Núcleo urbano da cidade de Silves / Núcleo intramuros de Silves

IPA.00017075
Portugal, Faro, Silves, Silves
 
Vila com castelo e cerca urbana e castelo de raiz islâmica. A estrutura urbana guarda características romanas e sobretudo muçulmanas, sendo desta época a definição do traçado urbano actual. O conjunto cresceu na margem direita do rio Arade, que foi a principal via acesso e meio de desenvolvimento em diversas épocas. O núcleo mais antigo, correspondente à antiga Medina islâmica, apresentando malha orgânica, organizada em socalcos para superar as grandes diferenças de cotas do terreno em que está implantado. Pela mesma razão são frequentes as escadinhas em travessas e ruas. O centro polarizador é a antiga Alcáçova e, junto desta, a Sé, ramificando a partir daqui as duas vias essenciais do tecido urbano: a R. Direita e a R. da Porta da Azóia prolongavam, através da Porta da Vila e da Porta da Azóia, a cidade para o arrabalde, em dois sentidos principais. A primeira seguia em direcção do Porto e ao comércio. A segunda, em direcção aos campos agrícolas e florestais. No interior da segunda linha de muralhas, predominam as casas térreas de habitação, e as casas de dois pisos, concentradas sobretudo na área da R. Direita. As coberturas são na maioria de telha, com duas, três ou mais águas com muito pouca inclinação. Na área correspondente ao antigo arrabalde encontram-se tecidos urbanos distintos: uma zona de estruturação mais antiga, na área da R. do Moinho da Porta e da R. do Pelourinho, de carácter espontâneo e com um traçado irregular, e duas áreas reestruturadas nos Séc. 18 / 19 que apresentam características de cidade industrial, com um traçado regular e linear. Existem três tipos bem definidas associados a áreas e actividades próprias. Reflexo de uma camada da sociedade endinheirada e proprietários de comércio e das indústrias, o sobrado de dois pisos encontra-se sobretudo na área central. Estes edifícios têm na maioria espaço comercial no piso térreo e habitação no piso superior. Apresentam vãos bem ritmados, na maioria de verga curva, com correspondência do piso térreo com o piso superior, predominando as portas tanto no primeiro como no segundo, onde surgem as varandas de ferro fundido. As caixilharias são de madeira, com duas folhas e bandeira. Os paramentos são rebocados e de um modo geral pintados ou caiados de branco. Os caixilhos e os elementos de ferro fundido são pintados. São de salientar alguns pormenores arquitectónicos de especial interesse, como barras de azulejo que rematam superiormente a fachada e elementos decorativos executados em argamassa e que são posteriormente pintados, sobre portas, janelas e em platibandas. Os bairros operários, surgem na proximidade das instalações fabris, constituídos por bandas de casas de piso térreo com variantes tipológicas de porta / janela ou janela / porta / janela de verga predominantemente curva, de frente estreita e rematadas com platibandas. As caixilharias são de madeira, em quadrícula e com bandeira, de duas folhas nas janelas e portas. Em geral fachadas e caixilharias são pintadas de cores vivas. As coberturas têm duas águas de telha. Os grandes quarteirões inteiramente ocupados por fábricas, sobretudo de transformação de cortiça, apresentam grandes fachadas praticamente cegas, interrompidas por portões largos. São construções com uma cércea correspondente a dois pisos, com grandes áreas cobertas e descobertas. Este tipo de edificação tende a desaparecer restando poucos exemplares dos quais salientamos a Fábrica do Inglês, edifício recuperado e reutilizado com funções diversas não industriais. A construção é de alvenaria tijolo rebocada e cobertura de duas águas de telha, com estrutura metálica, tanto em paramentos como no telhado. Sede municipal. Silves foi o último bastião da civilização árabe no Extremo Ocidente ( Garb ) do Andaluz. A evolução urbana está perfeitamente definida, com características urbanas e construtivas bem demarcadas, correspondentes a fases de desenvolvimento importantes da história da cidade: a cidade medieval e a cidade industrial. Forte imaginário islâmico em consequência da grande actividade arqueológica. Conjugação de grande diversidade de tipos arquitectónicos, incluindo a casa térrea, o sobrado, o bairro operário e a arquitectura industrial.
Número IPA Antigo: PT050813070040
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Cidade  Cidade medieval  Cidade fortificada  Régia (D. Afonso III)

