, formando losango branco e preto, para onde dão as várias dependências e enfermaria com portas de verga recta e janelas de peitoril rectilíneas de molduras simples; destaca-se uma enfermaria feminina, com tecto de estuque em gamela, bastante alto, e integrando numa das paredes do topo retábulo em mármores policromos, de planta côncava e um eixo. Numa outra ala, situa-se a cozinha, rectangular, com pavimento em lajes de cantaria, tecto em gamela, de estuque, pintado de ocre, tendo em cada um dos topos armários embutidos, num deles enquadrando ampla chaminé de verga abatida, em cantaria rosa, revestidos a azulejos de padrão policromo P-388 reaproveitados, integrando ao centro painel com azulejos monocromos azuis sobre fundo branco, com padrão semelhante ao P-382. |
Acessos
|
Avenida República, Rua Gomes Jardim, Avenida Bento de Jesus Caraça |
Protecção
|
Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 165/2013, DR, 2.ª série, n.º 67 de 05 de abril 2013 (igreja) / ZEP Conjunta, Portaria n.º 527/2011, DR, 2.ª Série, n.º 88, de 06 maio 2011 |
Enquadramento
|
Urbano, planície, em pleno centro histórico (v. PT040714030042), virada à principal praça política da cidade, constituindo o volume predominante do quarteirão onde se integra. Junto à fachada lateral direita possui rua com circulação automóvel e à fachada lateral esquerda e à posterior adossam-se casas de habitação. Erguendo-se na proximidade do castelo de Vila Viçosa (v. PT040714030003), possui nas imediações o edifício da Câmara Municipal (v. PT040714050037), o Chafariz da Praça da República (v. PT040714050036), a antiga Casa Professa de São João Evangelista ou Igreja de São Bartolomeu (v. PT040714050008), o Cine-Teatro Florbela Espanca (v. PT040714 0035) e outros imóveis de interesse arquitectónico. |
Descrição Complementar
|
O órgão do coro, proveniente do antigo Convento da Esperança (v. PT040714030006), é um órgão positivo de armário, encerrado numa caixa de madeira, com duas portas, decoradas com almofadas policromas, rematado em cornija; no interior tem os tubos em disposição cromática em tecto e no lado direito do teclado surgem os botões dos registos em número de seis. O púlpito apresenta várias inscrições: no friso que encima o portal de acesso surge: SERMO DEI. INCITVS; no lintel frontal da bacia tem DE COELO DESOENDIT NOSCE TE IPSVM (desceu do céu, e Conhece-te a ti mesmo) e na lateral esquerda 1568; Nas consolas que sustentam a base tem: 1) GRACIA PLENA (face exterior) e DOMINVS TECVM. BENEDICTATV (face interior); 2) IN MVLIE RIBVS E BENEDICTVS (face esquerda) e F…CTVS VETRIS TVI IESVS SANCTA (face direita); 3) MARIA MATER DEI ORA PRO NOBIS (face interior); PECCATORI BVS…A MEN. III (face interior). Antiga capela de Nossa Senhora do Loreto com arco de volta perfeita e pilastras revestidas a talha dourada, decoradas com acantos enrolados, querubins, anjos e figuras antropomórficas, de capitéis coríntios, seguintes com acantos e anjos, encimado por friso e cornija igualmente de talha, decorada com elementos fitomórficos, sobreposta por ampla cartela, ornada de acantos, com imagem da Virgem e o Menino sobre um templo, sustentada por anjos e arcanjos e sob baldaquino com lambrequim. Interiormente, a capela é igualmente revestida a talha e possui retábulo de planta convexa e três eixos definidos por quarteirões compostos por atlantes, assentes em consolas com anjos; no eixo central abre-se nicho em arco de volta perfeita, com a boca da tribuna ornada de acantos vazados, contendo peanha com imaginária; nos eixos laterais, surgem mísulas com imaginária encimadas por baldaquinos com lamquequim e drapeados a abrir em boca de cena; ático com fragmentos de frontão encimados por anjos de vulto, que sustentam símbolos Marianos (o sol, no lado do Evangelho, e a lua, no da Epístola) e centram cartela com acantos. Altar paralelepipédico, com frontal de talha dourada, marcando sanefas e sebastos, e tendo dois painéis decorados com elementos fitomórficos relevados. A antiga capela das Almas alberga retábulo em mármore branco e azul, de planta recta e um eixo definido por duas pilastras de fuste almofadado tendo ao centro cartela com florão, e duas colunas, ambas de capitel coríntio, suportando frontão interrompido, com falso tímpano decorado com acantos enrolados e tendo lateralmente borlas pendentes; ao centro tem moldura de perfil semicircular, actualmente sem tela, tendo frontalmente mísula com imaginária. Altar paralelepipédico com frontal de talha dourada, ornado de painéis de acantos enrolados. Capela do Santíssimo Sacramento com o arco encimada por sanefa de talha dourada, decorado com acantos enrolados e anjos, tendo