Chafariz da Convalescença / Chafariz das Águas Boas
| IPA.00005008 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, São Domingos de Benfica |
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Arquitectura infraestrutural, tardo-barroca. Chafariz urbano, implantado num amplo largo e fronteiro a um antigo convento, integrado no projecto de abastecimento de água à cidade, pelas Águas Livres, do tipo caixa de água, rodeado por dois panos laterais, curvos, seguindo a tipologia desenvolvida nos Chafarizes de Entrecampos (v. PT031106040206), o da Junqueira (v. PT031106020373) e o de Benfica (v. PT031106080371). Chafariz de espaldar recto, definido por pilastras toscanas flanqueadas por silharia fendida sobrepostas de aletas, terminada em cornija e com cobertura em coruchéu tronco piramidal coroado por urna; o espaldar apresenta base galbada, ornada de drapeados envolvendo duas bicas circulares, sobreposta por duas cartelas recortadas, uma inscrita e outra contendo brasão nacional; tanque de planta rectangular de ângulos curvos e perfil galbado, com bordo achatado, tendo dois pilares e réguas metálicas para apoio de vasilhame. Os panos laterais, em alvenaria rebocada e pintada, têm frontalmente embasamento com bancos adossados, esquema típico destes chafarizes, terminam em friso e capeamento de cantaria e, nos topos em pilares em silharia fendida, coroados por urnas, sendo decorados simetricamente por amplas almofadas pintadas de branco, centradas por portal de verga recta, encimado por outra almofada. |
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Número IPA Antigo: PT031106390231 |
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Registo visualizado 4797 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Estrutura Hidráulica de elevação, extração e distribuição Chafariz / Fonte Chafariz / Fonte Tipo espaldar
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Descrição
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Amplo chafariz implantado num recinto elíptico, pavimentado a calçada à portuguesa, aberto frontalmente e tendo, no perímetro exterior, seis frades de cantaria terminados em elemento prismático, intercalados por guarda em ferro decorada com elementos estilizados, protegendo a zona. A estrutura é composta pelo chafariz, ao centro, integrando arca de água, rodeado por dois panos laterais, curvos, em alvenaria rebocada e pintada de rosa, frontalmente percorrido por embasamento, a que se adossam seis bancos de cantaria sobre consolas, e, superiormente, por friso e capeamento de cantaria, com os topos terminados em pilares em silharia fendida, coroados por urnas. Possuem um tratamento simétrico, decorados por duas amplas almofadas rectangulares, pintadas de branco, centradas por portal de verga recta e moldura simples, de acesso à arca de água, encimada por uma outra almofada pintada de branco. No centro da composição, surge o chafariz, propriamente dito, sobrelevado às alas, com espaldar rectilíneo, em cantaria, definido por duas pilastras toscanas, flanqueadas por silharia fendida sobreposta por aletas, terminado em entablamento e com cobertura, abrangendo a arca de água, em coruchéu tronco piramidal, em escama de peixe, coroado por cornija gomada e urna, parcialmente gomada e decorada com drapeados. As pilastras do espaldar assentam em base galbada, com caneluras horizontais, de moldura alteada ao centro formando arco de volta perfeita, sob a qual surge florão de onde parte drapeado que se espraia e envolve duas bicas circulares e salientes, com torneiras de bronze, colocadas lateralmente. O espaldar do chafariz possui cartela de almofada côncava, inferiormente formando arco canopial invertido e pingentes laterais, com a inscrição "REAL OBRA DE AGOAS LIVRES ANNO DE 1817", encimada por uma outra, relevada e de topos recortados, contendo brasão oval com as armas de Portugal, envolto em paquife e com coroa fechada. Tanque de planta rectangular, de ângulos curvos e de perfil galbado, com bordo achatado, reforçado por placas metálicas e gatos, exteriormente curvo, contendo, debaixo das bicas, dois pilares de cantaria, com duas réguas metálicas para apoio do vasilhame. Fachadas da arca de água em alvenaria rebocada e pintada de rosa, decorada com apainelados pintados de branco, terminadas em duplo friso e cornija; na lateral esquerda, rasga-se porta de verga recta moldurada, tendo frontalmente tanque, de planta rectangular, servido por bica simples, delimitado por dois frades de cantaria; na face posterior rasga-se janela rectangular, emoldurada e gradeada. Face posterior das alas laterais rebocadas e pintadas de branco terminadas em friso de cantaria. |
Acessos
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Estrada de Benfica; Travessa das Águas Boas |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 735/74, DG, 1.ª série, n.º 297 de 21 dezembro 1974 *1 |
Enquadramento