Descrição

Estrutura urbana formada por dois tecidos morfológicos de diferente natureza, a Medina ( v. PT050813070018 ) e o Arrabalde / Cerca, correspondente a diversas fases de crescimento. Na zona mais alta da cidade, intra-muros, encontra-se o núcleo mais antigo, com ocupação desde o Séc. 05 / 04 a. c.. Da ocupação romana terá herdado a presença de dois eixos principais sensivelmente perpendiculares, que se cruzam na proximidade da Sé ( v. PT050813070003 ) e da entrada da antiga Alcáçova ( v. PT050813070002 ), centro do poder. A formação urbana tem um carácter marcadamente medieval, estruturado em função da Alcáçova / Castelo. O traçado do núcleo fortificado é irregular e desenvolve-se pelas encostas N., O. e S., onde o casario está implantado em ruas íngremes. A malha urbana consolida-se numa rede viária desenvolvida em função da estrutura defensiva. Os eixos fundamentais são os que ligam o Castelo às portas da muralha da Medina, orientadas em linhas estratégicas de relação com o exterior. O principal acesso ao interior da área amuralhada, é a Porta da Vila, alinhada com a mais importante artéria de Silves, a R. Direita, (actual R. da Sé), dando também acesso à R. da Porta da Vila (rua que ligava esta porta à Porta da Azóia ), e à rua que ia dar à Judiaria, actual R. da Porta de Loulé (rua que ligava a Porta da Vila à Porta do Sol ). A Porta da Vila é a única que se conserva das três que davam acesso à Medina. Esta era a mais importante, uma vez que ligava a cidade ao litoral S., pelo seu alinhamento com o caminho para a Ponte sobre o Rio Arade e ao porto fluvial, por onde passavam as rotas comerciais. É na R. Direita que se encontram as edificações de maior prestígio. Documento existente descreve exaustivamente esta rua, onde se concentrava a propriedade régia, o comércio de judeus, os serviços administraivos e instituições religiosas. No Sséc. 15 a rua prolongava-se para N. até encontrar a também desaparecida Travessa que vai sair à R. da Porta da Azóia, que se desenvolvia no alinhamento desta. A R. da Porta da Azóia é o segundo eixo importante de acesso ao núcleo amuralhado, que o liga a O., que era na época medieval uma importante zona agrária e florestal. As ruas e travessas secundárias são íngremes e irregulares, com a presença frequente de escadas e socalcos, que reflectem a topografia acidentada da cidade. O Largo da Sé é a matriz espacial de toda a malha urbana. De forma quadrangular, tem a E. as muralhas e porta de entrada da Alcáçova / Castelo, a S. a Sé e a O. a R. Direita, concentrando os símbolos do poder militar e religioso. Na proximidade deste núcleo encontra-se a igreja da Misericórdia ( v. PT050813070006 ), vestígios do antigo Hospital e o edifício do Antigo Colégio ( v. PT050813070034 ). É o espaço de maior amplitude no interior da muralha, está ajardinado e funciona como zona de passagem, tendo perdido a sua função de espaço vital. Contíguo ao Lg. da Sé, para S., encontra-se o Lg. D. Jerónimo Osório, resultante do desaparecimento de um quarteirão que prolongava a R. Direita até ao Lg. da Sé. O Lg. José Correia Lobo, a NO. do Lg. da Sé, é uma plataforma de inflexão da topografia, de forma quadrangular, estabelece a ligação entre a R. da Azóia e o Lg. da Sé. O Lg. do Hospital, poligonal, é uma área de encontro e lazer, privilegiada pela localização sobranceira, com miradouro. A área envolvente ao edifício da Câmara Municipal desenvolve-se em dois níveis. Este é um ponto de transição entre a área intra-muros e o arrabalde. O edifício foi construído sobre os antigos banhos muçulmanos, que após a conquista cristã foram utilizados como cadeia, e sobre a linha da antiga muralha que foi demolida no séc. 19. Encontra-se num patamar superior em relação à Praça do Pelourinho, ( actual Lg. do Município), que tem configuração quadrangular e representa o centro da vida social e administrativa da cidade. É neste espaço que se encontram os vestígios do Pelourinho ( v. 0813070004 ). Deverá ter sido esta a localização original, tanto pela proximidade dos Paços de Concelho e da antiga cadeia como pelo topónimo da R. do Pelourinho, (actual R. 5 de Outubro ). Apresenta a N. o edifício da Câmara Municipal. A O. resistem alguns vestígios de uma torre albarrã e da muralha, que foram destruídas aquando da construção do edifício da Câmara Municipal. A E. encontra-se a Porta da Vila e a torre albarrã que a protegia, que albergou num piso superior a antiga Casa da Câmara, onde hoje funciona a Biblioteca Municipal. Na sequência desta desenvolve-se um troço de muralha e uma segunda torre albarrã, próxima do poço-cisterna muçulmano ( v. PT050813070012 ), integrado no actual Museu de Arqueologia. A S. confina com a R. 25 de Abril, via principal de entrada no centro da cidade. O traçado urbano caracteriza-se por quarteirões irregulares, com presença corrente de logradouros. O tecido parcelar apresenta grande heterogeneidade. Na R. Direita caracterizam-se por frentes largas e grandes logradouros, sendo as restantes ruas predominantemente de frentes estreitas e lotes de dimensões inferiores. Apenas na R. das Portas da Azóia e na área a O. da R. da Arrocheta e da R. do Pelourinho se encontra maior homogeneidade, com lotes quadrangulares e ritmados. A silhueta urbana é marcadamente desnivelada e de volumetria muito irregular, com constante presença de vazios e interrupções na leitura do perfil. Do conjunto destacam-se claramente o Castelo e a Sé e, a um nível inferior, sobressai o edifício da Câmara Municipal. A maior mancha verde é o jardim implantado no interior da Alcáçova / Castelo, sendo no entanto permanente a presença de arborização isolada entre o casario. O espaço construído é predominantemente constituído por casas térreas e por edifícios de dois pisos, que na maioria têm o 2º piso recuado e aproveitando as diferenças de cotas, permanecendo a cércea mais baixa para a frente de rua. Na R. Direita, na R. da Porta de Loulé e na área do Lg. da Azóia, (actual Lg. José Correia Lobo), concentram-se os imóveis de maior volumetria caracterizados por dois pisos e frente de rua larga, associada a habitação da classe abastada. Actualmente a fronteira entre os dois núcleos urbanos, intra-muros e arrabalde, é estabelecida por uma das principais artérias de circulação na cidade, o eixo da R. Cândido dos Reis / R. 25 de Abril / R. Miguel Bombarda. Ao longo deste eixo verifica-se a presença de um conjunto de edifícios importantes, de habitação