Cadeia Comarcã de Fornos de Algodres
| IPA.00016316 |
Portugal, Guarda, Fornos de Algodres, Fornos de Algodres |
|
Arquitectura prisional. Cadeia comarcã | |
Número IPA Antigo: PT020905050119 |
|
Registo visualizado 1487 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Edifício e estrutura Edifício Prisional Cadeia Cadeia comarcã
|
Descrição
|
|
Acessos
|
|
Protecção
|
|
Enquadramento
|
|
Descrição Complementar
|
|
Utilização Inicial
|
Prisional: cadeia comarcã |
Utilização Actual
|
Devoluto |
Propriedade
|
Pública: municipal |
Afectação
|
|
Época Construção
|
Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ARQUITECTO: José Ângelo Cottinelli Telmo (1897-1948) |
Cronologia
|
1859 e 1862 - venda dos bens do concelho, para obras de beneficiação da antiga casa da cadeia; 1933 - início da construção de uma nova cadeia; 1933, 22 Set. - de acordo com o mapa elaborado pela Direcção-Geral dos Serviços Prisionais e enviado à DGEMN, o município de Fornos de Algodres recebeu da primeira, desde o ano de 1931-1932, um total de 50.000$00 em subsídios para a construção da respectiva cadeia civil. Apoiada nestes dados, a DGEMN dirige-se à comissão administrativa da câmara municipal solicitando uma relação dos trabalhos a realizar ainda na cadeia, indicando as importâncias a despender no futuro, de modo a permitir a distribuição da verba destinada à sua conclusão, a apresentar ao Ministério das Obras Públicas e Comunicações (entidade encarregada, desde 1 Jul., de todas as obras nos estabelecimentos prisionais, pelo decreto-lei n.º 22.785 de 29 Jun. 1933) (PT DGEMN.DSARH-004-0001/1); 1934, 22 Out. - Mascarenhas Inglês, nomeado pelo MOPC delegado do DGEMN nas Obras das Cadeias Civis, apresenta o primeiro relatório sobre o estado de tais obras, resultante de visitas efectuadas e tendo como ponto de partida as respostas obtidas das câmaras municipais ao inquérito da DGEMN de 1933. Sobre a situação de Fornos de Algodres, refere-se que a cadeia funciona, em más condições higiénicas, no rés-do-chão do edifício dos Paços do Concelho, no centro da vila. Existe um novo edifício em construção segundo um projecto que, "tratando-se de um julgado municipal", se considera sofrível mas necessitado de revisão "embora sumariamente, dado o adiantamento da obra, pois estão executadas todas as paredes, portas, janelas, gradeamentos e, excepto numa pequena parte, no que se gastaram até agora cerca de 52 contos. A escolha do local não foi muito feliz pois fica em rua central para a qual dão alguns aposentos dos reclusos". A conclusão, orçada em 39.631$00, é considerada necessidade imediata (PT DGEMN.DSARH-004-0016/3); 1936, 28 Mai. - o decreto-lei n.º 26.643 (Organização Prisional) fixa, no interior do sistema prisional português, a definição de Cadeia Comarcã e as bases para a concepção do seu correspondente edificado. Destina-se ao cumprimento da pena de prisão até 3 meses - na qual se actua por intimidação, para prevenção geral e "satisfação do sentimento de justiça", com isolamento celular contínuo (salvo para os presos com boa conduta ao fim de 1 mês, aos quais é permitido o trabalho em comum) - e de prisão preventiva ou "detenção", à ordem da autoridade administrativa ou policial e aguardando julgamento, com isolamento contínuo nos primeiros 30 dias, e sempre com isolamento nocturno. A construção de edifícios próprios para as cadeias comarcãs - justificada por ser inútil e caro o transporte dos presos às cadeias centrais e injusto e inútil o afastamento dos detidos do local de residência e julgamento - deve prever 2 secções absolutamente distintas, para adultos de ambos os sexos, sem qualquer possibilidade de comunicação (mesmo visual). A sua capacidade não deve exceder a média dos presos preventivos e condenados até 3 meses dos 5 anos anteriores, acrescida de 1/3, e deve, "sobretudo nas terras de provável desenvolvimento", suportar ampliação futura. A localização ideal é junto ou no mesmo edifício do tribunal - por de tratar de cadeias preventivas - ou em lugar isolado, "devendo igualmente o exterior ser construído de maneira a não aparentar o aspecto de prisão". A aquisição de terrenos e a construção, reparação, conservação e instalação de cadeias comarcãs ficam a cargo dos respectivos municípios, podendo ser-lhes concedidos subsídios pelo Estado para tal fim, mas nada pode ser feito senão conforme o plano a estabelecer pela Comissão das Construções Prisionais, que funciona junto do MOP (decreto-lei n.