Casa na Calçada Bento da Rocha Cabral, n.º 14 / Instituto de Investigação Científica de Bento da Rocha Cabral
| IPA.00030965 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santo António |
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Casa unifamiliar do séc. 20, de planta rectangular irregular evoluindo em quatro pisos, correspondentes à cave, a dois pisos e ao aproveitamento do sótão. Possui um amplo logradouro na fachada posterior e pequeno logradouro na lateral esquerda, onde surge o acesso principal ao edifício, com marquise em ferro forjado e vidro, com escadas de cantaria. A fachada principal tem o piso inferior revestido a cantaria com tendência para apresentar silharia fendida e é seccionada por panos, o central saliente, permitindo criar uma forte simetria, e percorrida por frisos que ligam as molduras em cantaria das várias janelas. Remata em cornija angular, em platibanda plena ou em guarda metálica vazada, As fachadas são rasgadas por janelas de peitoril rectilíneas, excepto no primeiro piso, onde surge, na fachada principal, uma sacada semicircular com guarda balaustrada. Interior com acesso por pequeno vestíbulo externo, de acesso a um espaço interior que liga às várias dependências, algumas intercomunicantes, e, no lado esquerdo, a escadas de madeira, que acedem, nos pisos superiores, a espaços centrais de circulação, iluminados por ampla clarabóia. Ostenta tectos apainelados de madeira e decorados com estuques. |
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Número IPA Antigo: PT031106461719 |
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Registo visualizado 3307 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Casa
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Descrição
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Planta rectangular irregular, composta por dois corpos adossados, o do lado NO. de menor perímetro e recuado relativamente ao corpo principal. Possui volumes escalonados, de quatro pisos, com coberturas diferenciadas a duas, três e quatro águas, esta interrompida por ampla clarabóia central no corpo principal. Fachada principal virada a SO., rebocada e pintada de cinza, com o piso inferior revestido a cantaria de calcário em silharia fendida, marcada por duas ordens de cunhais apilastrados, que se interrompem inferiormente em mísula, prolongada por grinalda de flores em cantaria. No topo, interrompendo os frisos e cornijas de remate, uma platibanda vazada metálica cria uma guarda de protecção, surgindo uma platibanda plena e elevada no pano central, ornada por apainelado em negativo. O piso inferior é rasgado por cinco janelas rectilíneas, protegidas por grades metálicas. Nos pisos superiores e ao centro, destaca-se um pano saliente, sustentado inferiormente por duas mísulas de cantaria, que estabelece a simetria da fachada principal. É rasgado por três vãos rectilíneos, em eixo, o inferior formando uma pequena sacada semicircular, com guarda balaustrada em cantaria, para onde abre porta-janela rectilínea, envolvida por arco em asa de cesto. Nos pisos superiores, duas janelas de peitoril, separada por cornija angular que divide os dois últimos pisos da fachada. Os panos laterais são rasgados por uma sucessão de janelas de peitoril, as do piso inferior com moldura de cantaria, saliente e encimadas por friso comum que se elevam sobre o vão, criando falsos frontões triangulares, decorados por elementos fitomórficos. No piso intermédio, possui peitoril e verga em cantaria, sendo ladeadas por amplo friso superior canelado. As janelas do piso superior são do tipo amansardado. No lado esquerdo, a fachada é prolongada por muro de cantaria, rasgado por portão central metálico, flanqueado por pilares de cantaria. Dá acesso a um pequeno pátio, que liga a duas escadas de cantaria e guardas metálicas, a da direita de acesso ao portal de acesso e da esquerda ao logradouro da fachada principal. O portal inscreve-se no corpo recuado, protegido por estrutura metálica e vidraças, sustentada por pilares de cantaria e que cria um vestíbulo exterior. O pano SE. possui duas janelas no segundo piso e três nos dois pisos superiores. O pano SO. é rasgado por duas janelas rectilíneas em cada piso, com peitoris e vergas em cantaria. Adossado, surge um pequeno pano, onde se inscreve porta de verga recta, de acesso ao auditório, ladeado por lápides com inscrições. Fachada lateral esquerda com três pisos rasgados por três janelas de peitoril. No cunhal esquerdo, um amplo contraforte. Fachada posterior marcada por dois panos, o do lado esquerdo recuado, revestido a azulejo seriado e relevado de tonalidade mel, encimado por friso relevado verde; é rasgado por janelas e portas-janelas rectilíneos e marcado por corpo saliente formando varandas fechadas e com guardas plenas. O corpo do lado direito tem janelas de peitoril rectilíneas com molduras de cantaria e um corpo adossado na base, onde funciona um biotério. Na fachada posterior, desenvolve-se um logradouro, actualmente alteado, truncando parte da base dos vãos do segundo piso. INTERIOR organizado em torno de uma caixa central ao nível dos três pisos superiores, marcada exteriormente pela clarabóia, que acede às várias dependências do corpo principal, com escada disposta perpendicularmente, no lado direito e ao centro da estrutura. As escadas são de madeira com guarda balaustrada e paredes com lambril marmoreado, percorridas por friso de madeira, que isola um segundo registo de apainelados com pinturas murais, em marmoreados fingidos. Acedem à caixa central através de amplos arcos abatidos com aros de madeira. O espaço de organização interno tem pavimentos em soalho, formando, ao nível dos dois pisos superiores, alas de circulação, protegidas por guardas de madeira