média / alta e de equipamento, predominantemente dos Séc.19 e 20. São de salientar o edifício da Casa da Família Vasconcelos ( v. 0813070033 ) e o Teatro Mascarenhas Gregório ( v. 0813070019 ). O Arrabalde pode decompor-se em três áreas, com tecidos urbanos díspares, que correspondem a épocas e ocupações diferentes. A zona da R. do Pelourinho ( actual R. 5 de Outubro), terá sido a matriz de expansão do núcleo medieval fora do núcleo amuralhado, estabelecendo a ligação entre o centro da cidade através da Porta da Vila e a zona ribeirinha, no alinhamento do antigo porto fluvial e da R. Direita. O traçado é irregular e as ruas íngremes vencem o desnível imposto pela topografia acidentada da zona alta para a zona baixa na margem do rio. Este núcleo de raiz medieval, entre as ruas Coronel Vilarinho e do Moinho da Porta, está integrado num conjunto alargado a toda a frente ribeirinha a E. e ao contorno do cerro a O., onde que se ergue o castelo. A frente ribeirinha a E. apresenta uma formação urbana estruturada a partir de dois eixos paralelos ao rio, o da R. Cândido dos Reis e o da R. da Cruz de Portugal. De traçado regular, apresenta uma malha urbana predominantemente reticulada. A O. encontra-se um traçado urbano linear, com malha geométrica. Os quarteirões são triangulares, estruturados pelas ruas D. Afonso III, no alinhamento da rua da Porta da Azóia e Miguel Bombarda, que desembocam ambas no Lg. Mártires da Pátria. As vias estruturantes são também os principais circuitos de circulação na zona baixa da cidade, complementados pelas ruas 5 de Outubro, Francisco Parolos e Gregório Mascarenhas. Esta área é o centro vital de comércio da cidade, estando a R. Elias Garcia para circulação pedonal. O eixo marginal ao rio remata a malha urbana, e funciona como a principal via de circulação de e para o exterior. O Lg. Coronel Figueiredo, rectangular, terá sido uma zona de entrada na cidade e de movimento mercantil vindo de S., pela Ponte de Silves ( v. 0813070017 ) ou por barco para o porto fluvial. A N. encontra-se o Edifício das Casas Grandes ( v. 0813070023 ) e a S. a Ponte ( v. 0813070017 ), hoje reservada a trânsito pedonal e a estrada marginal ( EN124 ). A E. é de referir um edifício com terraço e mirante, bom exemplo de uma formação urbana do séc. 19. Este espaço é utilizado como área de estacionamento automóvel e tem alguns estabelecimentos comerciais, encontrando-se a um nível inferior ao da marginal. O Lg. Conselheiro Magalhães enquadra-se na malha reticulada, apresenta forma rectangular e funciona como espaço de lazer. A O. encontra-se a Casa Figueira Santos ( v. 0813070032 ), a E. desenvolve-se um conjunto de casas térreas de grande unidade formal e a S. a R. da Cruz de Portugal e a área de jardim que ocupa parte da frente ribeirinha. A Cruz de Portugal ( v. 0813070001 ), mudou diversas vezes de localização ao longo dos anos, encontrando-se de momento numa rotunda à entrada da cidade, de onde parte a rua a que deu o nome. O Lg. António Enes resulta de um alargamento provocado pela confluência de duas ruas importantes de acesso ao centro. O Lg. dos Mártires da Pátria de forma triangular, é onde desembocam duas importantes vias, a R. Miguel Bombarda e a R. D. Afonso III. A Ermida de Nossa Senhora dos Mártires ( v. 0813070007 ) ergue-se a E. e a O. abre-se a Pr. da República, de forma rectangular, com jardim. O tecido parcelar apresenta diversas tipologias por zonas bem definidas. Na zona central encontra-se um tecido parcelar constituído por quarteirões irregulares com lotes de frente larga e dimensões muito variadas. Predominam edifícios de grande volumetria, e os logradouros são praticamente inexistentes. A E. encontram-se quarteirões regulares, organizados numa estrutura ortogonal. São compostos por lotes de frente larga, quadrangulares e com presença constante de logradouros. Apresentam uma volumetria homogénea e um ritmo de composição bem perceptível, com interrupções provocadas por intervenções posteriores à formação do quarteirão. Excepção é o quarteirão integralmente ocupado pela Fábrica do Inglês ( v. PT050813070031 ), antiga fábrica de cortiça. Para vencer o grande desnível que as ruas Gregório Mascarenhas e Diogo Manuel encontram a N., são terminam em escada com acesso à R. do Mirante. A O. predominam as parcelas rectangulares de frente estreita. Os logradouros estão sempre presentes, sendo de grandes dimensões nos dois quarteirões centrais. Apresenta uma visão serial, característica dos bairros operários. Predomina a casa térrea de alojamento operário, unifamiliar. No núcleo central as construções são predominantemente do Séc.19 e associadas ao surto de desenvolvimento industrial / comercial e a uma classe abastada. Uma grande parte constituem sobrados de 2 e 3 pisos, com estabelecimento comercial no piso térreo e habitação no piso superior, rematados por platibandas cegas ou com balaustrada e por beirados de telhados que têm de modo geral três ou quatro águas. Os vãos são ritmados e a eixo entre pisos, com verga curva ou recta com cantarias muito trabalhadas. São muito frequentes as portas de sacada e as varandas de ferro fundido. Surgem pontualmente terraços ou mirantes. Notáveis são o Palacete dos Visconde de Lagoa ( v. PT050813070016 ), na R. Samora Barros, uma na R. 5 Outubro e uma outra na R. José Estevão. São interessantes as soluções de fenestração em gaveto, os trabalhos de pinturas decorativas e azulejaria nas fachadas. É de referir o edifício da Antiga Padaria, na R. da Porta do Moinho, construção industrial do Séc.19 / início de 20; ocupa integralmente um pequeno quarteirão e tem uma chaminé de tijolo de dimensões consideráveis. A E. surgem predominantemente as casas térreas de habitação operária, perto de quarteirões inteiramente ocupados por unidades fabris. Os últimos têm vindo a ser progressivamente loteados e ocupados por edifícios de habitação e serviços. A casa térrea operária caracteriza-se por um tipo de edificação simples e de volumetria homogénea, com sequência de vãos bem ritmada. A cobertura é na maioria de duas águas, rematada por platibandas decorada com pinturas de motivos geométricos com cores vivas. Também a O. o tecido edificado terá sido dominado por instalações fabris e complexos habitacionais relacionados sobretudo com a indústria da cortiça. Desse passado recente reconhece-se a tipologia da habitação térrea que se desenvolve em frentes contínuas e de fenestrado bem ritmada.

