Reitoria da Universidade de Lisboa e Aula Magna
| IPA.00007780 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Alvalade |
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Arquitectura administrativa e arquitectura cultural, do séc. 20. Edifício construído para instalar os serviços da Reitoria da Universidade de Lisboa com planta composta pela articulação de dois corpos, um de planta rectangular e outro de planta em leque, correspondentes, respectivamente, às instalações para os serviços administrativos e à sala destinada às sessões académicas. Fachadas principais destacadas por pórticos sem entablamento e composição geral baseada na simetria e regularidade dos seus elementos, jogando com as formas e os volumes, onde surgem paramentos lisos rasgados por vãos rectos, existindo, por vezes, o aproveitamento da estrutura, numa rede de pilares e vigas, com enchimento de paredes em planos recuados, particularmente visível no corpo E.. Distribuição espacial interna organizada em função de amplos espaços vestibulares, de duplo pé direito e de dois pátios interiores gerando uma compartimentação por pisos e alas funcionais: serviços de secretaria, contabilidade e documentação no pavimento térreo; zona de trabalho do reitor, sala dos actos, sala do Senado Universitário e Salão de Recepção e Festas, no primeiro piso. A Aula Magna é uma sala de espaço único, de cena contraposta, com palco pouco profundo e um subpalco, para uma sala de planta em leque com uma lotação de 1653 lugares distribuídos por plateia com pendente, 1º e 2º balcões e tribunas; cabina de projecção e regie ao fundo da sala, sobre as tribunas; cabinas de tradução simultânea laterais, junto ao palco. Vocacionada para sessões académicas, a sala possui também condições para actividades associadas às artes do espectáculo, em especial concertos. A Cidade Universitária de Lisboa representa, excluindo o Instituto Superior Técnico, a única obra arquitectónica erigida de raiz para o ensino superior durante o regime estado-novista, fora da esfera da congénere coimbrã. O edifício da reitoria foi objecto de um programa de arquitectura de interiores e mobiliário de características inovadoras e linguagem modernizante para a época, em contraste mesmo com o risco arquitectónico geral do imóvel, de inspiração do primeiro modernismo português e dentro da linha monumentalizante e clássica já experimentada nos anos trinta em edifícios públicos. Em termos de arquitectura de interiores, trata-se da primeira obra de Daciano da Costa em nome próprio neste âmbito e quanto a desenho de mobiliário, o que só por si constituiu um carácter de enorme relevância; este trabalho estaria na base de outros projectos que virá a concretizar numa perspectiva totalizante da "decoração" de interiores, cujas propostas se estendem da concepção dos tectos aos pavimentos, dos paramentos ao mobiliário, da iluminação aos cortinados. Após mais de meia década de uso, algumas das salas e gabinetes do edifício obedecem ainda à concepção primitiva, resistindo estética e funcionalmente ao tempo. Na decoração do seu interior e dos seus paramentos, lançaram-se alguns jovens artistas, como Querubim Lapa, Rogério Ribeiro e José Farinha, a par de artistas consagrados, como Almada Negreiros e Lino António. Assumem particular relevo os vestíbulos, com decoração cerâmica, de vitral e mosaicos esmaltados, o Salão Nobre, com pintura mural, a Aula Magna, onde os apainelados se agregam ao mobiliário de Daciano da Costa. Esta sala era, à data da inauguração, o maior espaço de espectáculos e adquire relevo pelo seu pioneirismo no que toca à lotação e à planificação acústica. |
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Número IPA Antigo: PT031106090455 |
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Registo visualizado 9066 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Político e administrativo central Reitoria e serviços académicos
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Descrição
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Edifício *2 de planta composta, resultante da articulação de dois corpos funcionalmente diferenciados: um de planta rectangular, vazado por dois pátios interiores, desenvolvido em três pisos, incluindo cave, e orientado a E., correspondendo às instalações administrativas da Reitoria e onde têm assento os seus órgãos representativos; e outro de planta em leque, desenvolvido em três pisos e orientado a O., respeitante à Aula Magna, espaço especialmente concebido para a realização de actos académicos e usado também para actividades culturais, entre elas espectáculos, que se articula com o anterior a através dos denominados Passos Perdidos. Os corpos têm disposição horizontal de massas com coberturas escalonadas e diferenciadas, planas e praticáveis. Os dois corpos apresentam uma composição geral das fachadas segundo o princípio da simetria e da regularidade, com elementos comuns, como os socos de pedra, seguido de paramentos rebocados e pintados, sobre os quais se abrem fenestrações regulares, de vãos rectos emoldurados a cantaria e com caixilharias de alumínio, sendo rematadas em frisos de cantaria pouco saliente. As fachadas principais recebem tratamento mais apurado, quer na concepção arquitectónica quer nos materiais e recursos decorativos utilizados: antecedidas por escadaria de cantaria, afirmam-se pelo pórtico, composto por pilares de secção rectangular revestidos a granito róseo, polido; no tecto, caixotões revestidos a mosaicos esverdeados, iluminado por luz indirecta; portas de entrada centralizadas, formando extensas superfícies envidraçadas, com piso superior sublinhado por sacada corrida (a E.) ou por vãos quase contínuos (O.); nos extremos e topos (a E.) paredes de mármore constituem suporte para composições figurativas policromas, de natureza simbólica, alusivas à "Nação" ou ao "Saber", segundo a técnica do desenho inciso. Na fachada E., acima do pórtico convexo e dos corpos laterais em planos oblíquos, assoma o topo do grande vão da Aula Magna, compacto e fechado. A contrastar com os panos contínuos das fachadas laterais da Aula Magna, as da Reitoria apresentam uma composição de retículas de pilares e vigas, com panos ligeiramente recuados e rasgados por janelas, ou utilizando superfícies envidraçadas para os vãos das escadas. Os corpos que acompanham