Igreja Paroquial de São Martinho de Penafiel / Igreja de São Martinho
| IPA.00005330 |
Portugal, Porto, Penafiel, Penafiel |
|
Arquitetura religiosa, tardo-gótica, maneirista e tardo-barroca. Igreja paroquial de planta retangular composta por três naves escalonadas interiormente, assentes em colunas e arcadas, dando origem a pilares cruciformes, com coberturas diferenciadas em falsas abóbadas de berço abatido, com capela-mor e absidíolos laterais, mais baixos, iluminada unilateralmente pelas janelas rasgadas na fachada lateral direita, tendo a oposta vários corpos adossados, incluindo uma capela tardo-gótica. Fachada principal maneirista em empena, com portal de volta perfeita, flanqueado por duas colunas e remate em tabela, encimado por óculo. Integra torre sineira com dois registos, rasgada por quatro ventanas duplas. Fachadas rematadas em cornijas, a lateral direita com porta travessa de volta perfeita. Interior com coro-alto, batistério no lado da Epístola, capelas retabulares laterais com talha rococó. Arco triunfal de volta perfeita, ladeado por absidíolos, e capela-mor com retábulo de talha rococó, de planta côncava e três eixos. Igreja de fundação quinhentista, com feição maneirista, optando por uma estrutura de três naves, marcadas por colunas toscano-jónicas, que também surgem nos absidíolos, sendo impossível perceber a sua estrutura interna a partir do exterior, com diversos corpos anexos adossados, incluindo um nicho exterior, dedicado a Nossa Senhora do Rosário. No exterior, destaca-se a fachada principal, com portal maneirista, de feição erudita, tendo tabela decorada por pintura mural com cena da vida do orago. Dos corpos adossados destaca-se a capela particular dedicada ao Espírito Santo, hoje capela do Senhor dos Passos, de cariz tardo-gótico, rematada exteriormente por ameias decorativas e ostentando cunhais com gárgulas; possui cobertura em abóbada de nervuras, em estrela e tem no pavimento a pedra tumular quinhentista do fundador: o mercador João Correia. A tampa sepulcral do mercador João Correia por possuir uma inscrição gravada num tipo de gótico minúsculo e maiúsculo raro, mas característico do Norte da Europa, e o retrato do mercador cinzelado numa lâmina de bronze, foi executada, decerto, na Flandres; apresenta o tetramorfo tal como acontece na Sé da Funchal (v. PT062203100001), na Igreja de Santa Cruz do Funchal (v. PT062209050002), na Quinta das Cruzes (v. PT062203080020) e no Castelo de Beja (v. PT040205130003). As caracteristicas paleográficas do ossário são semelhantes às das inscrições nº 14 e 16 da Sé do Funchal e da inscrições nº 5 do castelo de Beja que são gravadas no mesmo tipo de material pétreo: calcário negro da região de la Meuse(?). No interior, existem vários retábulos de talha rococó, de planta côncavas e três eixos, bastante semelhantes, destacando-se o do Santíssimo por se apresentar totalmente dourado, sendo os demais marcados pela bicromia, a branco e dourado. São dissonantes os retábulos novecentistas do Senhor dos Passos, com elementos decorativos góticos, visíveis no espelho do nicho e nos pináculos do remate, e o do batistério, bem como o de Nossa Senhora do Rosário, neoclássico com remate em frontão triangular. Os absidíolos apresentam coberturas distintas, em falsa cúpula facetada no do Evangelho e em abóbada de caixotões pétreos no lado oposto. O coro-alto possui um grande órgão tardo-barroco. |
|
Número IPA Antigo: PT011311240002 |
|
Registo visualizado 4162 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
|
Descrição
|