Acessos

EN124-1, Rua Cândido dos Reis

Protecção

Inclui Castelo de Silves (v. IPA.00001288) / Sé Catedral de Silves (v. IPA.00001293) / Poço-cisterna Árabe de Silves (v. IPA.00001323) / Cruz de Portugal (v. IPA.00002816) / Castelo de Silves (v.IPA.00001288) / Pelourinho de Silves (v. IPA.00002815) / Igreja da Misericórdia de Silves (v. IPA.00002852) / Fábrica da Cortiça de José Estrelo / Fábrica do Inglês (v. IPA.00005630)

Enquadramento

Urbano. A 15 km da costa, ergue-se num pequeno cerro do Barrocal, na sub-região denominada Barlavento Algarvio. O cerro encontra-se protegido a N. pela serra, orientada na direcção E. / O., entre os contrafortes do Caldeirão e de Monchique, integrando a Serra Algarvia, relevo considerado como fronteira natural entre o Algarve e o Alentejo. Silves e as suas várzeas dominam um anfiteatro natural na margem direita do rio Arade, que se estende a S. em direcção ao litoral. A cidade implantou-se numa zona rica em recursos naturais, com um terreno composto por rochas calcárias, do Jurássico e Cretácico, com posterior sedimentação de elementos continentais e marinhos. A dissolução dos calcários deu origem à característica terra rossa. O revestimento vegetal e capacidade de uso agrícola têm sido progressivamente degradados pela ocupação humana, cujo impacto se fez sentir sobretudo nos anos 30 e 40 do Séc. 20 com as campanhas do trigo e posteriormente com o plantio de eucaliptos. A navegabilidade do rio Arade até Silves, desde a Antiguidade até ao séc.16, constituía um dos principais meios de acesso à cidade e importante eixo de comunicação do litoral com o interior da região, a par da posição estratégica de cruzamento entre duas das principais vias terrestres do Algarve (por São Bartolomeu de Messines e por Monchique). Desde o séc.17 que o processo de açoreamento do rio condiciona o crescimento da cidade.