o pórtico destacado da frontaria recebem um revestimento mais nobre, revestidos a azulejo de composição geométrica, constituído por quadrados e por triângulos justapostos, formando quadrados em branco e várias tonalidades de azul. INTERIOR do EDIFÍCIO DA REITORIA com as áreas funcionais bem definidas, tendo por orientação a parte anterior do edifício - organizada a partir de amplo vestíbulo central no piso térreo e por um átrio que coroa a escadaria de honra no superior - e a parte posterior, dividida em duas alas pelos pátios. Possui duas escadas de acesso com saída para a rua nas fachadas N. e S.. O vestíbulo do piso térreo, de planta rectangular, desenvolve-se em dois níveis, permitindo o acesso dianteiro aos Passos Perdidos e lateralmente aos corredores comunicantes com as zonas dos serviços administrativos (ala S.) ou com o centro de documentação (ala N.): amplo, de superfícies polidas e brilhantes pelo tratamento conferido ao mármore, tem tecto de caixotões em gesso moldado com sancas de luz e nas paredes 8 painéis de mosaico polícromos e de composição figurativa. O acesso ao piso superior é feito pelos Passos Perdidos, de planta rectangular, iluminado por amplas superfícies envidraçadas, tendo no topo, a toda a altura do pé direito, porta de correr com pintura lacada figurativa representando o ex-libris da Universidade, correspondente à "parede" de fundo do palco da Aula Magna; deste desenvolve-se a escadaria no sentido contrário à passagem do vestíbulo para os Passos Perdidos e tem dois lances rectos com guarda metálica ornamentada também pelo símbolo da instituição. No piso superior, localizam-se os espaços mais significativos, salientando-se, na ala N., o Gabinete e Salão do Reitor, seguido da Sala de Pequenos Banquetes, dotada de copa; na ala S., o Anfiteatro de Actos Grandes; e na ala E., acompanhando toda a sacada corrida do corpo porticado, o Salão Nobre, nos topos completada pela Sala de Conferências (S.) e pela Sala do Senado Universitário (N.). A decorar os diferentes espaços do edifício, existem ainda exemplares de vitral, pintura lacada, pintura mural e tapeçaria mural. AULA MAGNA *3 com amplo vestíbulo, para onde abre uma galeria ocupada por um bar, sob a qual se destaca a existência de um painel cerâmico, polícromo, de composição figurativa. As portas que ladeiam o painel pertenciam primitivamente a um espaço reservado a bengaleiro, hoje convertido em agência bancária. Os outros acessos interiores à Aula Magna organizam-se a partir deste vestíbulo, nomeadamente pelos corredores laterais, beneficiados por iluminação natural. Os vãos que se lhe seguem permitem o acesso à Aula Magna, ao nível do primeiro balcão. Constitui um espaço único, contínuo, de cena contraposta e planta em leque com uma lotação de 1653 lugares distribuídos por plateia com pendente (147 lugares mais 68 laterais), balcão de 1ª ordem (742 lugares), balcão de 2ª ordem (532 lugares) e sete tribunas, rasgadas em vãos rectos na parede de fundo da sala e sob o tecto protector do balcão superior (cada uma com 20-22 lugares, à excepção da central com 36), sobre o qual se encontram a cabina de projecção e as instalações reservadas à comunicação social. |
Acessos
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Alameda da Universidade. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,752719, long.: -9,158259 |
Protecção
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Em vias de classificação *1 / Incluído na Zona Especial de Proteção do Arquivo Nacional da Torre do Tombo (v. IPA.00014262) |
Enquadramento
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Urbano, isolado, numa pequena elevação, implantado na Cidade Universitária de Lisboa (v. PT031106090726), ocupando um núcleo central definido em torno de vasta alameda com plataforma central relvada e alas formadas por construções também universitárias. Implanta-se numa antiga zona de quintas de produção. Surge no topo da Alameda, virado a E., flanqueado a N. e a S. pelas Faculdade de Letras (v. PT031106090710) e a Faculdade de Direito (v. PT031106090711). Descendo para o Campo Grande, e nos terrenos contíguos àquelas faculdades, localizam-se os edifícios de construção mais recente que servem de instalação aos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo (v. PT031106090714) e à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (v. PT031106090728). A fachada O., correspondendo ao corpo da Aula Magna, volta-se ao edifício da Cantina da Universidade de Lisboa / Cantina Velha (v. PT031106090713), tendo de permeio zonas de estacionamento automóvel. A fachada posterior do edifício da Reitoria relaciona-se com outros pontos fortes da estrutura urbana da Cidade Universitária, como sejam, para SO., O. e NO. o Hospital de Santa Maria (v. PT031106090331) e o Estádio Universitário de Lisboa (v. PT031106090730). |
Descrição Complementar
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Os pórticos das fachadas principais apresentam composições figurativas de DESENHO INCISO *4 que, no lado que abre para a Alameda da Universidade, se estende ao longo das quatro fachadas, tendo, no topo, uma 'Alegoria à cidade de Lisboa', "metrópole do mundo que o português criou nos ardentes trópicos a todo o redor do globo", representando-se a linha de costa preenchida por diversos tipos de habitação e destacando-se navios e pequenas embarcações que chegam à cidade. Sobre uma malha geográfica, onde se assinalam diversos paralelos e meridiano correspondentes às divisões dos hemisférios terrestres, brancas e azuis, surge uma figuração do Zodíaco, a amarelo, alinhados com a localização geográfica e correspondentes às doze constelações: Carneiro, Touro, Gémeos, Caranguejo, Leão, Virgem, Balança, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes; foram integrados sobre uma nuvem de estrelas e ordenados com os trópicos de Câncer e de Capricórnio e com a linha do Equador, assinaladas a azul. Na fachada da Aula Magna, duas enormes figuras, Apolo e Atena, orientam as composições definidas por uma malha ortogonal, ambos rodeados de mestres e estudantes em núcleos de 7, 6 ou 5 figuras. À esquerda, Apolo, deus do Sol e patrono das Belas Artes, símbolo da beleza e da clarividência, acompanhado pelo galo solar frente ao astro; em seu redor, onze estudantes desenhados num estilo caricatural