Planta retangular irregular composta pela igreja de três naves, com capela, torre e anexos adossados ao lado esquerdo, e capela-mor, flanqueada por absidíolos, a que se adossam anexos, o do lado esquerdo formando a sacristia, de volumes articulados com coberturas diferenciadas de uma (anexos), duas (templo) e quatro águas sobre a sineira. Fachadas em cantaria de granito aparente, em aparelho isódomo, exceto a lateral direita parcialmente rebocada e pintada de branco, o mesmo sucedendo com o corpo saliente do lado esquerdo, percorridas por embasamentos de cantaria, salientes, flanqueadas por cunhais apilastrados e rematadas em cornijas. Fachada principal virada a NE., rematada em empena sem retorno com cruz latina sobre plinto paralelepipédico no vértice, possuindo, no topo, duas gárgulas de canhão. É rasgada por portal em arco de volta perfeita, de moldura dupla e seguintes em botão, ladeado por duas colunas toscano-jónicas, que sustentam entablamento dórico e tabela flanqueada por pilastras e aletas, contendo uma representação do orago; está encimada por frisos, cornija e pináculos periformes; enquadrado por estes, óculo circular integrado em moldura quadrangular. O portal está ladeado por duas janelas em arcos abatidos com molduras salientes e recortadas. No lado esquerdo, integrando a estrutura da igreja, a torre sineira, contrafortada, no lado esquerdo, sendo os muros rasgados por três frestas. No topo, duas sineiras de volta perfeita, nas faces principal e esquerda, estas últimas assentes em pilares; sobre a face direita, campanário duplo, rematado por cornija, cruz sobre plinto e pináculos. Fachada lateral esquerda marcada pela capela adossada, rematada em cornija e parapeito encimado por ameias decorativas; tem rasgada uma pequena janela retangular com decoração de bolas, tendo, na aduela de fecho da arquivolta exterior, a data "1568"; apresenta nos cunhais duas gárgulas antropomórficas salientes. O corpo adossado possui janela jacente e, na face posterior, a meia-empena, porta de verga reta, encimada por postigo jacente; os anexos à capela-mor têm três panos, o do lado direito com dois vãos retilíneos entaipados, um correspondente a uma porta e outra a fresta; sucede-se vão retilíneo e, no do extremo esquerdo, vão jacente, protegidos por grades de ferro. A fachada lateral direita tem, no corpo da nave, porta travessa de volta perfeita, assente em impostas salientes e com acesso por degraus, tendo, ainda, duas janelas, a do lado esquerdo de maiores dimensões, em arcos abatidos e molduras salientes e recortadas; o corpo da capela-mor possui janela retilínea e é ladeado pelo arranque de uma meia-empena; tem adossados dois corpos, um com janela retilínea, em capialço, surgindo no do lado direito, nicho de Nossa Senhora, uma janela em capialço e porta dintelada com a data "1694". Fachada posterior em empena com cruz no vértice, rasgada, no anexo por porta e janela retilíneas; sobre esta, é visível a empena sem retorno do arco triunfal. INTERIOR com três naves escalonadas, cada uma delas com cinco tramos formados por arcos formeiros de volta perfeita sustentados por colunas toscano-jónicas, o primeiro constituindo um endo-nártex. As paredes estão rebocadas e pintadas de branco, percorridas por silhares de azulejo de padrão geométrico, em bicromia, a azul e branco, encimados por friso; tem coberturas em falsas abóbadas de berço abatido com estuque decorativo e pavimentos em soalho, sendo em lajeado no sub-coro e capela-mor. As janelas estão encimadas por sanefas de madeira pintada de branco e dourado, ornadas por pequenos frisos. O coro-alto abre para a nave central, sustentado pelos pilares do primeiro tramo, cruciformes e constituído por feixes de colunas adossadas, com perfil convexo ao centro e guarda metálica vazada, tendo acesso por porta no lado do Evangelho. Possui um grande órgão de tubos. Portal axial protegido por guarda-vento de madeira pintada de bege e bandeiras em vidro. No meio da nave