Descrição Complementar

Não aplicável

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Não aplicável

Afectação

Não aplicável

Época Construção

Idade do Bronze / Séc. 02 a.C. / 03 a.C. / 02 / 16 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Idade do Bronze, médio-final - sedentarização e desenvolvimento de comunidades autóctones da região, com base na exploração da riqueza natural local; Séc. 08 a.c. - fortificação do Cerro da Rocha Branca *1; Séc. 05 / 04 a.c. - chegam à região colonos de origem continental de influência céltica, com contributos culturais que provocam profundas alterações sócio-económicas, culturais e políticas; 201 a.c. - Shilb (Silves) ocupada por exércitos romanos, com novas alterações sócio-económicas, políticas e culturais, tornando-se um próspero centro comercial; séc. 02 - disporia de importante templo, talvez situado na zona mais alta da cidade. Devem datar deste período os indícios estruturação rede viária que, ainda hoje, caracteriza o centro histórico; séc. 06 / 07 - datação 1ª linha muralhas, em grande parte na base das edificações posteriores, do período tardo-romano e bizantino-visigótico*2; 713 - conquista de Shilb, que passa a integrar o Califado Omíada de Damasco, pelo exército de Abd al-Aziz, proveniente do Yémen; fortaleza romana existente reforçada com novo pano de muralha, que acolhe cidade que assiste a franco crescimento; 756 - Silves passa a fazer parte Emirado Omíada de Córdova; 846 - encontro em Silves uma embaixada Emirado de Córdova em que participa Abd al-Raham, com o soberano Viking, para negociação da paz após a primeira ofensiva; encontro promovido num navio evidenciando a estratégica implantação geopolítica; 859 - 2ª ofensiva Viking ao Emirado; 891 - datação da 2ª linha de muralhas; Séc.10 - descrição de Shilb por autores, poetas e geógrafos da Idade Média, como a cidade muçulmana mais importante do Andaluz, capital do Garb al - Andaluz, nome dado ao SO. peninsular, actual Algarve *3; 929 - Silves foi incluída no Califado Omíada de Córdova e foram demolidas as muralhas da Medina por ordem de Abd-al-RahmanIII, para evitar insurreições locais, passando a existir apenas a muralha da Alcáçova; 966 - ataque a Silves pelos exércitos normandos, em que parte da sua armada foi destruída quando subia o rio Arade, na aproximação à cidade, numa batalha fluvial que termina a favor dos muçulmanos, sob o poder de al-Hakam II al-Mustansir. As diversas tentativas de controlo de Silves nos sécs. 10 e 11 corroboram a importância que a cidade teria atingido nessa época e induziram ao grande desenvolvimento do estaleiro naval; 1048 - conquista do principado de Silves governado pelos Beni-Mozian, e fundação do primeiro reino de Taifa de Silves, independente do poder do califado, liderado por Ibn Mosain. Esta época foi marcada por uma certa instabilidade política e de luta entre duas famílias poderosas. Silves foi escolhida pelo rei Mosain, de entre todas as cidades dependentes do reino, para ser governada pelo seu filho e príncepe herdeiro, Al-Motamid, que aí permaneceu vários anos; 1052 - nascimento de Abu Muhammad Abd Allah ibn Muhammad ibn al-sid al-Batalyansi, natural de Silves, filósofo e teólogo; 1063 - fim do reino de Silves, regida por três monarcas sucessivos da estipe Mosaine; 1091 - conquista dos Almorávidas. Foi sob sua administração que a cidade encontrou grande desenvolvimento e viu reforçadas as estruturas de defesa e infra-estruturas urbanas, como os banhos públicos e o poço-cisterna; Séc.12 - Silves encontrava-se estruturada, em quatro zonas funcionais bem defenidas - a Alcáçova, a Medina, o Arrabaldes e o Porto com os estaleiros. A Medina desenvolvia-se na encosta S. e O. do cerro e era onde residiam os árabes, berberes e a população autóctone, em bairros e quarteirões distintos. No topo, a Alcáçova dominava toda a cidade e por razões de segurança não está cercada pela Medina, para que não dependa desta. O núcleo urbano da Medina organizava-se em dois terraços separados por um muro de socalco construído no séc. 9. Em lugar de destaque encontrava-se a mesquita e junto desta a Madraza. O Zuq era a zona comercial no interior da Medina, localizar-se-ia no cimo da Rua Direita, no encontro com a R. do Saco, que prolonga a R. da Porta da Azóia. O Arrabalde e o Porto desenvolviam-se a O. e a E.. A cidade islâmica apresentava extensão semelhante à actual, ocupando na totalidade c. de 25 ha; 1147 - instituição do segundo reino de Taifa por Ibn Qasi, que passava ser senhor dos domínios de Silves; 1156 - a cidade foi conquistada pela tribo Almoada, inimiga do poder Almorávida; 1160 - conquista efémera da cidade por Fernando Magno, voltando a cair na posse dos mouros pouco depois; 1173 - início da administração Almoada. Primeira fase de construção da muralha da Medina, no período Almoada; 1189 - conquista de Silves pelos cruzados cristãos, sob ordens de D. Sancho I. A campanha incluiu o exército português e cruzados do Norte da Europa - alemães, ingleses e flamengos. Segundo a Crónica Anónima de um Cruzado, que participou na tomada de Silves, o rio Arade era então navegável até à cidade, sendo relatado que acostaram mesmo aos pés da muralha, após um cerco de várias semanas. Foi descrita uma cidade com cerca de 15.800 habitantes. Foi o primeiro grande golpe no desenvolvimento da cidade de Silves e na continuidade da cultura árabe. Os c. de 50 anos em que os muçulmanos voltaram a estar no poder não foram suficientes para repor o que havia sido destruído. Tomada de posse do primeiro bispo de Silves, D. Nicolau; 1191 - reconquista do território de Silves pelo exército Almoada de Al -Mansur. Segunda fase de construção das muralhas da Medina; 1198 - a cidade volta a cair nas mãos dos cruzados, para voltar a ser reconquistada pelos muçulmanos pouco tempo depois; 1212 - constituição da terceira Taifa de Silves; 1227 - data inscrita na lápide comemorativa da construção da porta do Sol, sob égide do governador da cidade Ibn Mafut; 1248 - 1249 - a cidade foi conquistada definitivamente por portugueses cristãos, pelas tropas de Paio Peres Correia. A segunda conquista cristã foi conseguida com a rendição da cidade, pelo que grande parte da população muçulmana pode permanecer intra-muros e manter os seus bens, passando a habitar o bairro da Mouraria incluído na cerca do arrabalde; 1266 - foral concebido por D. Afonso III; os banhos de Silves, referidos no foral afonsino como pertença do rei, eram um importante equipamento social muçulmano que foi abandonado pelos cristãos; 1269 - foral dos Mouros Forros de Silves, Loulé e Santa Maria de Faro. 1270 - No dia 5 de Abril, D. Afonso III foi proclamado legítimo Senhor do Algarve, pelo Bispo de Silves, D. Frei Bartolomeu, com direito sobre todas as igrejas e padroados, renunciando este às doações feitas ao bispado pelo rei de Castela. Datação provável do início da construção da Sé; 1279 - A Sé recebeu um legado de mil liras, inscrito no testamento de D Afonso III; 1305 - concessão de privilégios aos moradores de Silves, por D. Dinis; 1340 - D. Dinis arrenda as "baleações" algarvias a Afonso Domingues. Também o cabido e o bispo de Silves detinham parte no negócio da captura da baleia; 1352 / 1353 - notícia de um terramoto de grandes proporções que arruinou grande parte da cidade; 1361 - grande sismo, com consequências graves para a cidade. A documentação indicia grande fluxo migratório de abandono da cidade após esta data, sobretudo da população mourisca; 1366 - o "Concelho dos Homens Bons" de Lagos passou a ter autonomia jurídica, dos alvazis de Silves; 1372 - apelo dos habitantes de Silves, nas cortes de Leiria, ao Rei D. Fernando I, no sentido de aliviar a carga tributária da cidade e de dispensar os homens de Silves do serviço em mar e em terra, excepto na cidade, para combater o despovoamento que começava a sentir-se, com a debilidade defensiva que tal situação acarretava. O pedido encontra aceitação régia, fazendo jus à tradicional "simpatia" régia por Silves; 1374 - foi retirado ao termo de Silves o Termo de Lagos; 1380 - nova concessão de privilégios reais aos cidadãos de Silves, por D. Fernando; 1385 / 1433 - foi provavelmente durante o reinado de D. João I que a torre albarrã da Porta da Vila sofreu alterações. A torre teria já um piso para