Jardins da Quinta do Marquês de Pombal
| IPA.00022656 |
Portugal, Lisboa, Oeiras, União das freguesias de Oeiras e São Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias |
|
Arquitectura residencial e arquitectura agrícola, barroca. Quinta de recreio de caracterização estilística barroca e modernista, constituída por um núcleo edificado e terreno murado em que este se insere, ocupado por campos agrícolas, horta, mata e jardim. O núcleo edificado é composto por habitação principal e por outros edifícios habitacionais secundários e de apoio a actividades agrícolas ou recreativas. O terreno é caracterizado por um ambiente recreativo resultado da composição paisagística dos diversos elementos (campos de cultura, canais de rega, tanques, pombais) devidamente tratados e a par da produção de bens de consumo. Os caminhos separam campos agrícolas e plantações de vinha, e são quase todos acompanhados por muros com bancos, alegretes ou caleiras. O jardim adjacente à habitação principal dispersa-se pela restante propriedade através de elementos arquitectónicos ou vegetação ornamental criando zonas de passeio e estadia. As características barrocas reflectem uma criação cénica, teatral virada para a utilização social dos espaços prevalecendo simultaneamente uma sensação de palco e plateia. Os elementos construídos são fundamentais para esta constituição de cenários. É notória a compartimentação e hierarquização dos espaços resultante por um lado da separação de funções e por outro do sentido estético. O exterior é fortemente relacionado com o palácio através de alamedas e avenidas. A abundante utilização de azulejos é fulcral para o acentuar desta relação A associação deste tipo de revestimento a um grande elemento de água e o jogo de sensações assim conseguidas é semelhante, mas em maior escala, ao utilizado na Quinta da Bacalhoa, Jardim do Palácio de Fronteira ou Paço do Lumiar. A utilização da água como elemento de ornamentação é também característica deste estilo aparecendo associada aos mais variados elementos construídos. Um deste exemplos é a cascata, elemento típico dos jardins barrocos muito utilizado em Portugal no séc. XVIII, desde os Jardins da Quinta de Belém, anterior, os jardins do Palácio de Queluz contemporânea, ou a Quinta de Caxias, posterior. As características modernistas traduzem-se numa procura ecológica da paisagem através da utilização da vegetação endémica e criação de um ambiente aparentemente espontâneo, naturalista. Estes princípios são, no entanto, sujeitos aos conceitos de forma e proporção bem como à ideia de harmonia e continuidade. Estas ideias traduzem-se na utilização de material vegetal ou elementos construídos que evocam a natureza como o prado ou o tanque ou conjugação de espécies que permitam obter floração durante todo o ano. A Quinta do Marques de pombal apresenta-se como uma das obras mais representativas da arte dos jardins em Portugal e a sua concepção e traçado enquadram-se nas realizações mais importantes da Região de Lisboa. É, além disso, um dos expoentes da criação do barroco nos jardins onde se insere provavelmente a maior cascata barroca portuguesa - a cascata da Pesca. e uma triologia única deste elementos de água - pesca, mina do ouro e poetas; Esta quinta, a par do mau estado da ruína progressiva, preserva a sua autenticidade sendo possível compreender a estrutura global e recriar os espaços originais. A Quinta é ainda rica na utilização do azulejo como revestimento decorativo. |
|
Número IPA Antigo: PT031110040071 |
|
Registo visualizado 9395 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Espaço verde Jardim
|
Descrição
|