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Urbano, adossado a outra construção do lado direito. Implanta-se numa zona de terreno plano, formando gaveto entre a Estrada de Benfica e a Travessa das Águas Boas, possuindo frontalmente passeio separador, com calçada à portuguesa. O chafariz volta-se para a fachada principal do antigo Convento de Santo António da Convalescença (v. PT031106390387) e, à sua direita, encontra-se o Jardim Zoológico (v. PT031106390523), Palácio dos Condes de Farrobo, das Laranjeiras e Teatro Tália (v. PT031106390086) e do Chafariz das Laranjeiras (v. PT031106390352). |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Hidráulica: chafariz |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: José Theresio Micheloti (atr.) *2 |
Cronologia
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1758 - Benfica tinha 805 vizinhos e 3960 pessoas; todos os domingos do mês de Maio realizava-se, junto do Convento de São Domingos de Benfica, uma feira livre; tinha duas fontes, uma no Convento de São Domingos e, outra na Quinta de Santo Eloy; 1791 - Joaquim Pedro Quintela dirigiu a D. Maria I uma representação por haver falta de água nas Laranjeiras; 12 Dezembro - provisão régia de D. Maria I determinando a exploração, a aquisição de terrenos e a construção dos sistemas de canalização nas duas estradas das Laranjeiras e da Convalescença para benefício da população; provisão da rainha D. Maria I ordenando aos directores da Real Obra das Águas Livres que realizasse um estudo sobre nascentes e trabalhos inerentes à condução das águas, para as estradas das Laranjeiras e da Convalescença *3; execução do chafariz; 1817 - a obra encontrava-se quase concluída, tendo o seu custo total ascendido a 18.961$423 réis; inauguração do chafariz; era abastecido por uma canalização que partia do chafariz de São Domingos de Benfica ou de Devisme, passando por baixo da calçada junto ao muro da Quinta da Infanta D. Isabel Maria; 1818, 13 Maio - autorização para a construção da fonte, embora a obra já estivesse bastante adiantada; 1849 - a Câmara Municipal de Lisboa manda efectuar novo encanamento que iria medir 1846 palmos repartidos em vários troços: 134 para a frente do jardim do Palácio do Marquês de Fronteira, 406 junto à Quinta do Senhor Abraham, 102 junto à Ponte do Rio, 997 passando junto do muro da Quinta da Infanta D. Isabel, 207 subterrâneos no Alto de São Miguel; os sobejos eram aproveitados pelo Conde do Farrobo para abastecer a sua Quinta; 1974, 21 dezembro - classificação da estrutura em conjunto com o Palácio dos Condes de Farrobo, incluíndo os jardins e o chafariz localizado na Estrada de Benfica junto à Azinhaga que limite a Norte o Jardim Zoológico, pelo Decreto n.º 735/74, DG, 1.ª série, n.º 297; 2002, 19 fevereiro - a nova classificação incorporando apenas as estruturas intramuros do conjunto, exclui da proteção a estrutura. |
Dados Técnicos
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Estrutura autoportante. |
Materiais
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Espaldar do chafariz, lavadouro, pilastras, molduras dos vãos, urnas, cantareiras, bancos e frades em cantaria de calcário; alas laterais em alvenaria mista rebocada e pintada; portas de madeira; réguas metálicas; guardas em ferro forjado. |
Bibliografia
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ANDRADE, José Sérgio Veloso de, Memória sobre Chafarizes, Bicas, Fontes e Poços de Lisboa, Belém, e Muitos Logares do Termo, Lisboa, 1851; PEREIRA, Esteves, RODRIGUES, Guilherme, Portugal Dicionário, Vol. II, Lisboa, 1905 - 1911; PROENÇA; Raul, (dir. de.), Guia de Portugal, Vol. I, Lisboa, 1924; CHAVES, Luís, Chafarizes de Lisboa, Lisboa, s.d.; Boletim da Comissão da Fiscalização das Águas de Lisboa, Lisboa, 1957-1958; PROENÇA, Pe. Álvaro, Benfica Através dos Tempos, Lisboa, 1964; PORTUGAL, Fernando, MATOS, Alfredo de, Lisboa em 1758, Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, 1974; MACIEL, O Chafariz de Santo António da Convalescença, (separata do Boletim Cultural da Assembleia Distrital de Lisboa, III Série, Nº 88, 1º Tomo), Lisboa, 1982; CAETANO, Joaquim de Oliveira, Chafarizes de Lisboa, Lisboa, 1991; FERREIRA, Jorge Rodrigues, São Domingos de Benfica. Roteiro, Lisboa, 1991; SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Observações
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*1 - classificação conjunta do Palácio dos Condes de Farrobo, incluindo os jardins e o chafariz localizado na Estrada de Benfica junto à Azinhaga que limite a Norte o Jardim Zoológico. *2 - a atribuição da autoria da obra a José Theresio Micheloti (ou a Honorato José Correia de Macedo e Sá, seguindo planta elaborada por Micheloti) foi efectuada por Manuel Justino Pinheiro Maciel. *3 - o que pretendia satisfazer as diversas solicitações dos moradores, dessa área, que haviam dirigido pedidos à Direcção das Obras do Aqueduto das Águas Livres para que se construíssem fontes nesse local. |
Autor e Data
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Teresa Vale e Carlos Gomes 1995 / Marta Ferreira 2007 |
Actualização
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