Cinema Batalha
| IPA.00010734 |
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória |
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Arquitectura civil cultural modernista. Cinema de planta trapezoidal, marcado por fachada de gaveto, rebocada, balançada e ondulada sobre o espaço urbano. Superfície curva na esquina rasgada por duas grandes caixilharias ritmadas por perfis metálicos. A intercalar os panos envidraçados, um alto-relevo. Uma pala lisa, saliente serve de remate ao último piso recuado. Neste último piso apenas se abrem seis óculos. Espaço interior marcado por superfícies curvas no perfil dos tectos, nas caixilharias onduladas sobre a rua e nas luminárias da sala de cinema e dos foyers. Mantém-se praticamente original na forma e materiais de construção. Quando foi construído, constituiu pela sua expressão arquitectónica e tratamento decorativo do espaço interior uma obra arrojada e inovadora para o que se fazia no Porto. Foi por isso logo à nascença, paradigma da modernidade proporcionando algumas polémicas *3. |
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Número IPA Antigo: PT011312140230 |
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Registo visualizado 2593 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Cultural e recreativo Casa de espetáculos Cinema
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Descrição
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Edifício de gaveto de planta trapezoidal, de esquina arredondada de quatro pisos, sendo um em cave e outro recuado. Fachada orientada a O. e S., marcada por embasamento em mármore, sobre o qual balança superfície rebocada ondulada apoiada em pala lisa saliente. A superfície é rasgada por dois enormes envidraçados, fortemente ritmados por perfis verticais metálicos. A intercalar um baixo-relevo de Américo Braga. A rematar o piso recuado uma pala lisa balançada, quase cega, à excepção dos seis óculos voltados a O. correspondentes à cabine de projecção. A partir de escada em caracol que emerge num volume saliente no último piso, acede-se a um terraço triangular sobre a praça da Batalha prolongando-se numa estreita varanda debruçada sobre a R. Santo Ildefonso. Esta varanda permite o acesso ao sistema de enrolamento das telas publicitárias sobre as fachadas, dos filmes em exibição. Sobre a superfície de mármore do piso térreo, uma extensa vitrine saliente e com vidro. No INTERIOR, a planta do edifício articula a sala de espectáculo alongada no sentido mais profundo do lote com um espaço de foyer em L, na área voltada sobre a praça e a rua. A sala com tribuna e balcão de superfícies arredondadas é coberta por tecto estucado curvo com luminárias circulares em cobre com neons sobre a tribuna. Sobre as portas laterais de acesso à plateia, elementos cerâmicos em forma de asas, policromados, em baixo relevo com pássaros e flores. Os foyers de três pisos, adossados às fachadas de gaveto articulam-se com escadarias no vértice e nas extremidades do edifício. Os foyers apresentam-se forrados a contraplacados envernizados, com vitrines integradas de pormenorização requintada, associando vidro, latão e cobre. Os tectos estucados apresentam armaduras circulares, diferentes piso a piso, ora salientes ora embutidas, culminando no último piso misturadas com estrelas recortadas sobre a rua, quando a caixilharia se separa da estrutura de betão do edifício. Os pavimentos em marmorite polida de base preta integram incrustações de latão com desenhos lineares curvilíneos e estrelas dispersas. |
Acessos
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Sé, Praça da Batalha, n.º 47; Rua de Santo Ildefonso |
Protecção
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Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria nº 666/2012, DR, 2ª série, nº 215, de 7 novembro 2012 / Incluído no conjunto da Zona Histórica do Porto, (v. PT011312080086) e no Centro Histórico da Cidade do Porto (v. PT011312140059) |
Enquadramento
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Urbano, adossado, no gaveto da Praça da Batalha com a Rua de Santo Ildefonso, ocupando um terreno de gaveto, integrando uma das frentes urbanas da Praça da Batalha. O edifício afirma-se pela sua localização e pela sua linguagem arquitectónica no ângulo da Praça da Batalha. Esta praça irregular, quase em L é rematada a N. pela Igreja de Santo Ildefonso (v. PT011312120046) e contém vários edifícios de interesse histórico e arquitectónico como: o Teatro São João (v. PT011312140059), o antigo Cine Águia de Douro (v. PT011312140231), o Café Chave d´Ouro, o Hotel Império, o Grande Hotel da Batalha, o Palácio da Batalha e ainda a estátua a D. Pedro V. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Cultural e recreativa: cinema |
Utilização Actual
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Devoluto |
Propriedade
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Privada: pessoa coletiva |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Arquitecto: Artur Andrade; Pintores: Júlio Pomar, Augusto Gomes, António Sampaio e Altino; Escultores: Américo Braga e Arlindo Gonçalves. |
Cronologia
