Igreja Paroquial de Enxara do Bispo / Igreja de Nossa Senhora da Assunção
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Portugal, Lisboa, Mafra, União das freguesias de Enxara do Bispo, Gradil e Vila Franca do Rosário |
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Igreja paroquial rural de possível construção quinhentista e reconstrução setecentista. Integra-se no conjunto de edifícios religiosos da denominada região saloia, caracterizados por exterior de tratamento arquitetónico austero, e por interior organizado segundo um esquema planimétrico básico, nave única e capela-mor, de que resulta uma planta poligonal, que se desenvolve segundo um eixo longitudinal de dois corpos retangulares, aos quais se adossam, lateralmente, os volumes da sacristia e de outros pequenos anexos. Fachada principal desenvolvida em três registos, com empena em frontão triangular centralizado por um escudo real em baixo relevo e fogaréus nos acrotérios. Portal de emolduramento retangular encimado por ática decorada, articulada a eixo com um janelão em arco redondo e avental de cantaria. À sua direita existe uma cartela em relevo com inscrição alusiva à sagração do templo (em 1534). Torre sineira adossada à fachada lateral esquerda, de planta quadrangular, cobertura bolbosa e fogaréus nos acrotérios. No seu interior apresenta nave única, teto de masseira decorado, muros percorridos por silhar baixo de azulejo de tapete, azul e amarelo, integrando, na zona que imediatamente precede o arco triunfal, de volta perfeita, alguns exemplares do tipo corda seca, e pintura marmoreada. Adossado à parede fundeira encontra-se o coro-alto sobre estrutura de madeira, sob esta localiza-se o acesso à capela batismal. No muro do lado do Evangelho, a meio da nave, um púlpito com base de pedra e avental de madeira, e, junto da porta lateral, uma pia de água benta oitavada confrontante com outra, idêntica, junto à porta transversa. Duas capelas retabulares, à face, chanfram os cantos da nave. Na capela-mor figura retábulo neoclássico de talha, encimado por frontão triangular, vazado por camarim, albergando trono, ladeado por dois nichos com imagens, também aí se podem observar quatro tábuas quinhentistas de temática mariana: A Adoração dos Magos, A Adoração dos Pastores e A Coroação da Virgem e A Visitação. Este templo contempla na atual construção vários elementos da sua antiga estrutura manuelina, como sejam, a elegante porta travessa que se rasga na sua fachada lateral direita, em arco conopial abatido segmentado, ladeado por colunelos e decorado por boleados, a decoração da moldura do pequeno vão retangular localizado junto ao chão na fachada tardoz, feito com reaproveitamento de cantarias manuelinas, decorado com rosetas quadrifoliadas, e cordões. Sob o coro-alto, do lado do Evangelho, com acesso por um arco pleno, quinhentista, com decoração de rosetas quadrifoliadas, encontra-se o batistério, onde figura uma pia batismal manuelina, com base facetada estrelar e anel vegetalista que sustenta taça de corpo octogonal de panos côncavos em torsão helicoidal, decorados com enrolamentos vegetalistas. Por último, é de destacar a abóbada manuelina que cobre a abside, polinervada estrelada de dois tramos sobre mísulas de decoração vegetalista, sendo o bocete central decorado com escudo tendo inscritas as cinco chagas de Cristo e a mitra episcopal. |
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Número IPA Antigo: PT031109050026 |
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Registo visualizado 1938 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
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Descrição
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Planta poligonal composta pela justaposição longitudinal e escalonada de dois corpos retangulares, de três e dois registos, a nave única e a capela-mor. Com os quais se articulam outras pequenas construções retangulares de um e dois pisos, a sacristia, a sul, e, a norte, alguns pequenos anexos. Adossada ao corpo da capela-mor, para norte, encontra-se a torre sineira, de três registos, planta quadrangular, cúpula bolbosa e fogaréus nos acrotérios. As restantes coberturas são telhadas, a duas águas no corpo da nave e capela-mor, a uma e três águas nos corpos anexos. Fachadas rebocadas e pintadas de branco. Fachada principal de orientação canónica, desenvolve-se em dois e três registos por quatro panos separados por cunhais de cantaria. O primeiro pano, em dois registos, é animado por um portal de verga reta e duas janelas retilíneas com molduras de cantaria simples, o segundo pano, de três registos, é centralizado pelo portal principal do templo, com emolduramento retangular encimado por ática decorada, articulada a eixo com um janelão em arco redondo e avental de cantaria. À direita do portal existe uma cartela em relevo com inscrição alusiva à sagração do templo*1. Este pano termina com empena em frontão triangular centralizado por um escudo real em baixo relevo, cornija saliente e fogaréus nos acrotérios. Fachada esquerda, a norte, é composta por cinco panos de um e dois registos, correspondentes à articulação de vários corpos. Os dois primeiros da abside, separados entre si por cunhal de cantaria, são rasgados por um vão retilíneo com moldura de cantaria simples junto ao corpo da sineira, esta animada