armazenamento de munições, tendo sido adaptada para funcionamento dos serviços administrativos do município; Séc. 15 - Silves capital do reino do Algarve; começaram os problemas de assoreamento do rio Arade, com o consequente retrocesso económico e social *4;1425 - João Gonçalves Zarco parte para a Ilha da Madeira levando a sua família e gentes de Silves, entre os quais a família Moniz, que viria a ter sesmaria no Caniço, possivelmente dando nome a Porto Moniz; 1427 - descoberta dos Açores pelo piloto Diogo de Silves, nascido na cidade de Silves, ao serviço do Infante D. Henrique; 1440 - foi feito um apelo ao rei para que se providenciassem meios para a reconstrução da ponte do rio Arade, que se encontrava desmoronada; 1443 - concessão de diploma régio ao Bispo de Silves, D. Rodrigo, onde foram doados ao bispo os resíduos do reino do Algarve, durante 10 anos, para serem aplicados nas obras de reconstrução da Sé que se encontrava desmoronada; 1446 - foi enviada à Guiné uma caravela, pelo Bispo de Silves, D. Rodrigo. Nomeação de Gastão da Ilha, filho de Beltrão da Ilha, que serviu o rei em Ceuta e foi procurador da cidade de Silves às cortes de Lisboa, como Almoxarife do Rei em Silves; 1447 - referência no "Livro do Almoxarifado" a 23 judeus, na maioria ligados à actividade comercial e aos ofícios artesanais, e a 54 mouros, essencialmente proprietários de terras dedicados à actividade agrícola; 1450 - Gomes Eanes de Zurara termina em Silves a redacção da "Crónica da Tomada de Ceuta"; 1455 - D. Afonso V encontra-se em Silves, cujo termo foi novamente reduzido, tornando-se autónomo o concelho de Alvor; 1457 - o rei concedeu a Alcaidaria de Silves a seu tio o Infante D. Henrique, com todas as sua rendas e direitos, salvo os reservados ao rei; 1458 - a Sé encontrava-se, ainda em ruína, com desabamento parcial, requerendo novamente auxílio régio; 1463 - criação do concelho de Portimão, que integrava até à data o termo de Silves; 1473 - nos Capítulos da Corte de Évora relatava-se que a cidade de Silves vivia momentos de alguma prosperidade, com a Sé e a ponte reedificadas, as casas reerguidas e o nível de vida melhorado; 1474 - elaboração o "Livro do Almoxarifado" de Silves, por Gonçalo Pires, escudeiro e escrivão das sisas reais; 1491 - D. João II concedeu a Silves licença para fazer feira de quarenta e nove dias, isentando de dízima todos os produtos comercializados nesse período *5; 1495 - D. João II morre em Alvor tendo sido sepultado na Sé de Silves; 1497 - a Judiaria foi entregue a Fernão de Morais; 1499 - o corpo de D. João II foi transladado para o Mosteiro da Batalha por D. Manuel I. Por ocasião desta viagem a Silves, o rei mandou que se reedificasse a Sé, para que ficasse um edifício "sumptuoso"; Séc. 16 - o concelho de Silves abrangia todo o Barlavento, de Albufeira a Sagres. De Silves e de todo o Algarve saíam muitos colonos para a Madeira e Açores, que contribuindo para a retracção do desenvolvimento; 1504 - concessão de novo foral a Silves por D. Manuel I; 1520 - a renda do Almoxarifado de Lagos era superior à de Silves, indiciando a recessão da grande cidade do interior, em detrimento dos centros pesqueiros marítimos e das vilas costeiras; 1521 - ordenações Manuelinas, que colocaram fim à existência legal da minoria mourisca, autorizando a demolição dos edifícios públicos e de representação cultural das mourarias, para posterior utilização das cantarias; 1527 - a população da cidade era de 271 habitantes, segundo Romero de Magalhães, sendo evidente o decréscimo demográfico e económico da época; 1554 / 1558 - período em que D. Jerónimo Osório, último bispo de Silves, presidiu a esta diocese; 1574 - D. Sebastião assistiu a uma tourada no actual Lg. do Município, a partir de uma das janelas de sacada voltadas a O., da torre albarrã da Porta da Vila; 1577 - transferência da sede episcopal para Faro, por ordem de D. Sebastião; séc. 17 - Silves contava com cerca de 40 fogos intra-muros; 1755 - terramoto de grandes proporções que provocou estragos significativos na Sé e em toda a cidade, havendo relatos de só terem ficado de pé 10 casas; 1780 / 1783 - nos Mapas de Registo dos Géneros que entraram e saíram do Reino dos Algarves, entre estes dois anos, Silves não aparece referida como entreposto comercial, aparecendo Vila Nova de Portimão a par de Tavira, Faro, Vila Real, Lagos e Alcotim; Séc. 19 - processadas as principais obras que levaram à destruição de significativa parte da muralha da Medina, quando foram abertas e alargadas várias ruas de acesso ao centro da vila, como a R. do Castelo, que destruiu os restos da Porta do Sol e a passagem da R. Bernardo Marques, onde terá existido uma porta da muralha. A porta referida encontra-se representada na vista de Silves, publicada por J. B. da Silva Lopes em 1842 / 1844 - outro dano irreparável foi o da demolição de c. de 40m de muralha e da quase totalidade de uma torre a ela adossada, para construção do actual edifício da Câmara. Parte dos banhos públicos que se encontravam adossados ao interior da muralha foram também demolidos. Ainda nos finais do Séc. 19 foi parcialmente demolida a torre albarrã, a E. da porta da Medina ou da vila, hoje junto do Museu de Arqueologia; 1820 - grande impulso de desenvolvimento do comércio da cortiça; 1830 - utilização de dois dos torreões do Castelo como depósito legal de pólvora do Algarve; 1835 - reparação das muralhas, após as lutas liberais, à custa da população; 1844 - tradução do latim da "Crónica de um Cruzado Anónimo" ou "Relação da Derrota Naval, Façanhas e sucessos dos Cruzados que partiram do Escalda para a Terra Santa no ano de 1189, escrita em latim por hum dos mesmos Cruzados", por João Baptista da Silva Lopes; 1848 - data até à qual funcionou a cadeia no edifício dos antigos banhos. O espaço foi posteriormente transformado em lojas, mantendo a compartimentação original, com tectos abobadados. A Porta da Azóia ainda existia e estava entaipada ( Lopes, João Baptista da Silva); 1850 - Silves encontra-se no auge de crescimento populacional, a par da prosperidade da indústria corticeira; 1853 - construção do Arco da Rebola, para ligação de duas casas de habitação, que foi durante muito tempo considerado parte da 3ª linha de muralhas; 1871 - campanha arqueológica para exploração da "Cisterna dos cães", que estava entulhada *6; 1874 - alargamento da R. do Castelo e destruição da Porta do Sol; 1877 - início do projecto pioneiro de levantamento arqueológico do Algarve, por Estácio da Veiga; 1878 - realização do levantamento arqueológico do Castelo de Silves pelo arqueólogo Estácio da Veiga; 1880 - fundação do Museu Archeológico do Algarve, cujo programa incluía pela primeira vez em Portugal um núcleo dedicado exclusivamente ao património islâmico, designado por " Epocha Arabe"; 1890 - o "Inqérito Industrial" referia a existência de 11 estabelecimentos industriais de transformação de cortiça, dos quais cinco oficinas com menos de duas dezenas de trabalhadores e seis unidades fabris com mais de uma centena de operários; 1905 - utilização de dois dos torreões do castelo como prisão dos condenados pelo tribunal judicial. As torres apresentavam-se em bom estado de conservação; 1909 - inauguração do Teatro Mascarenhas Gregório com desenho do arquitecto Júdice Costa; 1920 - construção do estádio de Silves Futebol Club e a Escola Elementar de Comércio Indústria; 1921 - a Associação de Classe da Indústria Corticeira Silvense tinha inscritos mil operários; 1948 - inauguração o edifício dos Correios; 1950 - tem uma população de 37.512 habitantes; 1958 - construção da Barragem do Arade, com incremento da actividade agrária; 1961 - inauguração do Cinema; 1962 - inauguração da Ponte Nova; 1969 - inauguração do Mercado Municipal; 1970 -conta com uma população de 23.755 habitantes; 1980 / 1990 - várias campanhas arqueológias que incluíram escavações na alcáçova e na Medina. (CMS); 1986 - escavações no pátio de uma casa na R. da Porta de Loulé, que no séc. 15 pertenceu a Afonso Vicente Leboreiro; 1995, 14 Julho - Aprovação pela Assembleia Municipal do PDM de Silves; 1995, 4 Dezembro - Publicada no DR, I Série-B, nº 279 a Ratificação do PDM de Silves por Resolução do Conselho de Ministros nº 161/95; 1997 - inauguração do Centro de Estudos Luso-Árabes - CELAS.