central, surgem, confrontantes, os púlpitos quadrangulares, com bacias de cantaria e assentes em colunas toscanas, encimadas por remate em taça decorada por motivos vegetalistas; têm guardas plenas, levemente galbadas, de talha pintada de branco e dourado, ornadas por rocalhas, enrolamentos, acantos e mascarões; o acesso processa-se por escadas de madeira em caracol, desenvolvidas em torno das colunas da nave, a que se adossam. No primeiro tramo, no lado do Evangelho, escadas de cantaria de acesso à porta de volta perfeita da torre sineira, tendo, junto, um confessionário de madeira encerada, de duplo genuflexório. No lado oposto, o batistério, protegido por grade metálica pintada de verde, possuindo estrutura retabular e a pia batismal. No segundo tramo do Evangelho, confessionário embutido no muro, com vão de volta perfeita e protegido por estrutura de madeira; sucede-se um confessionário de madeira ornado por arcos apontados e pináculos piramidais e a Capela do Senhor dos Passos. Esta tem acesso por arco de volta perfeita assente em dois colunelos com capitéis fitomórficos, protegido por teia de madeira; o interior tem cobertura em abóbada de nervuras, estrelada, contendo um ossário, sepultura e estrutura retabular. Junto ao arco triunfal e inserido em vão de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, a Capela do Sagrado Coração de Jesus, ladeada por pequeno vão de volta perfeita, entaipado. No lado oposto e igualmente inseridas em vãos de volta perfeita, as Capelas de Nossa Senhora da Fátima e das Almas. Todas elas estão protegidas por sanefas de talha pintada de branco e dourado, com decoração de enrolamentos vazados e falsos lambrequins. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas e de fecho saliente, encimado por sanefão de talha pintada de branco e dourado com decoração de rocalhas e cartela com os símbolos do orago, tendo lambrequins ornados por florões. Capela-mor elevada por um degrau, tendo a mesa de altar, paralelepipédica, ladeada por um ambão de talha pintada de branco e dourado, ornado pelas iniciais "XP". Sobre supedâneo de cantaria e com três degraus centrais, o retábulo-mor, de talha pintada de branco e dourado, de planta côncava e três eixos definidos por seis colunas de fustes lisos e percorridas por falsa espira fitomórfica, assentes em plintos galbados. Ao centro, tribuna de perfil recortado e moldura fitomórfica, contendo trono expositivo de cinco degraus, ornados por rocalhas, encimado por baldaquino assente em colunelos, enquadrado por amplo resplendor, relevado sobre o fundo pintado de azul; possui teto em falsa abóbada de caixotões decorados por motivos vegetalistas; está protegida por tela a representar "São Martinho a dar a capa ao mendigo". Os eixos laterais formam apainelados com ângulos recortados, ornados por folhagem e rocalhas. A estrutura remata em frisos de acantos e espaldar curvo, ornado por rocalhas e com fecho saliente ornado por concheados e acantos. No lado da Epístola, a sacristia, com teto de madeira e arcaz do mesmo material, encimado por maquineta com a imagem do Crucificado. No lado oposto, anexo com dois pisos, tendo tetos apainelados e pavimentos em soalho. |
Acessos
|
Penafiel, Rua Direita; Rua do Sacramento; Travessa da Matriz; Escadas da Matriz. WGS84 (graus decimais) 41,207097; long.: -8,285566 |
Protecção
|
Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 |
Enquadramento
|
Urbano, integrado no tecido urbano mais antigo, integralmente delimitada por estreitos arruamentos, em zona em declive, a que se adapta. A fachada principal abre para a Rua Direita, bastante estreita, mas que, no local, forma um pequeno largo, sendo o acesso à igreja feito por uma escada de sete degraus. |
Descrição Complementar
|
