Convento dos Teatinos / Igreja de São Caetano / Igreja de Nossa Senhora da Divina Providência
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Índia, Goa, Goa Norte, Goa Norte |
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Convento da Ordem de São Caetano ou Teatinos, construído no séc. 17, por portugueses, composto por igreja e zona regral, desenvolvida junto à fachada lateral esquerda. A igreja possui planta centralizada, em cruz grega inserida num quadrado, interiormente com cobertura em abóbada e, no cruzeiro, em cúpula, tipologia vinculável à da Basílica Pontifícia do Vaticano. Os retábulos e o púlpito, em talha dourada, são barrocos. O Instituto Pio X, construído perpendicularmente à igreja, em linguagem clássica, foi a última obra realizada pelos portugueses em Goa, sendo concluído em 1962. |
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Número IPA Antigo: IN931101000006 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Convento masculino Ordem de São Caetano - Caetanos ou Teatinos
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Descrição
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Planta poligonal composta por igreja, zona regral, disposta a norte e Instituto Pio X, no seu prolongamento e disposto perpendicularmente à igreja. IGREJA de planta em cruz grega inscrita num quadrado, de topos retilíneos, à exceção do braço da capela-mor, que tem perfil curvo. Os retábulos laterais do lado do Evangelho, são dedicados a São Gregório Magno, Nossa Senhora das Dores e Trindade Humana (Sagrada Família), e os da nave oposta, do lado da Epístola, a Santa Catarina, São Caetano e São Carlos Borromeu. O retábulo-mor, dedicado a Nossa Senhora da Divina Providência *2, em talha dourada, apresenta corpo côncavo, de um eixo e ilhargas laterais, que acompanham o perfil da capela-mor. ZONA REGRAL desenvolvida junto à fachada lateral esquerda, de planta retangular e claustro central. INSTITUTO PIO X com planta em F invertido. Tem fachadas de dois pisos, separados por friso. A fachada principal, virada a sul, possui três corpos, o central terminado em frontão triangular sobrelevado, rasgado, em cada um dos pisos, por vãos curvos, correspondendo no primeiro piso a portais e, no segundo, a janelas de sacada corrida, em cantaria, apoiados em duas ordens de colunas, as superiores da ordem jónica. Os corpos laterais são rasgadas regularmente por janelas de peitoril, assentes em mísulas, com portadas de madeira, as do primeiro piso, retilíneas, encimadas por cornija reta sobre mísulas, e, as do segundo, em arco, e encimadas por cornija angular, com zona pintada de verde entre a moldura e a cornija. Na fachada posterior, existem galerias abertas para o pátio e para Rio Mandovi. No INTERIOR a comunicação entre os pisos é feita por escada de dois lances convergentes. As dependências incluem uma capela, diversas salas, onde ainda se realizam ações de formação, retiros, seminários e outras atividades ligadas à formação pastoral, bem como quartos e respetivos apoios. |
Acessos
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Goa Norte, Tiswadi, Velha Goa (Ella). WGS84 (graus décimais) lat.: 15,505648; long.: +73,915424 |
Protecção
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Monumento de Importância Nacional / Incluído nas Igrejas e Conventos de Goa *1 |
Enquadramento
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Peri-urbano, fluvial, isolado, na margem esquerda e a cerca de 200 m do rio Mandovi, junto ao local antigamente designado de Terreiro do Paço, que servia o antigo Palácio dos Vice-Reis. Nas proximidades localizam-se o Arco dos Vice-Reis (v. IPA.00011558), a cerca de 100 m para poente, a Catedral de Goa (v. IPA.00011431), a cerca de 300 m para poente-sudoeste, a Igreja e Convento de São Francisco (v. IPA.00011434), a cerca de 450 m para poente-sudoeste, a Igreja do Bom Jesus (v. IPA.00011435), a cerca de 600 m para sudoeste, e o Arco da Concepção, a cerca de 100 m para sul. |
Descrição Complementar