admiram-no, divididos num grupo de seis e num conjunto de cinco figuras; em traje civil, os homens vestem fato e gravata e as figuras femininas usam saia. À direita, a majestosa e inteligente Atena guerreira, com a sua lança e égide e envergando um capacete, observa o seu animal favorito, a coruja. Estudantes de livros nos braços ouvem, atentos, as palavras de um mestre, em grupos de sete e seis, respectivamente. Em ambas as imagens, um elemento caro ao artista que concebeu a composição, o pentagrama que marca, nas intersecções das linhas, "os dez lugares da colecção do número", sendo que cada ponto representa um número de 1 a 10 que, neste caso, corresponde a uma figura mitológica: 1-Psique, 2-Zeus, 3-Cárites, 4-Apolo, 5-Afrodite, 6-Hermes, 7-Atena, 8-Dionisos, 9-Musas (Trata-se daquilo que Almada Negreiros designou como relações do "antorpomorfismo-número" (NEGREIROS, 1948). O VESTÍBULO da Reitoria apresenta as paredes decoradas por oito painéis de mosaicos decorados com alegorias a várias áreas do conhecimento, identificadas por inscrições latinas, surgindo da esquerda para a direita: 1. Astronomia (1.94 m x 3.08 m), com a inscrição "ASTRONOMIA"; 2. Geografia (1.94 m x 3.08 m), com a inscrição "GEOGRAPHIA"; 3. Física e Química (1.94 m x 3.08 m), com a inscrição "PHYSICA" e "CHEMICA"; 4. Sociologia (1.50 m x 3.08 m), com a inscrição "SOCIOLOGIA"; 5. painel central - Calvário (3.00 m x 3.08 m), com Cristo crucificado ao centro, ladeado por três figuras cada uma com uma inscrição, que permite a sua identificação: "RESSURRECTIO", "MORS" e "VITA", tendo na parte inferior da composição inscrição latina "RENOVABIS FACIEM TERRAE); 6. Filosofia (1.50 m x 3.08 m), com a inscrição PHILOSOPHIA"; 7. Biologia (1.65 m x 3.08 m), com a inscrição "BIOLOGIA"; 8. Antropologia (1.65 m x 3.08 m). No painel central, surge a inscrição "ANTÓNIO LINO 1961". Ainda no átrio, há quatro vitrais com duas composiões distintas, um deles decorado por uma embarcação estilizada com dois corvos limitada por duas colunas brancas, símbolo da obra construtiva e a acção civilizadora das Universidades, e quatro estrelas, alusão às Faculdades que integram uma Universidade, que encimam a embarcação; possui as inscrições Universitas Olisiponensis e Ad Lucem (Para a luz!), a divisa da UL. O segundo vitral representa um escudo nacional suportado por dois anjos. No segundo piso, a SALA DO SENADO de planta quadrangular, com pavimento em alcatifa de lã e paramentos em apainelados de madeira alternados com réguas dinamarquesas (correctores acústicos); à semelhança de outras salas, ganha especial expressão o tecto, suspenso, rasgado por mais de 50 caixotões de pequena dimensão providos de lâmpadas, assegurando ainda a iluminação uma sanca circundante e uma central; do mobiliário fazem parte as mesas dispostas em U, presididas pela do reitor, e respectivas cadeiras, revestidas em pele natural preta com coxim de tecido na mesma cor. No GABINETE DO REITOR surgem apainelados de madeira nas paredes e tecto em gesso armado, com calculada distribuição das fontes de luz feita por pontos de incandescência ou por lâmpadas ocultas sob grelhas de chapa de alumínio pintado. A SALA OVAL, antiga Sala de Pequenos Banquetes, tem acesso pelo Salão do Reitor, através de uma enorme porta de correr forrada a pele preta e coberta com cortinados de veludo esverdeados. É de planta oval, coberta por tecto de forma semelhante, ornado por motivos geometrizantes formando alvéolos hexagonais, em estafe armado. O pavimento conjuga a madeira, ao centro, com placas de mármore exteriores. Possui uma comprida mesa oval, em pau santo, ladeada por dezoito cadeiras de madeira com assento em estofo azul acinzentado. Do lado oposto à porta, uma janela que permite a iluminação natural do espaço e, no lado direito, uma pequena reentrância, presumivelmente uma área de apoio à função original da sala. Do lado esquerdo, um biombo de madeira serve como divisória entre a sala e a copa, anexa. O SALÃO NOBRE, outrora designado Salão de Recepção e Festas, é amplo, de planta rectangular (29.5 m X 10 m), constitui-se como um pequeno auditório, pode ser equipado com um estrado amovível de 12 módulos e tem uma lotação de 275 lugares. As paredes são marcadas por mármores cinzentos com apainelados de madeira clara e portas de correr a permitir reduzir ou ampliar um espaço tripartido. A porta comunicante com o átrio da escadaria de honra encontra-se forrada a pele azul, solução já experimentada no Gabinete do Reitor. A ladear a porta do Salão, surgem duas pinturas murais subordinadas tematicamente à divisa da UL, Ad Lucem (Para a luz). No lado esquerdo, a cena pintada exprime 'o deslumbramento do homem pela luz que desvenda os mistérios do Universo'; num cenário despojado e algo apocalíptico, no qual se desvendam estilhaços e uma roda no solo, três personagens desnudas observam, ofuscadas e admiradas, a chegada de uma outra, vinda voando dos céus, qual boa nova que os ilumina do alto. O painel do lado direito representa 'a sucessão de gerações no mesmo anseio de luz que a tradição comunica e a juventude prossegue', no qual se encontram dois pares figuras semelhantes às anteriores: um casal repousa, observando o outro, aparentemente mais jovem, que caminha em direcção a um clarão luminoso. Neste painel foi inserida a assinatura no canto inferior direito 'Daciano Costa 1961 / Ajudante Francisco Vasconcelos'. No vestíbulo de acesso ao Salão Nobre, painéis cerâmicos representam cenas estilizadas alusivas a três zonas do Mundo: África, Índia e Macau. Todas as profusas composições fixam povos e costumes tradicionais dos locais, estando todos os elementos individualizados contornados a negro. No painel África, diversas personagens tipificadas como povos primitivos desenvolvem, entre palmeiras e vegetação abundante, actividades como pesca, preparação de alimentos e música, incluindo objectos como lanças e potes de cerâmica. Esta peça é a única que se encontra assinada: "H.S. [Hein Semke] 1957". O painel dedicado à Índia é definido por um grande elefante ao centro, rodeado de duas figuras que aludem a divindades hindus; à direita, uma figura feminina transporta diversos recipientes. No terceiro, respeitante a Macau, um templo ao lado do mar, onde navegam dois juncos; em baixo desenrola-se uma celebração festiva, presidida por um enorme dragão