Farol da Alfanzina
| IPA.00024990 |
Portugal, Faro, Lagoa, União das freguesias de Lagoa e Carvoeiro |
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Arquitectura de comunicações, eclética. Farol de planta composta pelo corpo do farol, de planta quadrangular, antecedido por um corpo central térreo, ao qual se liga por um corredor, e que articula dois corpos laterais de um só piso de planta rectangular, correspondentes a quartos de habitação, salas de máquinas e outras dependências; alto embasamento em talude de pedra calcária cinzenta emparelhada, com os quatro alçados delimitados por cunhais de cantaria, sendo os panos forrados a azulejo branco rasgados por frestas e com porta de acesso ao terraço do corpo central; remate em varanda pétrea sobressaída onde assenta uma estrutura de secção circular em ferro pintado de vermelho correspondente à cabeça do farol, rematada por cúpula encimada por pequena esfera. No interior apresenta secção circular, forrada a azulejos brancos, dotada de escada de caracol de pedra com corrimão de ferro. Farol construído segundo a tradição projectual das escolas de engenharia oitocentistas, onde domina o espírito racionalista, de que resulta a clareza de organização da planta, a sobriedade e solidez geral da construção e a adopção de um esquema clássico de composição que coloca o farol ao centro dos dois volumes anexos, de forma destacada, tal como acontece com outros faróis da época, como o Farol da Ribeirinha da Ilha do Faial e sobretudo o Farol do Cabo Sardão (v. PT040211090037), com o qual apresenta grande semelhança construtiva, sendo os volumes habitacionais idênticos. |
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Número IPA Antigo: PT050806050024 |
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Registo visualizado 5196 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Comunicações Farol
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Descrição
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Planta composta pelo farol, de planta quadrangular, antecedido a N. por um corpo central térreo ligado ao corpo do farol por um corredor e que articula dois corpos laterais de um só piso de planta rectangular, dispostos no sentido E.-O.. Volumes articulados, massas dispostas na vertical para o farol e na horizontal para os restantes. Cobertura diferenciada em telhados de 4 águas nos corpos E. e O., em terraço no corpo central e cúpula no farol. Fachadas revestidas a azulejo branco; molduras de vão, cunhais, embasamento e cornijas de cantaria. Fachada principal voltada a N. (para terra), simétrica, com embasamento, cornija e remate recto em muro, com três panos delimitados por cunhais assentes sobre plintos correspondendo, respectivamente, aos corpos E., central e O., sendo o central mais recuado; o 1º e 3º pano são rasgados cada um por 7 vãos, sendo o 1º e o 7º portas com moldura rectangular com as ombreiras assentes sobre plintos e acedidas por dois degraus enquanto os restantes vãos são janelas rectangulares emolduradas por cantaria; panos encimados superiormente por uma das águas do telhado. Pano central com três vãos, sendo o central uma porta acedida por dois degraus e os laterais janelas rectangulares; nos alçados formados a E. e O. do espaço reentrante abre-se uma janela rectangular cada. Fachadas E. e O. idênticas, limitadas por cunhais, com embasamento, cornija e remate recto em muro, com 4 janelas rectangulares sendo as centrais mais próximas entre si, sendo encimado pela água do telhado. Fachada S. idêntica à fachada N. exceptuando no corpo central, ocupado pelo farol de uma forma destacada e avançada. Farol com 23 metros de altura e 63 metros relativamente ao nível médio das águas do mar, com um alto embasamento em talude de pedra calcária cinzenta emparelhada, com os quatro alçados delimitados por cunhais de cantaria, sendo os panos forrados a azulejo branco com duas frestas rasgadas axialmente na fachada a S. e E., 3 na fachada O. e uma na fachada N., com porta de acesso ao terraço do corpo central nesta última; remate em varanda pétrea sobressaída, assente sobre 9 pequenas mísulas em cada lado, onde emerge uma estrutura de secção circular em ferro pintado de vermelho correspondente à cabeça do farol, rematada por cúpula encimada por pequena esfera. INTERIOR: alçados pintados ou caiados de branco. Corpo central com pavimento em mármore branco e preto, com rodapé de mármore e revestimento parcial das paredes a azulejo branco, e cobertura com vigas de madeira ligadas por meio de estreitas abóbadas; dá acesso lateralmente aos corpos E. e O., através de vãos com moldura de cantaria, sendo estes corpos dotados de um corredor central com pavimento de mármore em xadrez, dando acesso às várias salas, de pavimento de madeira ou mármore em xadrez, apresentando em todos os vãos portadas com bandeira com vidro. Acesso ao interior do farol através de um corredor que parte do corpo central com pavimento idêntico a este último. Farol com interior de secção circular, forrado a azulejos brancos, dotado de escada de caracol de pedra com corrimão de ferro; piso térreo com pavimento de mármore branco representando em mármore preto uma estrela de oito pontas inscrita num círculo, encontrando-se ao centro um buraco circular resguardado por uma guarda de ferro *1; numa plataforma seguinte existe um armário de madeira pintado de creme, fazendo parte da conteúdo estrutural do farol; o piso seguinte, acedido a partir deste último por escadas de ferro, corresponde à estrutura de ferro que encima a torre do farol, dando acesso à varanda e aos motores situados abaixo da plataforma giratória, sendo as paredes revestidas de madeira. |
Acessos
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Estrada que parte de Lagoa em direcção a Carvoeiro |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Rural, orla marítima, isolado. Situado no cabo Carvoeiro, no lugar de Alfanzina, em zona que tem sido alvo de incremento urbanístico impulsionado pelo intenso turismo que vai povoando, de uma forma dispersa ou em pequenos aglomerados, toda a zona envolvente; o imóvel preserva ainda assim uma posição isolada, distando do aglomerado habitacional mais próximo 1Km (Rocha Brava). Ergue-se sobranceiro ao mar, junto a encosta rochosa, sendo o terreno onde este se encontra implantado cercado por uma vedação, apresentando um muro e portão verde no acesso ao interior deste. Estacionamento diante do imóvel. |
Descrição Complementar
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DADOS TÉCNICOS: farol de função costeira, com alcance de 29 milhas (c. 54 Km), com duas lentes com rotação completa de 15 segundos, com dois flashes de 0.2 segundos intervalados por uma penumbra de 3,6 segundos e outra de 11 segundos (F1(2) W 15 s). Dispõe de três lâmpadas de 1000 w / 220 v, sendo as segundas as suplentes. Rotação conseguida por meio de um motor, apoiado por um outro motor suplente, situados debaixo da plataforma giratória. Junto a estes existe um painel digital de controle. O quadro geral concentra-se no aparelho situado numa sala do corpo O. do conjunto, onde também se situa dois geradores que alimentam o complexo em caso de corte de energia da rede; não tem sereia; com alarmes nas habitações dos faroleiros. |
Utilização Inicial
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Comunicações: farol |
Utilização Actual
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Comunicações: farol |
Propriedade
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Pública: Estatal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: J. Nunes de Almeida e Gilbert Galvão de C.; ENGENHEIRO: Barbier Bénard & Turrene,engenheiros construtores |
Cronologia
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1883, 15 Janeiro - segundo o Plano Geral de Alumiamento da Costa de Portugal, aprovado pelo decreto desta data, estava projectado um farol no Cabo Carvoeiro no Algarve; 1913 - discute-se sobre o local onde se pretendia implantar o farol, tal como os aspectos técnicos referentes a este equipamento; o local escolhido foi o sítio da Alfanzina, perto de Carvoeiro; 1915, 18 Dezembro - adquire-se o terreno para a construção do farol; o projecto é de J. unes de Almeida; 1919 - o engenho do farol é concebido pela empresa parisiense Barrier, Bénard & Turrene;1920, 30 Outubro - é emitido um aviso aos navegantes (Avisos aos Navegantes nº 12) no qual se referm as características do farol: "O aparelho iluminante é de 3ª. Ordem, grande modêlo (0m,50 de distância focal), de rotação, dando grupos de dois relâmpagos brancos de 15 em 15 segundos. O sistema lenticular é composto dum grupo de duas lentes de eixos descentrados, de 130º cada urna, e efectua uma rotação completa de 15 segundos. O alcance luminoso, em transparência média atmosférica, é de 30 milhas; e o alcance geográfico, para um observador colocado 5 metros acima do nível do mar, é de 20 milhas"; 1920, 1 Dezembro - o farol inicia as suas funções, passando inicialmente por um período de experiência *2; 1949 - projecta-se a instalação de dois grupos electrogénicos accionados por motores diesel; 1950, 12 Agosto - começa a funcionar com incandescência eléctrica; 1952 - constrói-se uma casa de habitação para um faroleiro, segundo projecto de 23 de Junho deste ano e da autoria de Gilbert Galvão, aproveitando uma casa que dispunha de um forno, utilizado anteriormente pelas famílias do faroleiro para fazer pão; o forno localizava-se onde actualmente se situa a lareira; esta obra foi necessária pelo facto de se encontrarem a residir no farol as famílias de dois faroleiros; 1952, 27 Dezembro - o farol recorre temporariamente à incandescência a petróleo, implicando uma redução do alcance luminoso para 35 milhas; 1961 - construída uma escada de acesso ao farol; 1974 - reparados e beneficiados os grupos electrogéneos; 1980, 14 Julho - o farol fica ligado à rede de energia geral (EDP); 1981 - automatização do farol. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes. |
Materiais
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Alvenaria na estrutura; coberturas exteriores em telha cerâmica nos telhados e ladrilho no terraço; revestimento das paredes a azulejo branco; ferro nas guardas e na estrutura que encima o farol; molduras dos vãos, cunhais, cornijas, embasamento, varanda do farol em cantaria; pavimentos de mármore e madeira; portadas, caixilhos e bandeiras de madeira e vidro. |
Bibliografia
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Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958, 1º Volume, Lisboa, 1959; Lista de Faróis, vol. 1 (Portugal), 3.ª edição, Lisboa, 1986; Direcção de Faróis da Marinha Portuguesa, Faróis de Portugal, 2003. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DREMSeção de Faróis e Farol da Alfanzina |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DESA, DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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Direcção de Faróis e Farol da Alfanzina |
Intervenção Realizada
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1936 - 1937, 1939 - 1941, 1951 - obras de restauro; DGEMN: 1957 - reparação das coberturas; obras de conservação pelos Serviços de Construção e Conservação. |
Observações
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*1 - buraco criado para prolongar a acção dos pêndulos que antigamente existiam para induzir o movimento de rotação das lâmpadas do farol; 1 - Segundo descrição de 1920 apresentava então "Torre quadrangular com 15 m de altura, possuindo superiormente murete cilindrico e metálico e a lanterna, com plano focal de 18 m. O aparelho iluminante é de 3ª ordem, grande modelo (0,50 m de distância focal), de rotação, dando grupos de dois relâmpagos brancos de 15 em 15 segundos. O sistema lenticular é composto por grupo de duas lentes de eixos descentrados, de 130 graus cada urna, e efectua uma rotação completa em 15 segundos. O alcance luminoso, em transparência média atmosférica, é de 30 milhas; e o alcance geográfico, para um observador colocado 5 metros acima do nível do mar, é de 20 milhas".
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Autor e Data
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Daniel Giebels 2005 |
Actualização
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