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No primeiro registo de vãos da fachada principal, os quatro nichos albergam imagens, em granito, dos apóstolos São Pedro, São Paulo, ladeando o portal axial, e dos Evangelistas São João e São Mateus, nos extremos. Na entrada da igreja existe a inscrição: "Domus mea domus orationis". Num dos frisos sob o tambor da cúpula e ao longo do seu perímetro, surge a inscrição: "QVAERITE PRIMVM REGNVM DEI ET JVSTITIAN EJVS, ET HAEC OMNIA ADJICIENTUR VOBIS. MATTH.VI". Os quatro anjos de vulto que ladeiam o corpo do retábulo-mor, seguram cartelas com as seguintes inscrições: "SE NASCENS DEDIT SOCIUM", "CONVESCENS IN EDULIUM", "SE MORIENS IN PRETIUM", e "SE REGNANS DAT IN PROEMIUM", significando "Jesus Cristo se deu na incarnação como sócio, no Sacramento da Eucaristia como refeição, na cruz como resgate e na glória eterna se dá em prémio"(Saldanha, 1926, p. 118). Aos pés da imagem de Nossa Senhora da Divina Providência lê-se: "Comedite panem et bibite vinum quod miscui vobis". |
Utilização Inicial
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Religiosa: convento masculino |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja |
Propriedade
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Afectação
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Época Construção
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Séc. 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: Naguexa Pissurlencar (1960-1962). AUTORES DO PROJETOS: Pe. Carlos Ferrarini (séc. 17), Pe. Francesco Maria Milazzi (séc. 17).CONSTRUTORES: António Laranjo (1960, 1962), Manuel Pereira. |
Cronologia
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1639 - chegada de três frades italianos da ordem dos Teatinos a Goa, sob a direção de D. Pedro de Avitabili; inicialmente, estabelecem-se na casa do deão da Sé, e depois nas casas de Frei Diogo de Santana; devido ao seu mau estado, os padres aforam umas casas entre o mosteiro de Santa Mónica e o Priorado do Rosário, para nelas fundarem um hospício; 1643, 27 agosto - por ordem do vice-rei, João da Silva Telo e Menezes, 1º Conde de Aveiras, as obras são suspensas uma vez que não é permitida a fixação de estrangeiros em território português sem licença do rei; 1645, 13 março - após participação à Corte das intenções dos frades, é-lhes dada ordem de expulsão do Estado, o que acaba por não acontecer devido a diligências de D. Pedro de Avitabili em Lisboa; 1655, 22 março - só nesta data obtêm ordem expressa do rei para fundar uma casa religiosa e construir uma igreja e um convento, sendo o local escolhido o então Terreiro do Paço, local onde até 1630 teria existido uma fábrica de pólvora; aos teatinos será permitido a partilha das missões orientais comprometendo-se a prestar fidelidade ao rei de Portugal, a defender os direitos e as regalias do Padroado e a submeterem-se à jurisdição dos bispos portugueses nas missões que cultivassem; 1674 - o essencial das obras está concluído; séc. 18, início - provável execução do retábulo-mor e dos retábulos laterais; 1750 - uma vez que, desde o estabelecimento da ordem religiosa, dos 56 frades e 3 noviços enviados da Europa para a Índia apenas chegaram ao destino 23 (Fonseca, 1878, p. 248) *3, D. Carlos José Fidelis, então perfeito superior do convento, obtém autorização de Roma para admitir nativos na ordem; 1804 - até esta data haviam tomado votos 39 nativos; 1835 - à data da extinção das ordens religiosas, existem no convento 16 frades; a zona conventual é profundamente remodelada; 1896 - instalação do Museu Real da Índia Portuguesa na área conventual (o Museu é depois transferido para o Palácio do Governo na cidade de Goa) e a Galeria de Retratos de Vice-Reis (também transferida depois para o Convento de São Francisco de Assis); alguns aposentos estavam reservados para a residência dos Governadores-Gerais quando fossem assistir a festividades religiosas; 1922 - Comissão de Arqueologia instala no palácio uma exposição de arte sacra. 1960 - 1962 - obras para instalação do Instituto Pio X, Instituto de Teologia Pastoral, destinado à formação pastoral de sacerdotes; demolição do edifício onde esteve instalado o Museu Real da Índia Portuguesa e construção, no seu lugar, de um novo edifício, também de dois pisos, com idêntica cércea, de planta em L, e de muito maior dimensão, com projeto do arquiteto Naguexa Pissurlencar, da Direção das Obras Públicas, e as obras a cargo do construtor português, residente em Goa, António Laranjo (FARIA, HPIP). |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes (convento). |
Materiais
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Estrutura em pedra da região (laterite), rebocada e pintada; argamassas à base de cal e areia; retábulo e púlpito em talha dourada; painéis pintadas; cobertura em telha cerâmica. |
Bibliografia
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BISPO, A.A. et al - «O Barroco na Índia no campo de tensões entre o Padroado Português e a Propaganda Fide: recepção religioso-cultural romana em Goa e o clero nativo dos Teatinos». In Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 131/18 (2011:3) (http://www.revista.brasil-europa.eu/131/Goa-Sao_Caetano.html); DIAS, Pedro - História da Arte Portuguesa no Mundo. O Espaço do Índico. Lisboa: Círculo de Leitores, 1998; FARIA, Alice Santiago - «Instituto Pio X». In (http://www.hpip.org/def/pt/Homepage/Obra?a=1537), [consultado em abril 2018]; FONSECA, José Nicolau da - An Historical and Archaeological Sketch of the City of Goa. Bombaim: Thacker & C.o, Limited, 1878, pp. 248-250; ISSAR, T. P. - Goa Dourada - The Indo-Portuguese Bouquet. Bangalore: Mytec Process Pvt. Ldª., 1997; MATTOSO, José (dir.) - Ásia, Oceania, Património de origem portuguesa no mundo, arquitectura e urbanismo. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010, pp. 250-251; PEREIRA, António Nunes - A Arquitectura Religiosa Cristã de Velha Goa. Segunda metade do século XVI - primeira décadas do século XVII. Lisboa: 2005; PEREIRA, António Nunes Pereira - «Igreja de Nossa Senhora da Divina Providência». In (http://www.hpip.org/def/pt/Homepage/Obra?a=623), [consultado em abril 2018]; SALDANHA, Pe. Manuel J. Gabriel de - História de Goa (Política e arqueológica). Segunda Edição. Vol. II - História Arqueológica. Nova Goa: Casa Editora Livraria Coelho, 1926, pp.111-120; TELLES, Ricardo Micael - Igrejas, Capelas e Palácios na Velha Cidade de Goa. Nova Goa: 1931; TERENO, Maria do Céu Simões - Arquitetura Religiosa em Goa - Contributos para a sua investigação. Universidade de Évora, janeiro 2012; Velha Goa. Guia Histórico, Goa, 1952; «List of Ancient Monuments and Archaeological Sites and Remains of Goa - Archaeological Survey of India» in (http://asi.nic.in/), [consultado em abril 2018]. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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DGPC: SIPA |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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1950 - remoção da cal que revestia toda a igreja, deixando exposta a laterite; ASI: 2006 - obras de restauro. |
Observações
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EM ESTUDO. *1 - Conjunto "Churches and Convents of Goa", declarado pela UNESCO, em 1986, como Património da Humanidade (Relatório da 10ª Sessão do Comité - CONF 003 VIII). A Igreja de São Caetano consta da Lista de National Importance Monuments do Archaeological Survey of India com o identificador N-GA-3. Também o Largo de São Caetano vem inscrito na mesma lista de monumentos com o identificador N-GA-21. *2 - Segundo António Nunes Pereira, a designação mais correta da igreja é Igreja de Nossa Senhora da Divina Providência. Na verdade, os religiosos da ordem, chamados clérigos regulares da Divina Providência, não podiam possuir, segundo a sua regra, rendas de qualidade alguma nem pedi-las, mas para a sua subsistência deviam confiar na bondade da Providência e na caridade espontânea dos fiéis (Saldanha, 1926, p. 114). A designação de São Caetano advém do facto de ter sido Caetano de Thiene (ou Gaetano di Tiene), beatificado em 1629 e santificado em 1671, o fundador da Ordem dos Teatinos (Bispo, 2011). *3 - Esta situação foi agravada com a disputa entre a congregação Propaganda Fide, instituída pelo Papa Gregório XV em 22 de junho de 1622, através Bula Inscrutabili Divinae, e o Padroado Português criado no início da expansão marítima e confirmado pelo papa Leão X em 1514, sendo que, a linguagem arquitetónica da igreja e a sua sumptuosidade face à Sé de Goa, que lhe fica em frente, se constituiu em "manifesto vivo, corajoso, até mesmo desafiador, mas aos olhos dos portugueses necessariamente insolente, testemunho de quebra do acordo e promessa de fidelidade" ao Padroado Português (Bispo, 2011). |
Autor e Data
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Hugo Sérgio Fernandes (Contribuinte externo) e João Almeida (Contribuinte externo) 2018 |
Actualização
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