ao centro dois anjos segurando uma custódia, sob dossel circular com drapeados a abrir em boca de cena, e lambrequim pintado de vermelho e dourado. A capela é fechada por grade em talha dourada e policroma, de quatro folhas e dois registos, o inferior decorado com almofadas e o superior com balaústres, terminando sobre a cornija em frontão de volutas vazado, decorado com elementos vegetalistas, nomeadamente pâmpanos e, inserido em moldura circular central, uma custódia. Possui interiormente as paredes rebocadas e pintadas, terminada em cornija de mármore, e cobertura em falsa abóbada de lunetas, com os panos definidos por friso fitomórfico, molduras sublinhadas a dourado e tendo ao centro resplendor dourado com a pomba do Espírito Santo; no lado da Epístola abre-se nicho alto com moldura em cantaria, de verga recortada sublinhada por cornija e fecho de acanto dourado; na parede testeira, tem tela de perfil curvo representando a adoração do Santíssimo numa custódia, com moldura recortada envolvida por friso de estuque integrando espira fitomórfica, sob arquivolta de estuque almofadada em arco de volta perfeita. Antiga capela de Nossa Senhora do Rosário revestida a talha dourada, com pilastras decoradas de acantos enrolados, capitéis coríntios e friso com querubim, e arco de volta perfeita, com chave volutada e a inscrição AVE MARIA GRATIA PLENA DOMINVS TECVUM, encimado por ampla cartela de acantos, ladeada por acantos enrolados, tendo ao centro dois anjos alados segurando coroa sobre cruz. Apresenta retábulo de talha dourada de planta recta e corpo côncavo, de um eixo definido por seis colunas torsas, decoradas por pâmpanos e fénices, assentes em consolas e de capitéis coríntios, e duas pilastras interiores, decorados com elementos fitomórficos, os quais se prolongam em quatro arquivoltas, três delas torsas, unidas no sentido do raio; ao centro, abre-se nicho em arco de volta perfeita, interiormente revestido a apainelados de talha com acantos enrolados e albergando imaginária; sotobanco com apainelados de acantos e altar paralelepipédico, com frontal de talha dourada, marcando sanefas e sebastos e dois painéis com elementos fitomórficos relevados. Tribuna do retábulo-mor bastante ampla, interiormente com pinturas murais policromas, com cartelas, ferroneries, festões e elementos vegetalistas, possuindo na parede testeira, entre dois anjos com turíbulos duplo resplendor, o inferior com a pomba do Espírito Santo, e tendo ao centro da cobertura, em falsa abóbada de berço de estuque, uma cartela com o Agnus Dei. A tribuna alberga trono expositivo, em talha dourada, de cinco degraus, decorados por acantos, o quinto com símbolos da Paixão e frontalmente com resplendor e prego com a inscrição S.P.O.R., encimado por imagem do Agnus Dei e resplendor; a base da tribuna, é decorada por apainelado de talha dourada com acantos formando elemento triangular central. Sacristia das Almas com pinturas murais no tecto do corredor de acesso, figurando numa cartela recortada, definida por concheados e elementos vegetalistas, uma figura feminina, desnuda, com os braços cruzados sobre o peito, envolta em labaredas, e a inscrição OVS SOMNES QVIS TRA[…] TISPERVI AMAT TENDITE ET VIDE TESIEST DOLOR SICVTI DOLOR MEVS […] C. 12; numa outra cartela a data de 1749 (?). As paredes são revestidas a azulejos monocromos azuis sobre fundo branco, apresentando rodapé com molduras recortadas de concheados e enrolamentos, contendo duas almas entre as chamas, na face virada a N. suspensa por dois anjos e ladeados por festões, encimados por seis painéis de composição figurativa, alusivos às Almas, delimitados por quarteirões sobre plintos volutados e terminados em fragmentos de cornija, cartelas e concheados, organizados de modo a emoldurar os elementos arquitectónicos, como as janelas, lavabo, armários embutidos e ainda o arcaz. A leitura dos painéis, da esquerda para a direita, é a seguinte: Virgem com o Menino, sentada sobre uma glória, resgatando as Almas das chamas, ladeada de querubins; a seguir a uma pequena pia de água benta circular e armário embutido, painel, actualmente encoberto por armário, com um anjo a resgatar as Almas; na parede N. surge lateralmente Santo António e um outro santo monge, sobre uma glória, a resgatar as Almas com o cíngulo do hábito, enquadrando as janelas, azulejos de enchimento com pormenores arquitectónicos e padrão fitomórfico, e, ao centro, o lavabo, de espaldar rectangular composto por cornijas de diferentes perfis, com duas bicas e bacia rectangular de contorno exterior curvo, ladeado por cenas de paisagem e encimado por dois anjos adorando a cruz. Na parede testeira da