Propriedade murada (v. PT031110040002), de planta irregular, atravessada pela Rua do Aqueduto (antiga Estrada Real) que separa a "Quinta de Cima" da "Quinta de Baixo". As duas "quintas" são percorridas e relacionadas aproximadamente na direcção N. / S. por três eixos principais, a Rua dos Loureiros, a Ribeira da Laje e o caminho que liga a Casa da Pesca ao Jardim das Merendas. Pela sua orientação ligeiramente afunilada para N., estes eixos confluem no jardim da Casa da Pesca estabelecendo-se uma forte ligação desta zona à zona de recreio da Quinta de baixo; funcionam ainda como estruturante dos demais caminhos que se desenvolvem formando uma malha ortogonal. A QUINTA DE CIMA ocupa cerca de 80% da área total da propriedade, é caracterizada por uma função essencialmente produtiva em que os elementos associados ao recreio são em simultâneo elementos de apoio à produtividade e pode ser caracterizada por cinco zonas: a primeira, abrange a zona N. da quinta, na margem direita da ribeira, até ao jardim da Casa da Pesca. Esta área apresenta uma sucessão de campos agrícolas onde estão implantadas várias construções notáveis: CASAL DA MANTEIGA, de planta hexagonal, com grande pátio, escadaria com balaustrada no topo e portão de colunas rusticadas, e outras construções ligadas ao sistema hidráulico: o AQUEDUTO DO ARNEIRO com dois andares de arcos de volta perfeita, tem início junto ao centro hípico recentemente organizado, leva a água até à Cascata da Taveira alimentando o tanque que permite regar os campos junto à ribeira, três MÃES D' ÁGUA, de planta circular com bancos no interior, uma a N. da Casa da Pesca, na denominada Mata do Gorgulho, outra a N. do Casal da Manteiga, de maior dimensão, revestida a azulejo no interior e acompanhada no exterior por muro semi-circular com conversadeiras, e outra a NE. da Casa da Manteiga; a segunda zona é constituída pela CASA DA PESCA, com o JARDIM e CASCATA DA TAVEIRA. Esta zona desenvolve-se em três patamares. O inferior, de planta rectangular, limitado por murete rasgado por três portões de cantaria, um a E. Sobre a Rua dos Loureiros, envolto em hera, e outros dois definido um eixo paralelo à mesma rua. Neste patamar, desenham-se quatro canteiros de buxo, enquadrando cada um banco de pedra que acompanha a forma circular do espaço que se desenvolve ao centro e no qual se inscreve um chafariz com taça cuja forma alude aos quatro crescentes das armas da família Carvalho. Acede-se ao segundo patamar por escadaria oposta ao portão da Rua dos Loureiros. O primeiro lance, com doze degraus, termina em fonte com taça semi-circular enquadrada por pórtico de pedra ornamentado que limita nicho onde se insere a bica. Para cada lado desenvolvem-se mais dois lances igualmente acompanhados de guarda de pedra com azulejo de padrão. O segundo patamar tem planta rectangular com saliência da mesma forma na zona da escadaria é ocupado por um grande tanque rectangular com os cantos acrescidos de pequenas saliências semicirculares para o interior, alimentado por bica com a forma de dois golfinhos cujas caudas envolvem um arbusto. É limitado a N. por muro alto com murete adjacente onde se intercalam conversadeiras e alegretes. Estes muretes são revestidos lateralmente a azulejo de padrão e prolongam-se para E. e S. Por cima da fonte da escadaria, o murete é cortado por pequena balaustrada de pedra. A O., muro alto revestido com painéis de azulejo azul e branco com representação de cenas mitológicas. O muro recua na zona central onde se acede por um lance de dez degraus e outro de dois à Cascata da Taveira, com quatro níveis de queda de água que é recolhida em taça circular. De cada lado da cascata, zona limitada balaustrada, com bancos adjacentes ao muro de suporte do patamar superior, também