Câmara Municipal da Covilhã
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Portugal, Castelo Branco, Covilhã, União das freguesias de Covilhã e Canhoso |
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Câmara Municipal construída no séc. 20, de planta em T invertido, de braço pouco pronunciado, com grande regularidade nas fachadas simétricas, rasgadas por vãos rectilíneos, que contrastam com as arcadas de volta perfeita, assentes em pilares, que abrem para uma galeria de circulação, onde se rasgam os acessos ao imóvel. O corpo central é mais desenvolvido, rematando em cornija apoiada em mísulas e possui amplos vãos, os correspondentes ao Salão Nobre na fachada principal, ocupando dois pisos e abrindo para sacada corrida com guarda balaustrada, possuindo o lado oposto um portal de acesso ao segundo piso do imóvel. As alas são regulares possuindo janelas de sacada no piso intermédio, com guardas metálicas e janelas de peitoril no superior. Interior marcado pelo vestíbulo, sendo revestido a pedra calcária e pavimento do mesmo material, com escadas de mármore, que ligam aos pisos superiores, com lanços convergentes e divergentes, dando acesso a corredores para onde abrem os gabinetes. A dependência mais exuberante é o Salão Nobre, totalmente revestido a cantaria, com tecto de três caixotões, assente em cornija e mísulas, possuindo pinturas figurativas, alusivas a personalidades e actividades da Covilhã. Edifício bastante simples exteriormente, de linhas rectilíneas, contrastando com a decoração e exuberância interna, onde surgem revestimentos de calcário, escadarias em mármore e bronze, salas decoradas com pintura mural e tapeçaria modernista, destacando-se o Salão Nobre com pavimento em parquet, com madeira exóticas. A fachada principal é marcada pela maior altura do corpo central, totalmente em cantaria de granito, rematado por pináculos gigantes, que resultam demasiado pesados, onde se rasgam amplas janelas, que abrem para um sacada corrida balaustrada, permitindo o contacto com a população em ocasiões festivas, abrindo para a enorme praça frontal, e pela galeria de arcadas, assentes em pilares de cantaria e plintos bastante possantes. Existe um contraste entre estas formas curvilíneas e as rectilíneas dos demais vãos, que se destacam pela existência de modinaturas duplas. Na fachada posterior, no lado esquerdo, pequenas janelas quadrangulares e de molduras comuns, assinalam a zona dos lavabos. Surge como o edifício dominante da Praça, onde se procurou introduzir uma forte unidade de estilo, pela existência de outros edifícios do mesmo período, contrastantes com a Igreja da Misericórdia e com o novo centro comercial. |
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Número IPA Antigo: PT020503200033 |
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Registo visualizado 743 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Político e administrativo regional e local Câmara municipal Casa da câmara
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Descrição
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Planta em T invertido, com o braço pouco saliente, evoluindo em dois e três pisos, adaptando-se ao desnível do terreno, de volume simples e coberturas diferenciadas em quatro águas no corpo central e em três nas alas laterais. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, excepto o corpo central da principal e a galeria de arcadas que a percorre, em cantaria de granito aparente, percorridas por embasamento de cantaria de granito, rasgadas por janelas rectilíneas com molduras simples de cantaria e caixilharias de madeira pintada de branco e vidro simples, rematadas por cornija e beirada simples. Fachada principal, virada a E., de desenvolvimento simétrico, a partir do corpo central, ligeiramente mais elevado, rematado por cornija sustentada por quinze mísulas de cantaria e ostentando enormes pináculos piramidais nos ângulos. O piso inferior é marcado por três arcadas de volta perfeita, assentes em pilares de cantaria sobre plintos paralelepipédicos, que acedem à galeria e a três portas de acesso ao imóvel, todas em arcos de volta perfeita e com as molduras formadas pelas aduelas, elevadas por dois degraus de cantaria e protegidas por duas folhas de ferro pintado de verde e vidro simples, com bandeira, ostentando, a dourado, as armas da cidade, compondo uma estrela, e, na bandeira central, a cruz de Cristo. O piso seguinte é marcado pelos vãos do Salão Nobre que ocupam dois pisos do imóvel, tendo um amplo