Sobre o portal axial, surge PINTURA MURAL executada diretamente sobre a pedra, havendo reboco apenas nas juntas dos blocos. O centro da composição é ocupado por São Martinho, a cavalo, e pelo mendigo. O primeiro representado com larga túnica a ocre e terra queimada, calça, botas pretas e capecete cinza com penacho vermelho e rosa. A capa é maioritariamente vermelha. O mendigo, sem um pé e de muleta, apresenta túnica branca. O cavalo é cinza com arreios no mesmo tom da túnica de São Martinho. A linha do horizonte divide a pintura em duas zonas quase iguais, sendo o céu pintado a branco sujo e a terra, quase deserta apenas com duas manchas de verde à direita, a ocre e castanho. No canto esquerdo é visível uma inscrição a negro. Na fachada lateral direita surge embutido um NICHO em arco abatido com moldura de cantaria e protegido por portada de madeira pintada de branco e vidro simples, e grade metálica, que enquadra a caixa de esmolas inferior, com a inscrição "NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO / ESMOLAS / ROGAI POR NÓS". No interior possui estrutura em talha pintada de branco e dourado, composta por quatro colunas de fuste liso e capitéis coríntios, assentes em consolas, que enquadram nicho recortado por acantos e fundo pintado de azul, encimado por fragmentos de frontão e sanefa com lambrequins; ao centro, possui mísula ornada por folhagem. A COBERTURA DA NAVE é em estuque, formando apainelados em losango, ladeado por meias-elipses. A COBERTURA DA CAPELA-MOR forma medalhões fitomórficos, envolvidos por molduras recortadas e terminando em acantos. O ÓRGÃO DE TUBOS tem caixa de talha pintada de branco e dourado, com a face principal marcada por castelo, com os tubos em meia-cana, assentes em consola, e dois nichos, todos com gelosias decoradas por acantos enrolados; as ilhargas são compostas por dois castelos semelhantes ao anterior. Estes componentes estão divididos por pilastras com os fustes almofadados e ornados por folhagem, encimadas por urnas. Sob os castelos e os nichos, os tubos de palheta, em leque. Remata em cornija, interrompida em volutas sobre os castelos, surgindo, no da face frontal, cartela circular com ostensório, enquadrada por folha de louros e cornija angular. Possui consola em janela, ladeada pelos dezoito registos (nove de cada lado), flanqueada por apainelados. O BATISTÉRIO possui estrutura retabular, de talha pintada de branco e dourado, de planta facetada e côncava, de um eixo definido por apainelados ornados por rosetões e ferronerie, que centram painel recortado, com moldura saliente, contendo uma tela com a representação do "Batismo de Cristo"; está envolvido por "ferronerie" e acantos. A estrutura remata em cornija, ao centro saliente e de perfil contracurvo, de onde pendem lambrequins e sobre a qual surge falso espaldar vazado e recortado por enrolamentos e acantos, tendo por fundo frontão semicircular, decorado por apainelados. O arco de acesso à Capela do Senhor dos Passos possui LÁPIDE com inscrição funerária e indicativa do instituidor da capela, gravada numa lápide; a altura a que se encontra não permite obter dimensões. Tipo de letra: cursiva do séc. 16. Leitura modernizada: "Aqui jaz João Correia que mandou fazer esta capela [...]". No pavimento, surge a SEPULTURA, com inscrição funerária, gravada no sentido dos ponteiros do relógio, na orla da tampa sepulcral. Sensivelmente a meio da tampa em duas lâminas de bronze, incrustadas na pedra, a representação do defunto: João Correia representado de pé, envergando uma sobreveste, tendo as mãos em posição de orante das quais pende um rosário. A figura está enquadrada por uma edícula, com arco polilobado, de onde pende uma cortina lavrada rematada por franja, assente em duas colunas cilíndricas ornadas