Teatro Cine da Covilhã

IPA.00010538
Portugal, Castelo Branco, Covilhã, União das freguesias de Covilhã e Canhoso
 
Cine-teatro com lotação máxima de 1095 lugares, situado em gaveto, de planta rectangular simples e cobertura em terraço, protegido por guarda que serve de remate ao edifício. Possui as fachadas rebocadas e pintadas, excepto os elementos estruturais em cantaria. A entrada principal, abrigada por uma pala, situa-se no gaveto que une as duas fachadas: a de aparato, formando um dos limites da Praça do Município, com um tratamento de edifício residencial, marcado por arcadas inferiores, sacada superior e janelas jacentes no topo, e a da Rua Ruy Faleiro, usada para cargas e descargas e para o ingresso dos artistas, com a zona inferior pontuado por lojas e a superior por espaço cego, destinado a elementos para anúncios e respiradouros. Trata-se de uma fórmula cultivada por Rodrigues Lima nesta tipologia, passível de reconhecer em outros cine-teatros, como o Império (Lagos), o Avenida (Aveiro) ou o Messias (Mealhada). No piso térreo, marcado por amplo vestíbulo, possui um bar, um bengaleiro, sobre o qual se situavam os escritórios da Direcção e a escadaria de acesso à plateia, através de portas de verga recta, a uma sala de exposições e sanitários; umas escadas dão acesso ao balcão e "foyer", encontrando-se por cima deste um salão de festas. A sala é rectangular com tecto plano, com pequeno fosso e palco com acesso por escadas laterais. Teatro que conserva a organização espacial primitiva e boa parte do seu recheio, desde a cortina da boca de cena aos escarradores. No piso térreo destaca-se o bengaleiro, ainda com as fichas originais, bem como um bar, sobre o qual se situavam os escritórios da Direcção. Os volumes, cobertos por terraço de betão armado, forraram-se com uma linguagem decorativa que se pretendia regionalista, historicista e moderna. A entrada principal, abrigada por uma pala, situa-se no gaveto que une as duas fachadas visíveis, ladeada por uma ampla torre, que confronta com a do edifício dos CTT, remada por um coruchéu piramidal com esfera armilar e dois relevos, alusivos à Comédia e à Tragédia. A sala, além do balcão e dos dois camarotes, possuía frisas laterais, reservadas ao proprietário e familiares, que completavam a hierarquização social que a sala de espectáculos, já evidenciava no material dos assentos (de madeira na segunda plateia; almofadados na primeira plateia e balcão). Possui várias inscrições comemorativas.
Número IPA Antigo: PT020503170072
 
Registo visualizado 1022 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Cultural e recreativo  Casa de espetáculos  Cine-teatro  

Descrição

Planta rectangular irregular, composta pelo corpo do edifício e uma torre adossada à fachada principal, de volumes escalonados, com cobertura em terraço de betão armado e torre com cobertura em coruchéu piramidal revestido a telha. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com os elementos estruturais em cantaria de granito, rematadas em platibanda plena, que protege o terraço. Fachada principal virada a S., rasgada, inferiormente, por cinco arcos de volta perfeita, protegidos por caixilharias metálicas pintadas de azul e vidro simples, de acesso a loja, encimado por sacada corrida com bacia em cantaria assente em treze mísulas do mesmo material e com guarda em ferro fundido, para onde abrem cinco vãos rectilíneos, dois deles sublinhados por falso frontão semicircular, todos encimados por elementos decorativos de cantaria; no piso superior, cinco janelas jacentes com três folhas de madeira e vidro simples, protegidas por estores. Os vãos encontram-se divididos por elementos de cantaria, formando triângulo. O gaveto é marcado por três amplos vãos de acesso, protegidos por uma pala de betão, encimados por sacada corrida, assente em nove mísulas e guarda de ferro fundido, para onde abrem três portas-janelas rectilíneas, encimadas por elementos decorativos e por três janelas jacentes. No lado direito, ergue-se a torre com loja na zona inferior, com acesso por porta de verga recta e centralizado por elemento de cantaria que serve de moldura a uma sucessão vertical de nove vãos, separados por friso de cantaria de granito, tendo, a ladear os superiores, duas figuras em relevo, a representar a Comédia e a Tragédia; a estrutura remata em friso e em segundo registo de menores dimensões, com três frestas e remate em cornija, sustentada por mísulas; sobre o coruchéu do remate, uma esfera armilar e um catavento. Fachada lateral esquerda adossada e a fachada lateral direita, virada a E., possui dois panos, o do lado esquerdo mais baixo, com vãos rectilíneos na base, formando uma loja e, superiormente, com três óculos circulares emoldurados; o pano seguinte, com três registos, tem, no inferior, uma sucessão de seis vãos rectilíneos, de acesso a lojas, divididos por colunas cilíndricas adossadas e rematados por amplo friso contracurvo; superiormente, cinco panos cegos definidos por molduras de cantaria, rematados em friso, sobre o qual se desenvolve o terceiro registo, pontuado por orifícios de arejamento. No extremo direito, estrutura marada por respiradouros dispostos regularmente e na vertical, encimados por enorme chaminé; está ladeado por portão de ferro forjado, de duas folhas com decoração entrelaçada e volutada, que acede a ampla escadaria e porta de verga recta, de acesso aos bastidores; o portal está encimado por quatro janelas de peitoril com o peito marcado por friso de cantaria. Fachada posterior marcada por pequeno muro, rebocado e pintado de branco, com amplo vão rectangular e moldura pintada de azul, de acesso ao terraço, encimado por frontão com as armas reais, pintadas de branco e remate em duplo friso em cantaria. INTERIOR com pequeno átrio de acesso, possuindo várias vitrinas e duas portas de acesso ao vestíbulo. Este é amplo, rebocado e pintado de bege, com tectos em apainelados pintados de branco, no centro dos quais surgem lustres, e pavimento em calcário, encontrando-se seccionado em duas zonas por pilares forrados a calcário preto; no lado direito, um pequeno bar com acesso por porta de verga recta e possuindo várias mesas e candeiras, a bilheteira e, ao fundo, o antigo bengaleiro; frontal ao acesso a escadaria de madeira e dois lanços, com guarda plena, encimada por elementos metálicos e corrimão de madeira. No piso superior, o acesso à plateia, por corredor semicircular, através de portas de verga recta e às escadas de acesso ao balcão com guardas plenas, sobre o qual se encontra a sala de projecção. A sala é rectangular com tecto plano e pavimento forrado a alcatifa, possuindo um total de 948 lugares, distribuídos pelo balcão e segunda plateia, com três alas de cadeiras, surgindo, na primeira plateia, apenas duas; possui, ainda, dois camarotes fronteiros. A caixa de palco é ampla com ligações a ambos os lados, possuindo um pequeno fosso e com acessos laterais, por escadas de madeira. No lado direito do segundo piso, surgem pequenas escadas de acesso ao "foyer" e as de acesso ao piso superior, onde se situa um auditório.

Acessos

Praça do Município, Rua Rui Faleiro.

Protecção

Categoria: CIP - Conjunto de Interesse Público, Portaria n.º 448/2014, DR, 2.ª série, n.º 113 de 16 junho 2014 *1

Enquadramento

Urbano, isolado, abrindo para uma ampla praça, a antiga Praça do Pelourinho, implantada no mesmo local onde se encontrava o primitivo edifício da Câmara, em zona de acentuado declive, surgindo como elemento unificador e destacado na Praça, fazendo a alternância entre a zona mais antiga do núcleo de Santa Maria e a zona moderna, reconstruída em meados do séc. 20. Fronteira, uma Rotunda, cujos elementos escultóricos são da autoria de Irene Buarque e datam da reforma do Programa POLIS, que renovou toda esta zona, no início do séc. 21. No passeio oposto, ergue-se a Igreja da Santa Casa Misericórdia da Covilhã (v. Pt020503200013), o edifício mais antigo da Praça, tendo, no lado esquerdo a Câmara Municipal da Covilhã (v. PT020503170033), ficando fronteiros os Antigos Correios, Telégrafos e Telefones, CTT, da Covilhã (v. PT020503170022) e o Edifício da Caixa Geral de Depósitos (v. PT020503200073), com uma classificação conjunta, criando a zona modernista da Praça, a par do Hotel da Covilhã, um pouco mais distanciado (v. PT020503200244), na zona descendente, onde se situa um edifício de feitura recente, um centro comercial.