revestidos a azulejo. O muro de cada um dos lados é interrompido por uma porta, a da esquerda, dá entrada para o piso inferior da Casa da Pesca e está tapada com cimento pintado a parecer madeira; a da direita dá acesso à mina e a um túnel com escadaria que conduz ao patamar superior, também acessível pela Casa da Pesca, situada a S. da cascata; a terceira zona estabelece-se entre o caminho que liga a Casa da Pesca à Quinta de Baixo e a Ribeira da Laje. Esta zona, em que predomina o espaço livre de edificações, assume-se como uma área de regadio com três canais de rega que correm paralelamente aos eixos principais, alimentados junto à da Casa da Pesca; a quarta zona desenvolve-se na margem esquerda da ribeira, fortemente marcada pelo AQUEDUCTO DE CACILHAS que se prolonga até à Quinta de Baixo dando nome à Rua do Aqueduto. Ao aqueduto associam-se a CASA DOS BICHOS DA SEDA com tanque e poço a O., uma MÃE D' ÁGUA, de planta circular, com bancos e mesa com tampo de pedra negra com esgrafitos no interior, a CASCATA DA FONTE DO OURO, com sete andares que se iniciam sobre três arcos de volta perfeita e terminam ao cimo em balaustrada de pedra, adjacente a reservatório de água, também denominado "Forca". Nesta zona é também marcante a presença do pombal, que estabelece fortes eixos visuais com quase todos os elementos construídos da quinta. Entre o aqueduto e o muro que limita esta zona estabelece-se um conjunto edificado no séc. 19, constituído por um muro de suporte, uma pequena capela revestida com pintura mural e um tanque sobrelevado, de planta rectangular; a quinta zona estabelece-se a O. sendo caracterizada por um conjunto de edificações associadas à actividade da Estação Agronómica Nacional. A QUINTA DE BAIXO desenvolve-se em função do palácio como zona de recreio. Para além da forte presença da ribeira da laje é também estruturada pelo eixo E. / O. que a percorre desde a escadaria da fachada O. do palácio até à cascata dos poetas. Também pode ser caracterizada por cinco zonas: a primeira, na extremidade S., limitada pelo palácio, pelo eixo, que parte da escadaria a O. e pelo canal da ribeira que encurva e limita a quinta. Esta zona inicia-se numa área de transição entre o interior e o exterior do palácio constituída por três TERRAÇOS a cota elevada em relação à quinta, com muro de suporte acompanhado por tanques e canal de água. Adjacente à fachada O., terraço composto por três conjuntos quadripartidos de canteiros de buxo, o do meio, centrado por chafariz e os outros dois por plintos ornamentados. Tem acesso à quinta por escadaria de um só lance com guardas revestidas a azulejo, marcadas na base por plintos que suportam vasos, e no topo por esculturas que representam cães. Termina num outro igualmente limitado por muro revestido a azulejo em tons de amarelo, azul e manganês, com alegretes e conversadeiras de onde se pode observar a quinta, com estátuas representando os meses do ano e com escadaria de acesso à quinta, em cinco lances acompanhados de gradeamento de ferro presente também ao cimo e pontuado por plintos de pedra encimados por vasos. No vão, fonte em pedra trabalhada para parecer natural simulando uma gruta, com taça semicircular, protegida por portão de ferro. Este terraço está ligado ao terraço adjacente à fachada S. onde se impõem duas araucárias com um chafariz de taça circular entre elas e estátuas com o mesmo motivo que as do terraço anterior. Com acesso à quinta por imponentes escadarias revestidas a azulejo, em dois lances com balaustrada de pedra ao cimo e fonte com embrechados com relevo em nicho situado no vão, actualmente protegido por porta de vidro; Nesta zona, de antigo laranjal, estende-se o JARDIM DAS FLORES