com motivos vegetalistas. O campo epigráfico é delimitado por filetes simples, e rematado nos quatro cantos por medalhões quadrilobados com a representação dos símbolos dos quatro Evangelistas (tetramorfo): águia e homem no topo superior; leão e toiro no topo inferior. Dimensões: 240x98; campo epigráfico: 1: 10,5/10,8x 52; 2: 10,5/10,8x 156,5; 3: 10,5X52,5; 4: 10,5x157; símbolos: 1º 22,5x22; 2º 21,5x22; 3º 22x21,5; 4º 21,5x21,5; lâmina de bronze: 85x43,5. Tipo de letra: gótica minúscula de forma e algumas letras góticas maiúsculas. Leitura modernizada: "Aqui jaz João Correia mercador que mandou fazer esta igreja e esta capela à sua custa na era 15 (sic)". Sob o 1º campo epigráfico em numeração cursivada foi acrescentada a data do falecimento de João Correia: 1537. Na parede da Epístola, um OSSÁRIO com inscrição gravada numa lápide, incrustada na parede do lado do Evangelho. A lápide está pintada de azul e os sulcos das letras de dourado; granito. Dimensões: 67x82,5; campo epigráfico: 50,5x64,5; moldura irregular: 5,3/5,9. Tipo de Letra: Capital Quadrada. Leitura modernizada: "SEPULTURA. DOS OSSOS DE SANTOS GARCÊS DA MOTA FALECEU EM SERVIÇO DEL REI EM ALEMANHA A 1644". Surge, ainda, uma INSCRIÇÃO funerária gravada numa tampa sepulcral tendo no topo superior a pedra de armas da família Garcês; sulcos das letras preenchidos com argamassa; granito. Dimensões *1: 186,5x77,5. Pedra de armas e timbre: 89x55. Tipo de Letra: Capital Quadrada; Leitura modernizada e reconstituída: "AQUI JAZ O TENENTE GENERAL ANTÃO GARCÊS BARÃO DA VARZIA [FALECEU NO PRIMEI] (?) RO MAIO 1863". A Capela possui RETÁBULO de talha dourada, de planta reta e um eixo definido por colunelos com capitéis de folhagem, encimados por pináculos piramidais e ornados por acantos. Ao centro, nicho de perfil curvo, assente em colunelos, contendo bandeira quadrifoliada, com o fundo pintado de azul; na base dois painéis com folhagem, que centram a cruz e o azorrague, dispostos em haspa. Altar em forma de urna, decorado por acantos, palmas e uma coluna e uma massa, também em haspa. A CAPELA RETABULAR DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS é de talha pintada de branco e dourado, de planta côncava e três eixos definidos por quatro colunas de fustes lisos e terço inferior marcado e ornado por festões, assentes em duas ordens de plintos, os inferiores paralelepipédicos e os superiores galbados, decorados por folhagem. Ao centro, nicho de perfil recortado e moldura saliente, com o fundo pintado de azul; os eixos laterais possuem mísulas, encimadas por acantos, formando falsos baldaquinos. A estrutura remata em fragmentos de frontões laterais encimados por anjos de vulto dourados e, ao centro, em espaldar recortado, ornado por enrolamentos, folhas e um "Agnus Dei", encimados por folhas vazadas. Altar em forma de urna decorado por cartela central com cruz, encimado por sacrário embutido na estrutura, ladeado por molduras curvas e remate em cornija contracurva; tem a porta ornada por cruz. A CAPELA RETABULAR DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA é de talha pintada de branco e dourado, de planta côncava e três eixos definidos por quatro colunas de fustes lisos e capitéis coríntios, e duas pilastras encimadas por consolas, todas assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos ornados por folhagem. Ao centro, nicho de volta perfeita, contendo peanha e o fundo pintado de azul; os eixos laterais possuem mísulas, enquadradas por apainelados recortados. A estrutura remata em fragmentos de frontões laterais e, ao centro, em espaldar recortado, ornado por enrolamentos, folhas e um resplendor vazado, tudo encimado por folhas vazadas. Altar em forma de urna decorado por cartela central com cruz, encimado por painel