Dados Técnicos

Estrutura mista. Predominam as paredes em alvenaria de arenito, em taipa e em adobe, com enrocamentos e alicerces de arenito, reboco de argamassa de cal e areia;

Materiais

Não aplicável

Bibliografia

LOPES, João Baptista da Silva, Corografia do reino do Algarve, Lisboa, 1841; Notícia Summária Sobre o Castelo de Silves, 1905; JÚDICE, Pedro P. M., Atravéz de Silves: Sé, Castello, Cruz de Portugal e Pelourinho, Silves, 1911; IDEM, A Sé e o Castelo de Silves, 1934; ESTÁCIO, Silves, 1944; O Castelo de Silves, Boletim nº 51 da Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais, Lisboa, 1948; DOMINGUES, José D. Garcia, Novos Aspectos da Silves Arábica: Documentos e Comentários, s. l., 1956; IZAAG, H. J., Silves, 1961; DGSU e DSPU, Defesa da Paisagem Urbana do Algarve - Prospecção e Recuperação de Elementos Urbanísticos e Notáveis em Áreas Urbanas e Marginais na Região do Algarve - Silves, Lisboa, 1967; MORENO, Humberto Baquero, LEAL, Maria José da Silva e DOMINGUES, José D. Garcia, Livro do Almoxarifado de Silves - Séc. XV, Silves, 1983; DOMINGOS, José D. Garcia, Ibn Anmâr de Silves: Biografia e Antologia, s. l., 1983; GOMES, Mário Varela, O Menir dos Gregórios, s. l., 1984; MARQUES, José, Afonso X e a Diocese de Silves, s. l., 1985; DOMINGUES, José D. Garcia, Presença Árabe no Algarve, s. l., 1986; ALEGRIA, José Alberto, Arquitectura Tradicional: Marrocos e Algarve, Formas e Ambiente, s. l., 1987; CASTRO, Elda de e RODRIGUES, José Delgado, A Alteração e Conservação da Cruz de Portugal em Silves, s. l., 1989; O Mirante: Boletim da Associação de Estudos e Defesa do Património Histórico-Cultural, Silves, 1989; PINHEIRO, Nuno Santos, A Arquitectura Regional e as Técnicas Tradicionais de Construção em Terras a Sul do Tejo, s. l., 1991; BOTÃO, Maria de Fátima, Silves - Capital do Reino Medievo, s.l., 1992; BRAIZINHA, Joaquim José, Construir em Terra no Mediterrâneo, Encontro de Arquitectura, Silves, 1993; II Jornadas de Silves: Actas, Associação de Defesa do Património Histórico-Cultural do Concelho de Silves, Silves, 1993; ANDRADE, Maria Filomena, SILVA, Manuela Santos, Forais de Silves, Silves, 1993; Comunicações da 7ª Conferência Internacional sobre o Estudo e Conservação da Arquitectura de Terra - Terra 93, Lisboa, 1993; Sé Catedral de Silves - Boletim da DGEMN, Lisboa, 1995; III Jornadas de Silves: Actas, Associação de Defesa do Património Histórico-Cultural do Concelho de Silves, Silves, 1995; ÍRIA, Alberto, A Liderança de Silves na Região do Algarve nos Séc.XIV e XV, s. l., 1995; XELB 3 - Silves nos Descobrimentos, Revista de Arqueologia, Arte, Etnologia e História, Museu Municipal de Arqueologia, Silves, 1996; GOMES, Mário Varela, Silves nos Descobrimentos, s. l., 1996; IV Jornadas de Silves: Actas, Associação de Defesa do Património Histórico-Cultural do Concelho de Silves, Silves, 1997; GOES, Maria das Dores Jorge de, SILVES - Naquele Tempo e Agora: 1956-1997, Silves, 1998; GOMES, Rosa Varela, Silves ( XELB ), Uma Cidade do Gharb Al - Andaluz - Arqueologia e História ( séc.VIII-XIII ), Dissertação de Doutoramento, Universidade do Algarve, Faro, 1999; LOPES, João B. da Silva e MATOS, Manuel de, A Cidade de Silves num Itinerário Naval do Séc.XII por um Cruzado Anónimo, s. l., 1999; ALEGRIA, José, Da Paixão...da Terra...da Arquitectura, s.l., 2000; Palácio Almoada da Alcáçova de Silves, Silves, 2001; GOMES, Rosa Varela e GOMES, Mário Varela, Palácio Almoada da Alcáçova de Silves, Silves, 2001; FERNANDES, José Manuel, Silves na Transição dos séculos XIX- XX. Aspectos urbano-arquitectónicos, Revista Monumentos, nº 23, Lisboa, 2005, pp. 38 - 45; GOMES, Rosa Varela, Da Silves islâmica à Silves da Expansão: a evidência arqueológica, Revista Monumentos, nº 23, Lisboa, 2005, pp. 22 - 29; RAMOS, Manuel F. Castelo, Silves no século XIX - a indústria corticeira e a cidade, Revista Monumentos, nº 23, Lisboa, 2005, pp. 30 - 37; TEIXEIRA, Manuel C., Silves: cidade mediterrânica - cidade muçulmana, Revista Monumentos, nº 23, Lisboa, 2005, pp. 6 - 17; VALENTE, Teresa, O(s) centro(s) histórico(s) de Silves, Revista Monumentos, nº 23, Lisboa, 2005, pp.46 - 51.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; CMS; DGOTDU: Arquivo Histórico (Ante-Projecto de Urbanização da Cidade de Silves, a.d., 1950; Plano Geral de Urbanização de Silves, MACROPLAN - Gabinete Técnico de Arquitectura e Gestão, Lda, 1982; planta in MARQUES, A. H. de Oliveira, GONÇALVES, Iria, ANDRADE, Amélia Aguiar, Atlas das Cidades Medievais Portuguesas (Séculos XII-XV), Lisboa, Centros de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 1990, vol. I, p. 92