desenhado para constituir um local de exposição de uma grande variedade de flores, em canteiros ao nível do solo, de formas geométricas rectangulares, definidos por caminhos em lajes de pedra. Alinhado com a escadaria de acesso ao terraço, chafariz ao nível do solo, com tanque de forma circular onde se desenha a estrela de oito pontas alusiva às armas da família Carvalho. Este jardim é limitado a E. por vedação do antigo horto, onde funciona um parque de estacionamento. Nesta zona, com acesso ao exterior por portão de ferro enquadrado por colunas de pedra, situa-se uma antiga azenha, na parte inferior da fachada do palácio. A O. do jardim das flores, o jogo da pela, em planta rectangular, limitado pelo muro do canal onde se inserem conversadeiras e por banco, a N., revestido a azulejo, com encosto recortado e alto; a segunda zona compreende a zona ampla limitada a O. pela ribeira e a N. e E., pelo muro da quinta. Acompanhado o muro a E., caminho sob pérgula, elevado e ladeado por gradeamento, liga a entrada na quinta, que se faz pela denominada Casa do Morgadio, aos terraços do palácio. Este caminho é sustentado por muro de suporte com pequeno canal adjacente com ligação aos tanques da fachada do palácio. É alimentado com água trazida pelo Aqueduto de Cacilhas até ao muro N. da quinta. Na fachada O. da Casa do Morgadio rasgam-se dois nichos com bicas sobre o mesmo canal. Nesta zona insere-se ainda o JARDIM DOS ARBUSTOS, junto à ribeira, constituído por variadas espécies arbustivas essencialmente perenes, separando visualmente a outra margem; a terceira zona abrange a margem direita da ribeira desde o limite S. da quinta até à linha de vegetação que separa visualmente a Horta Ajardinada. A E. liga-se á zona do palácio por ponte de madeira e guardas de ferro sobre a ribeira. O muro do canal apresenta nesta zona conversadeiras a S. da ponte e conversadeiras e alegretes intercalados a N., sendo ainda interrompido pelo Cais de Embarque do canal outrora navegável. Culminando o eixo que parte da escadaria do palácio, CASCATA DOS POETAS encimada bustos dos poetas Homero, Virgílio, Camões e Tasso, em pedra trabalhada para parecer natural, com dois corpos com arcarias que conduzem a uma gruta por trás de fonte com dois golfinhos e uma escultura de Neptuno que definem o corpo central. De cada lado, escadaria conduz aos terraços superiores, um por cima de cada corpo lateral, com balaustrada. Através de outra escadaria situada por trás da cascata, acede-se a dois terraços, um a meio caminho do topo, com conversadeiras no muro de suporte, e outro com tanque grande rectangular, zona de estadia com conversadeiras e dois bancos e balaustrada, de onde se obtém vista sobre esta zona da quinta e o palácio. A N. da cascata, moinho de vento, tanque, nora velha e poço, junto a área de desenho semelhante ao do jardim das flores, constituído como Roseiral e que hoje apresenta os canteiros preenchidos com várias espécies de herbáceas; a quarta zona é constituída pelo BOSQUETE com vegetação arbórea e arbustiva disposta de forma orgânica e cortada segundo um traçado geométrico de eixos, e pela HORTA AJARDINADA, de planta rectangular, constituída por doze canteiros com laranjeiras e alfazema, envolvendo tanque central com canteiros nele inseridos Fonte das Quatro Estações no centro. Este tanque é enquadrado juntos aos cantos por quatro chafarizes de tanque circular. A entrada na horta Ajardinada é marcada por pilares encimados por bustos de imperadores romanos, dispostos nos cantos, e no meio dos lados do rectângulo. A E. desta zona situa-se a Adega-Celeiro que tem junto à fachada o JARDIM DAS MERENDAS, a cota mais elevada, com acesso por escadaria semi-circular, de cinco degraus. Esta área é limitada por gradeamento e colunas de mármore encimadas por vasos e nela se dispõem simetricamente duas grandes mesas de pedra e dois tanques rectangulares. |
