Núcleo urbano da cidade de Santana de Parnaíba
| IPA.00011629 |
Brasil, São Paulo, São Paulo, Santana Parnaíba |
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Núcleo urbano sede administrativa. Cidade situada em planalto. Vila moderna de fundação régia portuguesa. Conjunto urbano de traçado linear. Situado no interior do planalto de São Paulo, corresponde à consolidação de antiga vila seiscentista com origem a partir de uma fazenda, depois transformada em povoado de bandeirantes. Localização em margem ribeirinha, constituindo todavia factor pouco condicionante da morfologia urbana, estabilizada no século 18. Estrutura urbana de formação linear, organizada através de três eixos paralelos (a Rua de Baixo, a Rua de Cima e a Rua do Meio) que estabelecem a ligação entre os dois pólos definidores dos limites da vila, equivalentes aos dois espaços públicos principais, o Largo da Matriz, dominado pela igreja, única representante da arquitectura barroca, e o Largo de S. Bento, onde se localizava um mosteiro beneditino. Conjunto urbano de pequenas dimensões, onde predominam as ruas largas, casas térreas alinhadas ocupando lotes de dimensões irregulares. O espaço edificado é muito heterogéneo, conjugando zonas bem consolidadas e amplas áreas de logradouro. Congrega dois tipos arquitectónicos principais, a casa térrea e o sobrado, identificando-se uma sequência de variantes: a casa térrea de duas águas e beirado, a casa térrea com duas águas e platibanda, a casa com sótão, a casa de porão e platibanda com entrada central e a casa de porão e platibanda com entrada lateral, o sobrado com beirado e o sobrado com platibanda. Se a casa térrea é representativa do século 17, apesar de constituir um tipo base que percorre diacronicamente a evolução da cidade, a casa térrea com sótão surge apenas na transição para o século 18, época que enquadra a difusão do sobrado; a casa com porão surge já no século 19, tal como a arquitectura ecléctica que, por sua vez, transita para a centúria seguinte. No século 20 regista-se ainda a construção de algumas casas modernistas. |
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Número IPA Antigo: BR922505350004 |
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Registo visualizado 4094 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto urbano Aglomerado urbano Cidade Vila moderna Vila moderna Régia (Filipe III)
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Descrição
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Apresenta uma formação urbana linear e estrutura-se através de três eixos paralelos: a Rua de Cima (actual Bartolomeu Bueno), a Rua do Meio (actual André Fernandes) e a Rua de Baixo (actual Suzana Dias), com cerca de 250m de extensão cada uma. A delimitar o centro histórico, nos extremos destas ruas, encontram-se os espaços públicos mais importantes da cidade: por um lado, o Largo da Matriz, a N. da igreja (v. BR000102010002), que se prolonga espacialmente a O. para a Praça 14 de Novembro e a S. para a Praça da Bandeira; e, por outro lado, o Largo de São Bento, que funciona como nó de ligação entre o núcleo urbano inicial e a cidade nova. A Rua de Baixo (actual Rua Suzana Dias) é o eixo principal de definição do traçado urbano desde o período de crescimento da vila, no século 17, que inicialmente se desenvolveu a partir da área de influência da capela de Santa Ana, hoje local da igreja matriz; enquanto isso, a instalação do convento beneditino na zona do actual Largo de São Bento favoreceu um segundo pólo de crescimento. O perímetro da antiga vila (o centro histórico que hoje conhecemos), mantém-se definido desde o início do século 18, com limites bem estabelecidos que não sofreram alterações. Apesar desta estabilidade do perímetro urbano, Parnaíba caracteriza-se pela descontinuidade do espaço construído, com vastas áreas não edificadas no seu interior e muitos lotes desocupados até meados deste século. A malha edificada manteve-se pouco densa, dado que, regra geral, os parnahybanos viviam em meio rural, deslocando-se à vila em circunstâncias especiais. A maioria das construções são do século 19 e 20, ainda que com uma representação