por um vão na sua face nascente, os terceiro e quarto panos, de um só piso, correspondem aos anexos que encobrem parte do corpo da nave, sendo servidos de porta de verga reta e vãos igualmente retilíneos, com moldura de cantaria simples e servidos por grades. O último pano, de dois registos, apresenta uma parede cega. Fachada tardoz, a nascente, de empena cega é centralizada por painel retangular de azulejos azuis e brancos, setecentista, de temática mariana e, pouco acima do chão, um pequeno vão retangular cujo emolduramento foi efetuado com reaproveitamento de cantarias manuelinas, decorado com rosetas quadrifoliadas e cordões. Fachada lateral direita, a sul, na qual se destaca a porta transversa manuelina em arco conopial abatido segmentado, com dupla moldura decorada com meias esferas, a do intradorso delimitada por finos colunelos de fuste liso assentes em bases facetadas, inferiormente cilíndricas, e providas de pequenos capitéis com vestígios de decoração geométrica (dir.) e anéis, duas janelas retangulares de moldura de cantaria simples, e um corpo saliente provido de vãos retangulares com moldura de cantaria. INTERIOR: nave única, teto de masseira com pintura ornamental, tendo ao centro uma representação das armas reais, muros percorridos por silhar baixo de azulejo de tapete, azul e amarelo, integrando, na zona que imediatamente precede o arco triunfal, de volta perfeita, alguns exemplares do tipo corda seca, e pintura marmoreada. A sua iluminação é uniforme conseguida por quatro janelas retangulares ao nível do segundo registo da nave e outra na zona do coro-alto, que surge adossado à parede fundeira, desenvolvendo-se em madeira sobre três arcos de volta perfeita assentes em pilares de secção quadrada. Sob o coro-alto, do lado do Evangelho, com acesso por um arco pleno, quinhentista, com decoração de rosetas quadrifoliadas, encontra-se o batistério, onde figura uma pia batismal manuelina, com base facetada estrelar e anel vegetalista que sustenta taça de corpo octogonal de panos côncavos em torsão helicoidal, decorados com enrolamentos vegetalistas. Na nave, no muro do lado do Evangelho, um púlpito com base de pedra e avental de madeira, e, junto da porta lateral, uma pia de água benta oitavada. No muro do lado da Epístola, junto à porta travessa, encontra-se uma pia de água-benta de taça oitavada, com decoração vegetalista em relevo. Ladeando o arco triunfal, em cantaria, dois altares de talha dourada chanfram os ângulos da nave. Na capela-mor, coberta por abóbada polinervada, estrelada de dois tramos sobre mísulas de decoração vegetalista, sendo o bocete central decorado com escudo tendo inscritas as cinco chagas de Cristo e a mitra episcopal, destaca-se o retábulo, de talha, de corpo concavo e três eixos verticais, encimado por frontão triangular, decorado com as litanias da Virgem, vazado por camarim, onde figura, frente ao trono e maquineta, uma figura estofada do orago, ladeado por dois nichos com imagens estofadas de santos. Sotobanco de embutidos marmóreos, centralizado por porta de acesso à tribuna. Sobre o banco sacrário revestido a folha de ouro com Agnus Dei. As paredes laterais são revestidas por silhares de azulejos historiados encimados por pinturas tendo por temática: A Adoração dos Magos, A Adoração dos Pastores e A Coroação da Virgem e A Visitação. Parede testeira revestida de azulejos tipo tapete. |
Acessos
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Calçada da Igreja. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,991048; long.: -9,238200 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 45/93, DR, 1.ª série-B, n.º 280 de 30 novembro 1993 |
Enquadramento
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Periurbano. Situa-se no topo de uma colina, sombranceira, para nordeste, à povoação. Isolada, destacada, circundada por adro parcialmente murado e com escadaria a ocidente. Confronta com o cemitério, que lhe fica a nascente. |
Descrição Complementar
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INSCRIÇÕES: 1. Inscrição de consagração gravada em lápide; calcário;Tipo de Letra: gótica minúscula de forma; Leitura: Na era de 1534 A oito de outubro eu o bispo dom ambrósio consagrei a igreja de nossa senhora da serra e sagrei o altar e nele estão as reliquias de S. Brás e S. João Baptista e consagrei o(s) sinos e adro neste ..... sempre todo (o) fiel cristão que visitar esta igreja ganha r(=quarenta) dias de perdão em forma da santa igreja acustumada. |
Utilização Inicial
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Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja paroquial |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa) |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 16 / 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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1241 - o arcebispo D. Rodrigo da Cunha refere a existência de uma capela da invocação de Nossa Senhora da Assunção da Serra em Enxara do Bispo, termo de Torres Vedras; séc. 16, 1.