acompanhado de vários homens em trajes típicos ostentando lanternas em forma de peixes vários. A AULA MAGNA tem no vestíbulo um painel cerâmico assinado "Querubim Lapa" e datado "1961" (244cm x 824cm), constituído por placas cerâmicas rectangulares, 8 x 56 placas de 30,5cm x 14,4cm cada, dispostas no sentido vertical, em policromia à base de amarelos, verdes, turquesas, castanho e lilás, que se fundem uns nos outros num jogo cromático subtil e luminoso. Tem por tema uma alegoria ao Saber e ao Trabalho Intelectual, desenvolvendo-se a composição em torno de um jovem em atitude reflexiva de estudo, observado por um grupo de cinco estudantes, e iluminado por duas personagens simbólicas, aladas; tal ideia é intensificada pelo enorme Sol e pela coruja incluídas, reforço dessa iluminação sapiente, bem como pelos ramos que parecem formar uma coroa de louros, segurados pela personagem feminina. A SALA de espectáculos (Aula Magna), tem os paramentos forrados a apainelados de madeira, conjugados com superfícies pintadas, tendo tecto em gesso moldado, com a tripla função de garantir os sistemas de iluminação, ventilação e acústico. Junto ao palco, as três cabinas de tradução, assinaladas a meio da parede por duas "caixas" suspensas. As guardas do balcão e plateia, em lamelado folheado a madeira sobre lã de vidro e revestido na face voltada ao palco por réguas dinamarquesas, recurso de efeito estético e acústico, coroadas por parapeito bojudo, forrado de novo a pele natural preta. O palco em soalho de madeira, é prolongado por estrado - tipo avant-scène - (20 m x 10 m), e tem por parede de fundo uma PORTA deslizante que se abre para os Passos Perdidos, constituindo um acesso de carga ao palco: uma e outra faces estão ornamentadas por pintura lacada sobre madeira (635x1000 cm). Na face exterior possui, sobre fundo dourado, a insígnia da Universidade de Lisboa, o símbolo da cidade (uma embarcação encimada por um corvo, um escudo nacional e um cavaleiro, representando a figura de D. Dinis. A outra face, visível a partir do interior da Aula Magna e servindo como cenário permanente, ostenta uma composição definida por elementos rectangulares sobre tonalidades de azul e vermelho. Para além de diferentes motivos decorativos geométricos que criam distintos padrões individualizados, incluiu-se novamente a figura de D. Dinis, repetida por quatro vezes, e o motivo da embarcação estilizado, desdobrado em dois ou individualizado, bem como uma representação do escudo nacional. A sala de espectáculos, não dispondo nem de estrutura nem de qualquer equipamento cénicos, comporta no entanto um subpalco, utilizado como armazém, a cuja nível se situam os camarins. |
Utilização Inicial
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Política e administrativa: reitoria e serviços académicos |
Utilização Actual
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Política e administrativa: reitoria e serviços académicos |
Propriedade
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Pública: pessoa colectiva |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTOS: António Pardal Monteiro (1952-1961); Carlos Manuel Homem de Sá (1961); Porfírio Pardal Monteiro (1935-1957). ARTISTAS PLÁSTICOS: António Lino Pedras (1961); Fred Kradolfer (atr., 1961); José de Almada Negreiros (1961); José Farinha (1961); Daciano da Costa (1961); Rogério Ribeiro (1960). CARPINTEIRO: Félix Carreira, Lda. (1960-1961). CERAMISTA: Querubim Lapa (1961). CONSTRUTORES: Empresa de Construções Lopes (Irmãos), Lda. (1959-1961). ELECTRICISTA: Luís Bandeira, Lda. (1960-1961); EMPRESAS: Cooperativa de Pedreiros (1960-1961); Empirel (1960); Joaquim Pedro & Manuel Martins, Lda.; Luís Bandeira, Lda. (1960-1961); Mármore e Cantarias Pêro Pinheiro, Estremoz, Lda. (1960); Moprim (1960); Nucel - Núcleo Electrotécnico, Lda (1960); Pardal Monteiro, Lda. (1960-1961); Sampaio & Laginha, Lda. (1960-1961); Sociedade Industrial Metalúrgica (1960); Vátio, Lda. (1960-1961). ENGENHEIRO: Manuel Bívar (1961). ENGENHEIROS CIVIS: António Teixeira de Sampaio (1952-1961); João de Arga e Lima (1952-1961); José Marecos (1952-1961). ENGENHEIROS ELECTROMECÂNICOS: Carlos Araújo Leal (1961); Vítor Emanuel Simões Sampaio (1961). ENGENHEIROS ELECTROTÉCNICOS: Mário Carlos Araújo Leal (1952-1961); Vítor Emanuel Simões Sampaio (1952-1961). ESTUCADORES: Afonso Capela (1960-1961); João Rodrigues Parente (1960); Lucínio Baptista Vicente (1960-1961). FUNDIDOR: Bernardim Inácio (1961). JARDINAGEM: Jardim Primavera (1961). MARCENEIROS: Casa Olaio (1961); Casa Sousa Braga (1961). OFICINAS: Escola de Artes Decorativas António Arroio (1961); Fábrica de Louças de Sacavém (1961); Fábrica Viúva Lamego (1961); Manufactura de Tapeçarias de Portalegre (1960); Sociedade de Estores Metálicos (1961); Sociedade Portuguesa de Ascensores Schindler (1961). PINTORES: Afonso Capela (1960-1961); Hilário da Silva Tavares (1960-1961); Lucínio Baptista Vicente (1960-1961). PINTORES ARTÍSTICOS: Francisco Vasconcelos (1961); Lino António (1961). SERRALHEIROS: Serralharia Artística do Corvo (1960-1961); Electro Mecânica do Monte (1960-1961); João Marques Jordão (1960-1961); Vicente Joaquim Esteves (1961). VIDRACEIRO: Espelhos "A União". VITRALISTA: José Alves Mendes (1961). |
Cronologia
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1911 - criação da Universidade de Lisboa pelo Governo Provisório da I República (Decreto com força de lei de 22 Março); os serviços centrais da Universidade são instalados na antiga Escola Politécnica, a partir de então ocupada pela Faculdade de Ciências; 05 Junho - dada a urgência de dotar a Universidade de instalações adequadas, foi nomeada uma comissão composta por professores da instituição - Adriano Augusto de Pina Vidal, António Santos Lucas, Carlos Bello de Moraes, Francisco Soares Branco Gentil, José Evaristo de Moraes Sarmento, José Maria de Queirós Veloso, José Veríssimo de Almeida; não se apresentou qualquer solução e as Faculdades foram inseridas em edifícios preexistentes e adaptados, predominantemente na zona do Campo de Santana (actual Campo dos Mártires da Pátria); 1914 - criação da insígnia da Universidade pelo arquitecto Raul Lino, inspirada nos emblemas heráldicos do município de Lisboa; 1918, Julho-Agosto - com Sidónio Pais são tomadas as primeiras medidas para prover a Universidade de Lisboa de