significativa de edifícios da segunda metade do século 18, com maior concentração na antiga Rua de Baixo (Rua Suzana Dias). O tecido parcelar é constituído essencialmente por lotes rectangulares com a frente de rua estreita, mostrando profundidades que atingem em muitos casos toda a extensão do quarteirão, formando lotes de duas frentes e logradouros de dimensões assinaláveis. As ruas mostram-se largas, com construções na sua maioria alinhadas e baixas, mas, devido ao declive acentuado do terreno, o perfil urbano é irregular e escalonado. De um modo geral, o volume construído é regular na frente de rua e irregular em relação aos logradouros, que são predominantemente arborizados e representam uma área verde muito significativa. Cada eixo/rua estabelece um patamar, observando-se que os eixos secundários, que ligam os três eixos principais, se desenvolvem em rampa ou escada. É no patamar mais alto que se encontra o centro da vida social, anexo à igreja, mas não no seu espaço fronteiro. As áreas públicas arborizadas e ajardinadas correspondem aos espaços fundamentais do conjunto urbano: o espaço com planta em L corresponde ao Largo da Matriz / Praça 14 de Novembro e o espaço de configuração rectangular do Largo de São Bento. Apesar das vias principais se encontrarem asfaltadas, o piso das ruas secundárias é empedrado com paralelepípedos. Na Praça 14 de Novembro observa-se calçada à portuguesa com motivos decorativos ondulados, sendo o restante pavimento em betão, com quadrícula. Na zona fronteira à igreja, o pavimento é empedrado com paralelepípedos. Do conjunto edificado destaca-se o volume da igreja barroca, de torre única, com uma escala que a evidencia claramente na silhueta urbana. Podem isolar-se dois grandes tipos arquitectónicos, a casa térrea e o sobrado, tendo-se determinado mais três filões de menor relacionados com a arquitectura ecléctica e com a arquitectura modernista. No que se refere à arquitectura residencial, o tipo dominante é o da casa térrea unifamiliar e mostrando variantes funcionais e formais. Destaca-se a casa térrea de duas águas e beirado, a casa térrea com platibanda, a casa com sótão, a casa de porão e platibanda com entrada ao centro e a casa de porão e platibanda com entrada lateral. Podem ser identificadas outras variantes a estes sub-tipos, tendo em conta a técnica construtiva e a organização interna da habitação: a casa térrea de taipa e pilão, de pau a pique e de tijolo, com esquemas de "porta-e-janela", de "morada inteira" e de "meia morada". A casa de "porta-e-janela", de frente estreita, mostra a mais simples forma de organização interna: sem corredor, a porta da rua abre directamente sobre a divisão da frente. Exemplo desta variante é o nº62 da Rua Bartolomeu Bueno. A casa de "morada inteira" constitui um esquema de organização mais evoluído, apresentando um corredor perpendicular à rua, por onde se acede ao interior, o qual atravessa a casa da frente ao fundo e para onde abrem todos os compartimentos. A casa de "meia morada" é semelhante à anterior, apresentando apenas uma ala de compartimentos (CONDEPHAAT, 1982). A casa térrea com sótão, com telhado de duas águas e beirado, tem a cércea elevada com espaço para depósito no sótão. No Largo de São Bento encontra-se a casa nº 80 (v. BR000102010005), exemplar pouco adulterado deste tipo característico da vila, no século 18. A casa térrea com porão, característica do século 19, distingue-se pelo facto do piso térreo ser elevado, sendo o espaço inferior para armazenamento de víveres ou habitação de criados, possuindo duas ou quatro águas e platibanda. Os sobrados existentes podem dividir-se em duas variantes, com beirado e com platibanda. Dos primeiros, existe um exemplo no nº 26 da Rua de Santa Cruz e, dos segundos, no nº 208 da Rua Suzana Dias. O sobrado no qual o piso térreo tem três ou mais portas está associado ao agricultor abastado e ao comerciante, sendo esse espaço utilizado como alojamento para escravos e depósito para víveres ou como loja, respectivamente. Em ambos os casos, as janelas surgem no 2º piso, destinado à habitação, sempre no alinhamento das portas do piso inferior. A tipologia do sobrado surge também associada aos funcionários e às profissões liberais, distinguindo-se pelo facto do piso térreo conjugar porta de entrada e janelas, que normalmente correspondiam à sala onde se recebiam "os de fora". O conjunto edificado é ainda marcado pelo valor dos pormenores decorativos usados nos remates arquitectónicos, designadamente os trabalhos em madeira. |