balaustrada. No edifício, surgem várias dependências que permanecem inalteradas, destacando-se, no piso inferior, a biblioteca, com tecto de madeira apainelado e rodeada de estantes, com elegante candeeiro de dois lumes. No segundo piso, o de entrada no edifício e o piso nobre, surge, no lado esquerdo e com acesso por pequena antecâmara, sala de reuniões, com tecto possuindo um pequeno friso de óvulos e dardos, encimado por sanca pintada de verde, sendo o tecto dividido em várias molduras e frisos de florões, que centram apainelado oval com grande florão central. As paredes são apaineladas e pintadas de estuque branco. No lado esquerdo, gabinete com tecto em estuque formando pequenos florões, antecedidos por friso de óvulos e dardos. Nos vários pisos, surgem inúmeros laboratórios e gabinetes de investigação, destacando-se os Laboratórios Deodata Azevedo, no primeiro piso, o de Joaquim Fontes, no segundo piso, todas eles rebocados e pintados de branco, alguns com azulejos monocromos brancos, formando silhares, com as portas pintadas de cinza e possuindo, mobiliário datável da reforma dos anos 70, constituindo bancadas de trabalho e suportes para os apetrechos laboratoriais. No segundo piso, surge ainda, a Sala Kurt Jacobsohn. No piso inferior, do lado esquerdo, a antiga sala de operações. Entre os pisos e com acesso através dos patamares, duas instalações sanitárias. O vestíbulo exterior acede ao auditório de paredes rebocadas e pintadas de branco, tecto plano e pavimento em soalho, com iluminação unilateral. |
Acessos
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Calçada Bento da Rocha Cabral, n.º 14 |
Protecção
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Incluído na Zona de Proteção no Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811) |
Enquadramento
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Urbano, adossado a edifícios residenciais, implantado numa zona com ligeiro declive, abrindo para uma estreita via pública, da qual se separa por passeio público, pavimentado a calçada. Esta via liga-se directamente ao Largo do Rato. No lado direito, está adossado a edifício ligeiramente mais baixo e datável do início do séc. 20. Possui, como pano de fundo, edifícios residenciais e comerciais de feitura mais recente. |
Descrição Complementar
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No vestíbulo, surgem quatro lápides, uma com a inscrição incisa e avivada a negro: "INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA BENTO DA ROCHA CABRAL RESTAURADO 1997". Surge uma segunda lápide: "1956 À MEMÓRIA DO PROFESSOR EGAS MONIZ MARCAMOS O INICIO DOS NOSSOS TRABALHOS EM ANIMAIS PARA O QUE ESTAVA ASSEGURADO PELA AQUIESCÊNCIA DO DIRECTOR DO INSTITUTO ROCHA CABRAL. EGAS MONIZ". Nas que ladeiam a porta de acesso, surgem as inscrições incisas e avivadas a dourado: "INSTITUTO ROCHA CABRAL 1922-2002 80 ANOS" e "PROF. M. FERREIRA DE MIRA 1875-1953 HOMENAGEM AO 1.º DIRECTOR E FUNDADOR DO I.R.C. 2003". |
Utilização Inicial
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Residencial: casa |
Utilização Actual
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Científica: centro de investigação |
Propriedade
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Privada: pessoa colectiva |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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Séc. 19, meados - aquisição da casa pelo Barão de Samora Correia a uma família nobre; 1902 - aquisição e reconstrução da casa por ordem de Bento da Rocha Cabral, que armazenara larga fortuna no Brasil; 1918, 07 Março - testamento de Bento da Rocha Cabral, estipulando um legado monetário com a finalidade de criar um instituto de investigação; 1922 - abertura do testamento e consequente fundação do Instituto de Investigação na área das Ciências Biológicas por Matias Boleto Ferreira de Mira (1875-1963), Professor de Química Fisiológica da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa; constituição do Conselho de Administração do Instituto; 1923 - instalação do Instituto na antiga habitação de Bento da Rocha Cabral, a qual sofreu obras profundas de adaptação; 1925, Novembro - início da actividade de investigação com uma equipa de quatro elementos, formada por Ferreira de Mira, o seu filho, Manuel Ferreira de Mira, Luís Simões Raposo e Fausto Lobo de Carvalho (1890-1970), a qual se dedicou, essencialmente, ao estudo nas áreas da Fisiologia, Histologia, Bioquímica e Bacteriologia; 1929 - a chegada de Kurt Jacobsohn leva a alargar o rumo da investigação para a área da Bioquímica; séc. 20, década de 70 - reforma dos laboratórios, que recebem novo mobiliário e apetrechos; 1997 - restauro do edifício. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; soco, modinaturas, pavimentos, balaústres em cantaria de calcário; pavimento, guardas das escadas, lambris, aros das portas, molduras, caixilharias de madeira; janelas com vidro simples; tectos com estuque decorativo; guardas do remate em ferro forjado; cobertura em telha. |
Bibliografia
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http://purl.pt/16493>, 26 Março 2011; http://www.ircabral.org/ , 28 Março 2011. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA / Proprietário (cedeu gentilmente as imagens) |
Documentação Administrativa
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Proprietário |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 1997 - reforma dos rebocos e pinturas; arranjo das coberturas; limpeza das cantarias. |
Observações
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Autor e Data
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Paula Figueiredo 2011 (no âmbito da parceria IHRU / UL) |
Actualização
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