Paço dos Bispos de Viseu / Paço dos Três Escalões / Edifício do Seminário / Museu Nacional Grão Vasco

IPA.00003800
Portugal, Viseu, Viseu, União das freguesias de Viseu
 
Paço epsicopal renascentista, adossado à Catedral, de planta quadrangular, organizado à volta de dois pátios internos, evoluindo em três e quatro registos, adaptando-se ao declive do terreno. Foi adaptado a museu. Instituído sobre afloramentos graníticos, apresenta fachadas muito semelhantes, com janelas rectilíneas, de guilhotina, tendo o último piso separado por pequeno friso, que percorre todo o edifício. Portal principal, enquadrado por duas colunas, sobrepujada por cornija, arquitrave e nicho. Superiormente, gárgulas de canhão. Remate em cornija, com pináculos nos ângulos.
Número IPA Antigo: PT021823240005
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Colégio religioso  Seminário  

Descrição

Planta rectangular, organizada à volta de dois pátios internos, de volumes articulados e disposição horizontalista das massas. Cobertura de telhado, diferenciada a duas, três e quatro águas. Fachada principal voltada a SO., com três registos, rematados por cornija, com pináculos nos ângulos. No primeiro registo, porta secundária de acesso, junto à Catedral e três fenestrações rectangulares gradeadas, com moldura de secção cilíndrica. Pórtico com duas colunas de canelado direito nos dois terços superiores e de canelado espiralado no terço inferior, assentes em pedestais e sobrepujadas por arquitrave e cartela epigrafada, alusiva aos dois Bispos iniciadores das obras, ladeada por duas pedras de armas e rematada por nicho, com imagens da padroeira, encimado por frontão triangular. No segundo registo, quatro janelas de guilhotina, de moldura de secção cilíndrica. Um friso percorre a fachada e marca a separação do segundo para o terceiro registo, rasgado por cinco janelas rectangulares de sacada, com moldura igual às anteriores. Seis gárgulas de canhão. Alçado NO. possui quatro registos, o primeiro com janela rectangular de moldura como as restantes. Pequeno soco marca o nivelamento com o alçado principal. Nos segundo e terceiro registos existem, em cada um deles, cinco janelas rectangulares de guilhotina, de molduras idênticas às anteriores, simetricamente colocadas. Friso separa o quarto registo, semelhante ao terceiro do alçado principal. Seis gárgulas de canhão e remate em cornija e pináculos nos ângulos. Alçado NE. tem igualmente quatro registos, o primeiro rasgado por fenestrações rectangulares de moldura circular e gradeadas e portas de acesso. Um pequeno soco continua o do Alçado NO. e que marca o nivelamento com a fachada principal. Segundo e terceiro registos têm janelas rectangulares de guilhotina, dispostas simetricamente, de molduras de secção idêntica às outras. Friso separa do quarto registo, com varandas de sacada de molduras iguais às anteriores. Gárgulas de canhão e remate em cornija, com pináculos nos ângulos. Alçado SE. encontra-se assente em afloramentos rochosos e possui duas faces, adossando-se ao absidíolo da Sé. O primeiro registo é cego. Nos superiores, janelas rectangulares de guilhotina, com moldura igual às anteriores. O quarto tem janelas de sacada de molduras semelhantes. Gárgulas de canhão, remate em cornija, com pináculos nos ângulos. INTERIOR organizado à volta de dois espaços de forma quadrada e descobertos. Um, fronteiro à entrada principal, constitui um pátio interior formado pelo levantamento dos muros, à volta do qual se desdobram as galerias envolventes. O outro é o claustro propriamente dito, formado pelo muro da Sé donde irrompem as escadarias de acesso à Catedral, e a Sacristia de D. Jorge de Ataíde, local onde nasce o Alçado SE. que curva para NE.. O Claustro é de três registos sendo os dois primeiros nas restantes três faces, de pilastras de secção quadrada, sendo o primeiro sem balaustrada e tendo-a o segundo. O terceiro registo é apoiado em colunas com fuste de secção cilíndrica elevando-se de pilastras que se desenvolvem ao nível da balaustrada com balaústres torneados. Porta de acesso para a plataforma cimeira da escada que, na Catedral, dava acesso ao coro-alto. O restante interior é composto por salas adaptadas à função museológica, serviços administrativos e outros. Existência de presépio em terracota, do séc. 18.

