Colégio de São Paulo / Palácio de São Paulo
| IPA.00011336 |
Moçambique, Nampula, Ilha Moçambique (M), Ilha Moçambique (M) |
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Arquitectura educativa, seiscentista, novecentista e do séc. 20. Colégio da Companhia de Jesus, de estrutura rectangular, com igreja disposta à direita, seguindo o esquema de implantação típico da primeira fase, e dois pátios, em volta dos quais se desenvolviam a vida escolar, no anterior, e conventual, no posterior. Igreja de planta longitudinal composta por nave e capela-mor mais estreita, com coberturas diferenciadas, a da capela-mor em falsa abóbada de berço de estuque. A fachada principal da igreja termina em empena e é rasgada por portal de verga recta, janela de varandim e óculo e, no interior, possui retábulo-mor maneirista, de talha dourada, de dois registos e três eixos, de influência indo-portuguesa. No lado direito, as dependências conventuais e colegiais, teriam acesso por portaria comum e desenvolviam-se em torno de dois pátios de dois pisos, o do colégio tendo o piso inferior de arcadas e o superior com janelas. | |
Número IPA Antigo: MZ910703000005 |
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Registo visualizado 328 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Educativo Colégio religioso Colégio religioso Companhia de Jesus - Jesuítas
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Descrição
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Planta rectangular irregular composta por igreja disposta à direita, longitudinal, de nave única e capela-mor, mais estreita, e pelo corpo do Colégio, desenvolvido em torno de um amplo claustro, e por um outro claustro menor, na zona posterior, tendo adossado à fachada lateral direita da igreja torre sineira quadrangular. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas e quatro águas e em coruchéu piramidal na torre sineira. Fachadas rebocadas e pintadas de rosa, com faixas, cunhais, molduras dos vãos e remates sublinhados a branco. Fachada principal virada a SO., com a igreja terminada em empena com cornija, coroada por pináculos nos cunhais e vértice, de dois registos divididos por cornija, abrindo-se no primeiro portal de verga recta com moldura encimado por friso de acantos, friso de florões e cornija decorada com discos, sustentados por duas mísulas; no segundo registo abre-se janela de varandim com moldura igualmente encimada por friso e cornija e óculo circular. A fachada do colégio termina em platibanda plena, sublinhada por frisos pintados de branco; apresenta dois pisos, rasgados regularmente por janelas de peitoril rectilíneas e com caixilharia de guilhotina, excepto no extremo direito, onde se abre amplo arco de volta perfeita, e quase no extremo esquerdo, onde se abre portal de verga recta. Torre sineira com cunhais marcados por falsos perpianhos, de dois registos, o inferior rasgado no topo por óculo circular, moldurado, e o segundo, separado por larga faixa pintada de branco, com esbarro e mais estreito, rasgado, em cada uma das faces, por vão em arco, superiormente sublinhado por moldura contracurvada, e frontalmente albergando sino. INTERIOR da igreja com púlpito de talha policroma no lado do Evangelho e, no lado oposto, capela lateral profunda, com acesso por arco de volta perfeita. Capela-mor em falsa abóbada de berço, de estuque, possuindo nas paredes laterais amplos nichos em arco de volta perfeita sobre pilastras, de feitura recente. Sobre supedâneo de três degraus, surge o retábulo-mor, de talha dourada, de dois registos separados por friso e cornija, e de três eixos definidos por oito colunas torsas e espira fitomórfica, de capitéis coríntios e no primeiro registo dispostas duas a duas sobre plintos comuns; no eixo central abre-se nicho à face, em arco de volta perfeita, integrando sacrário tipo templete e imagem do crucificado, e no segundo registo nicho em arco de volta perfeita, de boca rendilhada, sobre pilastras com decoração fitomórfica, interiormente concheado; nos eixos laterais abre-se, em cada registo, nicho igualmente em arco de volta perfeita, sobre pilastras, interiormente concheado e encimado por frontão triangular; sobre o entablamento, desenvolve-se o ático em tabela rectangular, com insígnia da Ordem inserida em resplendor circular, definido por colunas torsas, com espira fitomórfica sustentando espaldar com elementos vegetalistas recortados, rematado em volutas; lateralmente é enquadrado por dois nichos com as características dos anteriores, ladeados de aletas e terminados em espaldares recortados. Banco de alvenaria rebocada e pintada de branco, integrando o frontal de altar, em talha dourada, tipo urna. O colégio desenvolve-se à volta de pátio central com uma das alas terminada em frontão triangular, coroado por pináculo e com brasão no tímpano, possuindo frontalmente escada de dois lanços convergentes, com coluna de arranque sustentando figuras femininas em bronze com candeeiros, e guarda em ferro; ao nível do piso térreo, abre-se sob o patamar central da escada arco de volta perfeita sobre pilastras; no segundo piso abre-se portal de verga recta encimado por cartela com decoração relevada, entre largas pilastras, ladeado por quatro janelas de peitoril, com caixilharia de guilhotina. As alas laterais possuem o primeiro piso com arcada de cantaria, com arcos de volta perfeita sobre pilares, e no segundo janelas rectilíneas. |
Acessos
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Avenida dos Continuadores |
Protecção
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Incluído na Ilha de Moçambique (v. MZ910703000011) |
Enquadramento