ornado por cálice e hóstia. O RETÁBULO DAS ALMAS é de talha pintada de branco e dourado, de planta côncava e três eixos definidos por quatro colunas de fustes lisos e terço inferior marcado e ornado por festões, assentes em três ordens de plintos, os inferiores paralelepipédicos e os superiores galbados, decorados por folhagem. Ao centro, nicho de perfil recortado e moldura saliente ornada por folhagem, contendo um painel relevado com as Almas resgatadas por orago e por uma Santíssima Trindade. Os eixos laterais possuem mísulas, enquadradas por apainelados recortados e encimadas por acantos, formando falsos baldaquinos. A estrutura remata em fragmentos de frontões laterais encimados por anjos de vulto dourados e, ao centro, em espaldar recortado, ornado por enrolamentos, folhagem e festões, rematando em cornija contracurva, de perfil borromínico. Altar em forma de urna decorado por cartela central com cruz e ângulos decorados por acantos, encimado por apainelado curvo, envolvido por rocalhas, tendo o sotobanco apainelado. O RETÁBULO COLATERAL DO EVANGELHO é de talha pintada de branco e dourado, de planta reta e um eixo definido por duas colunas coríntias assentes em plintos paralelepipédicos, decorados por acantos, e encimadas por urnas; está ladeado por apainelados e meias-pilastras ornadas por folhagem. Ao centro, nicho de volta perfeita e moldura de entrelaçados, encimada por acantos, contendo plinto com a imagem do orago, com o fundo pintado de azul celeste, pontuado por estrelas e, no topo, glória de querubins; está ladeado por mísulas enquadradas por painéis retangulares. A estrutura remata em entablamento e friso denticulados, sobrepujado por frontão triangular decorado por resplendor. Altar em forma de urna, ornado por rosetão central, ladeado por acantos enrolados e festões; está ladeado por porta de acesso ao nicho. O RETÁBULO DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO é de talha dourada, de planta côncava e um eixo definido por quatro colunas de fustes lisos, percorridas por falsas espiras fitomórficas, e terço inferior marcado e ornado por festões, assentes em plintos galbados, e por apainelado e meia coluna, ornados por folhagem. Ao centro, nicho de perfil recortado e moldura saliente, protegido por painel a representar a "Adoração do Santíssimo". A estrutura remata em fragmentos de frontões laterais encimados por anjos de vulto e, ao centro, em espaldar recortado, ornado por enrolamentos, folhas e um "Agnus Dei". Altar em forma de urna decorado por cartela central com cruz, encimado por sacrário embutido na estrutura, ladeado por molduras curvas e remate em cornija contracurva, tendo perfil convexo e a porta ornada por ostensório; está ladeada pelas portas de acesso à tribuna, decoradas por almofadado fitomórfico. |
Utilização Inicial
|
Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
|
Religiosa: igreja paroquial |
Propriedade
|
Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto) |
Afectação
|
Sem afetação |
Época Construção
|
Séc. 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ESCULTORES: António de Andrade (1656); Torquato de Andrade (1656). PINTORES- DOURADORES: Francisco Álvares (1656); Gualter Nogueira de Gouveia (1677); Manuel Vieira de Sousa (1677); Simão Álvares (1656). |
Cronologia
|