pé-direito; têm molduras recortadas e abrem para sacada corrida, com bacia de granito assente em quatro mísulas, com guarda balaustrada; sobre o vão central, o escudo da cidade, em bronze. Junto à cobertura as janelas que iluminam o sótão, em número de três e de perfil jacente. Cada uma das alas laterais possui sete arcadas de volta perfeita, assentes em pilares de cantaria com plintos paralelepipédicos, de acesso à galeria para onde abrem sete portas de volta perfeita, protegidas por duas folhas metálicas e vidro simples; são encimadas por sete janelas de sacada, com bacias de cantaria, assentes em duas mísulas e guardas metálicas pintadas de verde, onde se dependuram floreiras do mesmo material. No piso superior, sete janelas de peitoril, com molduras duplas. A galeria possui tecto de dezassete caixotões quadrangulares, rebocados e pintados de branco, que enquadram círculo, de onde se dependuram lanternas metálicas; o pavimento é em lajeado de granito. As fachadas laterais são semelhantes, marcadas no piso inferior por uma arcada de acesso à galeria, encimada por janela de peitoril no piso intermédio e por três no superior, com molduras duplas. Fachada posterior é marcada pelo corpo saliente, com acesso por escadaria de cantaria, ladeado por dois muros do mesmo material. O corpo frontal possui a cornija do remate sustentada por mísulas e cunhais amplos em cantaria, tendo as ilhargas forradas com o mesmo material, onde se rasgam duas janelas longilíneas, com molduras duplas. Possui um pequeno ressalto, mais baixo, rematado em friso e cornija e com cunhais de cantaria, rasgado por ampla porta de moldura dupla e jambas de disposição oblíqua, protegido por duas folhas fixas e duas móveis, de metal e vidro simples. As alas laterais são semelhantes, com cinco janelas de peitoril em cada piso, correspondentes e com molduras duplas, surgindo no extremo esquerdo, uma bífora no piso inferior e quatro janelas com moldura comuns no superior, todas quadrangulares. INTERIOR marcado por amplo vestíbulo rectangular, com as paredes revestidas a calcário vermelho, com pavimento lajeado e tecto plano, rebocado e pintado de branco. Nas paredes laterais, duas portas de verga recta que levam a corredores e aos serviços situados no piso inferior, que centram duas esculturas de vulto, em calcário, assentes em altos plintos do mesmo material, onde se inscrevem, a dourado, os nomes das figuras representadas surgindo, no lado esquerdo, Frei Heitor Pinto e no direito Pêro da Covilhã. Fronteira à entrada principal, a escada de acesso ao piso superior, protegida por um guarda-vento de madeira e vidro simples, possuindo cinco lanços, o inferior comum e os laterais divergentes e convergentes, com patins intermédios; tem paredes rebocadas e pintadas de branco, com escadas em mármore branco e preto, com guardas vazadas, em bronze. No primeiro patim, nicho rectangular, onde se inscreve a figura da República, em mármore preto, sobre plinto do mesmo material. No patamar do segundo piso, arcada de volta perfeita com moldura preta, acede a um corredor de ligação ao Salão Nobre e aos gabinetes do presidente e vereação, possuindo paredes rebocadas, lambril de calcário vermelho, pavimento em cantaria de calcário e rodapés de negro, com tectos planos pintados de branco, para onde abrem portas de verga recta com aros e folhas de madeira almofadadas. O Salão Nobre encontra-se revestido a pedra calcária com as juntas pintadas a dourado encimado por pintura figurativa, representando o ciclo da lã, desde a actividade de pastoreio, tosquia, fiação, tinturaria, fabricação de tecidos e aquisição dos mesmos; surge, ainda, representada a Capela de Santa Cruz e algumas figuras relacionadas com a actividade dos lanifícios; o tecto forma três caixotões quadrangulares, com molduras salientes e sustentado por cornija e mísulas equidistantes, tendo pavimento em parquet. O gabinete do Presidente ostenta uma tapeçaria com as armas da cidade, rodeadas por figuras ligadas às actividades da Covilhã e, numa sala anexa ao Salão Nobre, uma tapeçaria que mostrava a cidade da Covilhã antiga e a construída no Estado Novo. Fronteira ao patamar superior, as escadas de acesso ao último piso, repetindo o módulo anterior e possuindo, também, um nicho rectangular, com moldura preta. Estas acedem a um corredor, para onde abrem portas rectilíneas, correspondendo a vários gabinetes e serviços. |
Acessos
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Praça do Município |
Protecção
