Forno de Cerâmica da Mata da Machada

IPA.00006627
Portugal, Setúbal, Barreiro, União das freguesias de Palhais e Coina
 
Arquitectura industrial, manuelina. Forno cerâmico fabril, construído segundo o processo de construção da alvenaria com ligação de argamassa, com interiores abobadados e bocas em arcos quebrados.
Número IPA Antigo: PT031504030017
 
Registo visualizado 2913 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Extração, produção e transformação  Forno  Forno de cerâmica  

Descrição

Restos fabris de antiga olaria *1 com escavação de um forno: porta de acesso a NO.. Espécie de pequeno alpendre de cada lado da boca do forno adossadas às paredes de saibro, apoiado em dois pilares de alvenaria de cal que suportam um arco abatido quebrado, quase adintelado, formado por tijolo cozido e argamassado, em técnica de cofragem muito simples. A boca é encimada por arco do mesmo tipo, mais fechado; quatro arcos de meio ponto, também em tijolo. Fornalha e parte da câmara de enfornamento enterradas na massa saibrosa. A câmara de enfornamento, com as paredes levantadas ainda a um metro e meio da grelha *2, é um espaço quadrangular, com os suportes longitudinais mais poderosos e com uma leve curvatura de arranque, sugerindo uma cobertura em abóbada de berço. As paredes envolventes, tanto na fornalha, como superiormente, foram construídas em blocos de barro cru, encostados às paredes de saibro, que foram cozendo durante as primeira fornadas. As porções externas destes adobes espessos ainda hoje se mantém em barro verde. Sobre a grelha e formando tapete, tijolos alinhados, apertando a malha dos orifícios de ligação à fornalha e também para suporte e armazenamento de maior calor.

Acessos

EN 10-3, Estação Arqueológica da Mata da Machada, Vale do Zebro, frente à Escola de Fuzileiros Navais.

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolado, na área envolvente do estuário do Tejo, na margem esquerda, ao fundo do vale do Zebro, num esteiro por onde subiam as marés do rio Coina, numa cota de 10 metros.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Extração, produção e transformação: forno de cerâmica

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 15 / 16 (conjectural)

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1450 - 1530 - olaria em actividade atestada a partir da tipologia cerâmica, da análise estratigráfica e do espólio numismático com o aparecimento de moedas no local das escavações: 1 moeda do reinado de D. Duarte, 20 do reinado de D. Afonso V, 70 do reinado de D. Manuel I, 13 do reinado de D. João III *3; 1981 - Revolvimentos fortuitos fizeram aparecer um enorme vazadouro de cerâmica que levaram ao início de escavações; 1985 - primeira campanha arqueológica sob a direcção de Cláudio Torres.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante

Materiais

Alvenaria, cal, saibro, tijolo cozido e argamassado, telhas.

Bibliografia

NABAIS, António José C. Maia, Barreiro e os Descobrimentos, in Um Olhar Sobre o Barreiro, II série, n.º 1, Barreiro, 1989; COUTINHO, Carlos, Os descobrimentos no Barreiro as suas Oficinas Gerais, in Movimento Cultural, Ano IV, n.º 6, Setúbal, 1989; TORRES, Cláudio, Um Forno Cerâmico dos Séculos XV e XVI na Cintura de Lisboa, Mata da Machada - Barreiro, Barreiro, s. d..

Documentação Gráfica

DGEMN: DSID; CMB

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMB

Documentação Administrativa

CMB

Intervenção Realizada

CMB, FAOJ, Campo Arqueológico de Mértola: 1985 - 1ª campanha arqueológica sob a direcção do Dr. Cláudio Torres; CMB: 1991 - restauro da boca da fornalha; CMB (programa de Ocupação de Tempos Livres promovido pelo Instituto da juventude): 1997 / 1998 - limpeza da zona envolvente do forno.

Observações

*1: Importante significado histórico, pois detém especial simbologia ligada ao período da Expansão Portuguesa, havendo uma relação directa entre a laboração desta olaria e a empresa dos descobrimentos, pois foram encontradas formas utilizadas no fabrico da purga do açúcar, pães de açúcar, provavelmente destinadas à Madeira, onde não havia argilas próprias para cozer. *2: Sobre a grelha, em forma de tapete ordenado, alinhavam-se tijolos dispostos aparentemente com objectivo de apertar a malha dos orifícios de ligação à fornalha e também para suportar e amortecer o maio calor. Esta técnica é ainda hoje utilizada nos fornos de cerâmica em funcionamento: depois de uma camada de tijolo, segue-se uma outra de telha e, por vezes uma última de louça (Torres, s. d.). *3: Identificação feita pela Dra. Maria Helena Gomes (Torres, s. d.). *4: A enorme quantidade e variedade de peças cerâmicas originárias da Mata da Machada pode ser ordenada em dois grandes grupos, louça de uso caseiro: panela, malga, tigela, escudela de orelhas, prato, copo, candeias; e artefactos de uso industrial: barril para armazenamento nas longas viagens marítimas, placas para fabrico do biscoito, dois tipos de formas de açúcar em sino, uma para 2,5 Kg de açúcar e outra bastante maior (Torres, s. d.); vários tipos de pesos-de-caco (pesos de rede de barro), cuja utilização na pesca artesanal chegou aos nossos dias, telhas de meia cana (telha mourisca).

Autor e Data

Albertina Belo 1999

Actualização

 
 
 
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