Teatro Cine da Covilhã
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Portugal, Castelo Branco, Covilhã, União das freguesias de Covilhã e Canhoso |
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Cine-teatro com lotação máxima de 1095 lugares, situado em gaveto, de planta rectangular simples e cobertura em terraço, protegido por guarda que serve de remate ao edifício. Possui as fachadas rebocadas e pintadas, excepto os elementos estruturais em cantaria. A entrada principal, abrigada por uma pala, situa-se no gaveto que une as duas fachadas: a de aparato, formando um dos limites da Praça do Município, com um tratamento de edifício residencial, marcado por arcadas inferiores, sacada superior e janelas jacentes no topo, e a da Rua Ruy Faleiro, usada para cargas e descargas e para o ingresso dos artistas, com a zona inferior pontuado por lojas e a superior por espaço cego, destinado a elementos para anúncios e respiradouros. Trata-se de uma fórmula cultivada por Rodrigues Lima nesta tipologia, passível de reconhecer em outros cine-teatros, como o Império (Lagos), o Avenida (Aveiro) ou o Messias (Mealhada). No piso térreo, marcado por amplo vestíbulo, possui um bar, um bengaleiro, sobre o qual se situavam os escritórios da Direcção e a escadaria de acesso à plateia, através de portas de verga recta, a uma sala de exposições e sanitários; umas escadas dão acesso ao balcão e "foyer", encontrando-se por cima deste um salão de festas. A sala é rectangular com tecto plano, com pequeno fosso e palco com acesso por escadas laterais. Teatro que conserva a organização espacial primitiva e boa parte do seu recheio, desde a cortina da boca de cena aos escarradores. No piso térreo destaca-se o bengaleiro, ainda com as fichas originais, bem como um bar, sobre o qual se situavam os escritórios da Direcção. Os volumes, cobertos por terraço de betão armado, forraram-se com uma linguagem decorativa que se pretendia regionalista, historicista e moderna. A entrada principal, abrigada por uma pala, situa-se no gaveto que une as duas fachadas visíveis, ladeada por uma ampla torre, que confronta com a do edifício dos CTT, remada por um coruchéu piramidal com esfera armilar e dois relevos, alusivos à Comédia e à Tragédia. A sala, além do balcão e dos dois camarotes, possuía frisas laterais, reservadas ao proprietário e familiares, que completavam a hierarquização social que a sala de espectáculos, já evidenciava no material dos assentos (de madeira na segunda plateia; almofadados na primeira plateia e balcão). Possui várias inscrições comemorativas. |
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Número IPA Antigo: PT020503170072 |
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Registo visualizado 1022 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Cultural e recreativo Casa de espetáculos Cine-teatro
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Descrição
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Planta rectangular irregular, composta pelo corpo do edifício e uma torre adossada à fachada principal, de volumes escalonados, com cobertura em terraço de betão armado e torre com cobertura em coruchéu piramidal revestido a telha. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com os elementos estruturais em cantaria de granito, rematadas em platibanda plena, que protege o terraço. Fachada principal virada a S., rasgada, inferiormente, por cinco arcos de volta perfeita, protegidos por caixilharias metálicas pintadas de azul e vidro simples, de acesso a loja, encimado por sacada corrida com bacia em cantaria assente em treze mísulas do mesmo material e com guarda em ferro fundido, para onde abrem cinco vãos rectilíneos, dois deles sublinhados por falso frontão semicircular, todos encimados por elementos decorativos de cantaria; no piso superior, cinco janelas jacentes com três folhas de madeira e vidro simples, protegidas por estores. Os vãos encontram-se divididos por elementos de cantaria, formando triângulo. O gaveto é marcado por três amplos vãos de acesso, protegidos por