instalações próprias e adequadas, com a criação de uma comissão para escolha dos terrenos e elaboração de projectos de construção para o corpo central administrativo e as Faculdades de Direito e de Letras (Portarias de 4 Julho e 9 Agosto 1918); é composta por Pedro José da Cunha (Reitor da Universidade de Lisboa), José Maria de Queirós Veloso (Director da Faculdade de Letras), António Abranches Ferrão (Director da Faculdade de Direito), António Joaquim Pereira Machado (secretario da Universidade), Sebastião Cabral da Costa Sacadura (inspector da sanidade escolar), Augusto Vieira da Silva e Raul Lino; não chegou a apresentar qualquer trabalho ou elementos que lhe haviam sido incumbidos; 1925, 12 Agosto - apresentação, na Câmara dos Deputados, de uma proposta de Lei dos Ministros da Instrução Pública, João Camoesas, e das Finanças, Torres Garcia, que não viria a ser aprovada, para a obtenção de um empréstimo de 30.000.000$00 para prover a instalações dos ensinos universitário e primário, estando atribuída só à Universidade de Lisboa a verba de 14.000.000$00, facto criticado e contestado pelos deputados; 1926-1927, Fevereiro - exortações constantes nas sessões do Senado Universitário para a necessidade imperiosa de conseguir uma instalação condigna para a Universidade; 1928, Janeiro - Abranches Ferrão propõe a elaboração da planta de uma edificação que comportasse a Reitoria e as Faculdades de Direito e de Letras, ideia apoiada pelo vice-reitor António Faria Carneiro Pacheco; apresenta-se a hipótese de aquisição de um edifício para a Reitoria, ideia rejeitada pelos membros do Senado que exigem a inclusão das Faculdades no projecto; 1929, Julho-Dezembro - a discussão em torno do problema das instalações universitárias torna-se pública, através de artigos incluídos no Diário de Notícias, onde se defende a inserção no Campo de Santana, advogando que a ocupação de preexistências é a solução mais económica, e sustentando-se no facto de se localizarem já no sítio a Faculdade de Medicina e a Faculdade de Direito; 1930, Fevereiro - com Caeiro da Mata no cargo de reitor, elabora-se um plano para as construções universitárias, com a ideia de concentrar todos os edifícios num "bairro universitário", a localizar no Campo Grande; apresentação de um desenho com a hipotética implantação das Faculdades e diversos serviços anexos; Março - instauração da comissão de estudo da Cidade Universitária, destinada a elaborar um plano de fácil realização e adequado às possibilidades do Tesouro, composta pelo Reitor Caeiro da Mata, os directores David Lopes (Faculdade de Letras), Santos Lucas (Faculdade de Ciências), Egas Moniz (Faculdade de Medicina) e Moreira Beato (Faculdade de Farmácia); Junho - apresentação do projecto integral de instalação universitária elaborado pela comissão sob Caeiro da Mata, publicado no Diário de Notícias; localiza os edifícios nos terrenos a O. do Campo Grande, numa área de c. 80 ha, integrando além da Reitoria e de todas as Faculdades, o hospital escolar, residências para estudantes e instalações desportivas; calcula os custos à volta de 150.000 contos, delineando seis indicações básicas, onde se destaca a construção de raiz de edifícios modernos, conformes aos contemporâneos exemplos estrangeiros; 1932, 23 Setembro - nomeação, pelo Ministério da Instrução Pública, de uma junta de estudo para estudo e proposta de um plano de conjunto para instalação de todos os serviços da Universidade de Lisboa, constituída pelos reitor, vice-reitor, um médico, um engenheiro e um arquitecto (Decreto n.º 21683); 1933, Maio - o vice-reitor da Universidade de Lisboa, Carneiro Pacheco, redige o Relatório sobre as mais precárias instalações da Universidade de Lisboa (publicado no ano seguinte), exortando a que se resolva a questão tendo como base o projecto sob Caeiro da Mata e os exemplos internacionais de Bruxelas, Milão e Madrid, propondo a criação de um edifício único para albergar os três casos supracitados; 1934, 13 Dezembro - o Governo aprova a construção de novos edifícios para a Reitoria e faculdades de Letras e Direito da Universidade de Lisboa (DL n.º 24 776); 31 Outubro - o Diário de Lisboa publica uma notícia referindo o início dos trabalhos técnicos para as Faculdades e Reitoria e a nomeação de uma comissão pelo Ministro Duarte Pacheco, apresentando simultaneamente a planta de Caeiro da Mata, que também Carneiro Pacheco reproduzira no seu Relatório; 01 Novembro - nomeação da comissão incumbida de conceber, em três meses, o programa e o projecto para as novas construções da Reitoria e Faculdades de Direito e de Letras, composta pelo vice-reitor e professor da Faculdade de Direito Carneiro Pacheco, o professor da Faculdade de Letras João da Silva Correia, e os engenheiros Jácome de Castro e Evangelista Carvalhal, sendo lhes dada a liberdade de proposta de um arquitecto que integrasse a equipa; 13 Dezembro - o Ministro das Obras Públicas, Duarte Pacheco, autoriza a construção de novos edifícios para a Reitoria e Faculdades de Direito e de Letras, acometendo a direcção e administração das obras à comissão instituída para edificação dos Hospitais Escolares de Lisboa e Porto (Decreto nº 24776); a comissão passa então a designar-se Comissão Administrativa dos Novos Edifícios Universitários (CANEU), integrando, além da comissão dedicada aos hospitais, a Comissão Técnica dos Edifícios da Reitoria e Faculdades de Letras e de Direito, da qual fazem parte o presidente Carneiro Pacheco e os vogais João da Silva Correia, Fernando Galvão Jácome de Castro e Eduardo Evangelista Carvalhal; deveria apresentar o ante-projecto num prazo de três meses e teria liberdade de nomear um arquitecto (Portaria de 9 Janeiro 1935); 1935, 11 Janeiro - elaboração do programa-base pela comissão técnica, enviado a Duarte Pacheco, que o aprova parcialmente em Agosto; 15 Agosto - Carneiro Pacheco roga à CANEU que seja contratado o arquitecto Porfírio Pardal Monteiro (1897-1957), com experiência na projecção de modernos edifícios universitários graças à planificação do novo Instituto Superior Técnico, em Lisboa; 1935, Outubro - a Comissão encomenda a Porfírio Pardal Monteiro os projectos da Reitoria, Faculdades de Direito e de Letras e Instalações Culturais para Estudantes; 1936, Abril - o Ministro das Obras Públicas, Silva Abranches, determina definitivamente a escolha