Casa dos Laranjais

IPA.00001132
Portugal, Braga, Guimarães, União das freguesias de Oliveira, São Paio e São Sebastião
 
Casa nobre seiscentista e setecentista, do tipo "Casa torre" de raiz medieval, com adaptações nos períodos seiscentistas e setecentistas que lhe deram a configuração actual. Torre quadrangular, rematada por merlões, de três registos, com fachadas rasgadas por janelas de sacada e outras de peitoril rectilíneas. Corpo longitudinal, de dois e três registos, rasgado no piso térreo, virado a S., por amplas portas de verga recta de acesso às lojas e no piso superior por janelas de sacada rectilíneas; e no piso térreo da fachada virada a E., por dois portais manuelinos, apresentando nos pisos superiores vários elementos de estilo revivalista neomanuelino. De destacar a inclusão de duas portas de estilo manuelino, apesar do reduzido surto construtivo da época de D. Manuel nesta cidade, contrariamente ao que acontecia em localidades costeiras, como Viana do Castelo. No séc. 20, finais da década de 50, uma intervenção na fachada E., optou por uma fachada renovada ao gosto de um revivalismo neomanuelino, visível nos arcos canopiais, no mainel, nas esferas armilares, e neoromânico, como as mísulas lobuladas onde assentam as janelas de sacada, numa tentativa de simular as estruturas medievais.
Número IPA Antigo: PT010308340060
 
Registo visualizado 3838 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo torre

Descrição

Planta composta por dois corpos, uma torre quadrangular e um corpo rectangular voltado a S. com o qual a torre forma um ângulo recto. Volumes escalonados e articulados, de dominante horizontal, quebrada pelo verticalismo da torre. Coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas na torre e de três, quatro e cinco no corpo longitudinal. Fachadas em cantaria aparente de aparelho regular, rematada em ameias decoradas com chanfro, na torre, e em cornija no corpo longitudinal. TORRE de três registos, com acesso pela fachada virada a E., onde se rasga portal em vão de volta perfeita. No piso superior abrem-se duas janelas de sacada, rectilíneas, com guarda em ferro, e no último piso, uma janela rectilínea simples. No cunhal, do lado esquerdo, surge gárgula zoomórfica. As restantes fachadas da torre apresentam aberturas semelhantes. O alinhamento da fachada virada a E., continua com muro de cantaria, rematado em ameias decorativas com chanfro, sendo rasgado por porta de ferro. O CORPO longitudinal apresenta dois pisos na fachada virada a S. e três na fachada virada a E., a fachada principal virada a S.; apresenta o piso térreo, rasgado por três amplos portões de acesso às lojas, e uma janela rectilínea gradeada; o piso superior rasgado por seis janelas de sacada com guarda em ferro forjado; entre as duas janelas, em posição descentrada e próximo do cunhal direito, integra-se cartela com brasão de família. Fachada lateral direita, adaptado ao declive do terreno, também de dois pisos, termina em cornija sobreposta por beirada simples, rasgado ao nível do piso térreo por porta de moldura biselada e superiormente por uma janela de sacada rectilínea, sobre duas mísulas com guarda em ferro forjado, ladeado por duas janelas de peitoril. No pano direito, no piso térreo em aparelho de granito, abre-se outra porta de moldura biselada, e superiormente, com paramentos rebocados e pintados a branco, onde se abrem duas janelas geminadas, separadas por coluna, de sacada, sobre quatro mísulas lobuladas e guarda em ferro, são ainda encimadas por duas janelas rectilíneas, revestidas a rótulas. No lado esquerdo, com o pano ligeiramente recuado e delimitado por alta chaminé terminada em coruchéu e encimada por esfera armilar, de ferro, abre-se janela rectilínea, gradeada. INTERIOR, piso térreo com pavimento em lajedo de granito, sendo a escadaria de acesso ao piso superior também de granito, as paredes são revestidas, na sua maior parte, por papel imitando tecidos adamascados e os tectos são de madeira, do tipo saia e camisa.