sacristia, virada a E., dispõe-se o arcaz, com 16 gavetões e ferragens, encimado por espaldar com almofadados, tendo ao centro sacrário, tipo templete, em talha dourada, decorado por arco em volta perfeita, contendo resplendor, com querubins nos seguintes, terminado em cornija e ladeado por volutas. Sobre o espaldar do arcaz surgem dois painéis com cenas de eremitas, à esquerda, São Francisco em retiro, surgindo ajoelhado e orando em frente da cruz, e, à direita, São Jerónimo a adorar a cruz. Na parede S. dispõem-se enquadrando o armário embutido dois painéis com Almas entre as chamas; segue-se porta com a inscrição ESTA CAZA HE DAS ALMAS pintada na verga, quase ilegível, depois um painel com figuração de São Miguel, segurando cruz e uma balança, ladeado por Almas entre as chamas; por fim painel com dois anjos esvoaçantes resgatando as Almas. O portal de acesso à actual Sala do Despacho tem a inscrição PVLSATE. ET. APERIETVR.VOBIS (batei, e ser-vos-á aberta à porta), tendo Túlio Espanca referido ainda uma outra SAPIENTIA.AED CAVIT.SIBI.DOMVS.B 1710 (a sabedoria edificou casas para ti). Esta sala possui tecto de estuque em gamela, de topo recortado, com ripas de madeira formando caixotões, tendo ao centro cartela oval pintada com o brasão da Misericórdia e a inscrição VOLO ME TE ET IN SENNE TUO IMPERIUM MEUM SEALEUTE. O retábulo tem planta recta e cinco eixos definidos por quatro colunas com fuste de terço inferior marcado por acantos, sobre plintos, e de capitéis de inspiração coríntia, sobrepostos por fogaréus, e duas pilastras de fuste ornado por motivos fitomórficos; no eixo central, mais largo, surge nicho, de perfil curvo, interiormente pintado de azul e albergando resplendor de talha, e nos laterais nichos longilíneos cobertos com cúpula em quarto de esfera decorada com folhas de acanto e possuindo frontalmente mísulas com imaginária; sobre o eixo central, desenvolve-se o ático em espaldar recortado, formando falso baldaquino com lambrequim, sobreposto por querubim e ladeado por anjos, terminando em cornija encimada por folha de acantos relevada; sotobanco de perfil contracurvado, seccionado por pilastras e ornado por almofadados recortados. Ao centro da sala, dispõe-se mesa circular com pés em estípite, tendo inferiormente escalfeta com caixa octogonal, envolvido por cadeiral de três cadeiras, de esteira em couro gravado, com decoração em "ferroneries", cachaço contracurvado, com pregaria grossa, pernas com várias secções, torneadas em balaústre, travessas recortadas e volutadas e torneadas em bola e pé formando peão. Na ala E. do pátio do hospital existe lápide com a inscrição, em 9 regras, A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA SAUDOSAMENTE EM HOMENAGEM DE INFINITA GRATIDÃO, E POR DEVER DE JUSTIÇA, LEMBRA AOS PRESENTES E VINDOUROS O PENSAMENTO E ACÇÃO DO NOTÁVEL MÉDICO E BENEMÉRITO CALIPOLENSE DR. JOÃO AUGUSTO DO COUTO JARDIM 14 - XI 1964. Na enfermaria das mulheres, subsiste retábulo em mármores policromos de branco, azul e vermelho, de planta côncava e um eixo, definido por dois quarteirões, de fuste almofadado, decorados por elementos fitomórficos e figuras antropomórficas, suportando cornija, sobre a qual se desenvolve o ático em espaldar curvo ornado de concheados, ao centro em asa de morcego, e cornija; ao centro do corpo, abre-se nicho com moldura de perfil curvo, envidraçado, albergando mísula com imaginária; banco decorado com amplas folhas de acantos que interrompem o perfil do nicho; altar tipo urna, em mármore, decorado com elementos fitomórficos. Na cozinha, em frente da chaminé dispõem-se amplo fogão de ferro, ainda em funcionamento, à esquerda da mesma possui porta de verga recta para despensa, e no lado oposto lava-loiças de pedra. INSCRIÇÕES: Segundo Túlio Espanca, existiam três sepulturas no pavimento da nave: uma na zona do guarda-vento, outra na coxia central e a terceira no eixo da capela-mor com as seguintes inscrições, respectivamente: SEPULTURA DO P. JOÃO DA CRVS V.RA E DE. SEVS ERDEIROS; SEPULTURA DE LVCS. PEREIRA PESTANA. E DE SVA MULHER E ERDEIROS; SEPULTURA DE MANUEL DE ARAUIO. PEREIRA CAPITAM DE CAUALOS E DE SVA MULHER R D. ANNA MATE TEM MICA QUOTODIANA NESTA IGRA QUE CONSTA DA NOTA DOS CARTORIOS DESTA UILA 1740. |
Utilização Inicial
|
Religiosa: edifício de confraria / irmandade |
Utilização Actual
|
Religiosa: igreja de confraria / irmandade / Saúde: centro de saúde |
Propriedade
|
Privada: Misericórdia |
Afectação
|
Sem afectação |
Época Construção
|
Séc. 16 / 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