Idade Média - construção da Capela do Espírito Santo, sita no lugar de Cimo de Vila, hoje largo da Matriz; séc. 16, primeira década - reedificação da Capela pelo mercador João Correia que a dotou de ricas alfaias e um retábulo vindo da Flandres; 1537 - data do falecimento de João Correia sepultado na Capela do Senhor dos Passos; 1561 - 1570 - construção da igreja reaproveitando a capela-mor do templo anterior como capela lateral anexa; 1568 - data inscrita na pedra de fecho do arco da Capela do Senhor dos Passos; 1644 - data do falecimento de Santos Garcês da Mota cujos ossos jazem na capela do Senhor dos Passos; 1656, 26 maio - escritura do contrato de doação perpétua da confraria do Santíssimo Sacramento à fábrica da igreja, de um sepulcro para a reposição nas Endoenças e exposição do Santíssimo Sacramento, feito por António de Andrade e Torquato de Andrade de Guimarães, por 500$000; adaptação, com os necessários acréscimos, deste sepulcro a retábulo-mor; 27 novembro - contrato para o douramento do sepulcro com Francisco Álvares e Simão Álvares por 310$000; 1610, 24 abril - primeiro registo de casamento na paróquia; 1618, 01 junho - primeiro registo de batismo na paróquia; 1631, 21 julho - primeiro registo de óbito na paróquia; 1677, 12 setembro - contrato par ao douramento do arco da igreja por Gualter Nogueira de Gouveia e Manuel Vieira de Sousa, por 160$000; 1694 - aumento da capela-mor e construção da sacristia; 1758, 22 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo coadjutor José Carneiro Soares, é referido que a paróquia é dedicada a São Martinho Bispo, com uma feira anual no mês de Novembro, que dura uma semana; a igreja tem duas naves colaterais, estando, no altar-mor, o padroeiro e as imagens de São Pedro, São Paulo, São Pantaleão e Menino Deus; no retábulo colateral do Evangelho, Nossa Senhora do Rosário, com as imagens de Santa Catarina de Siena, Santa Ana, São Joaquim e Santa Gertrudes, surgindo, no lado oposto, o altar do Santíssimo; no lado do Evangelho, a capela lateral de São João Batista, com as imagens de São Caetano, Santo Amaro e São Francisco Xavier, a que se sucede o altar de Santa Catarina de Alexandria, com as imagens de Santa Clara e Santa Cecília, sucedendo-se a Capela do Crucificado; no lado oposto, as imagens do Senhor dos Passos e do Ecce Homo; tem, no lado da Epístola, o altar das Almas, com as imagens de São Nicolau Tolentino, o Anjo Custódio e São Bernardo, a que se sucede o altar de São José, com as imagens de Jesus, Maria, José, Santa Teresa, Santa Rosa de Lima e Santa Escolástica; tem as irmandades dos sacerdotes, sob a proteção do Espírito Santo, a das Almas, a dos Santos Passos e a do Santíssimo; o pároco é reitor e recebe 40$000 de côngrua, apresentado pelo bispo do Porto e pelos Mosteiros de Paços de Sousa e Bustelo; constitui uma comenda de Cristo, de que é comendador o Marquês de Marialva e a paróquia rende 300$000; 1769 - aumento da capela do Santíssimo Sacramento; execução da estrutura retabular; provável execução dos demais retábulos da igreja; séc. 19, início - feitura do retábulo de Nossa Senhora do Rosário; 1863 - data do falecimento de Antão Garcês, sepultado na capela do Senhor dos Passos; séc. 20 - execução das estruturas de talha da Capela do Senhor dos Passos e do batistério; 1964 - construção das dependências do Patronato da Sagrada Família adossadas à igreja; 1994 - a pintura de São Martinho, no nicho do pórtico, está em processo de degradação; 2000 - a pintura mural encontrava-se bastante degradada com queda de reboco entre os blocos de pedra, degradação superficial da pedra e consequente perda da camada cromática. |
Dados Técnicos
|
Sistema estrutural misto. |
Materiais
|
Estrutura em cantaria de granito aparente, parcialmente rebocada e pintada, sendo interiormente pintada; cunhais, cornijas, colunas, pavimento do sub-coro, pilares, pilastras, colunelos, supedâneo em cantaria de granito; pavimentos de madeira, sendo de ladrilho cerâmico na sacristia; pedra da Flandres(?) e lâminas de bronze numa tampa de sepultura da capela do Senhor dos Passos; tetos das naves e da capela-mor de madeira, revestidos a estuque decorativo interiormente e a telha cerâmica de meia-cana no exterior; retábulos, púlpitos e órgão em talha pintada e dourada. |