uma pala de betão, encimados por sacada corrida, assente em nove mísulas e guarda de ferro fundido, para onde abrem três portas-janelas rectilíneas, encimadas por elementos decorativos e por três janelas jacentes. No lado direito, ergue-se a torre com loja na zona inferior, com acesso por porta de verga recta e centralizado por elemento de cantaria que serve de moldura a uma sucessão vertical de nove vãos, separados por friso de cantaria de granito, tendo, a ladear os superiores, duas figuras em relevo, a representar a Comédia e a Tragédia; a estrutura remata em friso e em segundo registo de menores dimensões, com três frestas e remate em cornija, sustentada por mísulas; sobre o coruchéu do remate, uma esfera armilar e um catavento. Fachada lateral esquerda adossada e a fachada lateral direita, virada a E., possui dois panos, o do lado esquerdo mais baixo, com vãos rectilíneos na base, formando uma loja e, superiormente, com três óculos circulares emoldurados; o pano seguinte, com três registos, tem, no inferior, uma sucessão de seis vãos rectilíneos, de acesso a lojas, divididos por colunas cilíndricas adossadas e rematados por amplo friso contracurvo; superiormente, cinco panos cegos definidos por molduras de cantaria, rematados em friso, sobre o qual se desenvolve o terceiro registo, pontuado por orifícios de arejamento. No extremo direito, estrutura marada por respiradouros dispostos regularmente e na vertical, encimados por enorme chaminé; está ladeado por portão de ferro forjado, de duas folhas com decoração entrelaçada e volutada, que acede a ampla escadaria e porta de verga recta, de acesso aos bastidores; o portal está encimado por quatro janelas de peitoril com o peito marcado por friso de cantaria. Fachada posterior marcada por pequeno muro, rebocado e pintado de branco, com amplo vão rectangular e moldura pintada de azul, de acesso ao terraço, encimado por frontão com as armas reais, pintadas de branco e remate em duplo friso em cantaria. INTERIOR com pequeno átrio de acesso, possuindo várias vitrinas e duas portas de acesso ao vestíbulo. Este é amplo, rebocado e pintado de bege, com tectos em apainelados pintados de branco, no centro dos quais surgem lustres, e pavimento em calcário, encontrando-se seccionado em duas zonas por pilares forrados a calcário preto; no lado direito, um pequeno bar com acesso por porta de verga recta e possuindo várias mesas e candeiras, a bilheteira e, ao fundo, o antigo bengaleiro; frontal ao acesso a escadaria de madeira e dois lanços, com guarda plena, encimada por elementos metálicos e corrimão de madeira. No piso superior, o acesso à plateia, por corredor semicircular, através de portas de verga recta e às escadas de acesso ao balcão com guardas plenas, sobre o qual se encontra a sala de projecção. A sala é rectangular com tecto plano e pavimento forrado a alcatifa, possuindo um total de 948 lugares, distribuídos pelo balcão e segunda plateia, com três alas de cadeiras, surgindo, na primeira plateia, apenas duas; possui, ainda, dois camarotes fronteiros. A caixa de palco é ampla com ligações a ambos os lados, possuindo um pequeno fosso e com acessos laterais, por escadas de madeira. No lado direito do segundo piso, surgem pequenas escadas de acesso ao "foyer" e as de acesso ao piso superior, onde se situa um auditório. |
Acessos
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Praça do Município, Rua Rui Faleiro. |
Protecção
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Categoria: CIP - Conjunto de Interesse Público, Portaria n.º 448/2014, DR, 2.ª série, n.º 113 de 16 junho 2014 *1 |
Enquadramento