Descrição Complementar

No segundo piso, no corredor de circulação, lápide em mármore branco, com as letras avivadas a dourado, onde surge a inscrição: "ESTE TEATRO FOI INAUGURADO PELA COMPANHIA AMÉLIA REY COLAÇO - ROBLES MONTEIRO EM 31 DE MAIO DE 1954". Junto a esta, uma placa em mármore negro, com letras incisas e avivadas a dourado: "AOS 18 DE MAIO DE 1957 FOI CANTADA NESTE TEATRO - CINE SOB A REGENCIA DO MAESTRO FREDERICO DE FREITAS A OPERA "LA TRAVIATTA" EM ESPECTACULO DE GALA ORGANIZADO PELO ORFEÃO DA COVILHÃ". No piso superior, uma placa metálica com letras a negro: "A FRANCISCO PINA, JOÃO FERREIRA BICHO JUNIOR E JÚLIO HUGO PINA BICHO, Três gerações dedicadas à Divulgação da arte e da cultura. O reconhecimento de A.F.A.E. Campos Melo. Covilhã, 21-06-1997." Sobre o bengaleiro, a placa oficial de inauguração do imóvel: "ESTE TEATRO CINE FOI INAUGURADO POR SUAS EXCELÊNCIAS OS SUBSECRETÁRIOS DE ESTADO DA EDUCAÇÃO NACIONAL DR. HENRIQUE VEIGA E DA ASSISTÊNCIA SOCIAL DR. JOSÉ GUILHERME DE MELO E CASTRO COM A PRESENÇA DOS EXCELENTÍSSIMOS SENHORES GOVERNADOR CIVIL DR. JOSÉ DE CARVALHO E PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DR. CARLOS CORLHO. 31 DE MAIO DE 1954".

Utilização Inicial

Cultural e recreativa: cine-teatro

Utilização Actual

Cultural e recreativa: cinema / Comercial: loja / Serviços: banco

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Raul Rodrigues Lima (1945-1946). ESCULTOR: Joaquim Correia (séc. 20). DESENHADOR: João Tavares (1954). FÁBRICA de TAPEÇARIA: Manufactura de Portalegre (1954).

Cronologia

1924 - neste terreno foi construído o antigo Teatro Covilhanense; 1942 - plano para a Praça do Município, circunscrita por vários edifícios concebidos após este período; 1945, 4 Abril - apreciação de um anteprojecto da autoria de Raul Rodrigues Lima; 1946 - projecto do actual edifício por Raul Rodrigues Lima, por iniciativa do proprietário da antiga sala, João Ferreira Bicho Júnior; 3 Janeiro - o projecto, após sofrer algumas alterações, visando a sua integração na praça, recebe aprovação por parte da Câmara Municipal; 15 Maio - aprovação definitiva do projecto; 1949 - o primitivo edifício ainda se encontrava em funcionamento; séc. 20, década de 50 - escultura dos relevos da fachada principal por Joaquim Correia; 1951 - as obras já se encontravam avançadas; 1953, 28 Fevereiro - na imprensa local o novo salão é elogiado, depreendendo-se que se encontrava praticamente concluído; 1954 - desenho de uma tapeçaria para a escadaria, por João Tavares, realizada na Manufactura de Portalegre; 31 Maio - inauguração oficial, com a presença dos Sub-secretários de Estado da Educação Nacional e da Assistência Nacional, Governador Civil e Presidente da Câmara Municipal, ficando o espectáculo a cargo da Companhia Amélia Rey Colaço / Robles Monteiro; séc. 20, anos 80 - encerramento do teatro; 1992, Outubro - contrato entre a Câmara e o proprietário para utilização e abertura do imóvel; 1994, 11 novembro - proposta de classificação do Teatro-Cine pela CMCovilhã; 1995, 18 dezembro - Despacho de abertura do processo de classificação pelo vice-presidente do IPPAR; 29 dezembro - proposta da DRCoimbra para classificar o edifício como Valor Concelhio; 1996, 28 março - parecer do Conselho Consultivo do IPPAR a classificar o conjunto de edifícios modernistas existentes na Praça; 26 abril - Despacho de abertura do processo de classificação conjunta pelo presidente do IPPAR; 1999 - 2001 - arranjo da Praça do Município, conforme projecto de Nuno Teotónio Pereira e Paulo Guerra, integrado no Programa POLIS; Abril - contrato entre a Câmara Municipal e o Cineclube da Beira Interior para o edifício poder ter uma programação diária; 2000, 18 maio - proposta da DRCoimbra para classificar o conjunto como Imóvel de Interesse Público e fixação de Zona Especial de Proteção; 2003, 07 maio - parecer favorável à classificação pelo Conselho Consultivo do IPPAR; 26 maio - Despacho de homologação da classificação do edifício como Imóvel de Interesse Público, em classificação conjunta com a Câmara Municipal da Covilhã, Edifício dos Correios, Telégrafos e Telefones, e a Caixa Geral de Depósitos.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes autónomas.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito, cantaria de granito e betão, parcialmente rebocado e pintado; modinaturas, colunas, portão, pináculos, esculturas, revestimentos em cantaria de granito; escadas e pilares em calcário negro; portas, guardas e pavimentos de madeira; guardas metálicas; vãos com vidros simples; alcatifa; cobertura da torre em telha.