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, IHRU; DGEMN/DREMS; CMS

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, IHRU; DGEMN/DREMS; CMS; DGARQ/TT: Memórias paroquiais, vol. 35, nº 171, p. 1271 a 1282

Intervenção Realizada

CMS / UNL: 1922 - classificação da Sé de Silves como Monumento Nacional, pelo decreto nº8.218, de 29 de Junho; 1931 - Início das obras de restauro da Sé Catedral de Silves pela DGEMN; 1941 - O Castelo e a Sé são restaurados pela DGEMN, no âmbito das comemorações dos centenários; 1980 / 1990 - campanhas de escavações arqueológicas na antiga alcáçova e na antiga medina; CMS: Requalificação dos espaços públicos, com arranjo urbano da frente ribeirinha na zona da rua Cruz de Portugal; CMS / UNL: 2001 / 2002 - campanhas de escavações arqueológicas na zona ribeirinha, em terrenos destinados à nova Biblioteca Municipal.

Observações

*1 - a fortificação era uma feitoria fenício-púnica documentada na estação arqueológica com o mesmo nome, situada junto à actual cidade; a fixação de outras civilizações, nomeadamente do Próximo Oriente, fez-se com a intensificação do comércio com esta zona, que rapidamente se tornou um centro de actividade económica, polarizador de populações, que deu origem ao aglomerado urbano de Cilpes, onde reside a génese da cidade de Silves; *2 - Há provas da continuidade da ocupação humana, entre os últimos tempos paleo-cristãos e os primeiros de administração islâmica na área urbana de Silves, apesar da escassez de informação sobre a transição do período tardo-romano para o muçulmano; *3 - Silves dependia de Sevilha - que possuía o maior arsenal Omíada - para as operações navais, sendo um ponto estratégico importante na defesa do Atlântico. O comércio era uma actividade ancestral nesta região, sob a forma de cabotagem e longo curso; *4 - O facto das embarcações da "Carreira da Flandres" terem dimensões superiores que as embarcações que usualmente navegavam o Arade, levou a que grande parte do comércio mercantil da época tenha passado a fazer-se nos portos marítimos das cidades costeiras como Sagres e Lagos, que estavam melhor preparadas para receber barcos de grande porte. Entretanto, a Vila Nova da Foz do Arade ( Portimão ) encontrava-se em franco desenvolvimento, tendo-se mudado para aí os estaleiros de construção naval e carpinteiros. Assistia-se à migração das populações do interior para as vilas costeiras, dedicando-se a actividades mais directamente ligadas com o mar. A par desta migração havia muitos homens a deixar Silves ( e todo o Algarve ), nas campanhas dos Descobrimentos Além-mar. Também as catástrofes naturais, terramotos e uma enorme cheia que derrubou a ponte, provocaram danos e consumiram meios. As comunidades moura e judaica, esta menos numerosa do que a primeira, constituíam prósperas e importantes fontes de recursos humanos e económicos. Segundo o Livro do Almoxarifado ( Séc.15 ) a Mouraria situava-se na zona inferior da cidade e era cercada. Encontrava-se a O. da R. da Porta da Vila, ( actual R. do Moinho da Porta), correndo paralela a ela a R. da Mesquita e entre elas a Tv. da Mesquita. Havia uma mesquita do bairro da Mouraria, possivelmente na R. da Mesquita, ( actual R. 5 de Outubro); *5 - No entanto, a Casa da Alfândega encontrava-se já fechada e sem qualquer utilização, indiciando que grande parte do movimento mercantil tinha já passado para Vila Nova de Portimão. Pedido ao rei para que ali se mandasse construir a igreja e o Hospital de Santo Cristo. No mesmo ano Silves foi doada à Casa da Rainha D. Leonor; *6 - Os trabalhos dirigidos por Alberto Pereira Taveira de Magalhães chegaram a uma profundidade de 60m , onde se encontrou água. A terra e restantes detritos que se encontravam na cisterna foram deixados no local, pelo que a alteração da topografia deve ter sido significativa.

Autor e Data

Anouk Costa, Marta Clemente, Rita Vale, Silvia Figueiredo 2002

Actualização

Anouk Costa, Cláudia Morgado, Rita Vale 2010
 
 
 
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