CANTEIRO: Diogo Fernandes Velho (1666). CORONHEIRO: Inácio Rosa (séc. 18). DESENHADOR: Francisco Gonçalves (1637). DOURADOR: João de Touro Freitas (1689, 1692). ENTALHADORES: Manuel de Oliveira Leal e Francisco Freire (1727). IMAGINÁRIO: Francisco Correia (1637). MESTRE-DE-OBRAS: Bonifácio da Fonseca Vidigal (1790). PINTOR DE AZULEJOS: oficina de Policarpo de Oliveira Bernardes (séc. 18) (atrib.). |
Cronologia
|
1504 - Data do documento mais antigo existente no arquivo da Misericórdia; 1509, 29 dezembro - alvará do duque de Bragança D. Jaime dando à Confraria da Misericórdia a administração do Hospital do Espírito Santo, fundado pelo mesmo, mas mantendo-se separados os bens e rendas, receitas e despesas; 1510 - o Duque dispensa a Misericórdia de manter separada a contabilidade do hospital; 1514, 13 novembro - Breve do Papa Leão X autorizando a incorporação do eremitério da Piedade, com casas, oratório e horta, fundado pelo Pe. Álvaro Fernandes; 1516 - D. Manuel concede-lhe os mesmos privilégios da Misericórdia de Lisboa; 1524, 11 junho - o Dr. Fernão de Morais doa um quintal na R. de Três que confrontava na fachada posterior com o hospital; 1525 - alvará do duque de Bragança integrando o Hospital Real do Espírito Santo na Misericórdia; 1528 - o Duque manda comprar um ferragial para o hospital; 1531, 7 março - D. Jaime compra por 6$100 um quintal na R. das Vaqueiras, confrontante com as da Chamorra, e dá-o à Misericórdia; 7 setembro - carta do ferragial de Gonçalo Pires Ramalho, que o Duque mandou comprar e deu ao hospital; 1536 - o Duque solicita à Misericórdia o envio de todos os contratos feitos com a Mesa sobre o hospital; 1540 - a Misericórdia alarga o hospital, construindo duas enfermarias grandes ao longo da R. de Três, no 2º piso, sobre o que passou a ser a porta principal e a botica, formando ainda um pátio; 1558 - a Duquesa D. Isabel de Lencastre funda o Colégio de Meninos Órfãos - Nossa Senhora da Visitação, para 2 órfãos, e dota-o de um padrão pago pelo Almoxarife de Estremoz; deixa ainda dinheiro para a construção de uma enfermaria para religiosos e pobres envergonhados; 1560 - início do pagamento do padrão de tença de juro anual para o Colégio de Meninos Órfãos; 1564 - a eleição da Mesa era feita na capela da igreja da Misericórdia fazendo pensar que a mesma estaria bastante adiantada ou já concluída; 1568 - data inscrita no púlpito; 1569 / 1570 - a Misericórdia passa a funcionar como Paroquial da freguesia de São Bartolomeu; 1570, 4 abril - padrão de 100$000 de juro que deixou o duque D. Teodósio em testamento para sustentação de 4 meninos órfãos; 1571, cerca - instituição da Capela do Rosário; 1575 - o duque de Bragança passa o Colégio para a administração da Misericórdia; 1577 - Mesa decide reformar o Compromisso, aproveitando o da Misericórdia de Lisboa, também ele reformado, mas fazendo adaptações; 1583, até - regeu-se pelo Compromisso da Misericórdia de Lisboa; 1599, 4 setembro - compra de casas a António Martins e Maria Gomes da R. das Vaqueiras, confrontantes com o hospital ou com o seu quintal, para construção da enfermaria nova das mulheres doentes de febres; 6 Setembro - compra das casas de Manuel Fernandes Pita e mulher, Maria Sanches, na mesma rua e para a mesma obra; 9 Setembro - compra de casas a Maria, órfã, moradora em Juromenha, na mesma rua e para a mesma obra; derrubaram-se algumas casas para a obra; depois, as enfermarias receberam leitos, bancos e mesas; 1600, cerca - instituição da capela das Almas; 1604 - solicita-se ao rei o alargamento do número de Irmãos, que nesse ano já contava com 200; 1605 - autorização para a Confraria ter mais Irmãos, ascendendo o número a 300; o Arcebispo de Évora, proclama 40 dias de perdão e remissão dos pecados aos Irmãos, servidores, doadores, legatários e que assistissem ao culto; 1609 - pedido à Coroa para trocar umas casas da R. de Évora com outras que Manuel Ferreira de Paiva tinha deixado a Maria Fernandes; a Confraria dizia que tinha apenas duas casas, uma onde se despachava as coisas da Confraria e que era de passagem e muito devassada por servir de serventia para a sacristia e nela estar uma tribuna de onde se ouvia missa; ainda antes da resposta do rei, a Misericórdia fez um acordo com Maria Fernandes e iniciou a construção da Casa do Despacho e de uma enfermaria para os religiosos e outras pessoas envergonhadas; D. Teodósio entrega à Misericórdia a administração do Hospital dos Males, para a cura de doenças venéreas, fundado na "Ilha"; pensava-se criar um espaço para guardar os documentos devido ao inadequamento do local onde se encontravam; 1610 - construção do carneiro para os ossos dos defuntos que estavam a descoberto no adro da igreja onde se sepultavam os pobres; 8 Novembro - petição ao rei para