Acessos
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Rodovia Castelo Branco, Via Anhanguera |
Protecção
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Tombamento do Centro Histórico, Resolução nº 49 de 13 Maio 1982, Diário Oficial de 28 Maio 1982 (Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo). |
Enquadramento
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Urbano. Situada a 38 Km, para interior, da capital do Estado de São Paulo. Localiza-se próximo da margem O. do rio Tietê e é enquadrada por encostas a N. e S.. A expansão do aglomerado tem-se feito segundo as curvas de nível e em direcção a O., dada a existência de barreiras naturais nas outras direcções. Encontra-se numa região com uma topografia muito acidentada, que determinou a secundarização da vila em importantes momentos de desenvolvimento regional, por ser difícil e desvantajosa a sua posição no contexto das vias estruturantes, desde a rota do café à construção da linha de caminho de ferro. O morro em que está implantada tem declives que vão dos 12 e os 20%, chegando a atingir os 40% de inclinação. O crescimento da cidade fez-se à margem do centro histórico, a par de uma alteração profunda das características demográficas, com as consequentes mudanças ao nível da ocupação e utilização do espaço. É a partir de época recente que nasce a Vila Nova, em terrenos contíguos ao centro, doados pelo município para atender às necessidades da "nova" população. O Morro do Voturuna, situado a poucos quilómetros do centro, em frente dos contrafortes orientais da serra de São Francisco, foi um importante centro de exploração mineira no século 16. Nas imediações da cidade, encontra-se a primeira barragem hidroeléctrica da América do Sul, situada na Cachoeira do Inferno, no leito do rio Tietê. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Não aplicável |
Utilização Actual
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Não aplicável |
Propriedade
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Não aplicável |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Cronologia
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1561 - partida de uma expedição para exploração do planalto paulista, de que fez parte o português Manuel Fernandes Ramos, juiz ordinário da vila de São Paulo; 1580 - estabelecimento de uma fazenda, propriedade de Manuel Fernandes Ramos, na margem do rio Anhemby, hoje rio Tietê, onde mandou erigir uma capela dedicada a Santo António, provisionada pelo administrador da Prelazia do Rio de Janeiro; 1589 - descoberta de uma mina de ouro no morro do Voturuna (próximo de Parnaíba) e de uma mina de ferro em Araçoiaba (próxima de Sorocaba). A exploração mineira na região promove o rápido desenvolvimento de actividades comerciais e o crescimento da população, engrossada por mineiros e administradores do reino; morte de Manuel Fernandes Ramos, deixando a fazenda em testamento à viúva Suzana Dias e aos filhos; 1590 - a mina do Voturuna foi explorada por Afonso Sardinha; 1592 / 1594 - Suzana Dias recebeu as suas terras em sesmaria de Jorge Correia, capitão-mor da capitania de São Vicente; 1600 - data atribuída à construção da Casa do Anhanguera; 1608 - Suzana Dias com os seus filhos, tinha já transferido residência para a fazenda de Parnahyba com os seus filhos. A ocupação do território era razoável, tendo-se desenvolvido um núcleo urbano, havendo referência à existência de um conjunto de casas construídas em taipa e já alinhadas. A escassa informação existente sobre esta época não permite estabelecer o local exacto do núcleo urbano, no entanto, crê-se que não seria já o primitivo estabelecimento junto à capela de Santo António; 1610 - estaria já construída a capela de Santa Ana, de pau a pique e cobertura de telha, edificada por André Fernandes, filho de Suzana Dias; mas o sítio da sua construção não será o da actual igreja matriz; 1612 - Parnaíba incluía os bairros de Barueri (aldeia principal do seu domínio eclesiástico) e Pirapora, abrigando cerca de seiscentos índios, mas o limite exacto do território pertencente à vila é incerto; 1625 - Parnaíba foi elevada à categoria de vila por D. Álvaro Luís do Vale, capitão-mor e lugar-tenente de D. Álvaro Pires de Castro, conde de Monsanto, com comemoração na capela de Santa Ana; 1628 - Suzana Dias deixa em testamento o desejo de ser enterrada na ermida de Santa Ana; destruição da missão jesuíta em Guaíra, levada a cabo por André Fernandes; 1630 / 1633 - provisão que instituiu Parnaíba como paróquia independente de São Paulo, passando a ter vigário efectivo. A vila constituía um importante entreposto de comércio e ponto de partida para as expedições bandeirantes e incluía os bairros de São Roque e Araçariguama, Juquery, Ajapi, Sapucaia, Itu e Sorocaba; 1634 - falecimento de Suzana Dias; 1637 - destruição da missão jesuíta do Rio Grande do Sul, levada a cabo por André Fernandes. A expulsão dos jesuítas desta região teve o apoio decisivo dos bandeirantes de Parnahyba; 1642 - André Fernandes demonstra o desejo de reedificar a capela no cimo do morro, um sítio mais condigno e longe das cheias; 1643 - doação aos monges beneditinos de 300 braças de terra em quadra e meia légua no sertão, efectuada por André Fernandes; 1646 - início das obras de construção da igreja matriz, em taipa e pilão. Com a construção do mosteiro e da igreja desenvolvem-se dois pólos de crescimento urbano. Estaria já construída a capela de Santa Cruz. Todas estas edificações foram iniciativa de André Fernandes; 1650 / 1660 - luta entre os Camargos e os Pires, duas famílias muito influentes na vila de São Paulo de Piratininga, tendo os últimos transferido residência para Parnahyba, contando-se entre eles Guilherme Pompeu de Almeida, pai do padre homónimo; terá sido a partir desse momento que as duas vilas rivalizaram até ao início do século seguinte (TAUNAY, 1936); 1654 - o mosteiro beneditino estaria concluído; séc. 17, 2ª metade - sob protecção régia, a vila conhece o seu apogeu, consolidando-se como centro irradiador das expedições de bandeirantes, que utilizavam o rio Tiête para desbravar os sertões na pesquisa de metais preciosos e para captura de mão-de-obra índia; séc. 17, final - com a consolidação de uma sociedade rural e o enriquecimento das famílias de élite baseado na cultura do açúcar, o tecido urbano da vila consolida-se através de três ruas paralelas, conhecidas por Rua de Cima, Rua do Meio e Rua de Baixo; séc.18 - época de estagnação do desenvolvimento urbano, consequência de diversos factores económicos e sociais, como a diminuição da actividade comercial e mineira e o desenvolvimento de outros centros urbanos, como Jundiaí, Itu e Sorocaba. A acidentada região de Parnaíba ficou à margem das vias estruturantes do ciclo do açúcar, com a construção de três novas vias de acesso a São Paulo; séc.19 - época de marcado declínio, tendo a vila ficado afastada do desenvolvimento que marcou o resto da região durante o ciclo do café. Permanece, alguma actividade económica relacionada com as romarias a Pirapora, importante centro religioso, pelo comércio e exportação da produção agrícola local para cidades vizinhas e pela importação de aguardente, vinho e tecidos do reino. A vida económica de Santana continuava a assentar sobretudo na agricultura, estando concentrados na área urbana os proprietários e os representantes da administração pública. Decréscimo da população residente e decadência dos edifícios e espaços públicos, a avaliar pelos registos camarários da época; 1825 - registo das habilitações dos habitantes da vila, sendo clara a predominância de agricultores, só ultrapassada pelo número de escravos; 1830- regulamento municipal para novas construções, prevendo uma fiscalização severa e obrigando a determinadas características, como os alinhamentos, cérceas e largura das ruas, que deveria ser de 60 palmos; 1858 - funcionamento da primeira Escola de Letras, no Largo de