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Urbano, adossado, adaptado ao declive do terreno, sobretudo na fachada lateral esquerda. Ao longo da fachada principal do palácio corre gradeamento, intercalado por plintos paralelepipédicos. Em frente desenvolve-se ampla praça, pontuada de árvores, com bancos de jardim e tendo ao centro plinto paralelepipédico que sustentava a estátua de Vasco da Gama. O imóvel possui em frente da ponte cais da Alfândega e nas imediações, ergue-se a Igreja e Hospital da Santa Casa da Misericórdia (v. MZ910703000004).. |
Descrição Complementar
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O Museu-Palácio de São Paulo possui uma rica colecção de artes decorativas, destacando-se uma das maiores colecções mundiais de mobiliário indo-português. |
Utilização Inicial
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Educativa: colégio religioso |
Utilização Actual
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Residencial: residência oficial / Cultural e recreativa: museu |
Propriedade
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Afectação
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Época Construção
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Séc. 17 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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1498 - chegada de Vasco da Gama à ilha de Moçambique; 1507 - construção da feitoria, para apoio das armadas da Índia que aqui faziam a invernada, "com casas pera recolhimento da gente"; de início era uma simples torre denominada Torre de São Gabriel, e mais tarde conhecida por Torre Velha; séc. 17, início - desmantelamento parcial da torre pelos holandeses durante o cerco; 1603 - abertura de uma escola pelos religiosos da Companhia de Jesus a pedido dos habitantes locais; posteriormente e em data incerta obtêm o terreno onde se erguia a torre, com a condição de completarem a sua demolição e de não erguerem construções que pudessem servir como padrasto à Fortaleza de São Sebastião; porém, reaproveitaram a estrutura da Torre Velha como alicerce da capela do que viria a ser o Colégio de São Paulo; 1607 / 1608 - estabelecimento na torre de uma bateria holandesa que causou grandes danos nas cortinas da Fortaleza de São Sebastião durante os seus ataques; 1610 - construção do edifício do Colégio da Companhia de Jesus, junto à torre; 1624 - cartas anuais dos jesuítas atestam a existência de um colégio com a invocação de São Francisco Xavier, com a igreja de São Paulo e a hospedaria ao lado; o terreno para a construção fora oferecido por Bartolomeu Lopes, que morreu na Índia a 1634; 1634 - colocação da lápide sepulcral na sepultura do governador D. Estêvão de Ataíde, sepultado no colégio; 1635 - segundo António Bocarro, ali assistiam três ou quatro religiosos a quem pagavam antigamente da fazenda do rei mantimentos e quartéis dobrados do que se pagava aos soldados; 1636 - desenhos de António Bocarro confirmam a existência do colégio, da igreja e de outras dependências; 1763 - após a expulsão dos jesuítas, o colégio foi adaptado a residência dos capitães generais de Moçambique; as obras foram levadas a cabo por João Pereira da Silva Barga; até esta data, os governadores ficavam instalados numa casa particular, tendo de compraro mobiliário necessário; 1670 - incêndio no edifício provocando grandes danos no mesmo; 1674 - reconstrução do edifício; 1864 - alteração ao coroamento da torre; 1888 / 1891 - campanha de obras altera o interior da capela para o aspecto actual; 1898 - passou a ser ocupado pelo Governador do Distrito de Moçambique até a capital do distrito ser mudada para Nampula; 1931 - adaptação do edifício para instalação de repartições, salas de recepção e outras; 1935 - até esta data servia de residência do Governo do Distrito, depois foi desocupado; 1956 - passa a servir como residência para o presidente da República Portuguesa e seus ministros, aquando em visita à colónia; neste ano foi remobilado e arranjado para receber o presidente Craveiro Lopes; 1967 - a capela necessitava profundas obras de recuperação; 1969 - remodelação do edifício, por ocasião da inauguração da ponte de ligação entre a ilha e o continente; 1991 - classificação da ilha de Moçambique como património mundial pela Unesco; 2004, 18 Agosto - decreto nº31 do Conselho de Ministros criando o Museu da Ilha de Moçambique, abreviadamente designado MUSIM, constando de três núcleos museológicos: o Museu de Artes Decorativas, o Palácio de São Paulo e o Museu de Marinha e, o terceiro, o Museu de Arte Sacra. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura rebocada e pintada; arcos do claustro e outros elementos em cantaria; retábulo-mor e púlpito em talha dourada; pavimentos em soalho ou cantaria; caixilharia de madeira; vidros simples; cobertura de telha. |
Bibliografia
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CID, Isabel, O livro das plantas de todas as fortalezas, cidades e povoações do estado da Índia oriental de António Bocarro, Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1992; DIAS, Pedro, História da Arte Portuguesa no Mundo. Espaço do Índico, Lisboa, 1998, pp. 356-380; IDEM, Arte de Portugal no Mundo. África Oriental e Golfo Pérsico, Lisboa, Público - Comunicação Social, S.A., 2008; Ilha de Moçambique em perigo de desaparecimento. Uma perspectiva histórica, um olhar para o futuro, Lisboa, 1983; LOBATO, Alexandre, Ilha de Moçambique. Panorama Histórico, Lisboa, 1967; RAU, Virgínia, Aspectos étnico-culturais da Ilha de Moçambique em 1822, Lisboa, 1963; http://pt.wikipedia.org/wiki/Palácio_dos_Capitães-Generais_(ilha_de_Moçambique), Abril 2011. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Observações
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EM ESTUDO |
Autor e Data
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Sofia Diniz 2002 |
Actualização
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Manuel Freitas (Contribuinte externo) 2011 |
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