poder trocar por outras as casas de Maria Fernandes de Paiva, irmã do Pe. Manuel de Paiva, casada com Diogo de Lara, com as quais se alargou a casa que então servia de enfermaria para religiosos e pessoas envergonhadas; 1611 - integração do Hospital dos Males no Hospital Real do Espírito Santo; as 2 enfermarias para estes doentes estavam instaladas na parte inferior do hospital, onde anteriormente estavam as enfermarias dos doentes de febres e das feridas, sendo estes transferidos para as novas enfermarias; 9 Agosto - troca-se com Maria Fernandes de Paiva as casas tomadas para fazer a Casa do Despacho, pelas do adro de São Bartolomeu deixadas por Diogo Lopes; adaptação da Casa do Despacho a enfermaria de religiosos e pessoas envergonhadas; 20 Setembro - padrão de 20$000 de juro que o Duque deu à Misericórdia para a enfermaria nova sob a enfermaria das febras das mulheres; 1612 - primeiro Compromisso da Confraria do Santíssimo Sacramento; doação de um quintal pela Casa de Bragança; 1629 - Duque ordenou à Mesa vender as vinhas deixadas pelo Pe. António Fernandes e utilizar o seu rendimento em pão; os confrades concordaram, mas, posteriormente, pediram autorização para empregar o dinheiro na compra de umas casas junto ao consistório, a que o duque anuiu; 1637 - o duque de Bragança doa à Confraria do Santíssimo Sacramento a capela-mor da igreja e um terreno nas traseiras da capela, para que pudessem construir anexos de serventia; na escritura, reservou-se o acesso do capelão da Misericórdia ao sacrário para que pudesse dar o Santíssimo Sacramento aos doentes; a Irmandade do Sacramento, tendo como juiz João Lourenço Rebelo, determina mandar fazer o retábulo-mor, pelo risco de Francisco Gonçalves e executado pelo imaginário de Estremoz, Francisco Correia, por 70$000 rs; 1640 - Duque recomendou à Confraria não aceitar mais Irmãos senão quando houvesse necessidade; com a mudança dos Duques para Lisboa, inicia-se um período de dificuldades financeiras e de perda de importância da Misericórdia; 1643 - petição da Mesa a D. João IV queixando-se da dificuldade em cobrar os pagamentos da Casa de Bragança, devido à distância entre a vila e a capital, solicitando que o pagamento se fizesse no Almoxarifado de Vila Viçosa; 1660, Abril - contrato entre a Misericórdia e o Vedor Geral, Jorge de França, acordando tratar no hospital os soldados de Borba, Alandroal, Terena e Monsaraz, ficando a Coroa obrigada a pagar os ordenados ao médico, cirurgião, barbeiro e capelão segundo o que se pagava no Hospital São João de Deus, as contas da botica e os salários a outros que assistissem aos soldados; o rei mandaria entregar ao hospital 100 camas novas aparelhadas e nos anos seguintes mais 10 camas; por cada soldado internado, o Exército pagaria o soldo diário (2 vinténs); 1661 - data da cópia do Compromisso de 1577; as dúvidas do Almoxarifado em efetuar os pagamentos à Misericórdia levaram à sua suspensão, tendo a Coroa ordenado que os efetuasse sem demora; 1665 - durante a investida e cerco castelhano, o hospital serviu de "hospital de sangue"; 1665 / 1667 - no Inventário dos bens referia-se uma mesa redonda do despacho com quatro bancos, de espaldar, forrados a couro preto, um tamborete onde se sentava o Provedor e uma mesa redonda com bancos que serviam na igreja no dia da eleição da Mesa; 1666, 19 Junho - contrato com o canteiro Diogo Fernandes Velho para lajear o pavimento da igreja, com lajes de mármore branco, de duas pedras cada, formando 49 sepulturas, e guias em mármore preto, por 180$000; o mestre comprometia-se a terminar a obra até ao fim de janeiro do ano seguinte; 1667 - data dos estatutos do Colégio dos Meninos Órfãos, segundo o qual o colégio não devia estar sedeado na casa do reitor, como até ali acontecia; 1669 / 1670 - no Inventário dos Bens fazia-se referência à existência de uma cruz dourada, uma outra da "tumba ordinária", um crucifixo grande na sala do consistório, usado na procissão das Endoenças, um sobre a porta do púlpito que servia os padecentes, um de bronze no consistório, que servia no lugar da bandeira da Irmandade, um para os enterros da casa e uma tábua redonda com molduras douradas para assentar o nome dos Irmãos; 1679 / 1690 / 1693 - pedido de autorização ao Arcebispo de Évora para o capelão purificar o adro da igreja; séc. 17, finais - reforma da capela de Nossa Senhora do Rosário; 1682 - ordem do Arcebispo privando a Misericórdia celebrar missa na 5ª feira Santa, visto já existir na freguesia mais de uma missa nesse dia; 1689 - pintura do painel sobre o arco triunfal por 40$000 e feitura de brutescos dourados no arco; contrato entre a Irmandade de São Bartolomeu e