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Urbano, isolado, abrindo para uma ampla praça, a antiga Praça do Pelourinho, implantada no mesmo local onde se encontrava o primitivo edifício da Câmara, em zona de acentuado declive, surgindo como elemento unificador e destacado na Praça, fazendo a alternância entre a zona mais antiga do núcleo de Santa Maria e a zona moderna, reconstruída em meados do séc. 20. Fronteira, uma Rotunda, cujos elementos escultóricos são da autoria de Irene Buarque e datam da reforma do Programa POLIS, que renovou toda esta zona, no início do séc. 21. No passeio oposto, ergue-se a Igreja da Santa Casa Misericórdia da Covilhã (v. Pt020503200013), o edifício mais antigo da Praça, tendo, no lado esquerdo a Câmara Municipal da Covilhã (v. PT020503170033), ficando fronteiros os Antigos Correios, Telégrafos e Telefones, CTT, da Covilhã (v. PT020503170022) e o Edifício da Caixa Geral de Depósitos (v. PT020503200073), com uma classificação conjunta, criando a zona modernista da Praça, a par do Hotel da Covilhã, um pouco mais distanciado (v. PT020503200244), na zona descendente, onde se situa um edifício de feitura recente, um centro comercial. |
Descrição Complementar
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No segundo piso, no corredor de circulação, lápide em mármore branco, com as letras avivadas a dourado, onde surge a inscrição: "ESTE TEATRO FOI INAUGURADO PELA COMPANHIA AMÉLIA REY COLAÇO - ROBLES MONTEIRO EM 31 DE MAIO DE 1954". Junto a esta, uma placa em mármore negro, com letras incisas e avivadas a dourado: "AOS 18 DE MAIO DE 1957 FOI CANTADA NESTE TEATRO - CINE SOB A REGENCIA DO MAESTRO FREDERICO DE FREITAS A OPERA "LA TRAVIATTA" EM ESPECTACULO DE GALA ORGANIZADO PELO ORFEÃO DA COVILHÃ". No piso superior, uma placa metálica com letras a negro: "A FRANCISCO PINA, JOÃO FERREIRA BICHO JUNIOR E JÚLIO HUGO PINA BICHO, Três gerações dedicadas à Divulgação da arte e da cultura. O reconhecimento de A.F.A.E. Campos Melo. Covilhã, 21-06-1997." Sobre o bengaleiro, a placa oficial de inauguração do imóvel: "ESTE TEATRO CINE FOI INAUGURADO POR SUAS EXCELÊNCIAS OS SUBSECRETÁRIOS DE ESTADO DA EDUCAÇÃO NACIONAL DR. HENRIQUE VEIGA E DA ASSISTÊNCIA SOCIAL DR. JOSÉ GUILHERME DE MELO E CASTRO COM A PRESENÇA DOS EXCELENTÍSSIMOS SENHORES GOVERNADOR CIVIL DR. JOSÉ DE CARVALHO E PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DR. CARLOS CORLHO. 31 DE MAIO DE 1954". |
Utilização Inicial
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Cultural e recreativa: cine-teatro |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: cinema / Comercial: loja / Serviços: banco |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Raul Rodrigues Lima (1945-1946). ESCULTOR: Joaquim Correia (séc. 20). DESENHADOR: João Tavares (1954). FÁBRICA de TAPEÇARIA: Manufactura de Portalegre (1954). |
Cronologia
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1924 - neste terreno foi construído o antigo Teatro Covilhanense; 1942 - plano para a Praça do Município, circunscrita por vários edifícios concebidos após este período; 1945, 4 Abril - apreciação de um anteprojecto da autoria de Raul Rodrigues Lima; 1946 - projecto do actual edifício por Raul Rodrigues Lima, por iniciativa do proprietário da antiga sala, João Ferreira Bicho Júnior; 3 Janeiro - o projecto, após sofrer algumas alterações, visando a sua integração na praça, recebe aprovação por parte da Câmara Municipal; 15 Maio - aprovação definitiva do projecto; 1949 - o primitivo edifício ainda se encontrava em funcionamento; séc. 20, década de 50 - escultura dos relevos da fachada principal por Joaquim Correia; 1951 - as obras já se encontravam avançadas; 1953, 28 Fevereiro - na imprensa local o novo salão é elogiado, depreendendo-se que se encontrava praticamente concluído; 1954 - desenho de uma tapeçaria para a escadaria, por João Tavares, realizada na Manufactura de Portalegre; 31 Maio - inauguração oficial, com a presença dos Sub-secretários de Estado da Educação Nacional e da Assistência Nacional, Governador Civil e Presidente da Câmara Municipal, ficando o espectáculo a cargo da Companhia Amélia Rey Colaço / Robles Monteiro; séc. 20, anos 80 - encerramento do teatro; 1992, Outubro - contrato entre a Câmara e o proprietário para utilização e abertura do imóvel; 1994, 11 novembro - proposta de classificação do Teatro-Cine pela CMCovilhã; 1995, 18 dezembro - Despacho de abertura do processo de classificação pelo vice-presidente do IPPAR; 29 dezembro - proposta