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Categoria: CIP - Conjunto de Interesse Público, Portaria n.º 448/2014, DR, 2.ª série, n.º 113 de 16 junho 2014 *1 |
Enquadramento
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Urbano, isolado, abrindo para uma ampla praça, a antiga Praça do Pelourinho, implantada no mesmo local onde se encontrava o primitivo edifício da Câmara, em zona de acentuado declive, surgindo como elemento unificador e destacado na Praça, fazendo a alternância entre a zona mais antiga do núcleo de Santa Maria e a zona moderna, reconstruída em meados do séc. 20. Fronteira, uma Rotunda, cujos elementos escultóricos são da autoria de Irene Buarque e datam da reforma do Programa POLIS, que renovou toda esta zona, no início do séc. 21. No mesmo passeio, ergue-se uma escultura de tamanho natural da figura de Pêro da Covilhã. No passeio oposto, ergue-se a Igreja da Santa Casa Misericórdia da Covilhã (v. Pt020503200013), o edifício mais antigo da Praça, tendo, no lado direito o Teatro Cine da Covilhã (v. PT020503170072) e no esquerdo os Antigos Correios, Telégrafos e Telefones, CTT, da Covilhã (v. PT020503170022) e o Edifício da Caixa Geral de Depósitos (v. PT020503200073), com uma classificação conjunta, criando a zona modernista da Praça, a par do Hotel da Covilhã, um pouco mais distanciado (v. PT020503200244), na zona descendente, onde se situa um edifício de feitura recente, um centro comercial. A fachada posterior encontra-se envolvida por um muro de suporte de terrenos e uma zona ajardinada, com dois canteiros relvados, onde surgem buxos recortados, um deles formando uma cruz de Cristo, junto aos quais surgem as escadarias de dois lanços que ligam ao acesso posterior do edifício. Junto a este a Cisterna da Covilhã (v. PT020503170007) e o parque de estacionamento da Câmara. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Política e administrativa: câmara municipal |
Utilização Actual
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Política e administrativa: câmara municipal |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: João António de Aguiar (1944-1952). DESENHADOR: António Esteves Lopes (1957). ESCULTORES: Barata Feyo (1957); João Fragoso (1957). PINTOR: António Lino (1956-1957). |
Cronologia
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Idade Média - o concelho reunia-se no Paço ou Casa de Audiência, no pelourinho ou alpendres das igrejas; 1614 - conclusão da casa da Câmara e cadeia *2; 1677 - a cadeia foi reconstruída, com consolidação das paredes para evitar a fuga dos presos, paga pela Provedoria da Comarca da Guarda; 1712 - o Padre Carvalho da Costa refere que o Concelho tinha voto em Cortes, com assento no banco 4; séc. 19 - existência de um pelourinho na praça e um coreto em pedra e ferro; 1855 / 1860 - obras de regularização e "melhoramento" do Largo do Pelourinho; 1863, 9 Maio - apeamento do pelourinho, situado fronteiro aos antigos Paços do Concelho; 1942 - plano para a Praça do Município, circunscrita por vários edifícios concebidos após este período; 1944, 23 Novembro - o arquitecto João António de Aguiar, indigitado pelo engenheiro Duarte Pacheco, apresenta um ante-projecto; 1947, 22 Outubro - apresentação do projecto final pelo mesmo projecto, após várias reuniões entre a Câmara Municipal da Covilhã e o Ministério das Obras Públicas; 1949, Junho - contrato para a execução da obra e início da mesma; pouco depois interrompeu-se para se decidir o futuro da antiga Câmara, que a Junta Nacional de Educação previa manter; recomeçam as obras, decidindo-se arrasar a antiga Câmara, um antigo edifício filipino; 1949, 22 Junho - Raul Lino insurge-se contra a demolição do edifício filipino; 1952, 7 Junho - numa homenagem ao presidente da Câmara, Dr. Carlos Coelho, refere-se que na construção do imóvel haviam sido gastos 3.069.816$79; execução de uma escultura para o átrio, representando Frei Heitor Pinto, da autoria de João Fragoso e de Pêro da Covilhã, de Barata Feyo; 1957 - finalização das pinturas do salão nobre, da autoria de António Lino; execução de uma tapeçaria alegórica à nova Covilhã, conforme desenho da autoria de António Esteves Lopes; feitura de uma tapeçaria para o gabinete do presidente; 1958, 11 Outubro - inauguração do imóvel, vindo substituir o edifício primitivo, datado de 1614, com a presença do Ministro das Obras Pública, engenheiro Arantes e Oliveira, e o Ministro do Interior, José Pires Cardoso; execução de uma escultura para a zona fronteira ao edifício, representando Pêro da Covilhã, efectuada por Barata Feyo; 1965 - execução de estantes envidraçadas e de mesas de leitura para mobilar o interior, conforme projecto da Direcção Regional de Monumentos do Norte; 1996, 28 março - parecer do Conselho Consultivo do IPPAR a classificar o conjunto de edifícios modernistas existentes na Praça; 26 abril - Despacho de abertura do processo de classificação conjunta pelo presidente do IPPAR; 1999 - 2001 - arranjo da Praça do Município, conforme projecto de Nuno Teotónio Pereira e Paulo Guerra, integrado no Programa POLIS; 2000, 18 maio - proposta da DRCoimbra para classificar o conjunto como Imóvel de Interesse Público e fixação de Zona Especial de Proteção; 2003, 07 maio - parecer favorável à classificação pelo Conselho Consultivo do IPPAR; 26 maio - Despacho de homologação da classificação do edifício como Imóvel de Interesse Público, em classificação conjunta com a Câmara Municipal da Covilhã, Edifício dos Correios, Telégrafos e Telefones, e a Caixa Geral de Depósitos. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes autónomas. |
Materiais
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Estrutura em cantaria, alvenaria de granito e betão, rebocada e pintada; modinaturas, arcadas, pilares, plintos, cornijas, mísulas em cantaria de granito; escultura, silhares, revestimentos, modinaturas, rodapés e pavimentos em calcário de várias tonalidades; escadas e escultura em mármore; guardas e grades em ferro; guarda e escudo em bronze; portas, aros e pavimentos de madeira; tectos em estuque pintado; salão nobre com pinturas murais; tapeçaria; passadeiras; cobertura exterior em telha. |
Bibliografia
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COSTA, P. António Carvalho da, Corografia Portugueza..., 2.ª ed., tomo II, Braga, 1868 [1.ª ed. de 1712]; Notícias da Covilhã, Covilhã, 7 Junho 1952; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958, 1º Volume, Lisboa, 1959; Covilhã. Quem defende o Património, Covilhã, Edição Casa Milhano, 1981; Covilhã percursos de uma história secular, Paços de Ferreira, Néstia Editora, 2003; CARLOS, Filipe Serra, Os Paços do Concelho da Covilhã, Covilhã, Câmara Municipal da Covilhã, 2008; BRITES, Joana, "Um uníssono a quatro vozes: arquitectura(s) do Estado Novo na Praça do Município da Covilhã", in Monumentos, n.º 29, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, 2009, pp. 126-133; MILHEIRO, Ana Vaz, "Por uma cidade amável. Espaços Públicos e Programa Polis na Covilhã", in Monumentos, n.º 29, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, 2009, pp. 54-61; PEREIRA, Daniela, "A Covilhã na Idade Média e inícios da Idade Moderna: algumas configurações e transformações urbanísticas", in Monumentos, n.º 29, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, 2009, pp. 16-23; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/155641 [consultado em 14 outubro 2016]. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DREMN |
Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA |
Documentação Administrativa
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IPPAR: DRC; AMC: Livros de Actas (Liv. 55, 58, 62), Processo n.º 451, 565 |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: séc. 21 - tratamento de rebocos e pinturas; limpeza das cantarias; restauro das madeiras e do parquet do Salão Nobre; arranjo da zona envolvente, com construção de dois canteiros na fachada posterior. |
Observações
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*1 - trata-se da classificação conjunta do Edifício do Teatro Cine (v. IPA.00010538), da Câmara Municipal da Covilhã (v. IPA.000111153), Edifício dos Correios Telégrafos e Telefones, CTT, da Covilhã / Edifício da Portugal Telecom (v. IPA.00011687) e o Edifício da Caixa Geral de Depósitos (v. IPA.00011117). *2 - o edifício era de planta rectangular e assimétrico, tendo, no piso inferior, um arco que não se centraliza na globalidade do edifício, e que fazia o acesso a todos os compartimentos da Câmara; no piso superior abriam-se nove janelas, cinco delas de sacada; no piso térreo, à esquerda, localizava-se a cadeia cujo acesso era feito pelo arco do edifício, designado como Arco da Cadeia e as janelas que correspondiam às celas localizavam-se quase ao nível do chão, o que sugere que a cadeia era uma espécie de cave; a fachada da Casa da Câmara e Cadeia era rematada por uma torre com sino. |
Autor e Data
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Paula Figueiredo 2009 |
Actualização
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