o pintor dourador João de Touro Freitas, de Évora, para douramento do retábulo-mor, incluindo o trono e tribuna, por 130$000, e onde se colocou painel figurando o Espírito Santo; ordenou-se ainda a execução de dois quadros a óleo, para se armarem lateralmente no presbitério, tendo as telas custado 50$000 e as molduras douradas 20$000; 1692 - conserto do douramento do retábulo da capela de Nossa Senhora do Rosário, construído a expensas da mordomia, por João do Touro, em ouro corado, após a conclusão da capela-mor; 1698 / 1699 - construção nos anexos de um armazém para o azeite, uma capoeira e um celeiro com tulhas para os cereais, por mais de 10$000; séc. 18 - aquisição da residência do boticário na antiga R. de Trás; 1702 - Coroa ordenou que se pagasse prontamente o dinheiro em atraso à Misericórdia; 1706 - Misericórdia decide construir um lugar decente e fechado onde pudesse enterrar os pobres, escolhendo um quintal doado pelos duques de Bragança, mas devido às muitas despesas acabou por não o concretizar; 1710 - nova confirmação dos Estatutos do Colégio dos Meninos Órfãos; 1712 - o hospital tinha uma enfermaria das febres, outra para as feridas, duas para a cura dos males, uma para religiosos e envergonhados e outra para os convalescentes, mas a ocupação hospitalar era tão grande que se tinha de recorrer a casas particulares para os socorrer; novo pedido para purificar o adro; 1717 - data de um dos sinos da torre; 1719 - devido às muitas dívidas, a Misericórdia decide cobrar as rendas e foros atrasados; séc. 18, 2ª década - feitura da grade da capela de Nossa Senhora do Rosário pelo coronheiro do Regimento de Cavalaria 2, Inácio Rosa, a expensas da paróquia; 1727 - instituição da capela do Loreto, transferindo-se do local o púlpito para o princípio da nave; 24 Maio - ajuste da obra de ensamblador do retábulo da capela do Loreto entre o juiz da Irmandade e os entalhadores Manuel de Oliveira Leal e Francisco Freire, por 72$000; 1738 - delibera-se fazer as cobranças sem qualquer exceção; 1740 - a Confraria do Santíssimo cede uma sepultura ao capitão Manuel de Araújo Pereira no espaço que possuía na igreja, levando a Misericórdia a protestar perante o rei, mas sem efeito; 1741 - o senado denuncia à Mesa a indecência do lugar onde a Misericórdia sepultava os pobres, propondo que ou fizesse um cemitério e trasladasse para lá os ossos ou permitisse à Câmara que os sepultasse noutro local, em valas; foi adotada a última solução; 1748 - construção de uma casa no quintal para alojar os viajantes; construção do cemitério para os pobres e casa mortuária no pátio junto à enfermaria; 1749 - a Misericórdia passou a admitir os doentes não naturais, mesmo sem virem de um hospital; 1750, cerca - instituição da Capela do Sacramento na igreja; 1755 - despacho do rei determinando a suspensão de todos os pagamentos pela Junta da Sereníssima Casa de Bragança, até os beneficiários apresentarem documentação justificativa das benesses recebidas, levando a Misericórdia a protestar e a posterior ordem ao Almoxarife da vila para pagar à Confraria; 1756 - nova suspensão de pagamento, exceto a quota relativa ao Hospital dos Males e 20$000 para o Colégio dos Meninos Órfãos; 1764 - elaboração de Inventário de todos os bens do hospital por ordem do rei; 1777 - compra da botica a António José do Prado, na sequência do qual fez algumas obras para melhor a apetrechar; ficava no 1º andar do edifício junto às enfermarias das febres e das feridas; séc. 18, último quartel - reforma da capela das Almas, com execução do retábulo de mármore; 1785 - doação de um edifício onde a Misericórdia desejava fundar um hospital para convalescentes, mas que acabou por não se concretizar; 1787 / 1790, entre - o hospital tornou-se hospital militar; 1790, cerca - a Ordem de Avis, donatária das freguesias da vila, mandou construir a torre sineira pelo mestre de obras Bonifácio da Fonseca Vidigal, após se ter decidido não se construir a nova igreja para sede da paróquia de São Bartolomeu; séc. 18, finais - os criados da Casa de Bragança passaram a ser tratados no Hospital; feitura do retábulo da antiga enfermaria dos pobres envergonhados, actual Sala do Despacho, pelo Pe. Manuel António de Sá Boa Morte, falecido em 1816; 1823, 12 dezembro - considerando-se em Mesa que as casas destinadas ao enfermeiro insuficientes e pouco cómodas, por serem apenas duas, decide-se que o enfermeiro passasse a habitar as casas dadas ao Procurador e as que ele habitava se dessem ao Procurador e o capelão passava a habitar as da R. do Espírito Santo como já estava determinado; 1838, até - funciona o cemitério da Misericórdia; 1839, 31 Outubro - alvará