dos terrenos ao Campo Grande, na zona da Palma de Cima, para a construção dos novos edifícios universitários, prevendo a inclusão futura de outras escolas e impondo-se a necessidade de elaboração de um plano geral; 19 Agosto - autorização da aquisição dos terrenos necessários até à quantia de 2.500 contos, comprados como sendo destinados ao Hospital Escolar, prevendo-se a oportuna destrinça do que se computará à Reitoria e Faculdades; Novembro - decreto que possibilita a reserva, pelo prazo prorrogável de dois anos, dos terrenos e construções situados a O. do Campo Grande, então designado Campo Vinte e Oito de Maio; é facilitado o processo de expropriações (Decreto-lei nº 27262, 24 Novembro); 1937 - Pardal Monteiro e Duarte Pacheco realizam uma viagem de estudo a Roma e Paris, para observar de perto as Cidades Universitárias recentemente erguidas e visitar a Exposição Internacional das Artes e Técnicas na Vida Moderna; Maio - o Presidente do Conselho de Ministros autoriza a compra continuada de terrenos para a Universidade de Lisboa, no local, até ao limite de 4.750 contos; 1938, Agosto - apresentação dos primeiros estudos para os três edifícios esboçados por Pardal Monteiro, 10 plantas à escala 1/500, incluindo a indicação da área de implantação correspondente a cada um; são apreciados por Duarte Pacheco, que exige a sua remodelação para que o custo total o conjunto não ultrapassasse os 15.000 contos e se obtenha uma composição mais lógica; 1939, Maio - após obtenção do arranjo urbanístico da Câmara Municipal de Lisboa e redução da área total de implantação para 30.000 m2, Pardal Monteiro envia novos estudos para aprovação superior; recebem aval positivo e incentiva-se o avanço dos respectivos ante-projectos; Outubro - envio da pasta "Edifícios Universitários. Plantas do Ante-Projecto", aceite pela CANEU, que os reencaminha para Duarte Pacheco; este solicita parecer ao Ministro da Educação Nacional, Carneiro Pacheco, que os aprova e propõe o avanço dos ante-projectos excluindo a Faculdade de Letras, passível de ser extinta através do Estatuto Universitário em elaboração; 1940, Dezembro - Pardal Monteiro entrega um dossier com alçados e cortes do ante-projecto; 1941, Abril - emissão do parecer de Duarte Pacheco sobre os anteriores estudos remetidos por Pardal Monteiro: estipula-se como custo máximo para os três edifícios o montante de 17.000 contos, devendo substituir-se o emprego do betão armado por outros materiais e eliminar-se as coberturas em terraço; 1943, Junho - após muita pressão e a redução das áreas de construção para 26.500 m2, o arquitecto apresenta o projecto dos edifícios da Reitoria e Faculdade de Direito, incluindo minuciosas peças escritas e desenhadas, dotando os edifícios de coberturas inclinadas sobre estruturas de madeira e permanecendo as galerias comunicantes; Dezembro - pedido de parecer ao Conselho Superior de Obras Públicas (CSOP), que o emite apenas em Novembro de 1944: trata-se de uma apreciação bastante crítica que exige alterações de fundo e melhoramentos no que toca ao aspecto arquitectónico, por estes edifícios serem "elementos monumentais da Capital do Império"; 1945 - Pardal Monteiro, não tendo sido informado do parecer do CSOP, adia a urgente reunião com a CANEU até Dezembro, justificando-se com ausências no estrangeiro; 1952 - reformulação da encomenda dos três edifícios universitários a Porfírio Pardal Monteiro, que passa a ser acompanhado pelo sobrinho, o arquitecto António Pardal Monteiro; 1953 - entrega dos primeiros estudos renovados dos edifícios, aumentando-se a área de construção e surgindo os edifícios individualizados e separados; 1954, Março-Junho - elaboração dos ante-projectos dos novos edifícios universitários, incluindo plantas, perspectivas e alçados; organizam-se em torno de uma alameda, com localização da Reitoria ao centro, considerada o fulcro da composição; 1955-1956 - conclusão dos projectos definitivos dos novos edifícios universitários, execução das maquetas e sua observação pelo Presidente do Conselho de Ministros, Oliveira Salazar, e pelos Ministros das Obras Públicas, Eduardo Arantes e Oliveira, e da Educação Nacional, Leite Pinto; 1956, Junho - Memória Descritiva do projecto para o Edifício da Reitoria da Universidade Clássica, por Porfírio Pardal Monteiro; 1957-1959 - António Pardal Monteiro procede a algumas alterações ao projecto inicial, particularmente no respeitante à capacidade da Aula Magna, uma sala então inigualável no país também em termos estruturais: inicialmente previam-se 800 lugares, que a pedido do reitor Victor Hugo de Lemos foram aumentados para 1800; com o falecimento deste, António Pardal Monteiro acorda com o novo reitor, Marcello Caetano, uma capacidade para 1500 lugares; os cálculos de estabilidade são da autoria dos engenheiros civis José Marecos e João de Arga e Lima, sendo as instalações especiais (eléctricas, aquecimento e ventilação) da responsabilidade dos engenheiros electrotécnicos Mário Carlos Araújo Leal e Vítor Emanuel Simões Sampaio; as instalações de águas e esgotos são projectadas pelo engenheiro civil António Teixeira de Sampaio; projecto de isolamento e condicionamento acústico do engenheiro Manuel Bívar; a Reitoria abandona as salas que ocupava desde 1911 na Faculdade de Ciências, funcionando no palacete Valmor no Campo Mártires da Pátria, edifício outrora alugado para albergar a Faculdade de Direito; dá-se início às obras de construção da Reitoria, sob supervisão da Comissão Administrativa das Novas Instalações Universitárias (CANIU); a Comissão é constituída por um administrador delegado, o engenheiro Manuel Guilherme Tavares Cardoso, um vogal-secretário, o Dr. Eduardo Eugénio Perestrelo França de Oliveira, e vários técnicos, como os engenheiros Inácio Constantino Oom do Valle (até 31 Dezembro 1960), António Teixeira de Sampaio, Joaquim Fausto Janela Lucas, José Francisco de Sales da Silva e Georgino da Nova; surgia, ainda, o arquitecto Carlos Manuel Coelho de Sampaio Toscano Homem de Sá e tinha como técnicos consultores o engenheiro agrónomo André Navarro, o arquitecto Jorge Segurado, o escultor Leopoldo de Almeida e o pintor Varela Aldemira; as obras foram levadas a cabo pela Empresa de Construções Lopes (Irmãos), Lda.; 1960 - execução de uma tapeçaria de Portalegre para o Gabinete do Reitor, conforme composição de Rogério Ribeiro (1930-2008) e executada na Manufactura de Tapeçarias de Portalegre; feitura da cobertura da Aula Magna pela Sociedade Industrial Metalúrgica; 1961 - conclusão do edifício; pintura da porta da Aula Magna, conforme composição de Lino António (1898-1974), auxiliado por alunas da Escola de Artes Decorativas António Arroio; execução do painel de mosaico esmaltado para o vestíbulo da Reitoria por António Lino Pedras (1914-1996); pintura de um painel cerâmico para o vestíbulo da Aula Magna por Querubim Lapa (1925-), executado no atelier que o artista ocupava na Fábrica Viúva Lamego; feitura de dois vitrais para o vestíbulo da Reitoria, conforme desenho de Lino António e executados por José Alves Mendes, com os caixilhos da autoria de Vicente Joaquim Esteves; Daciano da Costa (1930-2005), tendo como colaborador Francisco Vasconcelos, concebe e pinta duas pinturas murais à entrada do Salão Nobre; feitura dos mosaicos esmaltados para o vestíbulo da Reitoria, por Lino António, trabalho adjudicado pela quantia de 290.400$00; execução das gravuras incisas por Almada Negreiros (1893-1970); concepção do mobiliário para a decoração dos interiores, por Daciano da Costa, em colaboração com as Casas Olaio e Sousa Braga; projecto do mobiliário comum pelo arquitecto Carlos Manuel Homem de Sá; feitura dos azulejos das fachadas atribuíveis a Fred Kradolfer, autoria que não foi completamente confirmada; motivos decorativos na guarda da escadaria de José Farinha, fundidos por Bernardim Inácio; colocação de elevadores e monta-cargas pela Sociedade Portuguesa de Ascensores Schindler; ajardinamentos a cargo de Jardim Primavera e arranjos exteriores efectuados por José Ribeiro; 03 Dezembro - inauguração do edifício, com a presença do Chefe de Estado, sendo à data reitor Marcelo Caetano; emissão de uma medalha comemorativa da inauguração do imóvel, executada conforme modelo do escultor Álvaro de Brée *5; 1985 - Hein Semke (1899-1995) oferece painéis cerâmicos à Universidade de Lisboa *6; 2013, 10 julho - publicação da abertura do procedimento de classificação do edifício, em Anúncio n.º 246/2013, DR, 2.ª série, n.º 231. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes autónomas. |
Materiais
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Estrutura em betão armado, com elementos em calcário, mármore e granito; coberturas, pavimentos, mobiliário em madeira; janelas em vidro com caixilharias de alumínio anodizado na cor natural; revestimentos de azulejo; elementos em mosaico; tectos em estuque e gesso; guardas em bronze. |
Bibliografia
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AAVV, 50 Anos de Tapeçaria em Portugal. Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1996; AAVV, António Lino. 1914-1996, Odivelas, Município de Odivelas/Biblioteca Municipal D. Dinis, 2000; AAVV, Cerâmicas. Querubim Lapa, Lisboa, Edições Inapa, 2001; Almada Negreiros. Um percurso possível, Lisboa, 1993; ALMEIDA, Pedro Vieira de, História da Arte em Portugal (vol.14, A Arquitectura Modernista), Lisboa, Alfa, 1986; Arquivos da Universidade de Lisboa, Lisboa (para os anos 1914, 1934 e 1961); BALTÉ, Teresa (org.), Hein Semke. A Coragem de Ser Rosto, 2ª edição, Lisboa, IN-CM, 2009; CAETANO, Marcelo, Carneiro Pacheco e a Universidade de Lisboa, Porto, 1960; CALDAS, João Vieira, Pardal Monteiro - Arquitecto, Lisboa, AAP, 1997; CORREIA, João da Silva, A Cidade Universitária, Lisboa, 1936; Daciano da Costa Designer, Lisboa, 2001; Daciano da Costa Designer, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2001; Do Saldanha ao Campo Grande, Lisboa, CML, 1999; Guia de Arquitectura Lisboa 94, Lisboa, 1994; Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, AAP, 1987; FERNANDES, José Manuel, Arquitectura Modernista em Portugal, Lisboa, Gradiva, 1993; FRANÇA, José-Augusto, Almada. O Português sem Mestre, Lisboa, Estúdios de Cor, 1974; LEANDRO, Sandra (coord.), Lino António (1898-1974), Leiria, Câmara Municipal, 1998; LINO, Raul, “O Ex-Libris para a Universidade de Lisboa”, Arquivo da Universidade de Lisboa, vol. 1, 1914, pp. 387-388. MARTINS, João Paulo (org.), Daciano da Costa. Designer, Lisboa, FCG, 2001; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Triénio de 1947 a 1949, Lisboa, 1950; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1953, Lisboa, 1954; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958, 1º e 2º Volumes, Lisboa, 1959; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos Anos de 1959, 2º Volume, Lisboa, 1960; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961, 1º Vol., Lisboa, 1962; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961, 2 º Vol, Lisboa, 1962; MOP/CANIU, O Novo Edifício da Reitoria da Universidade de Lisboa, Lisboa, 1961; NEGREIROS, José de Almada, Mito-Alegoria-Símbolo. Monólogo autodidacta na oficina de pintura, Lisboa, Livraria Sá da Costa, 1948; PACHECO, Carneiro, Relatório sobre as mais precárias instalações da Universidade de Lisboa (sep. de Arquivos da Universidade de Lisboa), Lisboa, 1934; PACHECO, Ana R. Assis, Porfírio Pardal Monteiro (1897-1957): a obra do arquitecto (dissertação de Mestrado em História da Arte pela Universidada Nova de Lisboa, FCSH), Lisboa, 1998; PASCOAL, Ana Mehnert, A Cidade do Saber. Estudo do Património Artístico Integrado nos edifícios projectados pelo arquitecto Porfírio Pardal Monteiro para a Cidade Universitária de Lisboa (1934-1961), Dissertação de Mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro, FLUL, 2010; PEDROSA, Patrícia Santos, Cidade Universitária de Lisboa (1911-1950): génese de uma difícil territorialização, Tese de Mestrado em História da Arte/Arquitectura, FCSH-UNL, 2008; PEDROSA, Patrícia Santos, Cidade Universitária de Lisboa (1911-1950): génese de uma difícil territorialização, Lisboa, Colibri/ IHA, FCSH-UNL, 2009); RATO, Ana G. N., Daciano da Costa e a Teoria do Design Português (1959-1974), 2 vols., Tese de Mestrado em Teorias da Arte, FBAUL, 2002; SOUSA, Rocha de, Rogério Ribeiro: Tapeçaria. O Esplendor da Lã, Lisboa, Grafiasa, 2002; Tendências da Arquitectura Portuguesa, Lisboa, SEC-MNE, 1989 (2ª ed.). |
Documentação Gráfica
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IHRU: Arquivo Pessoal de Daciano da Costa; Arquivo Pessoal de Porfírio Pardal Monteiro; Arquivo Histórico da Divisão de Obras e Manutenção da Reitoria da Universidade de Lisboa |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DESA, Arquivo Pessoal de Daciano da Costa; Arquivo Histórico da Secretaria Geral do Ministério da Educação |