São Bento, que permaneceu até há poucos anos neste local, sede do ensino oficial de Parnaíba; 1868 - o mosteiro beneditino estava em ruína; 1883 - reconstrução da igreja matriz tal como a conhecemos hoje, após derrocada do edifício, durante as obras de ampliação; 1890 / 1900 - construção de casas em taipa, em lotes ainda devolutos dentro do perímetro urbano, em particular na Rua de Santa Cruz; construção do novo matadouro municipal; constantes alinhamentos de terras, sobretudo nas ruas Direita, Padre Mauro, Largo da Vitória e nos terrenos da rua conhecida como "fundo de quintais", atrás da rua de Baixo; 1892 - construção do Coreto Maestro Bilo, na Praça 14 de Novembro, executado com ferro vindo de Inglaterra até Porto de Santos, seguindo de comboio até Barueri e de carro de bois até Santana; 1900 - início da construção da barragem hidroeléctrica Edgard de Souza, a primeira da América do Sul; 1901 - inauguração da barragem pela São Paulo Tramway, Light & Power Co. Ltd.; 1904 - instalação da rede de iluminação pública; 1906 - a vila foi elevada à categoria de cidade, pela Lei Estadual nº 1039, tendo sido simplificada a denominação para Parnaíba; 1912 - instalação da rede de esgotos; 1919 - construção do Cine Teatro Coronel Raimundo; 1944 - a cidade passou a denominar-se de novo Santana de Parnaíba pelo Dec. de Lei nº 14334; 1952 - transformação da barragem hidroeléctrica em estação elevatória de águas, passando a integrar o sistema de aproveitamento hidroeléctrico do rio Tietê e afluentes, (tendo mudado a denominação para Usina Edgard de Souza), facto que introduziu alterações profundas na cidade, quer pelo enorme fluxo migratório das zonas rurais, quer pela necessidade de inundação de uma parte do centro urbano, numa das áreas mais antigas de ocupação, presumivelmente onde se localizava a fazenda de Suzana Dias, que deu origem à cidade; séc. 20, 2ª metade - a melhoria das condições de acessibilidade, com a abertura da Via Anhanguera e da rodovia Castelo Branco, foi decisiva no processo de suburbanização de Parnaíba; 1970 - alcatroamento da estrada dos romeiros, que liga a cidade à rodovia Castelo Branco, abrindo finalmente acesso fácil a São Paulo; 1982 - tombamento do centro histórico de Santana de Parnaíba pelo Conselho de Defesa do Património Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado. |
Dados Técnicos
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Estrutura mista. Predomínio de paredes em taipa de pilão com estrutura de madeira, a técnica mais representativa das edificações antigas. Paredes de pau-a-pique ou taipa-de-mão no interior. Adobe e alvenaria de tijolo, técnicas tradicionais mais recentes, caracterizam as construções do século 19 e início do 20. Cobertura com estrutura de madeira e revestimento de telha cerâmica de capa e canal e forro em madeira ou telha vã, podendo os beirados adquirir várias formas: o mais antigo e mais comum na arquitectura colonial brasileira é o beirado rematado com contrafeitos de madeira, simples ou recortados, com ou sem forro de tábuas. O remate com sanca de argamassa, mais directamente herdado da arquitectura portuguesa, tem menos representatividade. Comum entre as edificações do fim do século 19 e início do 20 são as platibandas com pintura decorativa. Ombreiras, padieiras curvas e rectas e soleiras em madeira. Os vãos têm guarnições e caixilharia de madeira, com vergas rectas e curvas, existindo alguns casos de verga recta com intradorso abatido. As portas surgem com almofadões, rótulas e motivos simples recortados nas bandeiras. As janelas são de guilhotina ou de duas folhas, com caixilho de madeira e vidros. As portadas de portas e janelas são normalmente de duas folhas cegas. Balcões com guardas compostas por grade de varas cruzadas de madeira. Varandas com cachorros de pedra e guardas em ferro. Pavimento interior de tijoleira cerâmica no piso térreo e soalho nos sobrados. |
Materiais
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Terra, cal, pedra, tijolo, madeira, tijoleira, telha cerâmica de capa e canal e marselha, ferro fundido, vidro. |
Bibliografia