do Administrador Geral do Distrito determinando que a Misericórdia seja governada por Comissão Administrativa, composta por 5 membros; 1844 - a Irmandade voltou a administrar a Casa; 1850, 18 agosto - alvará nomeando nova comissão de 3 membros para administrar a Misericórdia; 1852 - substituição das camas de madeira por umas de ferro; 1860 - durante a visita do rei a Vila Viçosa, Tomé de Sousa, presidente da Comissão Administrativa da Misericórdia, apresentou requerimento pedindo mensalmente 2 carradas de lenha e um gamo ou veado para auxílio da instituição, visto que se achava "empenhado" por causa das obras nas enfermarias, o que foi deferido; 1865 - deixou de funcionar como Paroquial de São Bartolomeu; 8 julho - alvará do Governo Civil do Distrito dissolvendo a Comissão Administrativa; 1880 - segundo o Padre Espanca, ainda existiam na capela-mor umas telas em muito mau estado; 11 abril - votação de novo Compromisso pela Irmandade; 1884 - transferência imagem de Nossa Senhora dos Prazeres do altar na Igreja de Santa Cruz para a Misericórdia e da imagem e confraria de Nossa Senhora do Rosário, que existia na Misericórdia para primeira, a fim de impedir o encerramento ao culto daquela igreja; 1885 - anexação de um prédio na R. das Vaqueiras para ali se fazer o despejo do lixo, desfazendo-se o pequeno cemitério; 1897, c. - a Misericórdia tinha de rendimento próprio 2:000$000 e o eventual 1:727$000; 1960 - apeamento da primitiva sineira que se erguia lateralmente sobre a fachada principal, em arco de volta perfeita, e terminada em empena, que servia para o chamamento extraordinário de capelães, cirurgião e médico do hospital; data provável da deslocação do Passo da Via Sacra adossado à fachada lateral direita; 2004, 19 março - Proposta de classificação pela CM; 2007, Junho - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2009, 20 novembro - Proposta de abertura do processo de classificação pela DRCAlentejo; 2009, 27 novembro - Despacho de abertura do processo de classificação pelo Diretor do IGESPAR; 2011, 19 de setembro - Anúncio n.º 13019/2011 de projeto de decisão de abertura do procedimento de classificação, DR, 2ª série, n.º 180; 2011, 09 novembro - Anúncio n.º 16360/2011, de abertura do procedimento de classificação, DR, 2.ª série, n.º 215; 2011, 09 dezembro - Proposta da DRCAlentejo para a classificação como MIP; 2012, 11 janeiro - Parecer favorável à classificação da SPAA do Conselho Nacional de Cultura; 2012, 11 setembro - Anúncio n.º 13399/2012 publicado no DR, 2.ª série, n.º 176, de projeto de decisão de classificação como MIP. |
Dados Técnicos
|
Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
|
Alvenaria rebocada e caiada ou pintada; elementos estruturais, molduras dos vãos, cunhais da torre sineira, arcos, colunas, pilastras, coro-alto, púlpito, retábulo lateral, pias de água benta e outros em cantaria de mármore; silhares e revestimento da nave e sacristia das Almas em azulejos; elementos decorativos em estuque; retábulos de talha dourada, policroma ou em mármore; portas e caixilharia em madeira ou alumínio; pavimentos da igreja e algumas zonas do hospital em mármore, da sacristia das Almas e corredores anexos em tijoleira e das restantes instalações em madeira; grades de ferro; cobertura em telha de aba e canudo; sinos de bronze. |
Bibliografia
|
ESPANCA, Joaquim José Rocha, Compêndio de Notícias de Vila Viçosa, Redondo, 1892; GOODOLPHIM, Costa, As Misericórdias, Lisboa, 1897; IDEM, Hospital Real do Espírito Santo e Santa Casa da Misericórdia de Vila Viçosa, in A Cidade de Évora, nº 58, Ano XXXII, Évora, Janeiro - Dezembro, 1975, pp. 186 - 195; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Évora, Concelhos de Alandroal, Borba, Mourão, Portel, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Viana do Alentejo e Vila Viçosa, 2 vols, Lisboa, 1978; ESPANCA, Joaquim José Rocha, Memórias de Vila Viçosa, Cadernos Culturais da Câmara Municipal de Vila Viçosa, nº 24, 1983; IDEM, Memórias de Vila Viçosa, Cadernos Culturais da Câmara Municipal de Vila Viçosa, nº 24, Vila Viçosa, 1985, pp. 7 -39; PESTANA, Manuel Inácio, Tombos antigos da Misericórdia de Vila Viçosa (1504-1651), Callipole, nº 5/6, Vila Viçosa, 1997 / 1998, pp. 51-75; SIMÕES, J. M. dos Santos, Corpus da Azulejaria Portuguesa. Azulejaria em Portugal no século XVII, tomo 1 e 2, Lisboa, 1997; ARAÚJO, Maria Marta Lobo de, Dar aos Pobres e Emprestar a Deus: as Misericórdias de Vila Viçosa e Ponte de Lima (séculos XVI-XVIII), Barcelos, 2000; MOREIRA, Rafael, As Misericórdias: um Património Artístico da Humanidade, 500 Anos das Misericórdias Portuguesas, Solidariedade de Geração em Geração, Catálogo da Exposição no Mosteiro de Santa Mónica para as Comemorações dos 500 anos das Misericórdia, Lisboa, 2000, pp. 135-164; PAIVA, José Pedro (coord.), Portugaliae Monumenta Misericordiarum, Fazer a História das Misericórdias, vol. 1, Lisboa, 2002; ARAÚJO, Maria Marta Lobo de, Os bens móveis da Misericórdia de Vila Viçosa, in Callipole, nº 10 / 11, Vila Viçosa, 2002 / 2003, pp. 73 - 92; TOJAL, Alexandre Arménio, PINTO, Paulo Campos, Bandeiras das Misericórdias, Lisboa, 2002. |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; Santa Casa da Misericórdia de Vila Viçosa |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; União das Misericórdias Portuguesas |