da DRCoimbra para classificar o edifício como Valor Concelhio; 1996, 28 março - parecer do Conselho Consultivo do IPPAR a classificar o conjunto de edifícios modernistas existentes na Praça; 26 abril - Despacho de abertura do processo de classificação conjunta pelo presidente do IPPAR; 1999 - 2001 - arranjo da Praça do Município, conforme projecto de Nuno Teotónio Pereira e Paulo Guerra, integrado no Programa POLIS; Abril - contrato entre a Câmara Municipal e o Cineclube da Beira Interior para o edifício poder ter uma programação diária; 2000, 18 maio - proposta da DRCoimbra para classificar o conjunto como Imóvel de Interesse Público e fixação de Zona Especial de Proteção; 2003, 07 maio - parecer favorável à classificação pelo Conselho Consultivo do IPPAR; 26 maio - Despacho de homologação da classificação do edifício como Imóvel de Interesse Público, em classificação conjunta com a Câmara Municipal da Covilhã, Edifício dos Correios, Telégrafos e Telefones, e a Caixa Geral de Depósitos. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes autónomas. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria de granito, cantaria de granito e betão, parcialmente rebocado e pintado; modinaturas, colunas, portão, pináculos, esculturas, revestimentos em cantaria de granito; escadas e pilares em calcário negro; portas, guardas e pavimentos de madeira; guardas metálicas; vãos com vidros simples; alcatifa; cobertura da torre em telha. |
Bibliografia
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Notícias da Covilhã, Covilhã, 16 Janeiro 1949, 28 Fevereiro 1953 e 4 Janeiro e 10 Abril 1958; FERNANDES, José Manuel, Cinemas de Portugal, Lisboa, 1995; FELINO, Ana, Os Cinemas em Portugal. A Interpretação de Um Arquitecto: Raul Rodrigues Lima, [prova final policopiada], Coimbra, 2008; BRITES, Joana, "Um uníssono a quatro vozes: arquitectura(s) do Estado Novo na Praça do Município da Covilhã", in Monumentos, n.º 29, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, 2009, pp. 126-133; MILHEIRO, Ana Vaz, "Por uma cidade amável. Espaços Públicos e Programa Polis na Covilhã", in Monumentos, n.º 29, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, 2009, pp. 54-61; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/155641 [consultado em 14 outubro 2016]. |
Documentação Gráfica
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Ministério da Cultura: IPAE |
Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA, DGEMN/DSID; Ministério da Cultura: IPAE |
Documentação Administrativa
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IPPAR: DRC; AMC: Livros de Actas (Liv. 55, 58) |
Intervenção Realizada
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CMC: 2001 / 2002 - arranjo do imóvel, com tratamento da estrutura, isolamento das coberturas; arranjo de caixilharias e tratamento do interior; nova instalação eléctrica; montagem de um novo ecrã de cinema; instalação de um sistema de som Dolby Digital e uma máquina de projecção moderna. |
Observações
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*1 - trata-se da classificação conjunta do Edifício do Teatro Cine (v. IPA.00010538), da Câmara Municipal da Covilhã (v. IPA.000111153), Edifício dos Correios Telégrafos e Telefones, CTT, da Covilhã / Edifício da Portugal Telecom (v. IPA.00011687) e o Edifício da Caixa Geral de Depósitos (v. IPA.00011117). *2 - a existência deste ante-projecto, têm conduzido a historiografia a atribuir a Carlos Ramos, por equívoco, a autoria do Teatro-Cine na Praça do Município. Com efeito, coube a este arquitecto, conceber, na mesma altura, um cine-teatro para a Covilhã, conquanto pensado para outro local - o denominado "Teatro Velho", com frentes para a Rua Marquês d' Ávila e Bolama e Largo de São João de Malta, patrocinado por outra entidade, a Empresa Nacional de Espectáculos, que nunca chegaria a ser erguido. |
Autor e Data
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Patrícia Costa 2001 / Filomena Bandeira 2002 / Paula Figueiredo 2009 |
Actualização
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