Acessos

Largo dos Laranjais, Rua das Trinas.

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção do Núcleo Urbano da Cidade de Guimarães (v. PT010308340101) / Incluído na Zona Especial de Protecção das Muralhas de Guimarães (v. PT010308340016)

Enquadramento

Urbano, flanqueado por outras construções que se adossam a S. e a E., implantação harmónica no interior da antiga muralha medieval, numa das principais artérias do tecido urbano. Fronteiro ao corpo principal virado a S. desenvolve-se um largo, pontuado com algumas árvores de pequeno porte e pavimento a cubo graníticos. Nas imediações, existe um outro largo com monumento dedicado a Alberto Sampaio e outros edifícios de interesse arquitectónico, nomeadamente o Recolhimento das Trinas (v. PT010308340089).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 (conjectural) / 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc 14 (conjectural) - a casa era habitada por Estevão Rodrigues de Antas, casado com Cecília Esteves Barbuda; 1654 - data inscrita numa lápide integrada numa fachada da torre; séc. 17 - provável construção ou recuperação da casa; 1720 - Torcato de Barros de Faria, senhor da Casa dos Laranjais, mandou fazer obras no corpo longitudinal; séc. 19 - funcionou o Colégio dos Surdos Mudos do Padre Aguilarbem; 1886, 1 Fevereiro - a Escola Industrial de Guimarães muda-se para a Casa dos Laranjais arrendada à Câmara Municipal e pertença da Viscondessa de Vila Pouca; 1890, 3 Julho - a Câmara Municipal deixa de tomar à sua conta a renda da Casa dos Laranjais; 1901 - a Escola Industrial muda-se para os barracões do terreno da Quinta do Proposto (PT010308600044); 1909 - Francisco António Teles de Castro vendeu a Casa ao Dr. José Maria de Moura Machado; 1940 - foi destruído um pano de muralha que confinava a O. com o jardim da Casa dos Laranjais; 1950 - foi destruída a capela de um dos Passos da Paixão de Cristo, adossada à torre, por ordem camarária; 1989, 14 março - proposta de classificação pela proprietária; 19 abril - Despacho de abertura do processo de classificação pelo vice-presidente do IPPC; 1994, 10 outubro - informação da CMGuimarães a alertar para o facto do imóvel poder ser classificado como Valor Concelhio; 2011, 11 abril - Despacho de arquivamento do processo de classificação pelo diretor do IGESPAR.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria e alvenaria de granito aparente e com paramentos rebocados e pintados de branco; molduras de vãos, cornijas, brasão, gárgula, mísulas, escadas e outros elementos em granito; portas; caixilharias, tectos e pavimentos em madeira; esfera armilar, gradeamentos e guardas das janelas em ferro forjado, vidros simples; cobertura em telha.

Bibliografia

GANDRA, Manuel Joaquim, Dicionário da Arte Barroca em Portugal, Guimarães, 1989; AZEVEDO, Carlos de, Solares Portugueses, 1988; Guia de Portugal, Entre-Douro-e-Minho, Lisboa, 1985; www.ippar , 08 Setembro 2009; AFONSO, José Ferrão, FERRÃO, Bernardo, Edificações do Centro Histórico e sua envolvente com interesse patrimonial, in www.cm-guimaraes.pt, 15 Junho 2009; www.ippar , 08 Setembro 2009.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

IGESPAR: IPPAR, Proc Nº 89/3(72)

Intervenção Realizada

Proprietário: séc. 18 - obras de reconstrução e ampliação; séc. 20, década de 50 - obras na fachada E.; 1985 - limpeza das fachadas que se encontravam revestidas com vegetação; CMG: 2000 - arranjo do Largo dos Laranjais.

Observações

Autor e Data

João Santos 1996 / Sónia Basto 2009

Actualização

 
 
 
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