Documentação Administrativa
|
IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; Arquivo Municipal de Vila Viçosa: Arquivo da Santa Casa da Misericórdia de Vila Viçosa |
Intervenção Realizada
|
Proprietário: 1710 - ladrilhamento das enfermarias e conserto dos telhados da casa por 70$000; 1830, década - segundo o Pe. Espanca, as enfermarias da R. de Três foram "partidas em dois", formando-se o corredor das varandas da igreja, hospital antigo e consistório; a metade O. Passou a servir de enfermaria de cirurgia e a outra ficou para "aposentados"; 1852 - substituição do tecto de madeira da enfermaria de São José e na de cirurgia por "fasquiado"; pouco depois, procedeu-se à colocação de "fasquiado" na enfermaria nova das mulheres, acrescentando-se-a com um quarto de banho e moradia da enfermeira; 1850, cerca - restauro da Bandeira Real por José Eliziário Pombeiro, artista e mordomo do hospital; 1865 - subdivisão da enfermaria das "aposentadas", ficando uma parte para quarto de pensionistas e a outra de receituário e operações cirúrgicas; 1965 - restauro da lâmpada da capela-mor; 2006 - obras de remodelação em alguns espaços do primeiro piso do hospital, as quais deixaram a descoberto abobadilhas de tijolo |
Observações
|
*1 - Várias personalidades ilustres pertenceram à Confraria da Misericórdia. Refira-se Afonso de Lucena, que fez várias doações, o martirizado Francisco de Lucena e o Dr. Cristóvão de Matos. Contudo, os membros mais prestigiados da Confraria foram os duques de Bragança, tendo sido Irmãos D. Filipe, D. Teodósio II, D. Duarte, D. Alexandre, D. João II e seu filho e o príncipe D. Teodósio. Os duques de Bragança interferiam directamente no funcionamento interno da Confraria e na eleição do Provedor e outros Irmãos da Mesa. Dotaram a Misericórdia de legados para a sua manutenção, financiaram as principais obras da Confraria, facilitaram a aquisição de propriedades e dotaram as estruturas edificadas de condições de financiamento, pagando a aquisição de roupa para as novas enfermarias, contribuíram para a alimentação dos doentes e apetrechando o hospital com pessoal adequado. A partir de 1640, a interferência da Casa de Bragança fez-se a partir de Lisboa, que passou a servir de intermediária nas relações com a Coroa, que se estreitaram. Na Misericórdia reflectia-se a reprodução das redes cliantelares e do poder da Casa de Bragança. Por ordem do duque D. João II, o hospital recebia 39$670 para 200 varas de pano e 34 mantas. *2 - O Duque D. João I recomendou em testamento que seu filho protegesse a Misericórdia e cumprisse o testamento de seu tio D. Constantino de Bragança, de quem fora testamenteiro, e que deixara 1000 pardaus para se fabricar uma enfermaria nova nos quintais ao longo da R. das Vaqueiras com uma varanda no cabo para os convalescentes tomarem sol. Como os 1000 pardaus não chegavam para aquela obra, lembra a seu filho D. Teodósio II que consertasse "antes" a "enfermaria que corre ao longo da rua de três", que se achava destelhada e fizesse uma varanda na quadra ou pátio da parte do poço com pilares e arcos de ladrilho. *3 - Na cópia do Compromisso datada de 1661, estabelecia-se que a Confraria deveria ter três núcleos documentais: um para os Irmãos e eleições, outro para o património, gestão e administração da casa e o terceiro para as obras da misericórdia praticadas; neste último, teria de existir um livro para o registo dos presos, outro para os doentes do hospital e o terceiro para as sepulturas perpétuas da igreja. *4 - Segundo Cadornega, a Confraria de Nossa Senhora do Rosário incorporava escravos negros, muitos deles que serviam no Paço e homens ricos da vila. *5 - De acordo com Túlio Espanca, a capela do Rosário possuía pinturas murais nas paredes, "do tipo de brocado", e a abobada tinha pintada a pomba do Espírito Santo. *6 - Na sacristia existia a meio mesa de mármore setecentista. |
Autor e Data
|
Joana Pinho e Paula Noé 2006 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |