Capela de Santa Cristina
| IPA.00003166 |
Portugal, Lisboa, Mafra, União das freguesias de Azueira e Sobral da Abelheira |
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Ermida rural de pequena dimensão e feição rustica, construída no século 17, tendo recebido uma relevante campanha de obras setecentista, possui no seu interior algumas telas quinhentistas. Integra-se no conjunto de edifícios religiosos da denominada região saloia, caracterizados por exterior de tratamento arquitetónico austero, com alpendre diante da fachada principal, no caso apenas acompanhando uma das fachadas laterais, e por um esquema planimétrico interior básico, nave única e capela-mor profunda. Assim, apresenta uma planta poligonal, resultante da articulação axial de dois retângulos, de dois registos, correspondentes aos dois corpos principais, a nave única e a capela-mor profunda, a que se adossam o alpendre, a sacristia e dependências anexas e outras construções. Fachadas rebocadas e caiadas de branco, sendo a principal percorridas por faixa azul flanqueada por cunhais de cantaria e rematada em friso e cornija. Fachada principal em dois registos, composta por três panos separados por cunhais de cantaria lisa, com cornija saliente. O pano central termina em frontão triangular, encimado por acrotério com cruz boleada de cantaria, e ladeado por duas sineiras salientes de arco pleno, sendo que apenas uma tem sino. É animado, no primeiro registo, pelo portal de verga reta, com moldura recortada de cantaria, encimada por frontão interrompido animado por medalhão circular, a encimar o portal encontra-se, no segundo registo, um janelão retangular de verga encurvada e avental de cantaria. Os panos laterais correspondem aos corpos das sineiras, delimitados por pilastras de cantaria, terminados por cornija saliente. Fachada lateral esquerda voltada a norte, encoberta por construções de apoio aos romeiros, de um e dois registos, rematados em beirada simples e rasgados por vãos retilíneos com moldura de cantaria simples. Fachada lateral direita antecedida, no primeiro registo, por alpendre suportado por sete colunas de fuste liso (cinco destacadas e duas adossadas) sobre murete. A restante fachada corresponde ao corpo da sacristia e anexos de apoio à ermida, o mesmo acontece com a fachada posterior. Este templo destaca-se pela sua decoração interior, de nave única e capela-mor profunda antecedida por arco triunfal de volta plena, apresenta as paredes murárias revestidas a azulejo seiscentista, tipo tapete, a azul, branco e amarelo e cobertura em abóbada de berço com pintura ornamental. Na nave, num segundo registo encontram-se sete telas de pintura a óleo sobre madeira (Santo Antão, São João Baptista, três representações do martírio de Santa Cristina, Nossa Senhora da Conceição e Santa Verónica) e, do lado do Evangelho, um púlpito seiscentista com guarda de madeira adossado sobre mísula pétrea com inscrição seiscentista alusiva ao privilégio papal. Apresenta, igualmente, duas capelas laterais, retabulares, embutidas, com acesso a partir de arco pleno em cantaria marmórea, sendo a do lado do Evangelho dedicada a Santo António, apresentado uma tela com uma cena da vida do santo, e a do lado da Epístola, da evocação de Nossa Senhora da Conceição. Na capela-mor com retábulo expositivo barroco, de talha dourada, com colunas torsas, que enquadram camarim, dotado de trono piramidal, no qual se observa uma imagem de pedra polícroma, seiscentista, de Santa Cristina. A ladear o retábulo, ainda na parede testeira, encontram-se duas telas tendo por temática a vida da mesma santa. No adro da capela figura um cruzeiro seiscentista onde, a 24 de julho, dia da padroeira, se procede á bênção do gado. |
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Número IPA Antigo: PT031109010025 |
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Registo visualizado 1349 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Capela / Ermida
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Descrição
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Planta poligonal, resultante da articulação axial de dois retângulos, de dois registos, correspondentes aos dois corpos principais, a nave única e a capela-mor profunda, a que se adossam, a sudoeste, o corpo retangular do alpendre, de um registo, e o corpo quadrangular da sacristia e dependências anexas, em dois registos, para nascente e norte encontram-se outras construções, de piso único, para apoio aos romeiros. Fachadas rebocadas e caiadas de branco, sendo a principal percorridas por faixa azul flanqueada por cunhais de cantaria e rematada em friso e cornija. As coberturas são telhadas, a duas águas nos corpos principais e corpo da sacristia e a uma água no alpendre e corpos anexos. Fachada principal em dois registos, orientada a noroeste, é composta por três panos separados por cunhais de cantaria lisa, com cornija saliente. O pano central termina em frontão triangular, encimado por acrotério com cruz boleada de cantaria, e ladeado por duas sineiras salientes de arco pleno, sendo que apenas uma tem sino. É animado, no primeiro registo, pelo portal de verga reta, com moldura recortada de cantaria, encimada por frontão interrompido animado por medalhão circular, a encimar o portal encontra-se, no segundo registo, um janelão retangular de verga encurvada e avental de cantaria. Os panos laterais correspondem aos corpos das sineiras, delimitados por pilastras de cantaria, terminados por cornija saliente e animados, ao nível do primeiro registo, por vão retangular com moldura de cantaria simples e protegidos por grade de ferro. Fachada lateral esquerda voltada a norte, encoberta, após o pano da sineira, delimitado por cunhais de cantaria e terminado em cornija saliente, por construções de apoio aos romeiros, de um e dois registos, rematados em beirada simples e rasgados por vãos retilíneos com moldura de cantaria simples. Fachada lateral direita composta por dois panos delimitados por cunhais de cantaria, sendo o primeiro correspondente à sineira, terminado em cornija saliente encimada por relógio de sol cúbico, e o segundo pano antecedido, no primeiro registo, por alpendre suportado por sete colunas de fuste liso (cinco destacadas e duas adossadas) sobre murete. A restante fachada corresponde ao corpo da sacristia e anexos de apoio à ermida, dois pisos rasgados por vãos retilíneos com molduras de cantaria simples e terminados em beirada simples. Fachada posterior encoberta pelas construções anexas, deixando apenas antever a empena triangular da capela-mor. INTERIOR: a nave única, com paredes murárias revestidas a azulejo seiscentista, tipo tapete, a azul, branco e amarelo, acima do qual se observam sete telas de pintura a óleo sobre madeira representando, o eremita Santo Antão, São João Baptista, três representações do martírio de Santa Cristina, Nossa Senhora da Conceição e Santa Verónica, a cobertura é em abóbada de berço com pintura ornamental. Sensivelmente a meio da nave, do lado do Evangelho, encontra-se adossado um púlpito sobre mísula pétrea e guarda balaustrada de madeira, sob o qual figura a inscrição alusiva ao privilégio papal. Apresenta, igualmente, duas capelas laterais, retabulares, embutidas, com acesso a partir de arco pleno em cantaria marmórea, sendo a do lado do Evangelho dedicada a Santo António, apresentado uma tela com uma cena da vida do santo (o milagre do Santíssimo Sacramento), e a do lado da Epístola, com tela representando Nossa Senhora da Conceição num plano etéreo entre a Rainha Santa Isabel e São Domingos, no plano terreno. Na capela-mor, a que se acede por arco triunfal de volta plena, igualmente dotada de silhares de azulejos do tipo tapete, semelhantes aos da nave, e coberta por abóbada de berço afrescada, destaca-se o retábulo expositivo, de talha dourada, de corpo único, côncavo, um só eixo, no banco um par de mísulas sustentam outras tantas colunas torsas, que enquadram camarim, dotado de trono piramidal, no qual se observa uma imagem de pedra polícroma de Santa Cristina. O entablamento restringe-se aos elementos arquitetónicos, sendo rematado por arquivolta plena com decoração vegetalista e arco de volta perfeita cortado por uma aduela. A ladear o retábulo, ainda na parede testeira, encontram-se duas telas tendo por temática a vida da mesma santa. CRUZEIRO: no adro da capela encontra-se um cruzeiro de calcário, com forma de cruz latina e braços de perfil quadrado, assenta sobre um embasamento paralelepipédico em cuja face sudeste se encontra uma inscrição alusiva à sua colocação, ostentando a data de 1688. Todo o conjunto se eleva sobre três degraus. |
Acessos
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Sevelheira. Caminho sem nome a partir do entroncamento entre a Rua Principal e a EM 1173-1. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,999366; long.: -9,263688. |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 45/93, DR, 1.ª série-B, n.º 280 de 30 novembro 1993 *1 |
Enquadramento
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Rural, destacado, isolado, rodeado de campos de cultivo e de estufas, a sudeste da Azueira, entre os lugares da Sevelheira (que lhe fica a ocidente) e de Almeirinho Clemente (que lhe fica a nascente). |
Descrição Complementar
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Na sacristia anexa destaca-se o revestimento azulejar seiscentista, polícromo e a existência de uma tábua quinhentista figurando São João Baptista e um retábulo atribuído à oficina de Belchior de Matos. |
Utilização Inicial