Documentação Administrativa
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IHRU: Arquivo Pessoal de Daciano da Costa; AHMOP |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1961 - relativamente à empreitada geral de construção civil a comissão celebrou com o adjudicatório dois contratos adicionais, relativos a vários trabalhos complementares na aula magna e restantes zonas do edifício; relativamente ao equipamento, foram adjudicados os fornecimentos de móveis metálicos, de madeira e mistos, trabalhos de carpintaria e mobiliário para a sala de pequenos banquetes, antecâmara da copa e salão do reitor, cortinados na salas especiais, alcatifas e tapetes para a aula magna, pequeno anfiteatro, gabinete do reitor, senado universitário, salão do reitor e salas dos pequenos banquetes, 1622 cadeiras para aula magna, poltronas, sofás, canapés para o salão de festas e senado universitário, 151 poltronas especiais (doutorais), nas sete primeiras filas da aula magna, cadeiras para a presidência e convidados e poltronas para professores catedráticos (doutorais), na aula magna e a aparelhagem para a amplificação de som na referida aula, pela Comissão Administrativa das Novas Instalações Universitárias; 1996 - transformação do espaço dos bengaleiros em agência bancária; 2001 - substituição das cadeiras do anfiteatro dos grandes actos. séc. 20, final da 1.ª década - limpeza da tapeçaria de Portalegre; 2005 - obras de intervenção na sala da Aula Magna, tendo sido substituídas as cadeiras originais da plateia e colocado um sistema de assento amovível; envernizamento do revestimento de madeira das paredes; substituição das portas laterais; remoção da alcatifa da plateia; aplicação de soalho flutuante em madeira. |
Observações
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*1 - Classificação conjunta do Edifício da Reitoria da Universidade de Lisboa (v. IPA.00007780), Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (v. IPA.00014260) e Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (v. IPA.00014259). *2 - esta ficha tem correspondência às fichas de inventário da Universidade de Lisboa (UL): Reitoria (UL_RUL_IM001 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Edif%C3%ADcio_da_Reitoria ), Sala Oval (UL_RUL_IM002 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Sala_Oval_da_Reitoria ), Aula Magna (UL_RUL_IM003 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Aula_Magna), Porta da Aula Magna (UL_RUL_OBJ002 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Porta_da_Aula_Magna ), Tapeçaria de Rogério Ribeiro (UL_RUL_OBJ003 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Tape%C3%A7aria_de_Rog%C3%A9rio_Ribeiro_%E2%80%98No_Limiar_da_Idade_At%C3%B3mica%E2%80%99 ), Painel de cerâmica de Querubim Lapa (UL_RUL_OBJ004 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Painel_de_Cer%C3%A2mica_de_Querubim_Lapa_%E2%80%98Glorifica%C3%A7%C3%A3o_do_Trabalho_Intelectual%E2%80%99 ), Colecção de Mobiliário de Daciano da Costa (UL_RUL_COL001 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Colec%C3%A7%C3%A3o_de_Mobili%C3%A1rio_de_Daciano_da_Costa ), Painéis de Mosaico de António Lino (UL_RUL_COL002 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Pain%C3%A9is_de_Mosaico_de_Ant%C3%B3nio_Lino ), Gravuras incisas de Almada Negreiros (UL_RUL_COL003 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Gravuras_incisas_de_Almada_Negreiros_da_Reitoria ), Vitrais de Lino António (UL_RUL_COL004) e Conjunto de Pintura Mural de Daciano da Costa (UL_RUL_COL005 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Conjunto_de_Pintura_Mural_de_Daciano_da_Costa_%E2%80%98Ad_Lucem%E2%80%99 ). *3 - a aula Magna foi concebida com vista a que os espectadores pudessem assistir comodamente ao desfile do cortejo académico, razão pela qual uma monumental porta de correr se abre para o palco. Assim, é feita a ligação entre o Salão Nobre, onde se inicia a cerimónia, através de uma enorme escadaria que acede à sala; o público observa o acontecimento nos seus lugares colocados de frente para o estrado de honra, sem necessitar de se movimentar. *4 - graças a um donativo concedido pela viúva do Dr. António Manuel Gouveia de Almeida, a Reitoria adquiriu, em 2007, quatro desenhos originais de Almada Negreiros que serviram de base às gravuras incisas na fachada sobre a Alameda da Universidade; estão expostos no edifício da Reitoria. *5 - forneceram materiais para a obra: Armando Filinto Pinto Barbosa, Baptista Azevedo & C.ª (extintores), Centro Técnico Hospitalar, Companhia União Fabril (alcatifas), Custódio Ferreira Lino (cinzeiros e cestos para papéis), Fábrica de Móveis Aséta, Fábrica de Tapeçarias Sultão, Lda. (alcatifas), Fábrica Pátria (candeeiros e cinzeiros), Figueirôa Rego, Lda (cortinados e reposteiros), João Soares Júnior (toalheiros), José Alcobia, Rogério Frazão de Sousa (porta-papéis, porta-canetas, cabides e espelhos), Secca, Lda. (candeeiros), Soares da Costa, Lda., Viúva de João Ferreira & filhos; obras de carpintaria por Félix Correia, Lda. e pedraria fornecida por Pardal Monteiro, Lda., Cooperativa de Pedreiros e Mármore e Cantarias Pêro Pinheiro, Estremoz, Lda.; feitura das caixilharias de alumínio pela Serralharia Artística do Corvo e estores pela Sociedade de Estores Metálicos; fornecimento de vidros pelos Espelhos "A União"; trabalhos de serralharia da empresa Electro Mecânica do Monte e de João Marques Jordão; trabalho de estuques e pinturas de Sampaio & Laginha, Lda., João Rodrigues Parente e Afonso Capela (estuques) e Hilário da Silva Tavares e Lucínio Batista Vicente (pinturas); revestimentos plásticos por Moprim e Empirel; tosco de algumas salas pela Empresa Joaquim Pedro & Manuel Martins, Lda.; o mobiliário foi fornecido por José Olaio & Ca (filho), José Alcobia, Móveis Sousa Braga, Móveis e Adornos, Lda. *6 - estes painéis, executados em 1957, destinavam-se a um projecto de decoração do Hotel Ritz e não colocados. |
Autor e Data
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Filomena Bandeira 2002 / Ana Pascoal e Catarina Teixeira (Universidade de Lisboa - UL) 2011 |
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