Convento de Nossa Senhora da Graça / Convento de Clarissas do Torrão / Convento das Freiras
| IPA.00010473 |
Portugal, Setúbal, Alcácer do Sal, Torrão |
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Arquitectura religiosa, manerista, barroca. Convento de freiras clarissas de grande escala, sobriedade construtiva e simplicidade de linhas compositivas, em pleno despojamento decorativo exterior, com empenas simples e fachadas de monumentalidade austera e fria, com um portal de igreja com leves indícios de repertório renascentista. Igreja de espaço unificado, com acentuação do altar-mor antecedido por degraus; nave rectangular coberta por abóbada de berço e vasto coro-alto, com pintura mural de arquitectura fingida enrolamentos de folhagem gorda característicamente barrocas. |
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Número IPA Antigo: PT041501040047 |
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Registo visualizado 1197 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Mosteiro feminino
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Descrição
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Planta quadrangular, regular, composta pela igreja torre sineira adossada a O., claustro e portaria a S., dependências conventuais, porta do carro e cerca a O., sem coincidência exterior / interior; volumes escalonados, articulados em justaposição, com disposição predominantemente vertical. Cobertura diferenciada em telhados de duas águas sobre a igreja e porta do carro, em domo com pináculo central na torre, de uma água nas dependências conventuais. Igreja de planta rectangular composta por nave única, duas capelas laterais, coro, capela-mor e pequeno corredor que lhe corre paralelo a S.. Fachada principal a N. de 5 corpos, correspondentes à capela-mor, nave, torre sineira e dependências conventuais; remates rectos em cornija e beirado, o da nave com pináculos angulares; corpo da capela-mor reentrante a E., rasgado por duas janelas, a da direita moderna a da esquerda mais pequena e estreita rasgada em capialço; corpo da nave ligeiramente mais elevado que o da capela-mor, rasgado pela porta principal com acesso por plataforma elevada e dois degraus a O.; apresenta molduras de cantaria e verga recta sobreposta de entablamento marmóreo; sobre a porta rasga-se axialmente janela rectangular simples; à esquerda da porta rasga-se portão em chapa de ferro, a que se acede por três degraus que abre para a capela lateral do evangelho; superiormente no extremo O. deste corpo, janela rectangular disposta na horizontal; corpo da torre mais elevado, de planta quadrada, com porta de acesso de molduras rectas e olhais das sineiras, 2 por face, de volta perfeita, parcialmente resguardados por tijoleiras; corpos das dependências conventuais de diferentes alturas, o 1º, adossado à torre sineira, rasgado inferiormente por duas janelas quadradas gradeadas apresentando cada uma, sobre a verga, tabela rectangular esgrafitada; superiormente janelão vertical gradeados; corpo intermédio cego com remate em meia empena. Fachada E. correspondente à cabeceira da igreja e à portaria, o 1º de remate em empena e beiral saliente, rasgado superiormente por pequena fresta axial; o 2º rasgado por porta de acesso. Fachada O. correspondente às dependências conventuais, de corpo único rasgado superiormente por duas janelas rectangulares e no extremo N., desnivelada, vão gradeado; inferiormente porta com acesso por escadaria munida de corpo rasgado por arcada; adossado ao corpo conventual, sensivelmente mais baixo e disposto na transversal, o corpo rectangular da Porta do Carro com entradas confrontantes como exterior e a cerca, em arcada de perfil quebrado. Fachada S. irregular de vários corpos correspondentes às dependências conventuais, torre sineira e igreja, articulados com o claustro; este de planta rectangular, desenvolve-se em dois andares; quadra definida pelos vãos abertos entre pilares atarracados de modinatura toscana, formando galerias sobrepostas, sendo as do andar térreo cobertas por abóbadas de cruzaria quadripartida; neste piso as pilastras assentam em murete que delimita a quadra, com aberturas de passagem ao centro; os pilares dos cantos são de planta cruciforme e os restantes de planta quadrada; num dos muros em ruína que cerram as galerias, uma cruz com calvário em baixo relevo; na ala dos confessionários, a N., sobre o vão de um dos