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1906 - Inauguração do Salão High-Life na Boavista *1; 1908, 29 fevereiro - inauguração do "Novo Salão High-Life" na Praça da Batalha; 1941 - construção do Coliseu do Porto, onde trabalharam os arquitetos Cassiano Branco, Júlio de Brito e Mário Abreu; 1944 - demolição do Novo Salão High-Life; 30 Setembro - é apresentado projeto na Câmara Municipal do Porto (CMP) para a construção do Cinema Batalha, assinando o termo de responsabilidade o Engenheiro Civil Bernardino de Barros Machado; 1944 / 1947 - construção do edifício; 1947, 3 junho - inauguração do novo Cinema Batalha *2; 1948, 27 setembro - vistoria da obra; 1974 - nasce o estúdio Sala Bébé na cave, que foi ocupar um espaço outrora de cafetaria; 2000, agosto - fecha o Cinema Batalha; 2001, Agosto - protocolo assinado entre a Firma proprietária e a Câmara Municipal para a realização de obras de recuperação com diversos mecenas; 1998, 10 novembro - proposta da CM do Porto para classificação do edifício; 2004, 21 dezembro - proposta da DRPorto para abertura do processo de classificação; 2005, 27 janeiro - despacho de abertura do Presidente do IPPAR; 2008, 1 julho - proposta da DRCNorte para a classificação como IIP e atribuição de ZEP conjunta com a Capela das Almas, Edifício das Obras Públicas; Coliseu do Porto, Café Magestic e Igreja de Santo Ildefonso; 12 novembro - Parecer favorável do Conselho Consultivo do IGESPAR; proposta de revisão da ZEP proposta; 2010, 30 abril - nova proposta de ZEP, conjunta com o Coliseu do Porto, Café Magestic e Igreja de Santo Ildefonso; 29 setembro - parecer favorável da SPAA do Conselho Nacional de Cultura; 2019, 16 abril - publicação do Anúncio de procedimento n.º 3932/2019, DR, 2.ª série, n.º 75/2019, relativo à empreitada de obras públicas de reabilitação do Cinema Batalha, tendo como valor base de procedimento 4600000.00 euros. |
Dados Técnicos
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Estrutura mista |
Materiais
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Paredes exteriores de alvenaria rebocadas pelo interior e exterior; embasamento do edifício revestido a mármore preto e branco; cobertura em estrutura metálica revestida a fibrocimento; tectos falsos em estafe estucados, presos a estrutura de madeira; caixilharias interiores de madeira envernizada; caixilharias exteriores mistas, ferro e madeira pintados; caixilharias exteriores ferro pintado; revestimento dos pavimentos em marmorite com motivos em latão (foyers); revestimento de pavimentos em soalho de madeira (sala principal do cinema); revestimento do pavimento a alcatifa (Sala-bébé); revestimento das paredes a azulejo (WC- homens) e ou mármore rosa (WC- mulheres); revestimento de paredes a contraplacado envernizado ( foyers); revestimento a telas asfálticas (varandas). |
Bibliografia
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COSTA, Alves, Os antepassados de alguns cinemas do Porto, Lisboa, 1975; PACHECO, Helder, Novos Guias de Portugal, Porto, Lisboa, 1984; ALMEIDA, José António Ferreira de,Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1988; ALVES, Joaquim Jaime B. Ferreira, O Porto na época dos Almadas, Braga, 1989; Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, IPPAR, vol. II, Lisboa, 1993; Porto a Património Mundial, Câmara Municipal do Porto, Porto, 1993; Guia de Portugal, IV-I, Fundação Calouste Gulbenkian, coimbra, 1994; QUARESMA, Maria Clementina de Carvalho, Inventário Artístico de Portugal, Cidade do Porto, Lisboa, 1995; FERNANDES, José Manuel, Cinemas de Portugal, Lisboa, 1995; Arquitectura del Movimiento Moderno. Registro Docomomo Ibérico. 1925-1965, 1996; GONÇALVES, José Fernando, Cinema Batalha, Artur Andrade, Porto, 1944, in Jornal Arquitectos, n.º 198, Novembro / Dezembro, Lisboa, 2000; Jornal Público, ed. 20.11.2000; idem, ed. 23.11.2000; Jornal Notícias, ed. 26 .11.2000; GONÇALVES, José Fernandes, "Cinema Batalha", in Porto 1901-2001: Guia da Arquitectura Moderna, Porto, 2001; Jornal Público, ed. 3.12.2000; idem, ed. 14.6.2001 |
Documentação Gráfica
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CMP: Arquivo Central, Arquivo Histórico, Proc. N.º 17261/44 |
Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN:DSID |
Documentação Administrativa
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DGPC: DGEMN:DSID; CMP: Arquivo Central, Arquivo Histórico, Proc. N.º 17261/44 |
Intervenção Realizada
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Proprietário: Séc. 20, finais - Substituição da telha por fibrocimento; introdução de aquecedores; novas armaduras e substituições diversas no sistema eléctrico; aplicação de telas asfalticas nas pálas e varandas; CMP - obras de recuperação para a realização do Fantasporto (previstas para 2001). |
Observações
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O responsável pela programação do Cinema Batalha, quando este nasceu era Luís Neves Real. O cinema Batalha está também ligado à criação do Cine - clube do Porto. Na caracterização espacial e cenográfica destes espaços, foram integrados elementos como escultura e pintura, restando actualmente a escultura da Mulher Nua. *1 - Antecedeu o Cinema Batalha e era propriedade da Firma Neves & Pascaud. Tratava-se de um edifício em madeira e zinco; *2 - com um festival de cinema francês; *3 - sofreu algumas mutilações por suscitar interpretações políticas mais esquerdistas: foi coberto o fresco de Júlio Pomar do foyer, alusivo à festa de São João no Porto, e foram retirados a foice e o martelo do baixo-relevo da fachada, da autoria de Américo Braga, os puxadores de cobre das portas que antecedem o hall principal, que ostentavam as iniciais "CB", mereceram reparo pelo então presidente da Câmara, Dr. Luís Pina, que interpretou como sugestivas de "Comité Bolchevista"; sobre estes aspectos Artur Andrade proferiu algumas considerações de contestação e revolta: "Estes pides de inteligência, homens que se consideravam intelectuais, que se diriam ao serviço da Arte e da Ciência, eram somente os servidores de uma política contra a liberdade criadora... o que se passou com o Cinema Batalha foi uma autêntica violência, típica do regime fascista"; *4 - outros dizem que foi executada uma forra em parede de tijolo. |
Autor e Data
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Isabel Sereno 2001 |
Actualização
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