º 26.643). Constituem uma cadeia comarcã, além das celas individuais e disciplinares, a secretaria, o parlatório e o gabinete de magistrados, a habitação do carcereiro e, em cada secção de homens e mulheres, as casas de trabalho - que podem ser recurso para alojamento de detidos ou de condenados, em caso de necessidade, ou utilizadas como capela -, as instalações sanitárias e os espaços para recreio e exercícios, cobertos e descobertos. A direcção é exercida pelo Magistrado do Ministério Público, sendo o serviço quotidiano assegurado pelo carcereiro. A alimentação é fornecida por entidades externas, privadas ou públicas, o serviço de saúde fica a cargo do médico municipal e o serviço de assistência é entregue ao pároco da freguesia e a grupos locais de visitadores; 1936, Jul. - data do projecto de remodelação e conclusão do edifício da cadeia de Fornos de Algodres, pelo Arq. Cottinelli Telmo, vogal da CCP (PT DGEMN.DRELisboa desenhos n.º 104740 a n.º 104747). A previsão de camaratas para os reclusos, a ausência de uma separação nítida entre aqueles, os visitantes e o carcereiro, e a falta de um claro isolamento visual das celas em relação às ruas envolventes são consideradas deficiências do projecto que obrigam a uma reformulação profunda (MARTINS, 1995, pp. 249-250); 1936, 10 Dez. - aprovada pelo DGEMN a proposta mais vantajosa apresentada ao concurso para a empreitada de remodelação e conclusão da cadeia comarcã (PT DGEMN.DSARH-004-0143/6); 1937, 25 Fev. - ofício da Delegação nas Obras das Cadeias Civis e das Guardas Republicana e Fiscal da DGEMN dando conta da necessidade de ser reservada verba (156 cts.) para o arranque das obras da cadeia de Fornos de Algodres (PT DGEMN.DSARH-004-0019/2); 1937, 1 Mar. - o DGEMN informa a Delegação de que as obras pendentes nas cadeias comarcãs, entre as quais se conta a de Fornos de Algodres, "só podem ser consideradas depois de se saber qual a importância a despender na Colónia Penal de Cabo Verde no actual ano económico", pelo que se julga conveniente autorizar o empreiteiro escolhido a levantar o depósito feito, sendo-lhe garantida a obra logo que a inscrição no orçamento estivesse resolvida. A câmara municipal é informada, pelo DGEMN, a 3 Abr., da impossibilidade de se iniciar os trabalhos (PT DGEMN.DSARH-004-0143/6); 1969, 4 Jun. - o decreto-lei n.º 49.040, considerando o elevado custo dos novos edifícios de cadeias comarcãs, o número de instalações ainda em falta para completar a rede nacional, a dificuldade da gestão partilhada entre Ministério da Justiça e câmaras municipais, a insuficiência de pessoal de vigilância, a deficiente economia do serviço e a redução na população prisional (com cadeias vazias), define os princípios orientadores da transformação gradual de alguns edifícios de cadeias comarcãs de construção recente em estabelecimentos prisionais regionais, englobando o serviço de várias comarcas e julgados municipais. Cada estabelecimento deste novo tipo é destinado ao cumprimento de prisão preventiva e/ou penas curtas (até 6 meses), por um mínimo de 25 reclusos, permitindo limitar a necessidade de novos edifícios e pessoal de vigilância e potenciando uma observação dos reclusos tendente à melhor individualização da reacção penal. Condenados e simples detidos são instalados em secções distintas, caso o estabelecimento sirva os 2 fins, e bem assim os menores de 21 anos. Nas comarcas desprovidas de estabelecimento prisional, prevê-se a criação ou adaptação de postos de detenção. Para estudar o agrupamento das comarcas e julgados municipais a servir por estabelecimentos prisionais regionais, é criada uma comissão, a nomear pelos ministros da Justiça e das Obras Públicas, aos quais cabe ainda a aprovação do plano de construções das cadeias regionais. A construção e a adaptação de novas cadeias comarcãs no continente (excepto as de Lisboa, Porto e Coimbra) são suspensas durante a elaboração do estudo, sendo a realização dos novos estabelecimentos prisionais regionais confiada à Comissão das Construções Prisionais. A extinção efectiva de cada cadeia comarcã e julgado municipal, dependente das conclusões do estudo, será progressiva, por portarias a publicar especificamente para cada caso; 2003, Abril - está a concurso empreitada para obra de adaptação do edifício a centro cultural, compreendendo museu e anfiteatro. |
Dados Técnicos
|
|
Materiais
|
|
Bibliografia
|
Ministério da Justiça, Decreto-lei n.º 26.643, de 28 de Maio de 1936 in Diário do Governo n.º 124; Ministérios da Justiça e das Obras Públicas, Decreto-Lei n.º 49.040, de 4 de Junho de 1969 in Diário do Governo n.º 132; MARTINS, João Paulo, Cottinelli Telmo. A Obra do Arquitecto (1897-1948). Dissertação de mestrado em História da Arte, Lisboa: FCSH, UNL, 1995. 2 vol.; |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DRELisboa |
Documentação Fotográfica
|
|
Documentação Administrativa
|
|
Intervenção Realizada
|
|
Observações
|
|
Autor e Data
|
Ricardo Agarez 2003 (projecto "Arquitectura Judicial e Prisional Portuguesa") |
Actualização
|
|
|
|
| |
| |