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Religiosa: capela |
Utilização Actual
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Religiosa: capela |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Cronologia
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séc. 17, meados - edificação do templo, provavelmente sob patrocínio dos condes de São Miguel, detentores da Quinta Nova da Vila Chã da Ribeira, no local atualmente designado por Almeirinho Clemente; aplicação do revestimento azulejar; 1667 - concessão de um privilégio pelo papa Clemente IX (1607-1669), que se encontra registado em inscrição junto ao púlpito; 1688 - colocação do cruzeiro no adro da ermida; 1726, novembro - data de um ex-voto, óleo sobre tela, deixado por romeiros, em virtude da interseção da santa na saúde de Inácio da Silva; 1754 - caixa do Círio da Marteleira (São Lourenço dos Francos), do termo da Lourinhã; 1757 - colocação do sino e do relógio de sol; 1783 - data de outro ex-voto, óleo sobre tela, em honra do salvamento da frota de Manoel António de Jesus; 1807 - campanha de reedificação ou de restauro da capela, de acordo com lápide inscrita na fachada; 1851 - data inscrita na base da cruz que encima a empena triangular do templo; 1890, 15 julho - ofício do secretário-geral do Governo Civil de Lisboa, Eduardo Segurado, dirigido ao administrador do concelho de Mafra, solicitando, com urgência, informação da Junta de Paróquia da Azueira sobre a importância total dos reparos que se deliberou mandar fazer na Igreja Paroquial e na Igreja de Santa Catarina; 1981, 06 fevereiro - a autarquia de Mafra propõe a classificação da Capela de Santa Cristina; 1984, 29 junho - parecer técnico do Instituto Português do Património Cultural a propor a classificação da capela e cruzeiro adjacente; 1984, 14 agosto - despacho do ministro da Cultura favorável à classificação como IIP - Imóvel de Interesse Público; 1985, fevereiro - pretendendo a autarquia de Mafra realizar obras de conservação na envolvente do imóvel (muro do adro) e na cobertura do alpendre e tratando-se de um imóvel em vias de classificação é parecer do IPPC que estas sejam acompanhadas pela Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais; as obras devem seguir as indicações proferidas pelo Secretariado das Novas Igrejas do Patriarcado, nomeadamente no que concerne ao envernizamento da cobertura do alpendre, que deverá ser feito com verniz mate; 1993, 30 novembro - a capela e o cruzeiro são classificados como IIP - Imóvel de Interesse Público (Decreto n.º 45/93, DR, 1.ª série B, n.º 280). |
Dados Técnicos
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Estrutura mista |
Materiais
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Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, azulejos, estuque, madeira pintada e dourada. |
Bibliografia
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ALMEIDA, José António Ferreira de (dir. de) - Tesouros Artísticos de Portugal. Lisboa, 1976; AZEVEDO, Carlos de, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano de - Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa: Junta Distrital de Lisboa, 1963, vol. III; CARDOSO, Luiz - Diccionario Geografico ou Noticia histórica de todas as cidades, vilas e lugares. Lisboa, Regia Oficina Silviana, 1751, vol. 2; CORDEIRO, Roberto - Mafra: Memorial do Concelho. Diário de Notícias. Lisboa, 08.08.1983; FERNANDES, Paulo, Almeida; VILAR, Maria do Carmo - Identidades: património arquitetónico do Concelho de Mafra. Mafra: Câmara Municipal de Mafra, 2009; LOPES, Flávio, (coord. de) - Património Arquitetónico e Arqueológico Classificado. Distrito de Lisboa. Lisboa: IPAAR, 1993; Guia do Concelho de Mafra, www.mafra.net , 4 de Abril 2007; ; MARQUES, Luís - Tradições religiosas entre o Tejo e o Sado - os círios do Santuário da Atalaia. Lisboa: Assírio e Alvim, 2004; MIRANDA, Eduardo de Távora de Vasconcelos - "Aspectos histórico-genealógicos da freguesia da Azueira". Boletim da Comissão de Arte e Arqueologia. Mafra, jun. 1944, n.º 6; VILAR, Maria do Carmo - "Património artístico da Azueira". Boletim Cultural 1993. Mafra: Câmara Municipal de Mafra, 1994, pp. 107 - 126 |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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DGPC: PT DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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DGPC: PT DGEMN/DSID; PT DGEMN/DSARH / CMM: PT AHMM / DGLAB: IAN/TT |
Intervenção Realizada
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Observações
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*1 DOF: Capela de Santa Cristina e Cruzeiro |
Autor e Data
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Paula Tereno 2018 |
Actualização
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