Acessos
|
Rua do Aqueduto. |
Protecção
|
Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 39 175, DG, 1.ª série, n.º 77 de 17 abril 1953 *1 |
Enquadramento
|
A quinta ocupa parte do vale da Ribeira da Lage, que a atravessa. Esta área é geologicamente datada do período Mesozóico, fundamentalmente constituída por aluviões, basaltos do Complexo Vulcânico de Lisboa-Mafra e calcários de Entre-Campos, sob solos litólicos não húmicos, aluviossolos e solos calcários pardos. Os declives caracterizam-se por serem suaves (0 a 5%) e moderados (5 a 15%), com declives acentuados (15 a 30%) e muito acentuados (sup. a 30%) apenas nas encostas do vale. Exposição predominante a E. e O. A toda a volta se desenvolvem urbanizações, ficando a O., junto à Av. da República a Urbanização Quinta do Marquês, a NO., o Bairro da Bica, onde se situa uma Mãe d'Água pertencente à quinta e semelhante ao outra a SO., o Bairro da Lage e o Bairro do Pombal a O.. Junto à Quinta de Baixo, fica o Largo do Marquês de Pombal, outrora integrado na propriedade e onde se situa o Edifício da Câmara Municipal de Oeiras / Antigas Cocheiras do Palácio (v. PT031110040096) , o Pelourinho de Oeiras (v. PT031110040001) e o Chafariz da Vila de Oeiras (v. PT031110040097). A E. da Quinta de Baixo localiza-se ainda o Jardim Municipal (v. PT031110040095). |
Descrição Complementar
|
|
Utilização Inicial
|
Produtiva: quinta / Recreativa: jardim |
Utilização Actual
|
Produtiva: quinta / Recreativa: jardim |
Propriedade
|
Pública: municipal / Pública: estatal |
Afectação
|
Sem afectação |
Época Construção
|
Séc. 18 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ARQUITECTO: Carlos Mardel (atr,), 1749 a 1770 - projecto do palácio e sistema hidráulico (aqueducto, canais, tanques); ARQUITECTO PAISAGISTA: Gonçalo Ribeiro Telles, 1965 (projecto de reintegração histórico-artística dos jardins); ESCULTOR: Machado de Castro (atr.) - bustos da Cascata dos Poetas |
Cronologia
|
1676 - é constituído o Morgadio de Oeiras, da família Carvalho; 1714 a 1733 - aquisição de várias propriedades acrescentadas ao morgadio por Paulo de Carvalho e Ataíde, arcipreste da Sé Patriarcal de Lisboa; 1723 - Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro conde de Oeiras e marquês de Pombal casa com D. Teresa de Noronha; 1737 - falecimento do arcipreste Paulo de Carvalho e Ataíde que deixa o morgadio em herança a Sebastião José de Carvalho e Melo; 1739 - falecimento de D Teresa de Noronha. Sebastião José de Carvalho e Melo incorpora na propriedade de Oeiras terrenos contíguos à mesma que eram pertença de D. Teresa; 1749 - início da construção da quinta; 1745 - Sebastião José casa com a Condessa de Daun; 1759 a 1770 - organização dos jardins; 1759 - Sebastião José recebe o título de Conde de Oeiras; o rei D. José I doa o reguengo de Oeiras a Sebastião José; 1759, 7 Julho - D. José I, eleva a povoação de Oeiras a vila, e por Carta Régia de 13 de Julho, passa a Concelho; 1760 - arranjo arquitectónico do largo situado diante do palácio, igualmente sob a direcção de Carlos Mardel; c. 1770 - realização da Cascata da Taveira; 1776 - o Marquês de Pombal organiza aí a 1º exposição agrícola e industrial do país; 1777 - morte do rei D. José e afastamento do Conde de Oeiras do poder por D. Maria I. Perda de importância da quinta; 1783, Agosto - visita da rainha D. Maria I à quinta; 1939 - a propriedade, na posse dos descendentes dos Marqueses de Pombal, vai à praça sendo adquirida por Artur Brandão e dispersando-se o seu recheio; 1958 - aquisição de parte da propriedade (palácio e jardins) pela Fundação Calouste Gulbenkian que aí instala as obras de arte da colecção do seu instituidor e dos terrenos restantes (Quinta de Cima e Casa da Pesca e jardins) pela Estação Agronómica Nacional; 1965 - Projecto de arquitectura paisagista da reintegração histórico-artística dos jardins e da quinta pelo Arquitecto Paisagista Gonçalo Ribeiro Telles; 1979 - instala-se no palácio a sede do Instituto Nacional de Administração; 1999 - construção de um edifício, anexo a um outro da década de 60, para instalação do Laboratório de Resíduos de Pesticidas para a DGPC, pela DGEMN; 2003 - aquisição do Jardim pela Câmara Municipal de Oeiras; 2004 - aquisição do Palácio pela Câmara Municipal de Oeiras mantendo-se ainda lá instalada a sede do Instituto Nacional de Administração; 12 de Julho - abertura ao público; 2006, Maio - elaboração da Carta de Risco de várias construções da quinta pela DGEMN; 2012, 15 novembro - publicação do projeto de decisão de alterar o perímetro da área classificada, alterar a designação e fixar a respetiva Zona Especial de Proteção, em Anúncio n.º 13698/2012, DR, 2.ª série, n.º 221. |
Dados Técnicos
|
A quinta possui um complexo sistema hidráulico construído para funcionar por gravidade. A maior parte dos elementos de água está ligado ao sistema original sendo o lago da rosa-dos-ventos, o único com um sistema independente. A recolha de águas é feita por caleiras e sumidouros ligados à rede pública; Devido ao regime torrencial da ribeira, a mesma foi canalizada para controlar as cheias; Em zonas de declive mais acentuado, este é vencido pela construção de muros de suporte. |
Materiais
|
Material Vegetal: acácia (Acácia longifolia), araucaria (Araucaria heterofila), castanheiro da Índia (Aesculus hoppocastanum), lodão-bastardo (Celtis australis), Corynocarps laevigata, cipreste (Cupressus glabra), laranjeira (Citrus sinensis), Olaia (Cercis siliquastrum), dragoeiro (Dracaena draco), eucalipto (Eucalyptus globulus), nespereira (Eriobotrya japonica), freixo (Fraxinus angustifolia), figueira (Ficus carica), árvore-da-borracha (Ficus elastica), jacarandá (Jacaranda mimosifolia), palmeira (Howea forsteriana), Ligustrum lucidum, magnólia (Magnólia grandiflora), palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis), choupo-branco (Populus alba), choupo-negro (Populus-nigra), plátano (PlatanusXhispanica), romanzeira-de-jardim (Punica granatum), oliveira (Olea europaea var. europaea), palmeira (Washingtonia filifera); Inertes: alvenaria de pedra com reboco (muros), calçada de granito, gravilha, lages de calcário, ripas de madeira, saibro e terra batida (pavimentos) |
Bibliografia
|
ANDERSEN, Teresa, "Do Estádio Nacional ao Jardim Gulbenkian - Francisco Caldeira Cabral e a primeira geração de Arquitectos Paisagistas (1940-1970)", Lisboa, 2003, p 181 - 183; ARAÚJO, Ilídio Alves de, Quintas de Recreio, in Bracara Augusta, Vol. XXVII, Fasc. 63, Braga, 1973; ARCHER, Maria e COLAÇO, Branca de Gonta, Memórias da Linha de Cascais, Câmara Municipal de Oeiras, Oeiras, 1999; AZEVEDO, Carlos, Solares Portugueses, Lisboa, 1969; BARBOSA, Inácio Vilhena, Fragmentos de Um Roteiro de Lisboa (Inédito), in Annuario do Archivo Pittoresco, Vols. I e VI, Lisboa, 1857 e 1863; CARAPINHA, Aurora e TEIXEIRA , J. Monterroso, A Utopia com os Pés na Terra. Gonçalo Ribeiro Telles, Lisboa, 2003, p 266; DIAS, Rodrigo Alves, A Quinta de Recreio do Marquês de Pombal na Vila de Oeiras - Os Jardins do Século XVIII, in AAVV, Comunicações, Actas e Conclusões das 1 Jornadas Luso-Brasileiras de Património, Lisboa, 1984; DIAS, Rodrigo Alves Rodrigues, A Quinta de Recreio dos Marqueses de Pombal, Oeiras, 1987; DIAS, Rodrigo, História e Histórias do Jardim Francês em Portugal - A Quinta de Recreio do Marquês de Pombal na Vila de Oeiras, Câmara Municipal de Oeiras, Oeiras, 1997; LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1873 - 1890; LEITE, Ana Cristina, O Jardim em Portugal nos Séculos XVII e XVIII - Arquitecturas, Programas, Iconografias, Lisboa, 1988 (Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa ; texto policopiado); MARTINS, Luís Almeida, (dir.), Revista Histórica, nº 49, Publicações Projornal, Lisboa 1982; Monumentos, n.