confessionários, vestígio de pintura mural, a sinopia, com motivo de enrolamentos vegetalistas; na quadra, junto à ala N., poço hexagonal. A O. a cerca delimitada a E. e N. respectivamente por várias dependências conventuais e pela Porta do Carro, a O. por muro e a S. por várias construções; na cerca a SE. nora e poço. INTERIOR: igreja com paredes e coberturas de alvenaria rebocada e caiada atingindo algumas a espessura de 1,70m; nave com cobertura em abóbada de canhão, comum também ao coro-alto, sobre sanca definindo dois registos nas paredes laterais; pavimento de lagedo de cantaria; no lado do evangelho rasga-se a porta principal sobreposta de janelão, ambos os vãos de molduras rectas rasgados na espessura do muro; junto ao arco triunfal, duas capelas laterais, afrontadas, com arco de volta perfeita sobre pilastras; ambas apresentam as paredes fundeiras rasgadas por portas simples, a da capela do lado do evangelho de acesso ao exterior e a da epístola de acesso à portaria e claustro. Coro profundo abrindo para a nave por arcada de perfil em asa de cesto, sobreposta de platibanda e parapeito recto; sub-coro com cobertura com cobertura em abóbada de canhão, de perfil em arco abatido, sobre sanca, apresentando vestígios de pinturas murais, encobertos por sucessivas caiações: são visíveis enrolamentos de folhagem, putti e aves, predominando os tons vermelho sinopia e amarelo ocre; no lado do evangelho, no coro-alto rasga-se porta e no sub-coro, janelão cuja verga atinge já o nível da abóbada; na parede fundeira do sub-coro, superiormente, ocupando toda a sua largura, pintura mural tripartida, unida por moldura de acantos a cor amarelo ocre; ao centro representa-se arquitectura fingida, com dois putti sobre peanhas segurando cortinado, amparando medalhão central circular, com molduras volutadas, enquadrando a custódia; esta composição, em tons de vermelho sinopia e amarelo ocre, é enquadrada por arco abatido sobre pilastras pintado a cor cinza; nos painéis laterais enrolamentos de folhagem gorda nos mesmos tons e azul celeste. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras; do seu lado direito rasga-se porta simples com acesso por degrau elevado a pequeno corredor que corre paralelo à parede da epístola da capela-mor e com ela comunicante; este corredor apresenta cobertura em abóbada e pavimento de lagedo de cantaria. Capela-mor mais estreita e bastante elevada com acesso por 4 degraus; cobertura em abóbada de berço sobre sanca; na parede fundeira pequena janela axial, de capialço; nas paredes laterais vestígios de revestimento azulejar; do lado do Evangelho duas janelas, uma moderna e a outra, mais estreita; entre elas cenotáfio com lápide epigrafada, assente em mísulas; do lado da epístola, junto à parede fundeira, rasga-se vão de molduras rectas em cujo interior se abre angularmente janela, munida de caixilhos e portada de madeira, que abre para corredor que corre paralelo à capela-mor; à direita deste vão rasga-se porta de molduras rectas de acesso ao referido corredor. Portaria com cobertura em abóbada de canhão, de perfil abatido, sobre sanca; a E. rasga-se ao centro porta para o exterior e a N., janela angular aberta para o corredor que corre paralelo à capela-mor e que se rasga no mesmo alinhamento da janela rasgada no lado da epístola da capela-mor; a O. duas janelas e porta de comunicação com o claustro. Torre sineira com acesso por escada de lanços estreitos, diversificados, desenvolvendo-se em caracol; no topo é rasgada nas quatro bandas por par de janelas com guarda-corpo formado por peças vazadas. Dependências conventuais com vestígios de pinturas murais; destaca-se a cozinha (?) com lar, armários rasgados no pano murário para poial (?) e, exteriormente, o que aparenta ser o arranque de uma chaminé grande; no piso superior há uma única sala com tecto de três planos, onde sobressai um nicho com janela superior de iluminação. |
Acessos
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R. do Poço Mau, R. das Freiras |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Urbano, isolado, no perímetro de vila rural, com campos de cultivo ao redor, com a fachada principal frente ao Palácio dos Viscondes do Torrão (v. PT041501040046), e fachada lateral perto da Porta da Rua das Freiras, n.º 8 (v. PT041501040012). |
Descrição Complementar
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INSCRIÇÕES: 1. Inscrição gravada numa lápide rectangular, num campo epigráfico rebaixado enquadrado por moldura e cartela com volutas, apoiada num supdâneo sobre duas mísulas e encimada por uma arquitrave, onde foi gravada uma inscrição em latim, de lados concâvos e encimada por três frontões curvos, rematados por pináculos com esferas, o central maior e com cruz latina. Interstícios preenchidos com betume negro. Calcário rosa. |
Utilização Inicial
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Religiosa: mosteiro feminino |
Utilização Actual
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Armazenamento e logística: armazém / Devoluto |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 16 / 17 / 18 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido |
Cronologia
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1560 - Fundação de um recolhimento de beatas seculares no Torrão, consagrado a Santa Marta por uma D. Brites Pinto; 1599 - a infanta D. Maria, Senhora de Viseu e Torres Vedras, filha última do rei D. Manuel e de sua Mulher D. Leonor, transformou o recolhimento em Mosteiro de Freiras Franciscanas, Manteladas, dando-lhe rendas suficientes para seu sustento, tendo sido consagrado a Nossa Senhora da Graça; 1755 - a edificação sofre danos com o terramoto; 1769, 3 de Julho - assinalada uma escritura de aforamento que relaciona o convento com o dono da Herdade de Simão Vaz de Figueira dos Cavaleiros; também o património do convento constituído por 25 objectos de prata entra nesta data na posse do pároco José Pedro Semedo Dinis; 1834 - extinção das Ordens religiosas, com sequente declínio da edificação; data imprecisa - o convento é comprado em hasta pública por membro da família Mendonça; séc. 20 - a horta do convento é vendida ao Sr. Moreira; são arrancados os azulejos que revestiam parte das paredes da igreja, encontrando-se alguns na Quinta de Santa Marta em Benfica do Ribatejo, Almeirim; foi arrancado o brasão de armas em pedra que existia no topo do arco triunfal da igreja, estando hoje na posse da família Mendonça, de Évora; cobertura do lance de escadas de acesso ao portal da igreja, por uma plataforma de cimento que permitisse o carregamento e descarregamento das sacas de cereal, uma vez que a igreja foi transformada pelo proprietário em celeiro; a igreja foi transformada em sala de projecção de cinema; 1994 - o convento e parte da envolvente entra, por herança, na posse de Joaquim dos Santos Pinto, ficando a horta na posse do Sr. António Maria Farião; foi rasgada uma porta larga na fachada principal da igreja para facilitar a entrada e saída de mobiliário pois a igreja foi transformada em armazém de mobiliário; 1996 - pedido de licenciamento para uma unidade de "Turismo no Espaço Rural" entregue na Direcção Geral de Turismo. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes, estrutura mista |
Materiais
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Alvenaria: de pedra e cal, de pedra e tijolo, de tijolo; pedra: calcário, mármore, entulho; cerâmica: tijolo maciço, tijolo, tijoleira; vidro simples; metal: ferro fundido, cobre; madeira: vária; pintura mural. |
Bibliografia
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COSTA, Américo, Dicionário Chorografico, de Portugal Continental e Insular, v. XI, Porto, 1929; FAGULHA, Mário José Fava, TELO, Vera de Lurdes Lourinho Telo, Historial, Recolhas e Memórias da Freguesia de Torrão - (Alentejo), Alcácer do Sal, 2001; Torrão "in" Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, v. XXXII, Lisboa, s.d.. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID*1; Proprietário; Direcção Geral de Turismo |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IANTT; Arquivo Distrital de Évora |
Intervenção Realizada
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Proprietário: 2000 - arranjo do telhado e outros cuidados de conservação; 2007 - obras de conservação pontuais no claustro. |
Observações
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*1: A autoria da planta é do arquitecto Pedro da Cunha Paredes (Alcácer do Sal), autor ainda do Estudo-prévio / Memória descritiva, para reconversão do Convento em unidade hoteleira. |
Autor e Data
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Albertina Belo 2001 / Rosário Gordalina 2007 |
Actualização
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Rosário Gordalina 2007 |
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