Acessos

Largo da Sé. WGS84 (graus decimais) lat.: 40,660180, long.: -7,910964

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 9 953, DG, 1.ª série n.º 171 de 31 julho 1924 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 42 de 19 fevereiro 1963

Enquadramento

Urbano, destacado, insere-se em zona planáltica sobre grandes afloramentos graníticos; adossado à Sé de Viseu (v. PT021823240002), desenvolve-se a sua fachada principal em superfície plana para o adro de referida Sé e os seus restantes três alçados, em terreno com acentuado declive.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: paço eclesiástico / Educativa: seminário

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DGPC, Decreto-Lei n.º 114/2012, DR, 1.ª série, n.º 102 de 25 maio 2012

Época Construção

Séc. 16

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Eduardo Souto Moura (2000). MESTRE de OBRAS: Padre Bonifácio Ribeiro (1675 - 1680). PEDREIRO: Domingos Rodrigues (1613). SERRALHEIRO: António Marques Merino (séc. 19).

Cronologia

Séc. 16 - o bispo D. Gonçalo Pinheiro manda demolir as casas construídas por D. João Vicente para construção de umas novas, depois demolidas por D. Nuno de Noronha para o seminário; 1563 - decreto do Concílio de Trento estabelece que todas as Catedrais seriam obrigadas a sustentar e educar certo número de jovens em colégio contíguo às Sés ou em outro lugar à escolha do Bispo; 1566 - o metropolita de Braga, D. Fr. Bartolomeu dos Mártires, convoca os Bispos da sua Província, ficando assente a fundação do Seminário, fixando o mínimo de alunos, cabendo 40 ao de Viseu; 1575, 11 Junho - o bispo D. Jorge de Ataíde propõe aos cónegos a nomeação de duas pessoas para estipular as rendas do futuro seminário; 1587, 1 Novembro - o Bispo D. Nuno de Noronha, institui o Colégio-Seminário Conciliar, com a invocação de Nossa Senhora da Esperança, no seu próprio Paço, junto da Catedral; teria um reitor, um vice-reitor, um lente de Casos, 3 de Humanidades, um mestre de canto; 1593, 6 Junho - início da obra, conforme lápide colocada sobre a porta da fachada posterior; 1594 - D. Nuno de Noronha foi transferido para a Guarda, sendo as obras continuadas pelos seus sucessores; 1610 - 1625 - adenda aos estatutos do seminário pelo bispo D. João Manuel; 1613 - obras a cargo de Domingos Rodrigues; 1630 - 1639 não estavam ainda concluídas as obras no interior; 1635 - desmoronamento na Torre dos Sinos, na Sé, que provocou no Seminário danos na fachada confinante com a Catedral; 1675 - 1680 - obras no edifício, dirigidas pelo Padre Bonifácio Ribeiro; 1710 - a queda de um raio na mesma torre, provocou a destruição no Seminário, de algumas varandas, colunas, telhados e paredes; 1713 - um incêndio destruiu algumas dependências e telhados; séc. 19 - feitura de uma porta pelo serralheiro António Marques Merino; 1810 - com as Invasões Francesas, o Bispo D. Francisco Pereira Azevedo muda o seu Paço para a Quinta do Fontelo deixando o edifício para aquartelamentos e hospitais; 1814 - terminada a Guerra Peninsular os militares desocuparam o edifício, mas em tal estado de degradação que os Bispos não voltaram a ocupar aquele local; 1824 - o Seminário é transferido para a Congregação do Oratório de S. Filipe Néri; 1839-1849 - o edifício foi doado à cidade para nele se instalar o Tribunal Judicial e posteriormente diversas instituições públicas: Direcção de Obras Públicas, Governo Civil, Biblioteca, Junta Geral do Distrito, Banco de Portugal, Finanças, esquadra da Polícia, Bombeiros, Imprensa do Governo Civil, Liceu; 1911 - por força da separação do Estado e da Igreja, foi incorporado nos bens nacionais; 1913, 31 de Dezembro - um decreto governamental ( n.º 256 ) institui no local um Museu Regional de Arte, para salvaguardar as peças do séc. 16, tendo por director Francisco António de Almeida Moreira; 1916, 16 de Março - estabelece-se em algumas dependências o Museu Grão Vasco, por decreto governamental, n.º 2284C, no DR nº 51, tendo como director Almeida Moreira, que em breve ocupou todo o edifício; 1918, 6 de Outubro - o Museu é inaugurado; 1922 - início das obras de recuperação do 2º. piso com ligação directa ao coro-alto da Catedral; 1924 - data da ocupação de todo o edifício pelo Museu Grão Vasco; 1931 - uma série de pintura profana é exposta; 1991, 09 agosto - o museu é afeto ao Instituto Português de Museus, Decreto-Lei n.º 278/91, DR, 1.ª série-A; 2000 - projecto de remodelação coordenado pelo arquitecto Eduardo Souto Moura; lançamento de concurso público pela DGEMN; 22007, 29 março - o imóvel é afeto ao Instituto dos Museus e Conservação, I.P. pelo Decreto-Lei n.º 97/2007, DR, 1.ª série, n.º 63.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes; estrutura mista