Bibliografia

Notícias da Covilhã, Covilhã, 16 Janeiro 1949, 28 Fevereiro 1953 e 4 Janeiro e 10 Abril 1958; FERNANDES, José Manuel, Cinemas de Portugal, Lisboa, 1995; FELINO, Ana, Os Cinemas em Portugal. A Interpretação de Um Arquitecto: Raul Rodrigues Lima, [prova final policopiada], Coimbra, 2008; BRITES, Joana, "Um uníssono a quatro vozes: arquitectura(s) do Estado Novo na Praça do Município da Covilhã", in Monumentos, n.º 29, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, 2009, pp. 126-133; MILHEIRO, Ana Vaz, "Por uma cidade amável. Espaços Públicos e Programa Polis na Covilhã", in Monumentos, n.º 29, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, 2009, pp. 54-61; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/155641 [consultado em 14 outubro 2016].

Documentação Gráfica

Ministério da Cultura: IPAE

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA, DGEMN/DSID; Ministério da Cultura: IPAE

Documentação Administrativa

IPPAR: DRC; AMC: Livros de Actas (Liv. 55, 58)

Intervenção Realizada

CMC: 2001 / 2002 - arranjo do imóvel, com tratamento da estrutura, isolamento das coberturas; arranjo de caixilharias e tratamento do interior; nova instalação eléctrica; montagem de um novo ecrã de cinema; instalação de um sistema de som Dolby Digital e uma máquina de projecção moderna.

Observações

*1 - trata-se da classificação conjunta do Edifício do Teatro Cine (v. IPA.00010538), da Câmara Municipal da Covilhã (v. IPA.000111153), Edifício dos Correios Telégrafos e Telefones, CTT, da Covilhã / Edifício da Portugal Telecom (v. IPA.00011687) e o Edifício da Caixa Geral de Depósitos (v. IPA.00011117). *2 - a existência deste ante-projecto, têm conduzido a historiografia a atribuir a Carlos Ramos, por equívoco, a autoria do Teatro-Cine na Praça do Município. Com efeito, coube a este arquitecto, conceber, na mesma altura, um cine-teatro para a Covilhã, conquanto pensado para outro local - o denominado "Teatro Velho", com frentes para a Rua Marquês d' Ávila e Bolama e Largo de São João de Malta, patrocinado por outra entidade, a Empresa Nacional de Espectáculos, que nunca chegaria a ser erguido.

Autor e Data

Patrícia Costa 2001 / Filomena Bandeira 2002 / Paula Figueiredo 2009

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login