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GODOI Joaquin Floriano de, A Província de São Paulo, São Paulo, 1875; TAUNAY, Affonso de E., "A fortuna do Padre Pompeu", in Revista do Arquivo Municipal, XIX, 1936; MARQUES, Manuel Eufrázio de Azevedo, Apontamentos Históricos, Geográficos, Biográficos, Estatísticos e Noticiosos da Província de São Paulo, São Paulo, (1879) 1952; AZEVEDO, Aroldo de, Vilas e Cidades do Brasil Colonial, Universidade de São Paulo, ensaio de geografia urbana retrospectiva, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, São Paulo, 1956; CORDEIRO, J.P. Leite, "Capitão-mor Guilherme Pompeu de Almeida, morador que foi da Vila de Parnaíba", in RIHGSP, 1960; FRANCO, Francisco de Assis Carvalho, História das Minas de São Paulo, São Paulo, 1964; CAHN, Hebert, Padre Guilherme de Pompeu e suas Actividades Comerciais 1686-1713, São Paulo, 1967; CONDEPHAAT, Santana de Parnaíba, Revitalização do Centro Histórico, São Paulo, 1982; MARTINS, Ana Luiza, Parnaíba: Uma possível periodização, Relatório de Pesquisa do CONDEPHAAT, São Paulo, 1983; MORGADO, Naira Iracema Monteiro, O Espaço e a Memória: Santana de Parnaíba - Dissertação de Mestrado, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, São Paulo 1987; METCALF, Alida C., "Vida Familiar dos Escravos em São Paulo no séc. XVIII: O Caso de Santana de Parnaíba", in Estudos Económicos, 17, nº2, 1987; CAMARGO, Padre Paulo Florêncio da Silveira, Notas para a História de Parnahyba, São Paulo, s.d.; "Movimentos da População em São Paulo no Séc. XVIII", in Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, nº1, s.d.; MAFFEI, Luci de Abreu e NOGUEIRA, Arlinda Rocha, "O Ouro na Capitania de São Vicente nos Séculos XVI e XVII", in Anais do Museu Paulista, tomo XX, s.d.; SALA, Dalton, O Mosteiro Beneditino de Nossa Senhora do Desterro de Santana de Parnaíba, s.d.; OLIVEIRA, J. J., Machado de, "São Paulo de Piratininga no fim do século XVI", in Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vol. XVIII, s.d.; ROCHA FILHO, Gustavo da Neve, Santana de Parnaíba: Levantamento sistemático destinado a inventariar bens culturais do Estado de São Paulo, s.d. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID; CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Património Histórico, Artistico, Arqueológico e Turístico do Estudo de são Paulo); PMSP (Prefeitura Municipal de Santana de Parnaíba) |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID; CONDEPHAAT; PMSP. |
Documentação Administrativa
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CONDEPHAAT; PMSP |
Intervenção Realizada
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Prefeitura de Santana de Parnaíba: 1958 - Recuperação do Casarão para Casa da Cultura e Biblioteca; recuperação do Museu Casa do Anhangüera; 1963 - redução, em 60cm da altura do coreto Mestre Bilo; Oficina-Escola de Artes e Ofícios / Prefeitura de Santana de Parnaíba: 1999 - recuperação de diversos edifícios de interesse patrimonial e intervenções sistemáticas ao nível da fachada |
Observações
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A origem do nome Santana de Parnaíba está relacionada com a sua localização em relação ao rio Tietê. A cidade cresceu perto da Cachoeira do Inferno, uma zona de difícil navegação, que na língua indígena é Parnaíba. Em homenagem feita a Santa Ana, padroeira da cidade, nasce Santana em terras de Parnaíba. O Morro do Voturuna foi tombado pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Património Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo), devido à importância do local na época da colonização, ponto de partida dos Bandeirantes. Tradicionalmente atribui-se o formato e o tamanho das telhas de capa e canal ao facto de terem sido moldadas sobre as coxas do escravos. O símbolo municipal representa o território brasileiro e dois bandeirantes, em alusão ao empreendimento das expedições, de que Santana de Parnaíba é representativa. Está geminada com Serpa (Portugal, v. PT040213050023). |
Autor e Data
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Lobo de Carvalho / Marta Clemente / Margarida Tavares / Sofia Diniz 2002 |
Actualização
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