º 11, Lisboa, DGEMN, 1999; OLIVEIRA, Cristina Pires, Intervenção na Quinta dos Marqueses de Pombal, Relatório do Trabalho de Fim de Curso de Arquitectura Paisagista, Instituto Superior de Agronomia, Lisboa, 2005; Palácio dos Marqueses de Pombal e Jardins, Lisboa, 1965; PIMENTEL, Alberto, Quinta do Marquês de Pombal em Oeiras, in Revista Illustrada, Lisboa, Ano 1, Nº 4, Maio 1890; PROENÇA, Raul, (dir. de), Guia de Portugal, Vol. I, Lisboa, 1924; RIBEIRO, Aquilino, Oeiras, Oeiras, 1940; SOROMENHO, Maria Isabel (coord.), Plano de Salvaguarda do Património construído e Ambiental do Conselho de Oeiras, Câmara Municipal de Oeiras, Oeiras, 1999; STOOP, Anne De, Quintas e Palácios nos Arredores de Lisboa, Porto, 1986. |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, Arquivo Pessoal de Gonçalo Ribeiro Telles; Arquivo Pessoal de Ilídio de Araújo; Fundação Calouste Gulbenkian; CMO |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; Fundação Calouste Gulbekian |
Documentação Administrativa
|
IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; CMO; Fundação Calouste Gulbenkian.; Estação Agronómica Nacional |
Intervenção Realizada
|
Fundação Calouste Gulbenkian: 1965 - projecto de arquitectura paisagista da reintegração da Quinta de Baixo e jardins do palácio, pelo Arquitecto Paisagista Gonçalo Ribeiro Telles |
Observações
|
*1 - 1 - DOF: Palácio dos marqueses de Pombal, abrangendo o jardim, casa de pesca e cascata junta. "Chegados à cascata, e tendo feito os exames ou averiguações que ela merece, (...) e tendo a cascata aparecido uniformemente a todos os senhores, entraram nos seus respectivos carrinhos, que haviam mandado vir de Queluz, caminhando na ordem costumada passaram pela horta ajardinada, entrando na formosa rua dos loureiros se foram gozando dela, mandando andar com vagar, até que, chegando à escada da cascata grande, largaram os carrinhos e, subindo por ela, louvaram a doçura dos degraus. Viram o formoso lago e depois, sentados, gozaram da cascata correndo a água por mais de vinte minutos e por muitas vezes repetiram suas majestades o muito bem que lhes parecia a referida cascata, o lago e tudo o que mais adorna aquele delicioso sítio. Estavam as canas de pesca prontas, e ao pegarem as Senhoras nelas (...) (sua alteza) pescou um de bom tamanho; a Rainha Nossa Senhora outro, o que deu grande gozo, e se estendeu com prazer enquanto durou a pesca. (...). Passaram depois ao Pulo de Água e Cascata da Fonte de Oiro; e depois de haverem gozado de ambos aqueles jogos de água, vieram ao jogo da bola e nele se demoraram Suas Majestades e Altezas por um largo espaço de tempo (...). Os jogadores foram os que costumam jogar em Queluz. (...) Continuaram o passeio pela grande Rua dos Loureiros, imediato à Casa, e nele passearam; e porque o dia estava acabado entraram novamente nos carrinhos e, dando uma volta completa pela horta ajardinada, vieram apear-se à escada junto ao jardim, por onde tinham saído (...)." (descrição de uma visita da Rainha D. Maria I à Quinta dos Marqueses de Pombal, em 1783, in MARTINS, 1982). |
Autor e Data
|
Pereira de Lima 2006 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |