Convento de São Paulo / Seminário Patriarcal de São Paulo

IPA.00010277
Portugal, Setúbal, Almada, União das freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas
 
Arquitetura religiosa, maneirista, barroca e modernista. Convento com elementos estruturais arquitetónicos e decorativos maneiristas; barroco na talha e azulejos e modernista em estrutura. Apresenta importante núcleo de artes decorativas da época barroca.
Número IPA Antigo: PT031503010034
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Domingos - Dominicanos

Descrição

Planta composta por volumes articulados, dispostos na horizontal; cobertura diferenciada segundo os corpos, em telhados de duas águas e terraço. Torre sineira quadrangular encimada por cruz. Igreja voltada a SO., fachada principal de um pano de dois pisos, onde se rasgam o pórtico (*1) sobreposto por uma janela; a SE. fachada formada por quatro panos lisos, sendo o principal um pouco saliente em relação aos outros; acesso por degraus a portal de frontão angular interrompido, único vão aberto no piso térreo; encimando o pórtico, acha-se um escudo ovalado com ornamentos; janelas emolduradas no 2º piso; a SO., estende-se um muro onde se rasga um portal, com frontão de pedra, em cujo tímpano se revela uma cartela com a insígnia da ordem de Santiago, encimado por pedra de armas, que dá acesso a um pátio conventual (*2). INTERIOR de uma nave coberta por abóbada de berço com pinturas em estuque, revestida até um terço do pé direito das paredes por painéis de azulejos azuis e brancos, do séc. 18, representando momentos da história sagrada da Ordem de São Domingos, com guarnição cercadura policroma, recortada, decorada com motivos vegetalistas, vasos de flores e motivos arquitetónicos e "putti", que na zona inferior seguram cartelas contendo a explicação das cenas representadas. Coro-alto com balaustrada ondulada; altar-mor em capela pronunciada, dividida da nave por arco triunfal pleno ladeado por dois altares colaterais en talha dourada; no lado do evangelho púlpito com guarda-voz. Num dos corredores de acesso à sacristia um friso de azulejos do séc. 16, em enxaquetado. Na sacristia, coberta por abóbada de arestas, vêm-se silhares de azulejos do séc. 17, tipo padrão, azuis e amarelo, destacando-se um frontal com representações de aves do paraíso, gamos coelhos, etc., de influência oriental, da mesma época; sobre a mesa do altar, quadro representando o milagre eucarístico de Santo António. Diversos corredores, ornados de painéis de azulejos com albarradas, setecentistas, dão acesso ao claustro de dois pisos, com cisterna, chão em tijoleira, e, a toda a volta, friso de azulejos azuis e brancos.

Acessos

Campo de São Paulo; Rua Frei Francisco Foreiro

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano. No cimo de um outeiro da Arrábida Fóssil. Fachada principal orientada a SE. adossada a muro do cemitério de Almada, virada para o Campo de São Paulo, rodeada formando adro no qual se eleva um cruzeiro. O Seminário de São Paulo inclui, além da igreja e do edifício de habitação, uma antiga propriedade agrícola sobranceira ao Tejo, vedada por muro, que se estende a O., e se prolonga até próximo do Monumento do Cristo Rei (v. IPA.00010276).

Descrição Complementar

Encontram-se na biblioteca e salas de estudos, no piso superior, composições ornamentais de "brutesco", originários da Sé de Lisboa, onde se encontravam numa capela dedicada a São Sebastião. Na zona exterior do pátio e na sala do refeitório foram colocados quatro painéis com passagens da História de Tobias, atribuídos a Gabriel del Barco.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja / Educativa: seminário

Propriedade

Privada: lgreja Católica (Diocese de Setúbal)

Afectação

sEM AFETAÇÃO

Época Construção

Séc. 16

Arquitecto / Construtor / Autor

MESTRE: Liberto Telles de Castro e Silva (séc. 19). Organeiro: João da Cunha (1748). PINTOR DE AZULEJOS: Gabriel del Barco (atr., séc. 18); Manuel dos Santos (séc. 18); P.M.P. (séc. 18).

Cronologia

1566 - Francisco Foreiro, provincial da Ordem de São Domingos e confessor dos reis D. João III e D. Sebastião, requer autorização ao Papa para fundar um convento; nos anos seguintes, fazem-se diligências semelhantes ao cardeal D. Henrique e futuro rei D. Sebastião; o Padre Foreiro escolhe Almada para fundação do convento dominicano; 1568, 14 dezembro - carta de D. Sebastião intercedendo junto dos vereadores da Câmara de Almada para que concedessem um terreno ao Provincial de São Domingos; 1569, 03 janeiro - os oficiais da Câmara de Almada recebem a carta do rei D. Sebastião, por intermédio de Frei Manuel Velho e Frei Pedro da Vitória, frades do convento de São Domingos, de Lisboa; o rei recomenda a cedência de um terreno em que "o padre provencial da Ordem de São Domingos deseja edificar huu mosteiro da dita ordem na vila e que pera isso lhe he nesesário hum pedaço de rossio..."; procura-se dar resposta ao pedido do rei, ficando por satisfazer o desejo dos terrenos alinhados na encosta e confinando com o rio, por ali ter a Câmara uns fornos de telha muito importantes e de muita renda; 1571 - Convento de São Domingos de Lisboa doa umas terras, vinha e casa na vila de Almada ao convento de São Paulo; 1570 - 1571 - época provável da construção do convento; 1576 - D. Sebastião faz esmola de 3 arrobas de açúcar anuais para a enfermaria do convento; 1577 - ainda decorrem obras no convento de São Paulo conforme documentado no testamento da Infanta D. Maria, a qual manda dar-lhe mais 1000 cruzados para a ajuda das obras; 1590 - Francisco Foreiro compra três pedaços de terra na "Boca d'asno baroqua ao mar ryo"; 1595 - contrato entre o convento e Manuel de Sousa Coutinho, provedor da Misericórdia e capitão-mor da vila de Almada, e sua esposa, Madalena Tavares Vilhena, recebendo dos padres "de oje pera sempre a dita capela mor..."; 1613 - Manuel de Sousa Coutinho e Madalena Tavares Vilhena desistem da capela-mor; 1638 - acordo entre António Gouveia, cavaleiro da Casa Real, e o convento, em que, por doação de 40$000 em dinheiro, os padres se obrigam a conceder sepultura na sacristia e a celebrar uma missa quotidiana; a obrigação de armar altar na sacristia fica por conta do fidalgo; 1706 - data dos azulejos da biblioteca e salas de estudo, originários da Sé de Lisboa; 1748 - execução de um órgão por João da Cunha; 1755 - a igreja abateu e ardeu, tendo resistido, provavelmente, a sacristia da antiga capela e a torre; foram destruídos o claustro e os celeiros; 1760 / 1770 - reconstrução de igreja, conservando os elementos construtivos anteriores; séc. 18 - data dos azulejos atribuíveis a Gabriel del Barco e que se encontram no exterior do pátio e na sala do refeitório; 1775 - venda em hasta pública de alguns conventos da Ordem Dominicana, nomeadamente o de Almada; 1834 - após a extinção das Ordens Religiosas, o convento, a igreja e a quinta foram vendidos ao comerciante Bernardo Paliarte (ou Pallyart), passando a servir-lhe de habitação; 1889 - venda do convento à família Ferraz; 1890 - o conjunto sofre alteração da responsabilidade de Liberto Telles de Castro e Silva; 1934 - venda do convento pelo padre António Falcão; depois de uma campanha para a sua reabilitação em alguns jornais da época, é oferecido à Câmara Municipal de Almada, prolongando-se de imediato as obras de recuperação e ampliação do edifício, onde se instala o Seminário Patriarcal de São Paulo; faz-se a transferência para o convento de uma importante coleção de azulejos, que inclui painéis retirados da Sé de Lisboa, alusivos a São Vicente e atribuídos a Manuel dos Santos em parceria com o pintor P.M.P..

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria, cantaria de calcário e granito, tijoleira, azulejos, telha

Bibliografia

DUARTE, Ana - Igrejas e Capelas da Costa Azul. Setúbal: s.d.; Almada e o Tejo - Itinerários. Almada: CAA, 1999; FLORES, Alexandre M. - Almada Antiga e Moderna, Roteiro Iconográfico. Almada: 1985; SOUSA, R. H. Pereira de - Almada, Toponímia e História das Freguesias Urbanas. Almada: 1985; VALENÇA, Manuel - A Arte Organística em Portugal. Braga: 1990, vol. I; VALENTIM, Carlos Manuel - "Os Dominicanos no convento de são Paulo em Almada: Formas de sociabilidade e expansão patrimonial (1568-1668)". In Anais de Almada, Revista Cultural n. 11-12. Almada: Câmara Municipal de Almada, 2010, pp. 11-37.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PATRIARCADO DE LISBOA: 1934 - obras gerais de conservação e restauro; ampliação para adaptação ao novo uso.

Observações

*1: Este pórtico serve apenas os utentes do seminário, pois a sua fachada dá para um átrio interior; *2: Foi convento da ordem dos frades dominicanos; da antiga clausura apenas subsistem o templo barroco, as alas do claustros, a sacristia e outras dependências onde funcionam as aulas do seminário.

Autor e Data

Albertina Belo 1995

Actualização

 
 
 
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