Materiais

Granito; cantaria

Bibliografia

LACERDA, Aarão, O Museu de Grão Vasco, in Separata de A Águia, Porto, 1917; MOREIRA, F. de Almeida, Imagens de Viseu, Porto, 1937; Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol 28, Lisboa / Rio de Janeiro, s.d.; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1953, Lisboa, 1954; AZEVEDO, Correia de, Arte Monumental Portuguesa, vol. IV, Porto, 1975; LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno Dicionário, vol XII, Lisboa, 1980; Guia de Portugal - Beira Baixa e Beira Alta, [dir. Raúl Proença], vol. III, Lisboa, 1986; VAZ, João L. Inês, Roteiro Arqueológico do Concelho de Viseu, Viseu, 1987; ALVES, Alexandre, O Seminário Conciliar de Viseu. Das origens à actualidade (1587-1987), in Revista da Beira Alta, vol. XLVIII, n.º 1 e 2, 1989; COUTO, Aires Pereira do, D. Gonçalo Pinheiro, bispo de Viseu - Breve roteiro de uma vida, in Beira Alta, vol. XLIX, fasc. 1 e 2, Viseu, Assembleia Distrital de Viseu, 1990, pp. 135-147; CORREIA, Alberto, O Museu Grão Vasco. A permanência do diálogo, in Grão Vasco e a Pintura Europeia do Renascimento, Lisboa, 1992; ALVES, Alexandre, A Sé Catedral de Santa Maria de Viseu, Viseu, 1995; PAIS, Alexandre Manuel Nobre da Silva, Presépios Portugueses Monumentais do século XVIII em Terracota [ dissertação de Mestrado na Universidade Nova de Lisboa ], Lisboa, 1998; CORREIA, Alberto, Museu de Grão Vasco. Uma existência múltipla, in Monumentos, n.º 13, Lisboa, Setembro de 2000, pp. 62-69; MOURA, Eduardo Souto de, Projecto de Remodelação do Museu Grão Vasco, in Monumentos, n.º 13, Lisboa, Setembro de 2000, pp. 70-73; RUÃO, Carlos, A Arquitectura da Sé Catedral de Viseu, in Monumentos, n.º 13, Lisboa, Setembro de 2000, pp. 12-19; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, vols. II e III, Viseu, 2001; AMARAL, Fernando Ferreira, O Seminário Diocesano de Viseu (1587 - 2002) - ensaio de história e sociologia, [dissertação de mestrado em História da Época dos Descobrimentos na Faculdade de Letras de Viseu], Viseu, 2002; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70674 [consultado em 2 janeiro 2017].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

1953 - instalação do aquecimento no Museu; 1960 / 1961 - iluminação do exterior do edifício; 1982 - Obras de beneficiação; 1986 - substituição e reparação de vãos, remodelação das instalações eléctricas do 1º andar; 1987 / 1988 - obras de recuperação da cave; 1998 - instalações de segurança contra intrusão e incêndio; 2003 - remodelação das instalações; 2016 - tratamento das fachadas e reparação das portadas.

Observações

*1 - encontra-se em fase de adjudicação, com os trabalhos e projectos a desenvolver pela DGEMN.

Autor e Data

João Carvalho 1996

Actualização

 
 
 
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