ª metade - construção ou reconstrução do templo de que subsistem alguns elementos arquitetónicos e escultóricos, nomeadamente o portal lateral, a abóbada da capela-mor, o batistério, e, sobretudo, a pia batismal; 1534, 08 outubro - sagração da igreja pelo arcebispo D. Ambrósio da Serra, segundo inscrição afixada na fachada principal *1; ainda de acordo com esta inscrição, esta igreja é consagrada a Nossa Senhora da Serra, tendo no altar relíquias de São Brás e de São João Baptista; séc. 16, finais - séc. 17- campanha de decoração da igreja, a que pertencem as quatro telas a óleo de temática Mariana que se encontram, três nas paredes laterais da capela-mor, Visitação, Adoração dos Pastores e Coroação da Virgem , que integravam um antigo retábulo, desconhecendo-se, no entanto, a oficina a que pertencem, e, a quarta, no baptistério, Adoração dos Magos, a mais antiga de todo o conjunto, também de oficina desconhecida; a esta campanha seiscentista pertence, igualmente, a aplicação do revestimento azulejar do tipo tapete da nave; séc. 18 - provável reedificação pós-terramoto, desta época data a sua feição externa atual, assim como os painéis de azulejo da capela-mor; 1732 - é redigido, pelo cardeal patriarca D. Tomás de Almeida, o Compromisso da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré da Pederneira, constituindo a base canónica do já praticado Círio da Prata Grande, que, entre as paróquias que desde quase o seu início recebem a imagem da Senhora, conta com a de Enxara do Bispo; 1758 - de acordo com a Memórias Paroquiais o lugar de Enxara do Bispo tem à data cinquenta vizinhos, a igreja é do padroado da Companhia de Jesus, do Colégio de Santo Antão de Lisboa, que apresentava o vigário e lhe pagava 300$000; igreja "antiquíssima", de uma só nave, com três altares, o retábulo-mor, onde figurava uma imagem de Nossa Senhora no trono da tribuna, vestida e com cabeleira, ladeada pelas imagens de estofo de Santo Inácio, lado do Evangelho, e de São Francisco Xavier, na Epístola; nos dois retábulos colaterais figurava, no lado do Evangelho, um Santo Cristo, ladeado por São Sebastião, Santa Ana e a Virgem com o Menino, no lado da Epístola, a imagem de estofo de Nossa Senhora do Rosário, ladeada por Santo António e Santa Catarina de Siena, com Irmandade do Santíssimo Sacramento e confrarias de Nossa Senhora da Assunção da Serra, Santa Catarina, São Sebastião, São Pedro e do Nome de Jesus; não tinha bens próprios; c. 1793 - colocação do relógio de sol; de acordo com o inventário e avaliação dos bens da igreja feito neste ano a mando do bispo, entre prazos e outros bens, Nossa Senhora da Assunção da Serra tem por rendimento $646:299 réis anuais; 1993, 30 novembro - é classificada como imóvel de interesse público. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes, estrutura mista |
Materiais
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Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, azulejos, estuque, madeira pintada e dourada, telha. |
Bibliografia
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ALMEIDA, José António Ferreira de (dir. de) - Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, Selecções do Readers Digest, 1976; ASSUNÇÃO, Guilherme - Mafra. Efemérides do Concelho. Mafra: Câmara Municipal de Mafra, 1967; AZEVEDO, Carlos de, GUSMÃO, Adriano de, FERRÃO, Julieta - Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Concelho de Mafra. Lisboa: Junta Distrital de Lisboa, 1963; BASTOS, Fernando Pereira, Apontamentos Sobre o Manuelino no Distrito de Lisboa, Lisboa: Imprensa Nacional da Casa da Moeda, 1990; CORDEIRO, Roberto - "Mafra: Memorial do Concelho". Diário de Notícias, Lisboa, 08.08.1983; FERNANDES, Paulo, Almeida; VILAR, Maria do Carmo - Identidades: património arquitectónico do Concelho de Mafra. Mafra: Câmara Municipal de Mafra, 2009; GORJÃO, Sérgio - "Memórias Proquiais". Boletim Cultural'96. Mafra: Câmara Municipal de Mafra, 1997; LOPES, Flávio - Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado. Distrito de Lisboa. Lisboa: Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico, 1993; PRATAS, Ana Isabel - O Retábulo no Concelho de Mafra. Expressão artística nos séculos XVII e XVIII. Faro: s. n., 2011, dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de História, Arqueologia e Património da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, texto policopiado; PINHO, Elsa Cristina C. G. Garret - Da Arte Manuelina do Concelho de Mafra. Lisboa: s. n., 1989, texto policopiado; TORRES, Manuel A. Madeira - Descrição Histórica e Económica da Vila e Termo de Torres Vedras. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1861; VILAR, Maria do Carmo - "Carta do património do concelho de Mafra. 1. O Manuelino". Boletim Cultural'94. Mafra: Câmara Municipal de Mafra, 1995; VILAR, Maria do Carmo - "Arquitectura e escultura monumental manuelina na região de Mafra". Boletim Cultural'2000. Mafra: Câmara Municipal de Mafra, 2001. |
Documentação Gráfica
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DGPC: PT DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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DGPC: PT DGEMN/DSID; CMM: PT AMM |
Documentação Administrativa
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DGPC: PT DGEMN/DSID; CMM: PT AMM; DGLAB: PT ANTT
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Intervenção Realizada
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Observações
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Autor e Data
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Paula Tereno 2018 |
Actualização
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