Bibliografia
|
AGUIAR, José Monteiro de, A Vila de Arrifana = Cidade de Penafiel, Boletim da Câmara Municipal de Penafiel, Penafiel, 1936, p. 122 - 131; ALMEIDA, José António Ferreira de (org.), Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976, p. 434; BARBOSA, Ignacio de, Cidade de Penafiel, Boletim de Architectura e Archeologia da Real Associação dos Architectos Civis e Archeologos Portugueses, 11 (11), Lisboa, 1909, p. 760; BEÇA, Coriolano de Freitas, Penafiel. Hontem e hoje. Recordações e impressões, Penafiel 1896, p. 63 e 129 - 131; BRANDÃO, Domingos de Pinho, Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na Diocese do Porto - Documentação, vol. I (séculos XV a XVI), Porto, Diocese do Porto, 1984; CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e BORRALHEIRO, Rogério, As freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758 - Memórias, História e Património, Braga, Universidade do Minho, 2000; CARVALHO, Abílio Pacheco de , João Correia, sua origem, descendência e sepultura na matriz de Penafiel, in Armas e Troféus, revista de História, Heráldica, Genealogia e Arte, 1985/86, V série, pp. 43-52; FERREIRA, Simão Rodrigues, Apontamentos, Penafiel - Boletim Municipal de Cultura, 3ª Série, 2/3, Penafiel, 1985 - 1986, p. 117; LEAL, Pinho e FERREIRA, Augusto, Portugal Antigo e Moderno, 6, Lisboa, 1875, p. 572 - 574; MIRANDA, Abílio, A igreja matriz da cidade de Penafiel, Penafiel, 1942; MURAL DA HISTÓRIA, Igreja de São Martinho - Conservação e Restauro da Pintura Mural Exterior, Lisboa, 2000; SOEIRO, Teresa, Penafiel, Lisboa, 1994, p. 26 - 27 e 43 - 46; VIEIRA, José Augusto, O Minho Pittoresco, 2, Lisboa, 1887, p. 515 - 518; VITORINO, Pedro, Uma lâmina sepulcral de bronze, Ilustração Moderna, 1/2, Porto, 1926 - 1927, pp. 196 - 198. |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID, SIPA; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia |
Documentação Administrativa
|
IHRU: DGEMN/DSID-001/013-1847/2, DREMN; DGLAB/ADPorto: Paróquia de Penafiel |
Intervenção Realizada
|
GOVERNO CIVIL DO PORTO: 1841 - trabalhos de conservação da igreja; COMISSÃO FABRIQUEIRA: 1946 - trabalhos no corpo externo da capela-mor e dependências anexas, abertura de vãos da casa da tribuna para a sacristia e anexo; reparação do telhado da sacristia, colocação de pavimento de soalho sobreposto ao lajeado de pedra, com apoio técnico da DGEMN; 1970 - substituição da cobertura da sacristia; DGEMN: 2000 - conservação e restauro da pintura de São Martinho existente na fachada principal, com limpeza a seco da área pintada e consolidação / fixação pontual da camada cromática e respetiva integração cromática; 2000 / 2001 - na Igreja e volumes anexos, obras de conservação dos telhados e respetivos madeiramentos, substituição do revestimento exterior da cúpula e da clarabóia do absidíolo Nascente; no interior restauro dos tetos em estuque, das três naves; 2001 - conservação dos paramentos exteriores da Igreja e respetivos anexos, dos madeiramentos das janelas e portas, incluindo os respetivos gradeamentos, e substituição da caixilharia dos vãos dos anexos, e da porta exterior da torre; 2002 - obras de conservação interior, na capela-mor e nas capelas dos absidiolos; 2002 / 2003 - conservação e restauro do retábulo do Santíssimo; 2003 - conservação da parede posterior e da abóbada da capela do Santíssimo. |
Observações
|
*1 - A laje não se encontra no seu local original uma vez que a inscrição é cortada pelo pilar do séc. 16. |
Autor e Data
|
Isabel Sereno e Paulo Amaral 1994 / Filipa Avellar 2003 / 2006 / Paula Figueiredo 2012 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese do Porto) |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |